ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM FOTOTERAPIA: PERCEPÇÕES MATERNAS



FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO


MARIA DALMIRA DE LIMA OLIVEIRA
TATIANE BARROS DA SILVA

Monografia apresentada junto à Faculdade de Enfermagem do Planalto Central, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem da União Educacional do Planalto Central - Faciplac.

Orientador: Drª. Cristina Rivalta Fleites

Co-orientadora:Profª. Esp. Alessandra Lucena



GAMA ?DF
DEZEMBRO ? 2009



FACULDADES INTEGRADAS DA UNIÃO EDUCACIONAL DO PLANALTO





A Faculdade de Enfermagem do Planalto Central e a Banca Examinadora abaixo relacionada, em Quinze de Dezembro de 2009 aprovam o Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem intitulado "ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM FOTOTERAPIA: PERCEPÇÕES MATERNAS" elaborado por Maria Dalmira de Lima Oliveira e Tatiane Barros da Silva, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem da União Educacional do Planalto Central.






Banca Examinadora



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Professora Drª. Cristina Rivalta Fleites
Presidente da Banca


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Professora Myrian Hecht Castilho Garcia.


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Professora MSc. Maria Lúcia Abreu Hanriot







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Direção da FACIPLAC


AGRADECIMENTOS


Agradeço a Deus que plantou em mim um sonho que hoje se concretiza.
Agradeço em especial meu esposo e meus filhos, por acreditar em mim, me apoiando, demonstrando amor e companheirismo.
A minha querida mãe e melhor pai do mundo, que sempre acreditou em meu potencial, aos meus irmãos e parentes pelo incentivo e compreensão.
Aos meus amigos e professores, pela força, vibração e troca de experiências nesta jornada.

Maria Dalmira de Lima Oliveira


Primeiramente a Deus e Nossa Senhora Maria Santíssima, por mais uma graça em minha vida e por estarem sempre ao meu lado me amparando diante das dificuldades que surgiram ao longo desse período.
Aos meus pais, que fizeram todo o possível para que eu pudesse alcançar mais uma etapa dos meus objetivos. E aos meus queridos irmãos, parentes, amigos e professores pelo apoio e compreensão.

Tatiane Barros da Silva



"Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais." (Is 41: 18)



RESUMO


A fototerapia é o tratamento indicado nos casos de icterícia neonatal.Temos como objetivo descrever as percepções das mães de crianças submetidas à fototerapia e analisá-las frente à teoria de Enfermagem Humanística. Estudo qualitativo, exploratório descritivo, realizado no Alojamento Conjunto(AC) do Hospital Regional do Gama- DF, com 10 puérperas. Os dados foram coletados em Maio/2009, mediante entrevista com 4 questões de pesquisa: Como você mãe, se sente ao ver seu filho sob fototerapia; Você foi orientada à respeito da retirada do protetor ocular durante a amamentação; Porque deve-se retirá-lo e qual a razão da sua utilização durante a fototerapia; Quais são as suas maiores dificuldades no momento de realizar os cuidados com seu bebê? Concluímos que é imprescindível o desenvolvimento de novas ações com intuito de melhorar a qualidade da assistência, incluindo em nossos cuidados a orientação e a comunicação entre equipe de saúde e mães dos recém nascidos sob fototerapia.



Palavras-chave: Enfermagem, fototerapia, mãe, recem nascido, ictericia, humanização.



















ABSTRACT


The phototherapy is the treatment indicated in the cases of neonatal jaundice. We have as objective to describe the perceptions of the mothers whose children are submitted to the phototherapy and to analyze them through the theory of humanistic nursing. Qualitative study, exploratory description, carried on in the Lodging (AC) of the Regional Hospital of Gama DF, with 10 newly mothers. The data were collected in May/2009. The following questions were asked to direct the research: How do you feel when you see your son under phototherapy treatment? ; Were you guided regarding the withdrawal of the ocular protector during breast-feeding? Why should we remove it and what`s the reason of its use during the phototherapy ?Which are your difficulties when you take care of your baby? We conclude that the development of new actions with the intention of improving the quality of the assistance is essential, including in our cares the orientation and the communication between the health team and the mothers of newly births under phototherapy treatment.



Word-Key: Nursing, phototherapy, mother, newly births, jaundice, humanization.




























SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO 09
2 OBJETIVOS 11
2.1 Geral 11
2.1.1 Específicos 11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 12
3.1 Aspectos Históricos da Fototerapia 12
3.2 Produção da Bilirrubina 12
3.2.1 Metabolismo da Bilirrubina 13
3.2.2 Icterícia Fisiológica 14
3.2.3 Icterícia Patológica 14
3.2.4 Etiologia da Hiperbilirrubinemia Indireta 15
3.3 Fototerapia 16
3.3.1 Complicações 17
3.3.2 Cuidados de enfermagem ao recém-nascido sob fototerapia 17
3.4 Percepções Maternas 18
3.4.1 Considerações sobre a Teoria de Enfermagem Humanística 20
4 METODOLOGIA 23
4.1 Critérios estabelecidos para a inclusão: 24
4.1.1 Critérios estabelecidos para a exclusão: 25
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 26
6 CONCLUSÕES 30
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
8 APÊNDICES 37



1 INTRODUÇÃO


Muitos são os motivos que podem indicar a necessidade de internação do Recém- nascido (RN) em uma Unidade de Internação Neonatal (UIN). Entre esses motivos, cita-se a icterícia, considerada importante enfermidade no período neonatal, tendo a incompatibilidade sanguínea materno-fetal como etiologia freqüente e constituindo-se em urgência médica (ALMEIDA & LYRA FILHO, 2000; SANDOVAL et al., 2000; OLÉA, 2001; SANTOS & SILVA, 2002).
No Brasil nascem cerca de 200 mil crianças com índices elevados de bilirrubina no sangue, o que equivale em média a 5% dos nascimentos (RODRIGUES et al,2007).
De acordo com Segre (2002) a hiperbilirrubinemia até a metade do século XIX, pouco interessava aos médicos. Somente a partir da metade do século XX passou a reconhecer as propriedades tóxicas da bilirrubina.
De acordo com Coelho (2002), a icterícia é o sinal clínico mais comum no período neonatal. Segundo Tamez e Silva (2002), a icterícia neonatal é caracterizada pela coloração amarelada da pele, outros órgãos, inclusive as escleras.
Segre (2002) refere que a fototerapia é o tratamento a base de luz que tem como objetivo eliminar a bilirrubina presente na pele do recém?nascido, sendo considerado segundo DeCarvalho & Lopes (1991) um método terapêutico bastante utilizado mundialmente em neonatologia.
Essa idéia da utilização do aparelho de fototerapia surgiu na década de 1950 pela observação de uma enfermeira, J. Ward, chefe da Unidade de prematuros de um hospital na Inglaterra ( ARONE,2003; FREITAS,2001).
E o uso do tratamento da fototerapia no Brasil iniciou-se em 1960 espelhado no modelo inglês através do médico hematologista, Dr. Humberto Costa Ferreira, da Faculdade de Medicina de São Paulo (RODRIGUES et al., 2007).
Campos (2003) refere que, para a mãe que visita a UIN pela primeira vez, ver o RN com os olhos vendados sob luz intensa e contínua, pode parecer assustador ou, no mínimo, estranho, de acordo com a sua percepção em relação ao tratamento, seus riscos e benefícios. Desse modo, segundo referem Ikezawa e Kakehashi (1995), "não recebendo as informações adequadas, nem o apoio emocional necessário, os pais acabam por se afastar da UTI - Neonatal e conseqüentemente, dos seus filhos".
Busca-se estabelecer uma nova visão de um trabalho de cunho humanístico, cujo referencial teórico baseia-se na Teoria de Enfermagem Humanística de Paterson e Zderard.























.





2 OBJETIVOS


2.1 Geral

Descrever as percepções das mães de crianças submetidas à fototerapia e analisá-las frente à teoria de Enfermagem Humanística.


2.1.1 Específicos

? Realizar um levantamento bibliográfico sobre o tema;
? Avaliar o grau de conhecimento das mães, sobre o tratamento de seu filho em fototerapia;
? Analisar as conseqüências para a mãe, quando não há uma assistência humanizada.

















3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


3.1 Aspectos Históricos da Fototerapia


Há muitas décadas, os nativos americanos observaram que os RN expostos à luz solar diminuíam a coloração amarelada em sua pele. Em 1956, a irmã J. Ward, enfermeira encarregada dos cuidados da Unidade de bebês prematuros do Rochford General Hospital em Essex, Inglaterra, mostrou aos pediatras um bebê prematuro, ictérico, amarelo pálido, exceto em uma área triangular no qual o amarelo era mais intenso do que nas outras regiões do corpo. Aparentemente, esse local teria sido coberto por um lençol. Passados poucas semanas, na mesma enfermaria, foi deixado um frasco de sangue exposto a luz solar e observou-se em algumas horas uma diminuição no nível de bilirrubina, sustentando então, a ação da luz sobre os níveis de bilirrubina. (COLVERO, 2005).
Os primeiros estudos sobre os efeitos da luz no metabolismo da bilirrubina foram realizados em 1958 pelo doutor R.J. Cremer, considerado o pai da fototerapia (ARONE, 2003).
O uso do tratamento da fototerapia no Brasil iniciou-se em 1960 espelhado no modelo inglês através do médico hematologista, Dr. Humberto Costa Ferreira, da Faculdade de Medicina de São Paulo (RODRIGUES et al., 2007).
A fototerapia quando utilizada corretamente, controla os níveis de bilirrubina em quase todos os pacientes, com exceção daqueles com quadros hemolíticos graves e RN de muito baixo peso (menor que 1.500 g) com hematomas extensos (SMP, 2005; PEREIRA 2009).


3.2. Produção da Bilirrubina

O fígado e o baço são os principais órgãos produtores de Bilirrubina, no qual é o produto final do catabolismo da hemoglobina das hemácias, compostos que contém heme, tais como as mioglobulinas, peroxidases e também produtos resultantes da eritropoiese ineficaz, da destruição dos precursores das hemácias imaturas, quer seja na medula óssea, quer seja logo após sua liberação na circulação. Há também uma pequena contribuição da bilirrubina não proveniente do heme, a chamada bilirrubina de "shunt" (SEGRE, 2002).
Em neonatos a produção de bilirrubina é 2 a 3 vezes maior, quando comparadas ao índice de produção de um adulto, isto porque a vida média das hemácias é de 70 a 90 dias, e ao grande número de hemoglobina (ALMEIDA et al,.in:Tratado de SBP,2007)


3.2.1 Metabolismo da Bilirrubina

Em neonatos, a bilirrubina ao deixar o sistema retículo-endotelial é encontrada em quatro formas distintas no soro: bilirrubina indireta, bilirrubina "livre", bilirrubina direta e bilirrubina "delta"(SEGRE,2002).
Segundo Marcondes (2003), em neonatos, a bilirrubina indireta liberada na corrente sanguínea é lipossolúvel e, para que seja transportada, liga-se à albumina, formando o complexo bilirrubina-albumina, porém de forma reversível. Ao atingir a membrana do hepatócito a bilirrubina do complexo é deslocada através do processo de difusão por meio de um carreador denominado ligandina Y para o interior do hepatócito, ligando-se ás proteínas solúveis. Para ser excretada a bilirrubina indireta deve conjugar-se ao ácido glicurônico e catalisado pela enzima glicuroniltransferase dando origem á bilirrubina direta (BD). Logo após, a bilirrubina é rapidamente excretada para a bile pela célula hepática. A reabsorção de bilirrubina na circulação entero- hepática no RN é grande, devido à ausência da flora bacteriana no intestino, não havendo diminuição. O intestino do RN apresenta a enzima beta-glicuronidase que hidrolisa a bilirrubina direta em bilirrubina não ? conjugada, que é absorvida, elevando a sobrecarga de bilirrubina para o fígado imaturo.
Segundo Tamez e Silva (2002), uma das características da icterícia neonatal é a coloração amarelada da pele, das mucosas e escleras. É uma situação clínica bastante comum em crianças, decorrente da hiperbilirrubinemia indireta podendo ser fisiológica. Caso se persistir ou existir a suspeita de ser patológica após os primeiros dias de nascimento o RN será submetido a fototerapia.

3.2.2 Icterícia Fisiológica

De acordo com Zago (2002); Silva (2008), a icterícia fisiológica é caracterizada pelo aumento dos níveis de bilirrubina indireta, atingindo uma taxa de 7mg/dl próximo ao 3ª dia de vida.
Segundo SEGRE (2002), os possíveis mecanismos envolvidos na IF são:

1. Oferta aumentada de bilirrubina para a célula hepática a custa de maior volume de hemácias circulantes/kg de peso, vida media mais curta das hemácias e aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina;
2. Captação deficiente da bilirrubina do plasma devido a menos proteína Y, ligação da proteína Y e Z com outros ânios e baixa ingestão energética nas primeiras 48-72 horas;
3. Conjugação deficiente de bilirrubina devido à redução acentuada na atividade da glicuroniltransferase ao nascimento e à inibição hipotética por esteróides do soro materno;
4. Excreção deficiente da bilirrubina devido às mudanças hemodinâmicas que ocorrem ao nascimento quando o fígado do RN passa trabalhar com um sangue relativamente mal oxigenado se comparado com os sangue bem oxigenado da veia umbilical que o nutria e o não fechamento do ducto venoso após o nascimento, fazendo com que o fluxo sanguíneo portal fique reduzido em relação à circulação sinusoidal do fígado e impeça assim a retirada normal da bilirrubina no plasma.
De acordo com ALMEIDA et al,(2007) & De Carvalho et al,.(1982), pesquisas revelam que a amamentação acelera o tempo de trânsito intestinal e facilita a eliminação de mecônio com redução da circulação entero-hepática da bilirrubina e diminuição da bilirrubina indireta sérica.


3.2.3 Icterícia Patológica

De acordo com Santos et al., (2002) pode ser caracterizada como:
? Icterícia iniciada nas primeiras 24 horas de vida;
? Aumento de Bilirrubina Direta e indireta, sendo seus valores normais:BD:0,3mg/dl e BI: 1mg/dl;
Segundo Segre (2002):
? No RN de termo, hiperbilirrubinemia com valores acima de 12 mg/dl, e RN prematuro, valores superiores a 15mg/dl;
? Icterícia persistente além da primeira semana de vida;
? Icterícia com bilirrubina direta aumentada de 1 a 2mg/dl
Com o aumento de bilirrubina circulante o RN pode manifestar progressivamente:
? Sucção débil
? Hipoatividade
? Hepatoesplenomegalia
? Anemia
? Anasarca
? Kernicterus (SANTOS et al.,2002).


3.2.4 Etiologia da Hiperbilirrubinemia Indireta

Segundo ALMEIDA et al,(2007), as causas da hiperbilirrubinemia indireta estão relacionadas às fases do metabolismo da bilirrubina neonatal e abrangem aquelas decorrentes de sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito ou de conjugação hepática deficiente.
De acordo com ALMEIDA (2004), a hiperbilirrubinemia indireta pode ser causada por extravasamentos sangüíneos, decorrentes de hematomas extensos em membros superiores e inferiores devido ao parto traumático, ou por hemorragia intraperiventricular, particularmente em neonatos menores de 34 semanas de idade gestacional.
Segundo MARGOTTO et al,.(2009), a hiperbilirrubinemia pode ser esquematizada da seguinte forma:
A. AUMENTO DA PRODUÇÃO
§ Isoimunização Rh, ABO e subgrupos;
§ Esferocitose hereditária;
§ Deficiência enzimática do eritrócito: G-6 PD; piruvatoquinase e outras;
§ Hematomas;
§ Policitemia;
§ Drogas (Vitamina K 3)
B. AUMENTO DA CIRCULAÇÃO ÊNTERO-HEPÁTICA
§ Jejum prolongado
§ Sangue deglutido
§ Obstrução intestinal
§ Íleo paralítico (induzido por drogas)
C. DIMINUIÇÃO DA CONJUGAÇÃO
§ Deficiência congênita da glucoronil-transferase;
§ Hipotireoidismo congênito;
§ Inibição enzimática;
§ Drogas e hormônios (novobiocina e pregnanediol);
§ Galactosemia (inicial);
§ Síndrome de Lucey-Driscol;
§ Leite humano;
§ Recém-nascido (RN) de diabética;
§ Prematuridade;
§ Síndrome de Down.


3.3 Fototerapia

A fototerapia é o tratamento utilizado que tem como objetivo diminuir as taxas de bilirrubina circulantes, transformando-a em fotoisômeros, que são excretados por via biliar e urinária sem a necessidade da conjugação hepática através do mecanismo de fotoisomerização (Almeida et al in:SBP,2007).
De acordo com Segre (2002), é indicada nos casos de Icterícia Neonatal, sendo seu mecanismo de ação baseado em energia luminosa que transforma a Bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis para que a mesma possa ser eliminada pelo organismo sem alterações metabólicas. Admite-se que cerca de 15% de todos os RN são submetidos a esse tratamento nos primeiros anos de vida.



3.3.1 Complicações

As complicações incluem:
? Aumento do trânsito intestinal com presença de fezes semilíquidas e esverdeado;
? Hipertermia pelo aumento do fluxo sangüíneo da pele e músculos;
? Aumento da freqüência respiratória e cardíaca com conseqüente aumento de perda insensível de água;
? A oclusão dos olhos pode provocar irritabilidade, aerofagia e distensão abdominal transitória;
? Eritema e bronzeamento da pele;
? Em longo prazo não se evidencia nenhuma alteração (CARVALHO, 2001in: CORREA et al,2001).


3.3.2 Cuidados de enfermagem ao recém-nascido sob fototerapia

Segundo SEGRE (2002):
? Proteção ocular para evitar a lesão dos fotorreceptores da retina;
? Hidratação- o uso da fototerapia aumenta a perda insensível de água, implica maior atenção com relação à oferta hídrica;
? Controle da temperatura;
? Mudar o decúbito periodicamente;
? Controlar a bilirrubinemia a cada 6- 8 horas. Não se basear na cor da pele do RN para avaliar o grau da icterícia;
? Monitorizar o nível de bilirrubina a cada 8- 12 horas durante 24 horas após a suspensão da fototerapia, a fim de detectar o efeito rebote que pode ocorrer nos níveis de bilirrubina;
? Interromper a fototerapia no período em que a mãe estiver junto ao RN e remover a proteção ocular para permitir a interação direta entre mãe e filho;
? Sempre que possível, manter a nutrição enteral;
? Suspender a fototerapia quando os níveis de BI estiverem suficientemente baixos para afastar risco de kernicterus.


3.4 Percepções Maternas

É indiscutível o fato de que a evolução da tecnologia modificou o prognóstico e a sobrevida dos recém-nascidos, ou neonatos. A Neonatologia é um campo que abrange muitos conhecimentos, em leve desenvolvimento, considerado atualmente sinônimo de pesquisa e assistência. Seus principais fundamentos estão baseados no processo adoecer-morrer perinatal e a busca de sobrevivência do Recém-Nascido (RN) nas melhores condições possíveis (RAMOS, 2002; CAMPOS & CARDOSO, 2008).
Para garantir esta sobrevivência, é indicado a Unidade de Internação Neonatal (UIN) seja de médio ou alto risco. O ambiente da UIN pode ser caracterizado pela: impessoalidade, indiferença, descontentamento e visar pela tecnologia e sofisticação de equipamentos. Em decorrência disto, os profissionais de saúde que ali desenvolvem suas atividades estão atentos somente aos procedimentos técnicos de alta complexidade, levando ao comprometimento das relações interpessoais (CAMPOS, 2003).
Campos & Cardoso (2008), referem que este comprometimento afeta diretamente no relacionamento profissional - ser humano. Entretanto, o grande obstáculo a ser enfrentado atualmente pela equipe de saúde das UINs é a realização da humanização da assistência, devida a tecnologia estar em primeiro lugar. Decorrente deste fato, os profissionais demonstram ser mais interativos com as máquinas do que com seus pacientes. Diante disto, as mães ao observarem seus filhos sob fototerapia e por estarem presentes pela primeira vez na UIN, estão frente a uma situação desagradável acompanhada por sentimentos deploráveis e lamentáveis. Neste caso, não há comunicação eficiente ou esta se encontra ausente, afetando assim no esclarecimento acerca do estado de saúde do seu filho, bem como de todo o aparato tecnológico que o cerca, na grande maioria das vezes, não realizando uma assistência adequada.
Para Ikezawa e Kakehashí (1995) citado em Campos et al (2006), não havendo o esclarecimento das informações e um apoio psicológico adequados, cria-se uma distancia dos pais na UIN e conseqüentemente, de seus filhos. Segundo Sá Neto (1998), citado em Barbosa e Rodrigues (2004), a ausência da mãe na fase de hospitalização promove uma série de dificuldades emocionais sentidas pelos seus filhos, sendo estes com idade menor que cinco anos não devem ser separados de suas mães durante o período de sua internação.
Campos e Cardoso (2004) relatam que em sua vivência como enfermeira assistencial nas UINs em dois hospitais públicos de Fortaleza-CE repararam que as mães apresentavam olhares questionáveis, surpreendidos, observadores e amedrontados seguido de impaciência ao verem seus filhos com os olhos cobertos durante a terapia fototerápica. Mostravam-se inconsoláveis e melancólicas frente a uma situação diferente que imaginaram ou idealizaram. Atentaram-se ainda que algumas mães saiam da UIN sem ter tido nenhum contato com seu filho ou ao menos questionaram sobre o andamento do tratamento e o estado clínico de seu bebê, enquanto outras deixavam transparecer suas lágrimas. As mães tanto de bebês prematuros ou não, valorizam o contato olho a olho.
Klaus e Kennel (2001) referem em sua literatura algumas frases ditas pelas mães em momentos á sós com seus filhos. "Abra seus olhos, Ah, vá abra seus olhos! (...) se você abrir os olhos saberei que está vivo".
A análise da percepção dos pais em relação a internação de seu filho na UIN tem demonstrado que para os profissionais de saúde , a fototerapia é um tratamento simples e rotineiro enquanto para os pais torna-se assustador (LAMY et al., 1997 ; CAMPOS &CARDOSO, 2004).
Campos e Cardoso (2008) referem que a palavra conhecer origina-se do latim, cognoscere, e diz respeito à capacidade de formar uma idéia, uma concepção sobre algo. Nos casos das mães com filhos sob o tratamento fototerápico, conhecer é uma circunstância sem o qual uma determinada causa não produz seu efeito para que possam vivenciar com maior clareza, serenidade e bem estar, ao observar seu filho sob fototerapia. A ausência de conhecimento em relação ao tratamento fototerápico é uma realidade expressas nas falas ditas a seguir:

"[...] não conheço, não sei de nada, sabia que ele estava no berçário, mas que não precisava ficar na luz. Não sabia que a criança nascendo prematura precisava da luz com ele está (Afrodite).
[...] minha principal duvida é saber para que é, porque não conheço esse tratamento(Ártemis, Geia).
[...] nunca tinha visto nenhum bebê nesta luz [...] (Atena, Calíope, Cibele, Geia e Héstia).
[...] tudo que você não conhece é preocupante, já tinha ouvido falar. Eu via os outros bebês, mas gente não tem o conhecimento para saber o porquê (Têmis)".

Percebe-se nessas falas o desconhecimento de mães acerca do tratamento fototerápico, enquanto outras expressam jamais terem vivido essa situação.
Neste contexto, é indispensável que a equipe de enfermagem esteja disponível para amparar os pais e familiares e estimulá-los a permanecerem na Unidade de Internação Neonatal, além de lhes conceder-lhes as informações necessárias em relação ao estado de saúde do recém nascido.


3.4.1 Considerações sobre a Teoria de Enfermagem Humanística

Segundo Oliveira et al., (2006) surge na década de 1970 a Teoria da Enfermagem Humanística a partir das vivências das enfermeiras Josephine Paterson e Loretta Zderad no campo da docência e da assistência em Enfermagem. O conteúdo da teoria revela a influência do existencialismo, do humanismo e da fenomenologia. Segundo Dilthey (1988); Nunes (2006), o humanismo é uma doutrina, que tem como foco os interesses e valores humanos, caracterizando-se por uma valorização do espírito humano. Husserl (1992); Nunes (2006), refere que no século XX, no campo filosófico, houve o retorno das abordagens compreensivas - é preciso voltar ao sentimento da vida . É preciso voltar às coisas mesmas. Se quisermos, é preciso enfatizar o compromisso com o mistério da vida, com a práxis e com a compreensão da contingência humana, dirão os existencialistas.
Segundo Paterson e Zderad (1988); Oliveira et al., (2006) os elementos que constituem o sistema são: "seres humanos (enfermeira e cliente) e um encontro (ser e vir a ser) com um fim determinado (nutrir o bem estar e estar melhor) numa transação intersubjetiva (ser com e fazer com) acontecendo no tempo e espaço (delimitado e vivido pelo cliente e a enfermeira) em um mundo de homens e coisas".
Segundo Kleiman (2001); Oliveira et al., (2006), a Enfermagem tem como finalidade nutrir o bem-estar e o estar melhor das pessoas. Esse nutrir é a capacidade que o enfermeiro possui em ajudar o cliente a melhorar em sua situação particular.
Segundo Lúcio et al., (2008), a enfermagem no âmbito das inter-relações é parte atuante no processo de cuidar onde as Teorias de Enfermagem estabelecem meios para orientar sua prática. Menciona-se a Teoria Humanística de Paterson e Zderard no qual é permeada pelo contexto humano e traz como propósito o diálogo, ponto inicial para o encontro, a presença, o relacionamento, um chamado e uma resposta, de forma singular. Em sua opinião, o diálogo inicia-se através do processo de comunicação e é absolutamente necessário na relação enfermeiro- mãe- recém nascido, revelando-se de várias formas, exercendo influência direta no cuidado.
Lúcio et al., (2008), referem que a relação entre enfermeiro-cliente tem como objetivo o bem estar e o estar melhor do cliente, que participa como sujeito ativo do processo e que visualiza a enfermeira como um suporte e ajuda. O relacionamento enfatizado na Teoria Humanística sob a visão filosófica e fenomenológica abrange três fases: o diálogo intuitivo, o diálogo científico e a fusão intuitivo-científica.
O diálogo intuitivo ele antecede o encontro, o relacionamento, a presença, o chamado e a resposta. O encontro junta os seres humanos e poderá ser influenciado por sentimentos surgidos pela antecipação do encontro, a singularidade de cada ser, e a decisão de revelar-se ou conter-se com o outro. No relacionamento, um está com o outro quando se pode vivenciar a relação EU-TU na qual um vai ao encontro com o outro, numa presença verdadeira, buscando o vir a ser mais. Também poderá ocorrer a relação Nós, que é estabelecida com a família, amigos, comunidade ou objetos. A presença também envolve a atitude de estar aberto, perceptivo e disponível. Chamados e respostas são entendidos como a comunicação de modo simultâneo (BUBER, 1974; LÚCIO et al., 2008).
O diálogo científico é caracterizado pela interpretação do diálogo intuitivo vivenciado, acrescentando-se o diálogo conhecido. Constitui-se então a relação EU-ISSO, que permite ao homem interpretar, categorizar e acrescentar o conhecimento. Nela prepara-se o compartilhar de conhecimentos, a partir de temas surgidos da experiência vivenciada (LÚCIO et al., 2008).
Segundo Lúcio et al., (2008), a fusão intuitiva- cientifica abrange a compreensão do momento em que se deu o encontro entre o intuitivo e o cientifico. Neste instante, embora o enfermeiro (a) se distancie das particularidades das experiências vivenciadas em busca de um novo ponto de vista, mantém uma proximidade com a fase anterior e, ao mesmo tempo, persegue um ponto de vista articulada da experiência que passa a ser revelada em um todo coerente. De acordo com Paterson e Zderard; Lúcio et al., (2008) a Teoria Humanística julga a enfermagem como uma forma de dialogo que envolve os seres humanos que estão dispostos a se relacionarem uns com os outros, onde neste relacionamento , o encontro com o outro é sincero, intenso ocorrendo um grau de intimidade influenciando as pessoas envolvidas.
Segundo Paterson e Zderard (1979); Lúcio et al., (2008), adotar o processo de cuidar da Teoria Humanística, é trabalhar com a prática de enfermagem a partir das praticas que envolvem a enfermeira e a pessoa receptora de seu cuidado, precisamente articulada entre si. Entretanto, definir a idéia principal da enfermagem humanística não é uma tarefa fácil, pois depende das experiências existenciais e fenomenológicas dos indivíduos envolvidos , dotados de valores , percepções, mitos e expectativas frente as experiências. De acordo, com as definições centrais da teoria mostram-se figuras mentais de pessoas que convivemos em nosso cotidiano, em relações de aproximação e afastamento trocas de sentimentos de forma ativa ou passiva, levando á interação entre as pessoas, e, finalmente pela união, ou seja, propósitos para o desenvolvimento da didática do cuidado de enfermagem fenomenológica.













4 METODOLOGIA


Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório descritivo o qual de acordo com Richardson (1999) representa a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretações possibilitando uma boa margem de segurança.
De acordo com Demo (2000) a pesquisa qualitativa quer fazer jus a complexidade da realidade, curvando-se diante dela, não o contrário, como ocorre com a ditadura do método ou a admissão teórica que imagina dados evidentes.
Segundo Cervo et al., (2002) a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma, ela requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema ou uma situação.
O estudo descritivo tem por objetivo levantar as opiniões, atitudes, bem como investigar a relação de casualidade entre fenômenos. É um estudo elaborado com base na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação (GIL, 2002).
Como técnica para coleta de dados, foi empregado a entrevista individual a cerca das percepções maternas sob o tratamento fototerápico.
Realizou-se o estudo no Hospital Regional do Gama-DF, durante o período de Maio de 2009, tendo como sujeitos 10 mães internadas no Alojamento Conjunto (AC) da referida instituição. A preferência por esta instituição está relacionada ao fato de ser o local onde executamos nossas atividades práticas, interesse como moradoras da região e pela necessidade da humanização da assistência do local.
A coleta de dados foi feita por meio de uma entrevista, onde foi aplicado as mães dos RNs (Apêndice I) um questionário contendo 4 questões, as quais foram respondidas pelas mesmas. Com o consentimento das participantes, utilizamos um gravador para registrar os discursos, tendo como tempo médio de duração de cada entrevista 10 minutos.
As falas das participantes foram organizadas em categorias e submetidas à análise temática. Segundo Severino (2007) a análise temática procura ouvir o autor, apreender, sem intervir nele, o conteúdo de sua mensagem.
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria do estado do Distrito Federal- CEP-SES/DF em 13/04/2009 com o seguinte deferimento: projeto de pesquisa 026/09 tendo como pesquisador responsável: Cristina Rivalta Fleites, e suas assistentes: Maria Dalmira de Lima Oliveira e Tatiane Barros da Silva, dentro dos princípios e normas da Resolução 196, de 10/10/1996, do Conselho Nacional de Saúde. Todas as participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e informado do objetivo do estudo, sendo-lhes assegurado o direito ao sigilo, acesso aos dados, bem como a liberdade de se retirarem do estudo se assim desejassem sem que este fato representasse qualquer tipo de prejuízo para si ou para o neonato. Como forma de anonimato, atribuímos às participantes da pesquisa os seguintes nomes fictícios de flores: Acácia, Begônia, Dália rosa, Gardênia, Hortência, Girassol, Jasmim, Lírio, Magnólia e Violeta.
O estudo tem como instrumento a Teoria de Enfermagem Humanística de Paterson e Zderard no qual é permeada pelo contexto humano e traz como propósito o dialogo, ponto inicial para o encontro, a presença, o relacionamento, um chamado e uma resposta, de forma singular (LÚCIO et al.,2008).


4.1 Critérios estabelecidos para a inclusão:

? Ser mãe de RN internado e submetido à fototerapia;
? A criança estar internada na maternidade no período da coleta de dados;
? A mãe ser primípara, ou não, com a condição de estar vivenciando, pela primeira vez, um filho em tratamento fototerápico;
? Mães que assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido.





4.1.1 Critério estabelecidos para a exclusão:

? Ser mãe de RN internado que não está submetido ao tratamento fototerápico;
? A criança não estar internada no período da coleta de dados;
? Mães que já vivenciaram um filho em tratamento fototerápico;
? Mães que não assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido.


























5 RESULTADOS E DISCUSSÕES


De acordo com o roteiro de entrevista obteve-se os seguintes resultados expressos pelas mães, em relação às:
Percepções maternas

[...] não gosto muito não, apesar de ser bom pra ele né, porque elas falaram que é por causa daquela doença amarelão, então, é, eles tiraram sangue hoje , e, é, deixaram ele aí, pra ficar em observação até amanha de manha. Mas não é bom...(Hortência).
[...] ah... preocupada porque ela ta bem lá?(Lírio).
[...] ah... não me sinto bem não, mas, é bom pra ele né...procurar o que é bom pra ela...(Gardênia).
[...] oh... a princípio, assim, acho importante né ...por causa da saúde dela, mas, é assim, é chato pra gente ver,os olhinhos fechados, ela agoniada querendo ver alguma coisa, levanta a sobrancelha pra ver se consegue ver alguma coisa, mas, é igual eu falei, é necessário né, é necessário pra saúde dela, então a gente até se conforma e aceita...(Acácia).
[...] perdida... perdida, sem noção de nada...(Girassol).
[...] pra mim é diferente porque eu nunca tinha visto, eu não sabia como era, pra mim é difícil né, eu não sabia que era por causa assim de sangue né...(Magnólia).

Nesta categoria percebemos que as mães de recém nascido em tratamento fototerápico, demonstraram-se preocupadas, inquietas, desorientadas e inseguras quanto à falta de conhecimento em relação ao tratamento e á doença.
Acreditamos que a ausência de informação sobre o tratamento, é um fator desencadeante de estado de nervosismo para a mãe frente á um tratamento que lhe é desconhecido.
Rodrigues et al (2007) corroboram com a idéia de que as mães são inteiramente abaladas pelo medo,insegurança de colocar seu filho sob a luz.
Orientações a respeito da retirada do protetor ocular durante a amamentação

[...] não, o doutor falou que não era pra tirar não (Acácia).
[...] não, eles falaram que não era pra retirar (Begônia).
[...] fui... humrum...(Lírio).
[...] não, eles falaram que não pode (Girassol).
[...] não (Violeta).
[...] não (Hortência).

Razão de sua retirada e utilização

[...] não falaram o porquê, só falaram que não pode não... ( Girassol).
[...] é... Eu acredito que seja por causa da claridade né, da luz nos olhos do bebê (Violeta).
[...] pra amamentar? Não... Eu sei que é pra proteger (Gardênia).
[...] sei, pra não dá problema nas vistas... (Acácia).
[...] eles não falam, eles não fala porque eles tinham que falar porque a gente fica aqui né, ansiosa nesse hospital e eles não falam, só às vezes a gente pergunta, eles falam mãezinha é assim, assim, mas não falam se a gente perguntar (Begônia).
[...] não... É por causa da claridade não é?!Então... (Dália rosa).

Percebe-se que há desconhecimento em relação á utilização do protetor ocular, visto que, as falas de Violeta, Dália Rosa são baseadas em suposições.
O protetor ocular utilizado causa desconforto tanto para o bebê devido, sua pele ser sensível, quanto para a mãe, é apavorante vê-lo com os olhos vendados, pois os deixam agitados.
Dentre os cuidados de enfermagem aos recém nascidos sob fototerapia inclui-se a proteção ocular. Durante este processo é importante que as mães sejam orientadas quanto à retirada deste protetor no momento da amamentação, fase importante para que ocorra interação entre mãe-filho. A enfermeira deve estar atenta também segundo Campos (2003) & Rodrigues et al.,(2007) ao tamanho e ao ajuste do protetor, afim de evitar lesões na retina.
Faz parte do cuidado de enfermagem fechar os olhos do neonato antes de colocar a venda e realizar a inspeção ocular para identificar drenagem de secreção ou abrasão (Rodrigues et al.,2007).

Dificuldades enfrentadas no momento de realizar os cuidados com seu bebê.

[...] é pelo fato de ser a primeira vez né, não ter outra filha e por ter sido parto cesáreo, foi difícil de ta locomovendo, pegando ela, e de ta bem nervosa também né... (Girassol).
[...] eu tinha medo de pegar nele né... as meninas que cuidava dele pra mim... (Dália rosa).
[...] peito e trocar... (Lírio).
[...] ah... Trocar a fralda, porque ela quer dormir comigo e não pode , fica ruim pra amamentar... (Gardênia).
[...] a maior dificuldade pelo fato de que ela, ela sente quando ta lá dentro, assim, ela fica agoniada, porque não tava, ta com os olhinhos fechados, e, toda hora colocava ela no berçinho, ela chorava, tinha que tirar, tinha que colocar de novo, ela chorava de novo, a dificuldade foi essa, ela ficou bem agoniada... (Acácia).
[...] ah... É como foi cesárea, dificulta assim pra mim na hora de tirar ele pra amamentar, trocar, e , eu não sei nem se pode banhar, se tira pra banhar!Então pra mim não é muito... Fica difícil pra eu ficar todo tempo levantando pra tirar ele e fazendo as necessidades (Violeta).

Contatou-se através das falas, que as dificuldades surgiram devidas, a insegurança e desconhecimento do tratamento.
Nas falas de Dália Rosa, Acácia, Violeta e Gardênia estão presentes as dificuldades quanto ao medo de tocar em seu filho, no processo de amamentação, dificuldade quanto ao banho, do bebê não permanecer muito tempo junto a mãe. Essas dificuldades estão relacionadas ao estado emocional das mães e ao desconhecimento de realizar os cuidados no recém nascido sob fototerapia.
Diante da fala de Acácia percebe-se a preocupação em relação ao calor do berço. Outro cuidado de enfermagem está relacionado á temperatura, no qual deve ser controlada, com a finalidade de evitar problemas futuros.
CUNHA et al., (2004) & RODRIGUES et al., (2007), relatam que, dentre as complicações a luz pode provocar eritema e a síndrome do bebê bronze, além de causar queimaduras, que geralmente são mais graves em RN prematuros, alteração do equilíbrio hídrico, choque, hipertermia, diarréias e possível lesão da retina.
Diante da Teoria de Enfermagem Humanística de Peterson e Zderard, identificou-se a partir das falas, a inexistência do diálogo entre a equipe de saúde e a mãe do neonato. Segundo Barbosa et al., (2004), o ser humano era visto por Paterson e Zderard como um ser individual, no qual possui relações com outros seres no tempo e espaço.
Atitudes como o diálogo, a presença, a responsabilidade profissional, o comprometimento, as experiências compartilhadas e a arte de amar constituem a humanização na convivência profissional com os seres humanos que se envolvem e são envolvidos no processo de cuidar. A criança, a família e a equipe de enfermagem e médica têm que fazer parte deste contexto de interação e envolvimento do cuidar humanizado (BARBOSA & RODRIGUES, 2004).
Conforme CAMPOS e CARDOSO (2004), "o ato de cuidar humanístico revela-se não apenas emocionalmente, mas concretamente. Embasada na sua competência técnica, sem perder a ternura, a enfermeira deve munir-se de docilidade e buscar transmitir à mãe as informações que necessita saber para se tranqüilizar".
Stefanelli (1981) citado em Barbosa et al., (2004) salienta a importância da comunicação na assistência de enfermagem, já que, como um dos membros da equipe multiprofissional, é a que permanece maior parte do tempo junto ao paciente e que tem mais oportunidades de interagir com ele e seus familiares.



























6 CONCLUSÕES


De acordo com o objetivo geral da pesquisa, através das respostas analisadas das mães, percebe-se que não houve a aplicação da Teoria Humanística de Enfermagem. A partir das verbalizações observamos falha na comunicação, pois as mães não sabiam a respeito do tratamento e da doença, devido à deficiência da equipe em relação às orientações.
A nosso ver as mães têm o direito de receber todas as informações e orientações sobre o diagnóstico e tratamento a que seus filhos estão submetidos de uma forma clara e acessível ao seu nível de compreensão.
Os sentimentos de mães dos recém nascidos sob o tratamento fototerápico são caracterizados por sensação de medo, preocupação, nervosismo, insegurança, impaciência, angustia e aflição pela falta de conhecimento em relação ao tratamento.
Como profissionais de enfermagem é imprescindível o desenvolvimento de novas ações com intuito de melhorar a qualidade da assistência, incluindo em nossos cuidados a orientação e a comunicação entre equipe de saúde e mães dos recém nascidos sob fototerapia, para que estas possuam o conhecimento em relação à doença, ao tratamento, seus riscos e benefícios e possam sentir-se bem enquanto realizam os cuidados aos seus filhos sob o tratamento fototerápico.












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8 APÊNDICES


"Apêndice A"

Roteiro de entrevista

Identificação:
1) Como você mãe, se sente ao ver seu filho sob fototerapia?
2) Você foi orientada á respeito da retirada do protetor ocular durante a amamentação?
3) Porque deve-se retira-lo? E qual a razão da sua utilização durante a fototerapia?
4) Quais são as suas maiores dificuldades no momento de realizar os cuidados com seu bebê?



















"Apêndice B"


Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento

O (a) Senhor (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa "Assistência de enfermagem na fototerapia: percepções maternas". Essa pesquisa tem como objetivo identificar se os enfermeiros realizam durante seu dia-a-dia uma assistência humanizada às mães de recém-nascidos sob fototerapia, bem como analisar as percepções maternas que atuam no hospital regional do Gama.
A pesquisa será por meio de operação de uma entrevista e um roteiro de observação.
Por intermédio deste termo de consentimento são garantidos os seguintes direitos:
1. Não há qualquer obrigatoriedade em sua participação;
2. A identificação pessoal será mantida em sigilo;
3. É aceita a possibilidade de negar a responder qualquer pergunta que julgue prejudiciais a sua integridade, física, moral e social.
4. É aceita a desistência, a qualquer tempo de participação do questionário, sem penalização de qualquer forma.

Declaro estar ciente das informações constantes neste "Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento" e entender que as informações por mim prestadas serão guardadas, assim também como minha identificação. Poderei a qualquer tempo solicitar informações e duvidas relativas ao estudo e desistir a qualquer momento da participação da pesquisa. Este termo será feito em duas vias, onde uma ficará com os pesquisadores e a outra via permanecerá como voluntário.

Brasília _____ de __________ 2009

Assinatura do voluntário:________________________________
Assinatura das Pesquisadoras:___________________________

Autor: Maria Dalmira De Lima Oliveira


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