Breves Considerações Sobre O Filme 'o Processo'



O Processo

O personagem verdadeiro de O Processo é a culpa.


• Filme: não diz qual é a culpa, retrata a condição humana na nossa sociedade, onde aceitamos tudo sem discutir.

• Não há presunção de inocência: K. é preso em abstrato, sendo que ele próprio não era ameaça alguma, foi pura ARBITRARIEDADE DO ESTADO.

• K. morto à distância, quem o matou não sabia o porque de fazer isto.

• IDÉIA DE JUSTIÇA: Justiça não é para ser procurada e sim discutida. Se a pessoa procura a justiça ela nunca vai até ela. Pessoa que bate à porta da Justiça é aquela que se declara incapaz de discutir a Justiça.A Justiça nunca será achada porque ela não é procurada e sim discutida.

• Pilha de Processos: É a negação da discussão. Assim os tribunais estão cheios e abarrotados de pessoas enquanto que as ruas estão vazias.

• Escritório de Advogacia: cliente preso no quarto – Bloch – Mostra a falta de preparação do povo para entender e discutir o direito.

• Direito visto no filme como uma CIÊNCIA E NÃO COMO UMA ARTE, há até uma sátira que demonstra essa afirmação – A figura do Advogado deitado em sua cama ou seja em seu berço esplêndido e o cliente aos seus pés submisso à ele. Isso mostra que o Direito é ciência exercida por aqueles que o estudam , que impõe regras arbitrárias ao restante de que nada tem conhecimento.

• Relação entre Tribunal = Estado no filme. Ambos são abstratos pois controlam a vida das pessoas através das leis.

• Justiça = Tribunal ...é o centro do filme – sendo assim uma perspectiva LOGOCENTRICA.

• K. busca discutir sua defesa, mas sem saber qual sua culpa, qual é a acusação feita para sua condenação;

• Dentro do Tribunal existe a moral abstrata ou seja aquela que se sabe que existe mas não sabe onde está.

• K. é submisso ao Estado = questionar, ou seja, ser ético é crime, por isso ele é morto como um cão.

• Justiça "encostada": Livros de Direito empoeirados na mesa do tribunal, onde havia uma foto de uma bunda dentro, ou seja, bunda que abunda dentro do livro – existem coisas que desviam a atenção do juiz- o que desvia a atenção do juiz são as relações sociais, o juiz nunca tem atenção só para a lei, ele não atenta para o problema em si.

• Postura LOGOCÊNTRICA dos operadores do Direito – só eles se acham capazes de discutirem o Direito. Eles não o discutem com pessoas "comuns".

• Morte à distância: morte da discussão, da capacidade de participação, ou seja, da ÉTICA. Naquele Estado ser ético era ser condenado à morte. Hoje somos morais porque podemos questionar sem o Estado se redimir e nos tirar a vida arbitrariamente.

• A Lei é acessível à todos – Quem pede para entrar sabe que a Lei é para todos, mas sabe também que tem de pedir para ela ser aplicada – isso declara sua incapacidade de resolver seus próprios problemas.

• GUARDA na porta do Tribunal: Uma barreira para ser transposta – Objetivo seria _ a proteção da própria Lei (que no filme é de acesso restrito) deve ser preservada.

• A Lei é protegida do manuseio do todo, à poucos cabem a capacidade de discutir e ter acesso à lei ( Lei:interpretada por aqueles que tem designo para essa finalidade).

• Logocentrismo: Razão é o centro de tudo, tudo se baseia na ciência. (direito não sendo visto como uma arte)

• Mesmo ele dentro do Tribunal, não tem acesso à justiça e sim à algumas pessoas.

• PULGAS: ele já têm até intimidade com elas, pede elas para tentarem convencer o guarda deixa-lo entrar

• Há relação de subordinação no filme TODO.

• Tribunal: é a sala do juiz – ele não tem acesso aos juízes – nem mesmo à Suprema Corte – Ele conhece os magistrados apenas por figuras (pinturas).

• Não se enxerga justiça na lei – idéia discursiva à partir da lei. Para ter uma idéia de Justiça – possibilidade de qualquer um poder participar da discussão.

• Hierarquia: Relação ontológica do poder:divisão do poder em classe, para criar uma sensação de que tudo é acessível. Acesso à justiça – discutir a lei – o problema tem que se adaptar à lei.

• K. quer a aplicação da lei e não a aplicação da lei.

• Todos são iguais: como você – a porta está aberta para aquele que não é cidadão, que quer somente a aplicação da lei – ele se declara incapaz – quando ele entra dentro do tribunal ele não consegue mais sair por causa do discurso retórico que há dentro do tribunal.

• No filme inteiro ele busca acesso ao tribunal – mas quando as portas se fecham – ele se vinculou ao paradigma dos que estão lá dentro, ou seja ,o discurso retórico ele não consegue mais sair.

• Tudo pertence ao Tribunal: como Estado – que cria os paradigmas

• A lei cria um mundo hipotético – abstrato Relação LEI x REALIDADE

• Lógica do sonho: Fantasia Lógica do pesadelo: realidade – isso coexiste com a gente sendo algo perene – uma contra partida.

• A lei cria uma sensação de segurança que não é absoluta.

• K. não tem identidade – apenas em seu trabalho que ele a encontra - identidade ligada ao cargo que ele exerce.

• Postura ética – ação – movimento – o que é ético pode ser imoral.

• Auteridade constitutiva da ipseidade: conhecimento do outro infinito (indeterminado – e não determinado) – qual é a essência, a potência do outro (do ser) – ver as possibilidades no outro – Constitutiva: criar – constituir – inventar – Identidade = Ipseidade – Identidade que permite identificar o papel de cada um no meio social – Eu não tenho identidade sem o outro.

• A presença do outro me impõe o discurso para construir uma sociedade, um ideal – construir um espaço social para saber qual o papel de cada um na sociedade – Perspectiva da inclusão – visão do ser humano como potência, com possibilidade.

• A afirmação de você ser você exclui todos.

• Estado retém nossa identidade: exclui o sujeito mas não mostra isso.

• K. tem uma postura de buscar identidade –mas num momento tardio, quando ele está preso aos paradigmas de que ele não é cidadão, mas um gerente que obedece as leis do Estado

• A lei é colocada como divina: Juiz como um DEUS – a submissão absolveria o homem.

• A visão do mundo não é a mesma para todos – A pessoa que não conhece a lei a vê como uma monstruosidade.

• Quem morre é a identidade do cliente, ele não é uma cidadão, e sim uma galinha despenada, um massa de carne ambulante.

• A procura de K. na aplicação da lei, ele pede proteção – A concepção do Estado Liberal, Social e Democrático (discussão de inteligir os Estados ) – O pedido, o pleito das pessoas ao Estado como grande Pai, a proteção declarando sua incapacidade

• Onde e como está o Direito subjetivo = Faculdade de agir - Facultas Agendi – possibilidade de provocar uma ação

• Direito só existe quando é provocado – Perspectiva Dogmática – somos representados, temos nossa faculdade de agir limitada, declarando nossa incapacidade. Perspectiva Zetética – Implica na capacidade ilimitada de agir – todo discurso voltado para a construção da minha identidade – posso – sou capaz de resolver meus problemas – negação de um terceiro.

• A discussão da liberdade,igualdade e fraternidade na auteridade constitutiva da ipseidade à partir de uma idiossincrasia.

• Moral é regra – Não existe regra na Ética – ética é discussão.

• Se a lei não tiver um conteúdo ético é simplesmente moral

• Ética atual = Ciência

• Ética antiga = Retórica – experiência

• O homem hoje opta pela ciência (a capacidade de ser inteligente) e não pela prudência(ligada à experiência)

• Ética – idéia de discussão – ação – voltada para a construção do social

• Todos são igualmente diferentes - igual liberdade: todos são livres

• Podemos enxergar igualdade entre diferentes no campo do concreto e o contrário no campo do abstrato.

• Nada do que é estabelecido é uma representação fiel da realidade

• Estado está sempre questionando IGUALDADE x LIBERDADE

O filme mostra a incapacitação de discussão com os tribunais, abarrotados de processos, onde, a desorganização impera nos enormes e austeros corredores do tribunal., donde se vê uma moral abstrata que, enquanto dentro do tribunal sabemos que existe, mas não sabemos onde está, diferentemente do lado externo, onde a moral é concreta, porque resguarda os valores na inter-relação dos indivíduos na sociedade.

O filme apresenta a discussão do tráfico de influencia, ou seja, a representação do poder e da submissão do povo sob a influencia destes poucos que o detém.

Assim, todo o filme se passa por discursos retóricos que procuram desviar a atenção das pessoas.

O direito é visto como uma ciência e não como uma arte, pois o povo se declara incapaz, sem preparo para entender e discutir o direito, tornando-se submissos aos operadores do direito.

Joseph K. foi imprudente, pois não tinha conhecimento jurídico, e ao entrar no tribunal e tentar se defender de uma condenação abstrata, querendo somente a aplicação da lei e não discuti-la.


Ética - é uma discussão concreta. Não é ciência, é ação movimento;

Moral - é a linguagem que é determinada no movimento ético;

Política - construção do social a partir da postura política;

Ciência - conhecimento concreto, mas constrói conceitos abstratos, ciência empírica.


Autor: Carolina Cunha dos Reis


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