TECNOLOGIAS, INTERDISCIPLINARIDADE E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES



FACULDADES INTEGRADAS FACVEST

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO - NÍVEL DE ESPECIALIZAÇÃO "lato sensu"

PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR

E GESTÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA

GILVÂNIA APARECIDA DOS SANTOS

TECNOLOGIAS, INTERDISCIPLINARIDADE E

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

LAGES

2009

GILVÂNIA APARECIDA DOS SANTOS

TECNOLOGIAS, INTERDISCIPLINARIDADE E

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Monografia apresentada às Faculdades Integradas FACVEST, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Curso de Pós-Graduação - Nível de Especialização "lato sensu" Prática Psicopedagógica Interdisciplinar.

Orientador Prof. Msc. Francisco José Fornari Sousa

LAGES

2009

GILVÂNIA APARECIDA DOS SANTOS

TECNOLOGIAS, INTERDISCIPLINARIDADE E

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Monografia apresentada às Faculdades Integradas FACVEST, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Curso de Pós-Graduação - Nível de Especialização "lato sensu" Prática Psicopedagógica Interdisciplinar.

Orientador Prof. Msc. Francisco José Fornari Sousa

Lages, SC ___/___/2009.  Nota________               _____________________________­­­­_________

Prof. Msc. Francisco José Fornari Sousa

______________________________________

Prof. Nelson Granemann Casagrande

Coordenador do Curso de Pós-Graduação

e Assuntos Estudantis

LAGES

2009

Dedico esta Monografia à minha mãe, grande incentivadora, que ajudou a seguir em frente em busca de meu sonho sem esquecer a realidade. Aos colegas de trabalho pela atenção, paciência e colaboração. Aos professores em especial meu orientador.

TECNOLOGIAS, INTERDISCIPLINARIDADE E

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Gilvânia Aparecida dos Santos [1]

Francisco José Fornari Sousa[2]

RESUMO

Em função da necessidade de se repensar a educação frente à constante evolução tecnológica de nossa era, tornou-se inevitável a utilização de novos instrumentos de informática e comunicação no ensino. Devemos, portanto nos capacitar para sua utilização. Ao inserir o uso de novas tecnologias no ensino, buscamos um ensino mais dinâmico e prazeroso, onde o aluno constrói seu conhecimento, tendo o professor como seu mediador, e o professor têm o estímulo necessário para estar em constante aperfeiçoamento de suas práticas e conhecimentos. Os estudiosos da educação vêm trabalhando para uma gradativa mudança na maneira de se trabalhar em sala de aula, de maneira que as disciplinas tornem-se também, um instrumento de cidadania. As novas tecnologias presentes no cotidiano devem ser inseridas e devidamente trabalhadas também no cotidiano escolar, pois a escola estará fugindo da sua função de formadora, se o indivíduo sai dos bancos escolares sem a devida noção e entendimento do constante avanço tecnológico do qual somos testemunhas diárias. A formação e formação continuada é assunto altamente discutido em praticamente todas as profissões. Na profissão docente, a formação continuada é aliada indispensável a uma melhora significativa da educação. A formação continuada deve ser incentivada e praticada em todos os momentos da vida do docente, principalmente ao querer aliar-se novas tecnologias e educação, pois este é um caminho natural da educação na atualidade, mas deve ser amplamente discutido e trabalhado com seriedade, para de fato se tornar uma melhoria e não um entrave no ensino.

Palavras-chave: Evolução tecnológica. Educação. Formação continuada.

TECHNOLOGIES, INTERDISCIPLINARITY AND
CONTINUING EDUCATION FOR TEACHERS

Gilvânia Aparecida dos Santos [3]

Francisco José Fornari Sousa[4]

ABSTRACT

Depending on the need to rethink the education front in the technological developments of our era, it became inevitable the use of new instruments of communication and information technology in education. We must therefore enable us to use. To insert the use of new technologies in education, we seek a more dynamic and pleasurable learning, where students build their knowledge and the teacher as a facilitator, and teacher have the incentive to be in constant improvement of their practices and knowledge. The scholars of education have been working for a gradual change in the way to work in the classroom, so that the subjects also become a tool of citizenship. New technologies in the daily life should be inserted and properly worked also in the daily school because the school is running away from its task of forming, if the individual leaves the banks without proper school concept and understanding of the constant technological advances of which we are witnesses daily. The training and continuing education is highly debated issue in almost all professions. In the teaching profession, the training is essential coupled with a significant improvement in education. The continuing education must be encouraged and practiced at all times during the life of teachers, mainly wanting to join up new technologies and education, because this is a natural way of education nowadays, but it should be widely discussed and worked, to achieve in fact become an obstacle rather than an improvement in education.

Keywords: Developments. Education. Continuing education.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO                             7

1 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA                             11

1.1 Histórico da educação                            11

1.2 O profissional de educação e as ciências                             12

1.3 O uso do computador e a educação                             13

1.4 Proposta curricular de Santa Catarina                             15

2 NOVAS TECNOLOGIAS E A CIÊNCIA                             17

2.1 A aprendizagem das disciplinas em ambientes informatizados                             17

2.2 Inclusão digital                             20

2.3 Aprender com vídeo e câmera                             21

2.4 Tecnologias de informação e comunicação: reflexos no ensino                             22

3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES                             24

3.1 Um novo perfil de professor                             24

3.2 O professor e sua formação                             26

3.3 Prática reflexiva e processos de formação                             27

4 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES                             29

4.1 A formação dos formadores de professores                             29

4.2 A formação continuada na rede pública de ensino                             31

CONCLUSÃO                             33

REFERÊNCIAS                             35

20

INTRODUÇÃO

Atualmente, está diante de novos paradigmas educacionais, no qual o uso de tecnologias informáticas, tornou-se corriqueiro e normal. Mas será que esta é realmente a realidade? Estudos na área da educação enfatizam cada vez mais a utilização de tecnologias nos processos educacionais, porém, surgem questões singulares diante desta prática pedagógica, visto que nem todos os estudantes têm as mesmas oportunidades.

O impacto das Novas Tecnologias tem provocado mudanças na educação, que não tarda a incorporar os últimos recursos tecnológicos direcionados ao setor. Dessa forma, a integração de novas mídias como televisão e Internet não é mais novidade estranha à sala de aula. Pelo contrário, contribui para a criação de novas estratégias de ensino, aprendizagem e autocapacitação. (COVAS, 2009)

Entretanto, se por um lado, educadores têm noção do avanço educacional que se obteria com o auxílio de recursos informáticos, quer seja através de Internet ou softwares específicos, de outro lado, existem as dificuldades para a implantação e utilização destas tecnologias.

De acordo com Staa (2006) sobre estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os órgãos governamentais, investem na informatização da escola quase exclusivamente para o setor administrativo. Professores e alunos, não figuram como prioridades na hora do acesso ao computador. O que remete a triste realidade, onde benefícios advindos destas tecnologias utilizadas na educação, ainda são privilégios de poucos.

Ao remeter as disciplinas, a situação não é diferente, se por um lado há limitações de softwares e mesmo páginas específicas para que o aluno possa aprender os conteúdos e interagir com o computador, os recursos existentes não são bem aproveitados, quer seja pela falta de interesse dos professores em utilizar estes recursos, quer seja pela falta de estrutura física para a aplicação dos mesmos. Da mesma forma, há uma negação sistemática do professor em utilização de mídias eletrônicas, agarrados a afirmações como a de Bianchetti (1997) que diz que: tudo era fácil quando a tarefa do professor era repassar um conteúdo cristalizado, previsto pelos burocratas e contido nos livros-textos.

Cobra cada vez mais conhecimento do indivíduo, visto que nunca foi tão fácil quanto hoje, adquirir informações em tempo real. Mas e a escola, como fica dentro deste novo contexto, se ainda tem professores que não se interessam (pelas mais diversas razões) por atualizações profissionais? Em contrapartida, quando encontra professores motivados, estes esbarram em problemas que vão desde a falta de capacitação adequada, até a falta de estrutura na escola em que lecionam.

Segundo Hernandes (2009), ao olhar a escola de hoje, depara ainda com um forte traço de sua origem se configurando na condição de estabilidade, conservação e reprodução. Questiona-se a competência da escola como informadora, e espera dela a preparação do indivíduo para lidar com esse mundo que se desvela de várias formas. Os conteúdos e métodos são colocados e questionados com relação a sua adequação à atualidade.

Mas como fica esta relação dos conteúdos, quando os educadores sofrem com a falta de preparo e incentivo para isso? Como relacionar currículos e práticas pedagógicas com a realidade das espantosas mudanças na área tecnológica, quando tem escolas desprovidas de equipamentos básicos e professores qualificados?

Quanto à inserção da informática nas escolas: o que se observa em relação à inserção da informática, é uma preocupação excessiva com a aquisição de equipamentos e uma proliferação de programas de computadores para a educação, a preparação dos professores para tais utilizações não tem tomado parte nas prioridades educacionais na mesma proporção, deixando transparecer a idéia equivocada de que o computador e o software resolverão os problemas educativos. (ALMEIDA, 2009).

Este pensamento vem ao encontro com outros educadores, como por exemplo, e ambos afirmam que a mera informatização da escola, sem preocupação com a capacitação do professor e apoio para uma verdadeira inserção do computador em sala de aula, não resolverá problema algum da educação.

A constante evolução da tecnologia, que facilita a vida em vários aspectos nos dias atuais, tornou emergente a inserção desta evolução na sala de aula. As pessoas têm sede de conhecimento. Então, é importante estimular o desejo de crescimento nos alunos de Séries iniciais, Ensino fundamental e Médio.

Vive-se em meio a um turbilhão de informações que não cessam de proliferar. Torna-se cada vez mais comum o uso assíduo de computadores no trabalho, na escola e em casa, o que leva a uma reflexão sobre como os meios de comunicação vêm evoluindo, tendo o homem como centro deste processo.

Em um mundo cada vez mais globalizado em que a tecnologia avança cada vez mais, a informática vai derrubando barreiras e se expandindo para todos os ramos do conhecimento. Na educação isto não poderia ser diferente.

Com relação ao ensino-aprendizagem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1999) trazem o recurso das tecnologias da comunicação, como caminhos para sala de aula. Essa discussão não é recente, mas ainda são poucos os professores do Ensino Fundamental, Médio e Séries Iniciais que fazem uso dessas tecnologias em sala de aula.

Para muitos professores o computador é um mito. Há o medo do desconhecido, medo de mostrar incompetência perante os colegas, medo de não conseguir desenvolver as competências em informática.

De acordo com os PCN (1999), os computadores podem ser usados em todas as aulas como fonte de informação, como auxiliar no processo de construção de conhecimento, como meio de desenvolver a autonomia pelo uso de softwares que possibilitem pensar, refletir e criar soluções e como ferramenta para realizar as atividades.

A escola deve participar do processo de mudança repensando as diversas questões provocadas pelo uso do computador. Se as novas tecnologias trazem novas formas de ler, de escrever, de agir e pensar, a escola necessita discutir e entender o significado e as conseqüências desses fatos novos. Para isso, torna-se indispensável apoiar os professores no trato dos novos instrumentos. (FRÓES, 2009)

A sociedade é testemunha de uma revolução digital, que de acordo com Fróes (2009), vem acontecendo nas últimas décadas. Desde a criação do primeiro computador, em 1946, mas principalmente a partir dos anos 90, com o surgimento da Internet. Quando comparar dados desta expansão com a de outras invenções como, por exemplo, o telefone, a televisão, ou mesmo a eletricidade, vê-se o quanto foi rápida a expansão da Internet.

Da mesma maneira, observa-se a informatização dos vários setores da sociedade e os problemas e vantagens que esta mudança traz consigo.

Neste novo paradigma, cabe a escola e aos educadores repensar seus currículos, no sentido de oferecer aos educandos mais que o sistema tradicional de professor-livro-quadro-giz. A simples utilização do ambiente informatizado, em nada acrescenta na formação do aluno, mas ter em mente uma verdadeira mudança nos padrões educacionais. A formação do professor deve ser continuada e constante. Ao falar de informatização no ambiente escolar, primeiramente falar na formação do professor, que necessita estar preparado para que este recurso.

A formação pode ser expressa como um processo virtual que se atualiza na medida em que ocorre coerente com o lugar e tempo, atenta às mudanças nos diversos âmbitos da sociedade, apropriando-se delas. Colocando a formação em constante reformulação e construção, gestadas no conflito entre o velho e o novo o instituído e o instituinte. (HERNANDES, 2009).

Ao unir tecnologias de ponta ao sistema de aprendizagem, proporcionar-se-á aos alunos uma educação mais agradável, mais completa e de acordo com os atuais preceitos de educação, que preconizam a associação do conhecimento dentro do contexto de vivência do aluno, e ao professor a satisfação de estar ensinando em um ambiente mais prolífero para idéias criativas, visto que o que se propõe não é a substituição do quadro ou do livro didático pelo computador, mas sim usar este último como ferramenta para despertar toda a potencialidade do aluno em sua própria construção do conhecimento, tendo no professor sua figura de referência.

No primeiro capítulo desta monografia, apresentar-se-á uma discussão sobre educação, aspectos históricos e atuais, de maneira a propiciar uma discussão mais ampla sobre vários aspectos pertinentes à educação, como as novas tecnologias e o profissional em educação.

No segundo capítulo, abordar-se-á questões que foquem uma discussão em relação às novas tecnologias e sua aplicabilidade quanto ao ensino das disciplinas, relatos sobre a aprendizagem em ambientes informatizados, bem como o uso das várias tecnologias disponíveis.

Nos capítulos três e quatro, o tema central será a discussão sobre a formação e formação continuada do educador e os desafios de sua prática de docência.

1 EDUCAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE

1.1 Histórico da educação ciências exatas

A ciência não nasceu pronta, é uma construção histórico-social do homem, impulsionada por problemas do cotidiano que necessitavam de solução, da mesma maneira, o ensino das ciências foi construído através do tempo, pois dentro do mundo acadêmico, era tida como uma ciência elitista, para apenas alguns poucos privilegiados estudarem.

Visto que não existe área do conhecimento humano que não se utilize das ciências e da matemática, esta concepção elitista precisou mudar. Estas mudanças começam a se tornarem significativas, quando educadores e pesquisadores começam a trabalhar dentro da concepção de educação.             

Mas o que é educação matemática? Educação matemática é antes de tudo uma educação que busca uma verdadeira apropriação dos conteúdos matemáticos, e para isto procura instrumentos de aprendizagem adequados. Dentro das várias temáticas que podem ser estudadas dentro da educação matemática, pode-se dizer que as relações entre ensino, aprendizagem e conhecimento matemático consistem no principal objeto de estudo da área, embora educação matemática não se resuma a isto.

De acordo com Kilpatrick, citado por Lorenzato (2009), pode-se dizer que houve três pontos significativos para o surgimento da educação matemática. Em primeiro lugar, destaca-se a preocupação dos próprios professores de matemática sobre a qualidade e melhoria do ensino da disciplina. Em segundo lugar, Kilpatrick aponta a iniciativa das Universidades Européias, no final do século XIX em promover a formação de professores secundários. O terceiro fato é atribuído aos estudos promovidos por psicólogos desde o início do século XX sobre como as crianças aprendiam a Matemática.

Pode-se dizer também, ainda segundo Kilpatrick citado por Lorenzato (2009), que houve uma grande mudança e preocupação em relação ao ensino da Matemática, após a Segunda Guerra Mundial, onde se constatou uma significativa defasagem entre o progresso científico-tecnológico e o currículo escolar vigente.

A partir destes fatos, surgiu a necessidade de ampliar estudos e pesquisas em matemática, bem como a divulgação dos dados pesquisados e seus respectivos resultados. Surgindo desta maneira, a educação matemática como campo científico.

No Brasil, em relação à educação matemática, Lopes (2009), comenta que: a história da Educação Matemática no Brasil, é relativamente recente, mas já podem ser contada através das experiências, publicações e pesquisas documentadas desde os primeiros anos do século XX, destacando-se as figuras de Malba Tahan, Euclides Roxo e outros daquela geração que contribuíram significativamente a partir dos anos 30. Recebe um impulso nos anos 50 com a organização do primeiro Congresso Brasileiro de Ensino de Matemática, em 1955 organizado na Bahia por Martha de Souza Dantas. Tem um impulso impressionante nos anos 60 com o Movimento da Matemática Moderna iniciado por, entre outros, o Prof. Oswaldo Sangiorgi. Ganha uma dimensão social e um reconhecimento internacional a partir das contribuições do Professor Ubiratam Ambrosio (http://sites.uol.com.br/vello/ubi.htm) no final dos anos 70. E adquire certo grau de maturidade com uma definição de identidade a partir de 1987 quando da organização do 1º Encontro Nacional de Educação Matemática e a fundação da Sociedade Brasileira de Educação -SBEM.

Educar matematicamente é fazer com que o educando tenha discernimento para compreensão de problemas, uso das operações matemáticas e, principalmente, apropriação dos conceitos. É preciso também mencionar que o grande avanço tecnológico de que hoje o homem é testemunha, não pode ser esquecida pela escola e principalmente pelo professor de Matemática, visto que estes avanços foram possibilitados à medida que o homem avançou seus estudos nesta ciência.

1.2 O profissional de educação e as ciências

O educador deve ter como objetivo a formação intelectual e social de seu educando. Para isto, utiliza a ciências como instrumento de cidadania, de maneira que o aluno tenha uma verdadeira compreensão dos conteúdos matemáticos, científicos e sua aplicabilidade, não apenas o conhecimento superficial, a famosa 'decoreba'. Segundo Chagas (2001): A Matemática deveria ser ensinada de modo a ser um estímulo à capacidade de instigação lógica do educando, fazendo-o raciocinar.

O profissional que trabalha com educação, deve ter em seu pensamento, a idéia de transformar e de orientar seus alunos para serem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, bem como de desenvolver sua criticidade, percebendo o mundo à sua volta como algo em constante processo de construção e evolução.

Ubiratan D'Ambrósio (2009), considerado o pai da Etnomatemática, defende a idéia da utilização dos conhecimentos matemáticos que fazem parte da cultura em que o aluno está inserido. De maneira análoga, Paulo Freire (1996) diz que para a aprendizagem se tornar significativa, deve partir de algo que faça parte do cotidiano do aluno. O processo de ensino-aprendizagem envolvendo o aluno o professor e o saber matemático é visto como um dos principais projetos de investigação em educação matemática. (PEREZ apud BICUDO, 2004).

Trabalhar com educação exige do profissional uma eterna reflexão sobre sua prática. Com o professor de ciências e matemática esta realidade não é diferente, ao contrário, se sabe o quanto a ciências e matemática é depreciada no cotidiano escolar, o que faz disso uma exigência de reflexão constante do professor desta disciplina. É obrigação do professor utilizar métodos e temáticas que não só chamem a atenção do aluno, mas que também facilite o processo de ensino-aprendizagem. O profissional de educação deve assumir uma atitude de pesquisador em sua prática docente e da mesma maneira, estimular seus educandos à pesquisa.

1.3 O uso do computador e a educação

De acordo com os PCN's (1999), uma das habilidades a serem desenvolvidas em Matemática, dentro do contexto sócio-cultural do educando, é utilizar adequadamente calculadoras e computadores, reconhecendo suas limitações e potencialidades.

E, segundo Ferreira e Lorenzato (2009), a inserção de computadores na educação matemática traz consigo uma perspectiva de desenvolvimento e mudanças, gerando medo e incertezas, e exigindo dos professores um esforço considerável de adaptação.

De todas as disciplinas escolares, a matemática é uma das mais temidas, por exigir uso do raciocínio abstrato, e acaba por causar aversão em muitos estudantes. Embora seja uma das ciências mais antigas e presentes em muitos aspectos do cotidiano, a matemática é a vilã dos estudantes.

Como educadores, deve ter em mente que nem todos os jovens têm as mesmas competências e habilidades, e conseguir que todos obtenham sucesso em seu aprendizado. Os conceitos matemáticos tornam-se difíceis a alguns educandos, porque seu significado tem de ser construído mentalmente, e o raciocínio abstrato nem sempre é simples.

Dentro deste contexto, já houve muito progresso, em termos de softwares e páginas da WEB, que permitem a manipulação e animação dos objetos, o que acaba por contribuir na construção do conhecimento e compreensão do aluno.

Um exemplo é o software Cabri (uma versão shareware encontra-se disponível em www.somatematica.com.br), que permite criar as mais diversas figuras geométricas e 'brincar' com elas, e observar suas propriedades. Entretanto, apesar de equipadas nem sempre os professores se engajam nos projetos de informatização das escolas (FERREIRA; LORENZATO, 2009). E isto acontece pelos mais diversos motivos, mas principalmente pela falta de vontade do professor, o que de acordo com Ferreira e Lorenzato (2009) gera a pergunta: Por que alguns professores de matemática não utilizam o computador em suas aulas?

Pesquisas vêm sendo feitas para responder a estas perguntas, e o que transparece, é em geral, uma falta de estrutura para esta prática. E esta falta de estrutura vai desde a falta do laboratório, até o desconhecimento do professor sobre a importância da informática em sala de aula. E este último ponto reflete sobre a questão da formação do professor.

A formação de professores de matemática que irão utilizar o computador em sua prática deve ser repensada por todos os envolvidos em educação e formação. A formação desse professor em tecnologias informáticas deve ser um processo que o prepare para incitar seus educandos a 'aprender a aprender', ter autonomia para solucionar as informações pertinentes à sua ação, refletir sobre uma situação-problema e escolher a alternativa adequada de atuação para resolvê-la; refletir sobre os resultados obtidos e depurar seus procedimentos, reformulando suas ações, buscar compreender os conceitos envolvidos ou levantar hipóteses. (ALMEIDA, apud FEREIRA; LORENZATO, 2009).

Nessa era em que têm uma sociedade cada vez mais baseada na informação, a questão das tecnologias em sala de aula, deve ser pensada de forma contínua, e sua inserção deveria começar no currículo de graduação do professor, de modo a familiarizar-se com estas mudanças desde o início de sua formação docente.

É necessário para o professor ver como produtiva a prática pedagógica aliada às tecnologias em informática, que ele tenha vivência deste processo enquanto discente.

Alguns professores revelaram que o uso da tecnologia informática se constitui numa zona de risco, na qual o professor se vê diante de situações novas, exigindo dele estratégias diferenciadas das que está acostumado a enfrentar (FERREIRA; LORENZATO, 2009).

Esta afirmação é baseada em uma pesquisa realizada no Estado de Minas Gerais, que apontou que os professores crêem que o computador estimula a criatividade e a aprendizagem, mas não têm tempo ou condições de utilizá-lo. Ainda de acordo com as respostas obtidas em sua pesquisa, concluem que é possível que o uso do computador no ensino da matemática demore a acontecer em definitivo, pois os profissionais envolvidos ainda não estão preparados Porém, o professor deve se posicionar realizar uma séria reflexão sobre sua prática.

Ao falar-se sobre a educação matemática e as novas tecnologias, tem-se claro que governos e entidades educacionais vêm cada vez mais investindo na informatização da escola, não só no que diz respeito à parte administrativa, mas principalmente na criação do Laboratório de Informática.

Em uma sociedade de bases tecnológicas, com mudanças contínuas, em ritmo acelerado, não é mais possível ignorar as alterações que as tecnologias da informação e comunicação (TIC's) provocam na forma como as pessoas vêem e aprendem o mundo, bem como desprezar o potencial pedagógico que tais tecnologias apresentam quando incorporados à educação. (KAMPFF, 2004).

Hoje, é consenso entre educadores, que o computador na escola, nas práticas pedagógicas, é algo irreversível. Também é senso comum, a necessidade de capacitação adequada para os professores, bem como readequação dos currículos. Embora todo esse processo não seja rápido.

Há atualmente, um grande número de estudos e pesquisa sobre estas práticas, e seus resultados. E, a despeito do que muitos acreditam o computador não vem como um substituto mais atrativo e prático do que o quadro ou o livro didático, ele vem como um instrumento que desperta a curiosidade do aluno, e neste processo, o professor torna-se o mediador do conhecimento que vai sendo construído pelo aluno, desta forma podendo ser mais amplo e profundo.

1.4 Proposta Curricular de Santa Catarina

A falta de condições de trabalho como salário defasado, disponibilidade de tempo para se atualizar, excesso de hora/aula, excessivo número de alunos em sala de aula, a acomodação gerada pelo fato de o professor utilizar um único livro didático como instrumento de organização de seu trabalho, a rotatividade de professores que acontece durante cada ano letivo, entre outros itens, contribuem para o desinteresse e as dificuldades encontradas com relação às disciplinas.

A Proposta Curricular de Santa Catarina de (1997),prevê uma sistemática mudança do ensino formal e mecanicista da matemática para o ensino da educação Matemática "[...] na verdade, há que se transformar o ensino de Matemática em educação Matemática [...]".

Esta mudança deveria ter começado a ser posta em prática, a partir da reformulação da Proposta Curricular que se iniciou em 1991. Entretanto, os grupos de estudo formados pela Secretaria da Educação apontam diversos fatores que impediram o êxito desta proposta de mudança. Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina de 1998, em resumo aos fatores que ainda entravam a implantação da educação matemática. A matemática ainda é vista somente como uma ciência exata – pronta e acabada, cujo ensino e aprendizagem se dá pela memorização ou por repetição mecânica de exercícios de fixação, privilegiando o uso de regras e 'macetes'.

Precisa haver uma mudança em relação ao pensamento sobre qual é o papel do professor no espaço de sala de aula. Para que haja educação matemática, o professor deve agir como mediador do conhecimento, respeitando a construção do raciocínio que o aluno precisa fazer para adquirir de fato o conhecimento.

Assim como acontece com todo conhecimento a matemática é também um saber historicamente em construção que vem sendo produzido nas e pelas relações sociais e, como tal, tem seu pensamento e sua linguagem. Ocorre, entretanto, que essa linguagem com o passar dos anos foi se tornando formal, precisa e rigorosa, distanciando-se daqueles conteúdos dos quais se originou, ocultando, assim, os processos que levaram a Matemática a tal nível de abstração e formalização. (FIORENTINI apud SANTA CATARINA, 1998).

O conteúdo exposto na proposta curricular reforça também, a utilização de recursos tecnológicos durante as aulas de ciências, pois mudanças tecnológicas fazem cada vez mais parte da realidade do tempo.

É imprescindível ao professor a compreensão de que a utilização dos recursos tecnológicos é irreversível, o que não significa, neste momento histórico, que a máquina o substituirá na sua função de mediador. O acesso à tecnologia está se tornando cada vez mais comum e, portanto, é necessária ao sujeito a apropriação do conhecimento que a informatização disponibiliza. Além disso, a utilização do computador pode contribuir para a produção de novos saberes. (SANTA CATARINA, 1998).

A leitura de documentos como a Proposta Curricular de Santa Catarina, que inclusive sofreu uma nova revisão em 2005 para reforçar a abordagem e utilização de novas tecnologias em sala de aula em todos os níveis de escolaridade, vem ressaltar a conscientização dos órgãos governamentais sobre a importância de se equipar adequadamente as escolas e prepará-las para enfrentar os desafios atuais.

Mesmo que muitas destas mudanças geradas por esta conscientização ainda estejam somente no papel, ou incompletas, o fato de já terem sido vistas e pensadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela educação pública traz esperanças de um futuro melhor para a educação.

2 NOVAS TECNOLOGIAS E O ENSINO

Quando fala em novas tecnologias na educação, quase sempre vêm à mente o computador e a Internet, porém, tecnologias que podem ser usadas em sala de aula, não se resumem ao computador.

Falando-se especificamente de escolas públicas, o Governo investindo e equipando escolas públicas não só com laboratórios de informática, mas também com aparelhos de DVD's e coleções de vídeos. Claro que apenas fornecer equipamentos não é significativo se não houver uma preparação adequada do professor para sua utilização, bem como várias outras questões pertinentes à aprendizagem, mas, o fato é que existem tecnologias à disposição dos professores.

Se dentro do universo escolar o retro-projetor já é um velho conhecido, os computadores ainda não são. E afirma ainda que mesmo o retro-projetor não é utilizado e explorado como deveria pelos professores. Cada tecnologia pode ser explorada de maneira singular e criativa em benefício da construção do conhecimento por parte do educando.

No ensino das disciplinas, por exemplo, laboratórios de informática viram ótimas fontes de pesquisa, pois além de páginas específicas sobre conteúdo multidisciplinar, há uma grande variedade de softwares que permitem manipulação de objetos, por parte dos alunos, propiciando um melhor entendimento e assimilação de conceitos e definições de conteúdos. Além de laboratórios, existem outros recursos disponíveis que podem ser bem aproveitados nas escolas. Basta haver interesse e dedicação por parte do professor.

2.1 A aprendizagem das disciplinas em ambientes informatizados

No campo das novas tecnologias e as disciplinas podem surgir o questionamento de como pode ser útil o computador numa disciplina que é tão abstrata. Kampff (2009) diz que um dos maiores problemas na educação decorre do fato que muitos professores consideram os conceitos matemáticos como objetos prontos, não percebendo que estes conceitos devem ser construídos pelos alunos. Perrenoud, citado por Kampff (2009), destaca que uma das competências fundamentais do professor, conhecer as possibilidades e dominar os recursos computacionais existentes, cabendo a ele atualizar-se constantemente, buscando novas práticas educativas que possam contribuir para um processo educacional qualificado.

Dentro desta perspectiva, as tecnologias de informação e comunicação surgem como grande diferencial para este processo, pois em determinados softwares, permite-se tal manipulação de dados e objetos, que se torna mais fácil esta construção do conhecimento. Afinal, a aprendizagem matemática depende de ações que caracterizem o 'fazer matemática' (KAMPFF, 2009). E hoje, mais do que nunca, o professor deve estar preparado para 'fazer matemática' de forma significativa, aliando-se aos ambientes informatizados.

O computador permite criar um novo tipo de objeto – os objetos 'concreto-abstratos'. Concretos porque existem na tela do computador e podem ser manipulados; abstratos por se tratarem de realizações feitas a partir de construções mentais. (HERBENSTREINT apud KAMPFF, 2009).

A partir deste pensamento, pode-se refletir sobre como se processa o aprendizado em ambientes informatizados. Para o educando, fica muito difícil, a compreensão e assimilação dos conceitos matemáticos, em virtude de seu grau de abstração.

Por outro lado, existem relatos de experiências com informática que ampliam a capacidade do aluno de observação, manipulação, e por conseqüência, construção do conhecimento. E isto ocorre, porque estes softwares e páginas da WEB, permitem uma construção passo a passo, que também vai sendo feita pelo aluno em sua mente. E a partir da manipulação dos objetos, vai percebendo suas propriedades, não apenas decorando-as.

Numa apresentação formal e discursiva, os alunos não se engajam em ações que desafiem suas capacidades cognitivas, sendo-lhes exigido no máximo memorização e repetição, e conseqüentemente não são autores das construções que dão sentido ao conhecimento matemático. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998). 

Estudiosos sobre educação vêm afirmando a longo tempo, que o aprendizado só se faz, quando o conteúdo a ser aprendido passa a ter significado para o aluno. Na Matemática, esta verdade, talvez seja a responsável pelos péssimos índices no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que ocorre a cada três anos para avaliar o desempenho dos alunos em ciências, leitura e matemática. De acordo com Watanabe (2007). Em 2003, a área principal de avaliação da Matemática e contou com a participação de 250.000 adolescentes (5.235 brasileiros) de 40 países, e o Brasil ocupou a 40ª posição. 

O professor deve pensar estratégias, para que um aluno entenda realmente o que é uma equação do segundo grau, de onde vêm às relações trigonométricas, o porquê de algumas propriedades geométricas, entre outros. Mas isto não é tão simples quando o professor tem apenas quadro e giz para trabalhar.

A informática por si só não garante mudanças, e muitas vezes se pode ser enganado pelo visual atrativo dos recursos tecnológicos que são oferecidos, mas os quais simplesmente reforçam as mesmas características do modelo de escola que privilegia a transmissão do conhecimento. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998).

O desafio dos professores é justamente utilizar estes novos recursos disponíveis, que contribuem para uma melhor compreensão dos conceitos matemáticos, e por conseqüência na construção do conhecimento do educando, sem se deixar levar pelo pensamento que também, a informática é o único recurso disponível.

Ainda, dentro do contexto da aprendizagem matemática, é importante ver que o papel inicial das ações e das experiências lógico matemático concretas é precisamente de preparação necessária para chegar-se ao desenvolvimento do espírito dedutivo, e isto por duas razões. A primeira é que as operações mentais ou intelectuais que intervém nestas deduções posteriores derivam justamente das ações: ações interiorizadas, e quando esta interiorização, junto com as coordenações que supõem, são suficientes, as experiências lógico matemáticas enquanto ações materiais resultam já inúteis e a dedução interior se bastará a si mesmo. A segunda razão é que a coordenação de ações e as experiências lógico-matemáticas dão lugar, ao interiorizar-se, a um tipo de abstração que corresponde precisamente a abstração lógica e matemática. (PIAGET apud GRAVINA; SANTAROSA, 1998)

E é sobre esta ótica que se defende a inserção dos recursos tecnológicos nas aulas, pois justamente a possibilidade de manipulação dos objetos, que constitui em argumento forte para a construção do conhecimento do educando.

A instância física de um sistema de representação afeta substancialmente a construção de conceitos e teoremas. As novas tecnologias oferecem instâncias físicas em que a representação passa a ter caráter dinâmico, e isto tem reflexos nos processos cognitivos, particularmente no que diz respeito às concretizações mentais. Um mesmo objeto matemático passa a ter representação mutável, diferentemente da representação estática, das instâncias físicas tipo 'lápis e papel' ou 'giz e quadro'. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998).

Ao ter a possibilidade de pesquisar, analisar e observar algo que já não é somente abstrato, o educando acaba por exercitar sua percepção e compreensão do tema estudado, ou seja, a construção do conhecimento deixa de ser estática e passa a ser dinâmica. De modo que fica clara a compreensão da importância e utilidade do uso de recursos tecnológicos na aprendizagem.

2.2 Inclusão digital

O acesso digital à informática e aos computadores é o principal passo da inclusão digital, já se vê isso em países ricos e pobres. A expansão de laboratórios e salas de informática nas escolas e bibliotecas vem aumentando aos poucos. Contudo, não basta somente levar computadores para as escolas, é preciso estudar e discutir o seu uso didático-pedagógico, e buscar incorporá-lo ao processo de ensino e aprendizagem. 

Usar essas salas ou laboratórios nos fins de semana também é uma possibilidade importante para a inclusão digital, já que as pessoas da comunidade, que vivem nas proximidades da escola, terão acesso à informação e a Internet, para isso basta um acordo entre a escola e a comunidade, dentro das possibilidades que a escola poderá oferecer. A geração digital vai da inclusão social à emergência de novas possibilidades de atuação profissional, passando pelo resgate dos portadores de deficiências e chegando à revalorização da apropriação social das mídias digitais.

A informação é um recurso produtivo dominante ligado diretamente ao capitalismo mundial, estar conectado à Internet e dominar a tecnologia fará uma grande diferença entre a construção de uma sociedade que terá qualidade de vida e uma sociedade desestruturada que demonstra pobreza informacional e grande miséria social. 

Não se pode esperar que todos acordem um dia desses simplesmente com vontade de participar. Portanto, o trabalho de conscientização e responsabilidade de quem já tem acesso aos meios e às informações é fundamental e paralelo. E se ele já está sendo feito, precisa ainda, tornar-se mais evidente.

Como todo novo equipamento, tecnologias de informática causam medo onde são inseridas, principalmente, por parte dos profissionais que temem não se adaptaram às novas condições de trabalho. Na educação, a situação não poderia ser diferente. Em meio a conteúdos a serem cumpridos, horários apertados e jornadas de trabalho exaustivas, é difícil encontrar um professor que aceite de boa vontade utilizar novas ferramentas, quando tem de se preparar adequadamente para elas.

Muito se ouve falar em inclusão digital nas escolas, mas estas ações ainda são muito limitadas à aquisição dos equipamentos e a implantação de um laboratório com um professor de informática. Claro que isto é primordial, mas não é tudo. Falta a integração da grade curricular com o Laboratório de Informática. E, isto não vem ocorrendo, devido a quatro idéias errôneas a respeito do laboratório na escola.

A primeira delas é a de que "o computador é uma entidade por si mesma e por isso merece um laboratório especial, um currículo especial e um professor especial". Isto causa mais medo e depreciação por parte do professor, do que a vontade de se aperfeiçoar e usar práticas pedagógicas diferentes.

Uma segunda idéia é a de que "o uso do computador é algo para ser aprendido como algo em si mesmo". Quando uma escola cria um ambiente como um laboratório de informática, seu principal objetivo deve ser o de oferecer um ambiente onde professor e aluno possa dar livre curso às suas múltiplas inteligências. Ensinar alunos a serem usuários do computador é uma coisa, mas não é nem de longe a proposta que a escola deve ter. Quando se fala em aulas informatizadas, o foco é o computador como ampliador de possibilidades, e não como mero substituto do quadro ou livro didático. (autor, data)

Ainda há a idéia de que "o computador pode apenas ser somado a diferentes práticas instrucionais não mutáveis: o computador como auxiliar". Fica desta maneira, ressaltada a idéia anterior, onde os educadores perdem a dimensão do que esta ferramenta pode render em sala de aula.

Uma quarta afirmação é a de que "o uso efetivo do computador depende somente da qualidade do software usado". Embora o software seja necessário, ele é apenas uma parte do processo.

A aquisição do laboratório de informática é fundamental, mas quando se fala em inclusão digital, deve-se pensar também na reavaliação das práticas pedagógicas atuais e na capacitação dos professores.

Um exemplo sobre a verdadeira inclusão digital, é o caso descrito por Salomon (1990), sobre um estudo do continente europeu, que foi pedido aos alunos da sexta série que utilizaram os computadores para isto. O resultado foi surpreendente: os grupos montaram bancos de dados baseados, nas mais diversos tipos de informação, como renda per capita, índice de industrialização, etc. neste caso, fica claro como o computador e a Internet foram à alavanca para um processo de construção do conhecimento por parte destes alunos.

Quando se fala em inclusão digital nas escolas, esta deveria ser a idéia.

2.3 Aprender com vídeo e câmera

Vídeo e câmera não são tecnologias recentes no ambiente escolar, porém ambos podem ser bem aproveitados e repensados como instrumentos pedagógicos, pois como diz Coutinho (2009): todos podem aprender com a televisão que, aliada a outras técnicas, estão aí exigindo uma nova postura educacional da sociedade.

Primeiramente pensar que com câmera e vídeo pode-se ensinar muita coisa, menos ciências. Porém, ao reavaliar a questão encontra muita utilidade para ambos no ensino da matemática e ciências. Coutinho (2009), diz que as escolas podem ser as oficinas que engendram a cultura se professores e alunos aprenderem a superar as intransigências e compreenderem que 'a intransigência em relação a tudo quanto é novo é um dos piores defeitos do homem'.

Dentro da criação de um pequeno filme, por exemplo, a Matemática estará refletida em vários aspectos: orçamento, controle de tempo, número de tomadas, etc. E em cada aspecto, a multiplicidade dos conteúdos matemáticos pode revelar-se mais significativa aos alunos, propiciando-lhes a verdadeira aprendizagem.

Vídeos já prontos também podem ser bem utilizados, e existe uma gama quase infinita de possibilidades que podem ser trabalhadas pelo professor que se disponha a pesquisá-los. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) tem fornecido às escolas coleções de vídeos educativos de praticamente todas as disciplinas. Em suma, vídeo e câmera podem e devem fazer parte do arsenal de instrumentos pedagógicos que o professor tem à sua disposição. Porém, é necessário ressaltar que materiais e tecnologias são instrumentos e não a tábua de salvação para todos os problemas educacionais atuais.

Lembrar também, que este tipo de recurso é bem utilizado para cursos à distância, modalidade de ensino que vem crescendo muito, possibilitando conhecimento e educação àqueles que não podem freqüentar cursos profissionalizantes e outros, de maneira regular.

2.4 Tecnologias de informação e comunicação: reflexos no ensino

Entre os objetivos que a educação tem, dar ênfase à preparação do indivíduo para exercer sua cidadania de forma consciente e crítica, bem como estar pleno e consciente de todo o seu potencial criativo. Como educadores se deve questionar sobre quais os reflexos de ações. Quais os possíveis benefícios e prejuízos que irão se refletir nas gerações? Portanto, o que se requer é uma mudança profunda sobre como pensar educação. Assim, tecnologia não é a solução, é somente um instrumento. Mas embora tecnologia não produza automaticamente uma boa educação, a falta de tecnologia garante automaticamente uma má educação. (PAPERT, apud D'AMBRÓSIO, 2009). A questão a ser refletida e pesquisada então, na verdade, é como relacionar educação e tecnologia, e que mudanças podem surgir no ensino da Matemática?

D'Ambrósio (2009), em uma palestra, levanta questões pertinentes às tecnologias de informação e seu envolvimento com a matemática e ciências, desde a invenção da escrita, que foi, sem dúvida a primeira tecnologia de informação, pois permitiu que o homem antigo deixasse registros de seu modo de vida. Faz ainda uma longa reflexão sobre importantes aspectos históricos e as contribuições para, e da Matemática. E nesta reflexão fica implícito o quanto matemática e tecnologia estão intimamente ligadas. Portanto, ignorar esta ampla ligação, é negligenciar o papel de educador, lesando a educação de um indivíduo.

O autor ainda explicita sobre as grandes conquistas matemáticas e que grandes pensadores como Leibniz e Newton já pensavam em instrumentos para a realização de cálculos, pois estes eram puramente mecânicos, sem benefícios na ação de pensar. Este tipo de afirmação chega a ser irônica, pois ainda hoje existem professores que não permitem se quer o uso de calculadoras em suas aulas. O que prova que havia pessoas com melhor senso sobre produtividade no século XVIII do que no atual.

Se a calculadora ainda é tida como um instrumento que empobrece a ação de pensar, softwares que fazem manipulações e construções geométricas, ou outros tantos na área de equações, funções e matrizes são verdadeiramente considerados 'demônios' na educação.

É lamentável que alguns professores ainda encarem o computador e seus recursos como inimigos, quando na verdade podem ser ótimos parceiros para uma revolução na maneira de ensinar e aprender. Ao usar um software, ou mesmo uma simples calculadora, o aluno observará os mecanismos de construção de formas e resultados, podendo compreender e assimilar melhor os conceitos, ao invés de apenas decorar fórmulas e macetes.

3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS

3.1 Um novo perfil de professor

O crescimento no setor tecnológico assusta e não é um problema recente. De acordo com Borba citado por Bicudo (1999): ainda há os que temem que o computador desumanize a educação ou os que acham que os mesmos conteúdos que eram ensinados antes da introdução desta nova mídia devam continuar a sê-lo. Desta forma, deve-se pensar que o conhecimento pode ser gerado em ambientes formais ou informais de aprendizagem.

Ao utilizar Tecnologias em Informática e Comunicação (TIC's) em sala de aula, o professor deve estar ciente de que sua aula será diferente do convencional. O professor não se torna dispensável, como receiam alguns profissionais da educação. A escolha por uma linha de trabalho que associe Internet com as pedagogias ativas solidificará a nova função do professor como orientador da pesquisa e facilitador da aprendizagem (RAMAL, 2009).

Com o uso do computador em sala de aula, o professor torna-se um orientador, auxiliando os alunos a pesquisarem e conquistarem seu conhecimento. Ao estimularem os alunos à pesquisa, o educador estará estimulando-os a serem críticos.

É certo que existem páginas na Internet com recursos de visualização que superam o livro didático comum. Há uma propensão natural do jovem e da criança aos jogos eletrônicos. Por que não utilizar isto em favor da educação? Principalmente no ensino de ciências exatas, que causa temor nos alunos, dificultando desta forma sua aprendizagem.

Mas como utilizar a Internet em sala de aula? Como obter resultados positivos e utilizar este instrumento didaticamente? Há, evidentemente, a necessidade de uma preparação adequada do professor para fazer uso destes instrumentos.

Se não houver uma preparação consistente do professor que lidar com esses meios, muitas vezes tais atividades terão pouca validade pedagógica. A utilização da informática e da Internet na escola pode correr o risco de se fechar em si mesma, isto é, no uso do computador pelo computador. (RAMAL, 2009).

Além da preparação do professor, no sentido de dominar esta tecnologia, deve existir uma programação adequada para a aplicação deste recurso. Mostrar que a Internet é mais que chats (conversação simultânea de indivíduos à distância através da Internet), de conversação e downloads (cópias de arquivos de execução de programas da Internet), de jogos é apenas o começo. Afinal, nem tudo o que existe na rede de computadores é útil à educação, haja vista que são softwares e páginas montadas por programadores, que não têm formação na área da educação, e quando se preocupam em produzir algo didático nem sempre observam o campo educativo de maneira adequada.

O professor deve buscar o equilíbrio, mostrando os pontos positivos e os negativos das TIC's aos alunos. Dizer que a Internet ou demais tecnologias são a tábua de salvação para os comprometimentos do atual sistema de educação é um exagero, da mesma forma que negar a utilização destes recursos em sala de aula também o é. Para ser coerente com os pressupostos dos paradigmas pedagógicos modernos, o uso do computador e da Internet deve colocar o aluno como centro do processo, dando-lhe papel ativo, permitindo-lhe construir o conhecimento (RAMAL, 2009).

A escola moderna precisa de um novo professor, que passe a contar com as possibilidades dos atuais recursos tecnológicos como um instrumento a mais para os processos de aprendizagem, que proponha currículos mais flexíveis, que saiba manter a coerência entre as pressupostos das teorias pedagógicas e a utilização dos recursos didáticos. Deve contribuir para que a formação de seu aluno seja a mais completa possível, sendo ele para o aluno uma ponte entre o seu mundo cotidiano e restrito e todas as dificuldades e possibilidades do mundo que encontrará fora dos bancos escolares.

A Internet, por exemplo, proporciona acesso imediato à praticamente todo tipo de informações, por qualquer pessoa. Esta flexibilidade, sua maior contribuição para a educação, possibilita que cada indivíduo busque adquirir conhecimento da maneira que lhe parecer mais conveniente. Mesmo assim, é essencial que o professor saiba identificar as utilizações da Internet que possam prejudicar sua aplicação em sala de aula. Conforme Azevedo (2000), citado por Simões (2009): as novas tecnologias de informação e comunicação, que inundam todas as esferas da vida, chegaram às escolas, estão a influenciar os processos de ensino e de aprendizagem e muito provavelmente vão mudar de modo profundo estes processos no futuro.

Com a Internet em sala de aula, torna possível a aprendizagem cooperativa. O professor orienta, indica a direção, e os alunos partem para a pesquisa e podem trocar conclusões. Mas as aulas não podem tornar-se meras buscas por determinados temas. O ideal é mesclar a metodologia de uma aula com quadro, giz e livros, com as inovações tecnológicas que o aluno pode fazer uso. É importante salientar que o aluno poderá, inclusive, trocar experiências com outros alunos das mais diversas localidades.

Ao inserir este contexto de globalização na escola, cria-se um ambiente rico em informações capaz de estimular a procura do aluno pelo conhecimento. A Internet cria uma dinâmica diferente da utilizada com o livro didático, pois ela é marcada pela agilidade e interatividade que gera em sua utilização. Isto faz do computador um instrumento didático como vídeo cassete, projetor, etc., que auxilia no processo de aprendizagem, tendo a vantagem de fazer o aluno perceber o mundo que o cerca.

3.2 O professor e sua formação

Todo indivíduo que pense em se tornar professor, começa sua carreira nos bancos da Universidade, em sua formação inicial, porém, diante dos vertiginosos avanços tecnológicos em relação à comunicação, frequentar a universidade apenas, não é garantia de sucesso profissional em qualquer área. Cada vez mais competitivo, o mercado de trabalho exige do profissional aperfeiçoamento. Mas não esquecer que toda carreira começa na formação inicial.

O professor inicia sua formação na faculdade, aprendendo cálculos, didática, entre outras. De maneira que o futuro professor deverá aprender a dominar conteúdos, mas também, e principalmente, deverá saber como transmitir conhecimento aos seus alunos. Ensinar uma disciplina, requer de quem exerce essa função um domínio de conhecimento diferente do exigido.

O professor de Matemática deverá não só ter domínio do conteúdo a ser ensinado. Ele deverá conhecer metodologias diferentes, e principalmente, saber ser mediador de seu conhecimento, para que seus alunos possam também adquirir e construir seus conhecimentos.

Shulman, distingue três categorias do saber: o da disciplina, o do pedagógico-disciplinar e o curricular. Hoje, os profissionais da educação vêm enfrentando problemas disciplinares em sua prática. Se há alguns anos era raro ver um aluno desrespeitar o professor em sala de aula, hoje se tornou comum saber de casos em que os professores foram, inclusive, agredidos. Portanto, o saber da disciplina é vital na prática pedagógica do professor para conquistar o respeito do aluno.

Entretanto, não se deve confundir disciplina com autoritarismo. Paulo Freire (1996), na obra Pedagogia da Autonomia destaca que o afeto entre professor e aluno é ingrediente indispensável para a aprendizagem do segundo. Porém, afeto não é passar a mão na cabeça do aluno e ignorar suas falhas justificando-se muitas vezes nas difíceis situações familiares dos mesmos, afeto a que o autor se refere é conhecer o ambiente em que o aluno está inserido e buscar meios de que este aluno se sinta parte do processo de educação.

Quanto ao saber pedagógico-disciplinar, Schulman citado por, diz que este é o saber mais importante a ser adquirido na formação do professor, pois é este saber que aborda a forma como os conteúdos são transmitidos em sala de aula e como os alunos os apreendem. Ao aprender em sua formação os conteúdos matemáticos e a maneira mais efetiva de transmiti-los, o professor estará adquirindo o saber pedagógico-disciplinar.

Ressalta que o professor de matemática deve ter, além de um domínio amplo da disciplina a ser ensinada e de metodologias diferenciadas, a habilidade de articular seus conhecimentos, ele precisa ser capaz de articular seu saber, pois aquilo que é apenas tacitamente aceito não pode se explicitamente ensinado.

O professor deve sair de sua formação inicial, com autonomia e conhecimentos que o tornem apto não só a ministrar aulas, mas de fato ser um mediador do conhecimento e aprendizagem de seus alunos.

Quanto ao saber curricular, é este saber que o professor irá conquistar em sua formação ao longo de sua carreira acadêmica, de modo, a saber, discernir quais conteúdos são compatíveis com as séries que irá trabalhar.

Entretanto, estes saberes são adquiridos não somente na formação, mas ao longo da carreira profissional do professor. Segundo Ponte citado por, enquanto o professor é objeto na formação, ele é sujeito no desenvolvimento profissional. Pois na formação ele irá absorver os conhecimentos que lhe são transmitidos enquanto que como profissional, deverá tomar decisões em relação a questões a considerar e projetos a desenvolver.

3.3 Prática reflexiva e processos de formação

A educação é tema de debates e discussões, faz parte de plataformas políticas, inflama discursos e possui leis próprias para garanti-la a todos. Porém, ao começar qualquer discussão sobre educação é impossível não levantar a questão o desenvolvimento da formação do professor, bem como de sua formação continuada, pois educação, formação e formação continuada estão intrinsecamente ligadas. Da mesma forma, falar sobre a prática docente recai em falar sobre a formação inicial do professor.

Não é novidade para ninguém, mesmo entre pesquisadores em educação, que o atual modelo educacional não tem atingido os resultados esperados. A educação no Brasil vêm passando por reformulações há algum tempo, na esperança de melhorar seus índices, porém, embora as políticas públicas tenham conseguido alguns avanços, a valorização profissional ainda deixa a desejar nestas propostas de mudanças. É hipocrisia acreditar que se pode melhorar o atual modelo educacional sem reformulações na valorização profissional, que implica em melhorar salários e investir na formação inicial e continuada do professor. A formação teórica e prática do professor, poderá contribuir para melhorar a qualidade do ensino, visto que, são as transformações sociais é que irão gerar transformações no ensino.

Ao focar mudanças necessárias na formação do professor, citar a prática reflexiva, pois o crescimento de um indivíduo dá-se quando este aprende a analisar sua conduta e gera mudanças refletidas desta análise. O futuro professor deve aprender ainda no ambiente acadêmico a observar sua prática e refletir sobre o que pode melhorar em seu exercício de docência.

As situações conflitantes que os professores são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas: o profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo. A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva. (NÓVOA apud Neves)

Todo o seu processo de formação, o professor deve estar ciente de que não deve apenas absorver os conhecimentos que lhe serão transmitidos, mas enxergar-se como protagonista de sua formação, investigando, refletindo e buscando mais para seu desenvolvimento profissional. Para Ponte citado por Bicudo (2004), os debates sobre o desenvolvimento profissional vêm ganhando espaço devido às mudanças e novas responsabilidades que a sociedade vem impondo à escola.

Com isto, não basta apenas dominar conteúdos e didáticas, mas sim buscar uma maior versatilidade para o exercício de suas funções e estar apto para as mudanças que estão ocorrendo no ensino. Neves( 2007) o desenvolvimento profissional corresponde ao curso superior somado ao conhecimento acumulado ao longo da vida.

Com base neste pensamento, dizer que se tratando da profissão docente, a formação do professor está intimamente ligada com sua prática reflexiva, pois os anos de seu curso de licenciatura serão o início de uma formação que se prolongará durante toda sua carreira, através de reflexões e atualizações constantes.

4 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

A formação continuada de professores é alavanca para alcançar as mudanças desejadas na educação. Ao escolher a profissão docente, o indivíduo dever estar ciente que para ser bom profissional, precisará estar sempre se atualizando, se especializando, pois sua formação inicia-se na faculdade, mas não termina nela.

Vive-se num mundo globalizado onde as informações proliferam incessantemente, e se o professor contentar-se apenas com sua formação inicial, seus próprios alunos o ultrapassarão em conhecimento e informação, principalmente no que se refere às tecnologias tão em voga, pois a escola não tem condições de competir com o fluxo de mudanças no que se refere a tecnologias de informação e comunicação. A atualização em relação à profissão, hoje é uma exigência para manter-se no mercado de trabalho.

Segundo Nóvoa, citado por, estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade que é também uma identidade profissional.

Quanto a formação continuada dos professores, ressaltar que os investimentos dos órgãos competentes ainda é pequeno, quer seja pela falta de recursos, quer seja pela falta de procura dos profissionais interessados.

4.1 A formação dos formadores de professores

Muitas são as pesquisas realizadas sobre a formação e formação continuada de professores. As constantes mudanças da sociedade impõem um novo modelo de qualidade e atualização aos profissionais de todos os segmentos, e as Universidades não ficaram de fora destas novas exigências, pois quaisquer mudanças na sociedade, refletem na educação e na formação do educador. D'Ambrósio, citado por Costa (2009) afirma que o mundo atual está a exigir outros conteúdos, naturalmente outras metodologias, para que se atinjam os objetivos maiores de criatividade e cidadania plena. Aulas tradicionais não mais satisfazem, criando a necessidade de inovação na prática pedagógica, em todas as modalidades de ensino. Esta 'insatisfação' cria a urgência da busca, por parte do profissional de novas metodologias que se adaptem à modernidade da era, do conhecimento.

De maneira que a formação dos formadores de professores que irão atuar na educação também deve ser repensada, pois como já foi dito, mudanças na educação iniciam-se na formação do professor.

A aprendizagem da docência deve abranger não só a construção individual de formas de atuar em sua área específica, mas também um processo de aprendizagem organizacional coletivo, uma dinâmica de identificação profissional com o conjunto de formadores de professores, o processo de socialização profissional que marcaria o desenvolvimento do grupo profissional dos formadores dos professores. (COSTA, 2009).

Repensar as questões da formação e formação continuada, portanto, implica em repensar sobre a formação dos formadores. Pois, geralmente, o professor universitário torna-se o modelo daqueles que por ele passam. Muitas vezes, este modelo não será o adequado para as atuais exigências da sociedade e do mercado de trabalho, mas não é à toa que o dito popular de que um exemplo vale mais que mil palavras também vale na questão sobre a formação de professores.

D'Ambrósio, citado por Costa (2009) levanta um questionamento, na tentativa de contribuir para a formação de professores: Como acreditar que a disciplina possa ser aprendida de forma dinâmica (jogos, modelagem, situações lúdicas, investigações, refutações...), se o professor nunca teve semelhante experiência em sala de aula como aluno?

A afirmação de D'Ambrósio vem reforçar a idéia de que ao pensar nas questões pertinentes tanto a formação inicial quanto a formação continuada, deve passar pela formação dos profissionais que formam professores.

Muito se fala a respeito de novas tecnologias, de novas metodologias, etc., mas não se pode esquecer o fato de que muitas vezes o professor sai de sua faculdade sem ter a exata noção dos significados e aplicabilidades destes termos, pois não viu nada disso em sua formação inicial, e não surgem oportunidades de aprender sobre o assunto em formações continuadas.

As disciplinas são contempladas com diversas possibilidades de ferramentas pedagógicas dentro das novas tecnologias, como Internet com páginas específicas e os mais variados softwares matemáticos, disponibilizados muitas vezes, gratuitamente. De maneira que o que falta não são recursos, e sim instrução de como melhor os utilizar

4.2 A formação continuada na rede pública de ensino

Visto que a grande maioria de estudantes da Educação Básica encontra-se dentro da Rede Pública de Ensino, é oportuno discutir sobre a formação continuada dos professores que atuam nestas redes.

Ao falar em Rede Pública Estadual, a referência será a Rede Pública do Estado de Santa Catarina, da mesma forma, a referência em termos de Rede Municipal, será a do Município de Lages.

Falar que as escolas públicas não têm equipamentos tecnológicos, é faltar com a verdade. O investimento em tecnologia educacional tem sido feito o que na verdade ainda é pendente, é sua utilização maciça e capacitação aos professores para esta efetiva utilização. Um bom exemplo são os Laboratórios de Informática para o Ensino Médio fornecido pelo MEC às escolas da rede estadual. Estes computadores chegaram às escolas no início de 2007, mas não chegaram prontos para funcionamento, pois gastos com cabeamento e móveis, ficaram por conta das escolas, que quase sempre não possuem recursos e apelam para doações das empresas privadas.

Uma vez instalados, estes computadores contam com uma gama de softwares educacionais prontos para utilização, porém, os professores não contaram com preparação prévia para a utilização destes recursos. Portanto, esta é uma situação onde existe o equipamento que é bom, mas não existe a preparação do professor para sua utilização.

Outra questão, é que geralmente quando cursos são oferecidos para atualização de professores, os mesmos demonstram total desinteresse. Claro que jornadas exaustivas de trabalho são também responsáveis por este desinteresse. De tal maneira que muitas vezes o professor tem o interesse em se aperfeiçoar, mas não consegue quer seja pela falta de tempo, quer seja pela falta de oportunidade.

Geralmente, os professores fazem cursos de especialização e pequenas capacitações quando estas vão refletir em avanço na tabela salarial, mas é raro ver genuíno interesse apenas na questão da formação continuada.

Estas observações foram feitas a partir da experiência de trabalho em uma escola Pública da Rede Estadual na qual a autora trabalha.

Em relação à Rede Pública Municipal de Ensino, de acordo com informações obtidas na home page da Secretaria Municipal da educação, destaca a Formação Continuada em Rede que acontece para os professores do Ensino Fundamental, Educação Infantil e Educação de Jovens e Adultos. Esta formação continuada faz parte das Políticas Públicas da Rede Municipal de Ensino, e trabalha de forma contínua com os professores de toda sua rede.

Destaca também, dentro dos projetos extracurriculares desenvolvidos pela Rede Municipal de Ensino, o Projeto Explorer, que se iniciou em 2001 em oito Unidades Escolares, e aumentou sua abrangência gradativamente, para garantir o acesso de alunos e professores às tecnologias de informática. Estas aulas têm como objetivo desenvolver a cooperação e interatividade, através de aulas informatizadas com utilização de softwares e aplicativos educacionais. De maneira análoga, o projeto Informática no Campo trabalha aulas informatizadas com os alunos das escolas itinerantes.

CONCLUSÃO

A transformação dos meios de comunicação leva necessariamente a mudança do ensino aprendizagem, estas proliferam todos os dias, em diversos setores. Porém, falar em novas tecnologias dentro da educação é um assunto que não se esgotará facilmente, visto que a escola (ao menos a pública) não tem condições de acompanhar o ritmo das mudanças.

Da mesma maneira, falar sobre educação sem falar sobre a utilização de novas tecnologias é falar sobre algo muito superficialmente. Muitas disciplinas ainda são tidas como vilã pelos alunos, mas ressaltar que muitas vezes esta aversão é incentivada pelo próprio professor que continua trabalhando de maneira arcaica.

A sociedade vem impondo novos padrões de exigência em relação à qualificação profissional, e a escola estará fugindo de seu papel de formadora, se não se adaptar às novas tecnologias presentes na atualidade. Porém, ao falar sobre o papel da escola e sua responsabilidade ao transmitir novos conhecimentos aos alunos, surge o questionamento sobre o professor: estará ele preparado para estas novas tecnologias?

A formação e a formação continuada de professores vêm sendo amplamente pesquisadas sobre sua importância na qualificação profissional, mas é claro que é dedutível sua importância na melhoria do Ensino. O que fica pendente, na verdade, é a oferta de bons cursos de formação continuada e o devido incentivo para o professor fazê-lo.

A formação continuada é primordial para melhorar os níveis de docência, nas disciplinas curriculares. E o que se deve pensar, na realidade, é em como melhorar os mecanismos nos quais estas formações são oferecidas, bem como conscientizar professores sobre o quanto sua qualidade profissional ampliará a partir destas formações.

Cabe, portanto às Universidades em primeiro lugar, primar pela formação inicial do professor e incutir-lhe a necessidade da formação continuada. Cabe aos órgãos governamentais responsáveis pela educação, oferecer cursos de formação continuada e a oportunidade de que o professor os frequente. E cabe ao professor, ver-se como sujeito de sua formação e buscar aperfeiçoamento em sua carreira.

As novas tecnologias estão aí para serem utilizadas, elas já fazem parte do cotidiano da sociedade, e começam a fazer parte do cotidiano escolar. O professor deve se preparar para elas, pois com isso tende somente a somar.

Este trabalho não tem a pretensão de levantar todas as questões pertinentes aos temas abordados, e muito menos apontar todos os caminhos possíveis. Mas deixa como contribuição, uma pequena demonstração do que é importante refletir sobre formação continuada e novas tecnologias. A formação inicial e a formação continuada são assuntos que não se esgotam facilmente, e como um prisma, possuem várias facetas a serem analisadas para chegar às conclusões sobre o todo. Mais importante que as conclusões, são o crescimento adquirido através de discussões sobre as atuais práticas docentes e idéias de melhorias provindas destas discussões.

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[1] Graduada em Química, Física e Matemática (UNISUL – Tubarão/SC), Professora de Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Santa Catarina, Aluna da Pós-Graduação das Faculdades Integradas FACVEST.

[2] Professor das Faculdades Integradas FACVEST.

[3] Graduada em Química, Física e Matemática (UNISUL – Tubarão/SC), Professora de Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Santa Catarina, Aluna da Pós-Graduação das Faculdades Integradas FACVEST.

[4] Professor das Faculdades Integradas FACVEST.


Autor: GILVANIA APARECIDA DOS SANTOS


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