O HOMEM COMO AGENTE E PACIENTE DO PROCESSO ÉTICO E SUAS RELAÇÕES COM AS INSTITUIÇÓES



Introdução

Nos dias atuais o pensamento ético moderno está sendo abordado com muita freqüência, e para que um ser humano se socialize melhor ele precisa ter uma conduta baseada no respeito com a sociedade.
A exigência Ética fundamental hoje consiste em recuperar a possibilidade de reconstruir relacionamentos de comunhão de pessoas e comunidade. Ética hoje significa bem estar social, e com o desenvolvimento de geração após geração, os hábitos, costumes, enfim o modo de viver das pessoas mudam, mudam também os conceitos e o novo paradigma que se faz da Ética moderna hoje, é uma civilização cada vez mais desenvolve-se também o seu poder culto e a exigência torna-se cada vez mais constantes em qualquer área que possa afetar o bem estar social, nisso o individuo e principalmente os lideres tem que assumir um compromisso para a melhoria da vida social.
Não é preciso ser biólogo para se dar conta do estrago que o homem faz no meio em que vive, tampouco é preciso ser entendido no assunto para ficar indignado com o fato de como seria simples preservar o planeta, contribuindo para que a grande maioria das espécies encontrasse seu espaço para se reproduzir e se desenvolver. Todos nós somos responsáveis pela manutenção da vida e se alem de tornarmos conscientes, e fizermos alguma coisa a respeito, poderemos atender as necessidades das gerações de amanhã, pois elas tem direito à sua satisfação e a herdar uma Terra habitável, com relações humanas minimamente decentes.
Uma Ética centrada no homem pode ser a base de poderosos argumentos a favor do que poderíamos chamar de “valores ambientais”. Tal Ética não implica que o crescimento econômico seja mais importante do que a preservação da natureza, pelo contrario, é bastante compatível com uma Ética centrada no homem o ponto de vista que vê o crescimento econômico baseado na exploração dos recursos não retornável com algo que traz benefícios a presente geração.
Existem certas coisas que depois de perdidas não podem ser recuperadas por dinheiro algum. Não seria nada ético justificar a destruição de uma floresta mediante a alegação de que o resultado será um aumento de serviço para a sociedade, exportação e etc., é algo que não tem o menor sentido, quando nossa maior preocupação é a preservação das áreas verdes.
Um comportamento ético das sociedades deve partir do respeito pelo ser e pelo seu habitat, a comunhão entre individuo e instituições deve-se basear no cuidado. O filósofo alemão Martin Heidegger na sua obra Ser e Tempo , utilizou uma fábula de Hygino para caracterizar o homem como cuidado.






1. O Eu agente e paciente das circunstâncias
O homem por ser um ser incompleto busca na ação completar as suas carências e necessidades. As necessidades humanas são divididas em três grandes grupos básicos, são elas: necessidades biológicas, sociais e transcendentais.
As necessidades biológicas são aquelas básicas a todo ser humano, ou seja, a manutenção e a reprodução da espécie. As necessidades sociais baseiam se no convívio das pessoas colaborando juntas através de suas várias individualidades. E a última são as necessidades transcendentais, que seriam aquelas a qual o homem busca completar-se, superar-se e ir adiante do aqui e do agora, que levará o homem ter um direto contato com o desconhecido, presentes no futuro de cada um.
Para que o homem realize as três necessidades humanas: sobreviver, conviver e acreditar, é necessário que ele utilize das potencialidades, ou seja, daquilo que o cerca e que poderá ser utilizado por ele.
O ser humano apresenta-se como um conjunto de relações obrigatórias, seriam elas : o mundo material, ele mesmo, os outros e o transcendental.
Então o ser humano é uma relação que filósofos como Ortega y Gasset, chamaria de “eu e minhas circunstâncias”. Podemos entender esta expressão seguindo o raciocínio de que circunstância é tudo aquilo que nos cerca, contudo o homem não deverá estar a serviço destas suas circunstâncias e sim deverá moldá-las para que possa ser utilizadas por ele.
Esta relação “eu e minhas circunstâncias”, irá variar para os indivíduos conforme a época e a situação em que eles se encontram, ora irá privilegiar um pólo ora outro, isto é, ora irá direcionar da transcendência, isso iniciará um processo de hegemonia de um pólo em relação aos outros.
O meio informa e forma o indivíduo, este enquanto agente será o produto da ciência, cultura e da linguagem que expressam.
O ser humano ao nascer não tem consciência daquilo que necessita para sua sobrevivência, “do que preciso?”. Esta tomada de consciência irá dar-se através de preceitos, que seriam formadores de hábitos, costumes e acordos, isto é, pela moral e pela lei. A função dos preceitos é a de ensinar os caminhos para que cada indivíduo se realize, podemos dizer que os preceitos são contratos sociais, seriam um conjunto de limites para as atividades naturais dos indivíduos que convivem juntos.
Contudo os indivíduos são dotados de pensamentos e vontades próprias, assim abandonam os indicativos externos colocados inicialmente pelos preceitos, e seguem os indicativos internos e pessoais. Escolhendo e sendo responsável por estas escolhas o indivíduo deixará de agir por preceitos e começará agir por imperativos, ou seja, interpretações pessoais das necessidades humanas. Isto não quer dizer que os preceitos sejam ruim para os indivíduos muitos até continuam a segui-los.
Embora os indivíduos gerenciam as sociedades (instituições), estas são formas organizadas das práticas sociais, válidas em gerar as necessidades individuais.
O indivíduo institucionalizado e o tipo mais comum na sociedade por confundir-se com ela por comodidade ou por ignorância, o preceito acaba tornando-se a única resposta certa e o único modo de ação. Estas instituições concretizadoras de ações jamais serão criticadas, serão sim aceitas como inevitáveis.

2. Indivíduos e Instituições
Na difícil relação entre indivíduos e instituições, o que se observa atualmente é que, embora as características de ambos serem diferentes, um depende do outro para sobreviver, ou seja, na cultura atual as instituições necessitam dos indivíduos assim como os indivíduos necessitam das instituições para que possam continuar a existir.
O grande problema que surge então é: como promover uma convivência pacifica entre Instituições e Indivíduos. Uma solução apresentada por alguns intelectuais seria a criação de uma “Ética dos negócios”, sem que esta expressão pareça estranha e contraditória, uma vez que na esfera do “business” todas as ações são possíveis, para sanar a preocupação fundamental de uma empresa, que é sua sobrevivência.
A proposta de uma ética dos negócios em que a vontade de obedecer regras, de praticar o respeito ao outro, de subordinar os negócios à arte do êxito a longo tempo, sem desprezar os parceiros, demonstra uma certa preocupação com o futuro. A ética dos negócios mantém assim uma relação direto com o tempo, e desperta para a responsabilidade em relação à ação futura.
Além da responsabilidade uma ética dos neocios propõe também à busca de interesses globais, ou seja, esforçando-se em conciliar necessidades do produtor e do consumidor, visa o bem de todos. Zelosa do êxito a longo prazo mas também das regras e conduta favoráveis a todos, uma ética dos negócios tem por objetivo promover a relação entre empresas (negócios) e indivíduos. A moderna ética da empresa está sendo regida sobre dois grandes pilares: transparência de comunicação e responsabilidade.
A confirmação de que a relação entre instituições e indivíduos pode ser possível se concretiza quando a organização empresarial passa a agir para a transformação da sociedade e para o desenvolvimento do bem comum. A empresa deixa de ter unicamente objetivo econômico e passa a incorporar objetivos sociais também. A empresa passa a contribuir no aprimoramento do padrão cultural da sociedade da qual faz parte.




2.1. Sociedade Industrial e a Repressão segundo Herbert Marcuse
Em sua obra: Ideologia da Sociedade Industrial, o filósofo alemão Herbert Marcuse, faz uma análise extremamente critica sobre o capitalismo e as sombrias características do homem que vive sob seu domínio. Eis a tese da obra: o homem da sociedade industrial moderna vive sob o signo da repressão desumanizante. Nos vários capítulos do tratado procura expor os sintomas e a extensão desse aparato repressivo. Um dos mais impressionantes sinais desta repressão é o fim da oposição. O sufocamento da consciência critica e da oposição se faz altamente política à medida em que o desenvolvimento capitalista consegue alterar a estrutura e a função das duas grandes classes outrora dialeticamente antagônicas: a burguesia e o proletariado. Estas não mais parecem constituir os personagens da transformação nos setores avançados da sociedade contemporânea, aliaram-se na aprovação do “status quo”.
Um dos aspectos mais perturbadores da sociedade industrial é o de conseguir camuflar sua profunda irracionalidade sob as vestes da razão.
O homem não se sente mais alienado porque se reconhece nas próprias mercadorias, encontra a sua alma em seu carro, em seu aparelho de tv, nas novelas e até nos utensílios de cozinha. Daí concluímos que o homem embora continue alienado, vive engolido pela própria existência inautêntica, sem se quer perceber disto.
O homem se encontra nos objetivos que moldam sua vida, porque já renunciou a ser, ele mesmo, a medida das coisas, e se limitar simplesmente a aceitar a lei que a organização, e as mercadorias que produz, “ vendem” ou impõem o sistema social como um todo. Os meios de transporte e de comunicação em massa, as mercadorias, os alimentos, as roupas, a moda, a indústria de diversão, as novelas, as noticias, tudo impõe atitudes e hábitos prescritos, reações emocionais pré-fabricadas, que prendem os consumidores, agradavelmente, aos objetos produzidos e através destes aos produtores e ao sistema produtivo. Por isso, os produtos doutrinam e manipulam: produzem a percepção de bem-estar, e esta percepção não deixa margem a nenhuma critica.

2.2. A Sociedade Consumo e a Consciência Feliz
O lamentável resultado desse processo repressivo global é a atrofia do homem, impedindo-o de perceber as contradições e alternativas, a angustia das situações desumanas, e seu próprio despojamento. Na única dimensão da racionalidade tecnológica, produzir-consumir-produzir só resta lugar para a “consciência feliz”.
Neste sentido o aparato produtivo assume o papel de agente moral, pois priva a consciência humana de sua função de árbittro do bem e do mal e se torna ele mesmo um agente indicador do permitido e do proibido. O aparato produtivo se apresenta como algo necessário, insubstituível, como o principio e o fim de tudo, e essa necessidade suprema justifica qualquer crime ou atrocidade. Aliás, esse alfa-ômega abole qualquer sentido de culpa nas ações que o defendem ou o fortalecem. Assim, um homem pode dar um sinal que liquida centenas de milhares de vidas humanas e depois se declarar livre de qualquer dor na consciência e viver feliz daí em diante. Muita gente morreu, mas, afinal o aparato continuou produzindo e melhorou a sua rentabilidade.
Daí que a consciência feliz não tem limites e brinca com a morte como se brincasse como se brincasse com destruir castelos de areia. Nas atuais estratégias militares das sociedades avançadas, as guerras são vistas como interessantes jogos tecnológicos em que os planejadores militares ganham valiosa experiência “sem risco”.
Matar não é crime, quando salva o aparato produtivo. É legítima defesa. Crime verdadeiro, que brada vingança, é rebelar-se contra o sistema produtivo ou pô-lo em perigo. Por outro lado, os que se identificam com o sistema, mandantes ou mandatários, podem apenas cometer enganos, passíveis até de uma condenação penal ou de um “impeachment” mas, no fundo, não podem fazer o mal, não são culpados. Só se tornarão realmente criminoso quando deixarem de se identificar com o sistema ou quando desaparecerem.

3. Sociedade Industrial
Com a globalização a responsabilidade ética, esta cada vez mais sendo discutida porque a sociedade esta exigindo mais transparência e mais respeito. Vivemos num mundo de muitas diversidades e principalmente desigualdades sociais, culturais e econômicas, criando uma indignação do comportamento humano, pois o “Capitalismo Selvagem” faz com que as pessoas tornem-se individualista e não percebem o quanto isso atinge a sociedade, transformando valores morais em seu próprio beneficio e assim deixando a sociedade cada vez mais fraca. Ser ético hoje cabe a cada um assumir seu papel de cidadão, para chegar ao objetivo final que é o convívio harmônico entre os povos.

3.1. O Princípio de Responsabilidade de Hans Jonas : O Agir Humano
Retornando novamente a fábula latina de Hygino : O ser do homem como cuidado, a ação humana voltada para o cuidado, ou seja, responsabilidade. Cuidado consigo mas principalmente cuidado e respeito pelo outro, talvez no novo milênio seja salutar erigir uma nova ética. Mas como se as necessidades são manipuladas? Como se o homem esta tão alienado que sequer percebe sua prisão dourada? Quem talvez tenha conseguido solucionar estas questões seja o filósofo alemão Hans Jonas, que foi aluno de Husserl e Heidegger, logo a fundamentação de sua ética estende-se até a metafísica e o domínio do ser. Ligada a uma ontologia, a ética de Jonas explora as facetas da responsabilidade.
O objeto da técnica contemporânea não é, o sujeito enquanto tal? Se, durante muito tempo, a entidade “homem” aparece como constante e situada fora do campo da techné transformadora, hoje a técnica moderna introduz ações de um tipo inédito e toma o homem como objeto de seu agir: prolongamento da vida, controle do comportamento e manipulação genéticas manifestam, no essencial, esse salto qualitativo, grávido de questões e de perigos.
Hans Jonas utiliza-se do imperativo categórico kantiano e o reformula. O imperativo diz o seguinte: “ Age de tal sorte que possas igualmente querer que tua máxima se torne uma lei universal.” Jonas substitui este imperativo kantiano por um novo imperativo, que implica tanto a integridade do homem quanto a vida. Existe aí sua vontade de formular o imperativo categórico que corresponde a uma humanidade frágil, alterável e perecível, objeto de tecnologias inquietantes. Eis este imperativo, expresso em quatro modalidades:
- Age de modo que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida autenticamente humana sobre a terra.
- Age de modo que os efeitos de tua ação não sejam destruidores para a possibilidade futura de tal vida.
- Não comprometas as condições da sobrevivência indefinida da humanidade na terra.
- Inclui em tua escolha atual a integridade futura do homem como objeto secundário de teu querer.
Em suma, bem posso arriscar minha própria vida individual, ou pô-la em perigo, mas não a da humanidade futura. Há, vê-se, em Jonas, uma vontade de redescobrir uma forma do universal, ainda que ela seja muito diferente da comunidade habermasiana: é a humanidade global que se forma norma e ponto de referência.
Encarrego-me da humanidade futura que, evidentemente não fará nada a meu favor. Esta não-reciprocidade do imperativo de Jonas constitui uma elemento característico, posto que minha obrigação não é absolutamente a imagem inversa do dever do outro. O único exemplo que, na moral tradicional, pode nos recordar esta não-reciprocidade, seria o da obrigação quanto aos filhos engendrados: eu lhes devo tudo, sem esperar nada deles.
Jonas edifica, uma ética a partir de fundações novas, a partir de uma responsabilidade distante e não utópica: respondemos plenamente pelo ser da humanidade futura, examinando lucidamente o poder das ciências e técnicas modernas. A mil léguas das perigosas utopias, a ética ontológica de Jonas responde aos problemas de nosso tempo.
CONCLUSÃO

O princípio de eqüidade, traduz a exigência de se equilibrar responsabilidades sociais e econômicas na preservação da estrutura básica da sociedade, com melhores salários. Para maiores responsabilidades, melhores salários, maior poder de consumo, maior contribuição ao bem comum na forma de mais impostos sobre consumo.
O ideal democrático é chegar cada vez mais próximo ao ideal da justa distribuição das responsabilidades, equivalentes ao montante do investimento social e da remuneração de cada sujeito representativo. Eqüidade resulta, então no principio que regula a distribuição justa da liberdade com vistas a garantir uma igualdade de todos os que sustentam o vinculo da sociedade e prezam por uma igual liberdade apregoada pelas democracias constitucionais.











BIBLIOGRAFIA

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Brasília : Editora Letraviva, 2000.
MARCUSE, Herbert. A Ideologia da Sociedade Industrial : o homem unidimensional – A Análise de Herbert Marcuse. Rio de Janeiro : Zahar, 1973.
RUSS, Jacqueline. Pensamento ético contemporâneo. São Paulo: Paulus, 1999.
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Ética, caminhos da realização humana. São Paulo: Ave Maria, 1997.
SINGER, Peter. Ética Prática. São Paulo : Editora Martins Fontes, 1998.
Autor: Marcia Rosa


Artigos Relacionados


ética Na Sociedade

Responsabilidade ética

Ética JurÍdica

Ética E Moral Na Sociedade ContemporÂnea: VisÃo CientÍfica

ReflexÃo Sobre: “o PrincÍpio Responsabilidade"

A InfluÊncia Da Ética Para Os Administradores

Ética Na Educação