Filósofos Modernos - Spinoza



Spinoza decide pesquisar, isto é, ele tomou uma decisão, porém não de maneira brusca, ele "hesitou" antes. Ele sabe que o verdadeiro bem existe, ele hesita porque não sabe o que é o bem e se este vale a pena. Ele quer buscar, porém não tem praticidade, ou seja, aceita, mas não sabe como buscá-lo, pois ele não é movido pela atração do que lhe falta, o objetivo da busca é a felicidade permanente.

Primeiramente ele hesita se busca os bens comuns ou o bem verdadeiro para conseguir a felicidade permanente. Diante disso ele verifica que os bens comuns distraem a mente, pois uma de suas características é a certeza no presente e a incerteza no futuro. E quais seriam estes bens comuns?

Os bens comuns são os prazeres, a riqueza e a honra. Busca-se porque dão felicidade, porém estes três trazem a distração da mente e a impede de achar o verdadeiro bem.

O prazer tem relação com o corpo. Quando este se satisfaz, ele e a mente descansam, pois a mente se sente bem no prazer. O indivíduo, após a sensação de prazer, depois do relaxamento, sente uma perturbação diante da pequena duração deste, que resulta na estupidez de se querer mais, ou seja, o prazer não é um bem contínuo.

A riqueza tem relação com as coisas e por outro lado é contínua, mas não é estável. A mente se distrai porque está em contínuo movimento, isto é, você quer sempre mais e pensa somente nisso. Ainda há o problema da riqueza de uma hora para outra acabar e como sendo um "fim" resulta na infelicidade.

As honras possuem relação com a mente e não são bens estáveis. Quando se possui as honras quer-se mantê-las sempre, assim como a riqueza. As honras nos fazem ficar escravos da opinião alheia, da comparação com os outros e isso resulta na inquietude e distração.

Os bens comuns são incertos, distraem a mente e em um momento ou outro virá à infelicidade (males certos) ou como ele descreve no texto "todos os demais rejeitados". Esta só é igual no "desejo da felicidade".

O verdadeiro bem pode ser incerto no presente, mas não é um mal. Este bem é contínuo, supremo e estável. Spinoza é racionalista e por isso primeiramente vê o "Fim" e depois traça os meios. O "Fim" é a busca do Bem (o que deve ser ou ele não buscaria), este que ele pensa, pois só o fato de pensar nele já é o bem e o faz buscá-lo.

Este bem é geral, serve para todos e está longe da imaginação que ele define como ausente, nunca presente, e inatingível. O bem que se deseja é "certo sempre", inicialmente pode parecer incerto (posso nem pensá-lo), mas a partir do momento que penso no futuro é certo e traz a felicidade estável.

Spinoza ainda mostra que não é necessário renunciar aos bens comuns para buscar o bem verdadeiro, pois você usufruirá também dos bens comuns, porém com a certeza do que é o bem verdadeiro e não os deixando distrair a mente. Mudando a prioridade quebra-se a ilusão e a distração.Pelo pensamento exercendo a "liberdade", faz-se um aperfeiçoamento individual, universal, buscando a perfeição.

O verdadeiro bem é a união com a natureza e o seu conhecimento das leis do universo. É também a busca, é o desejo de uma felicidade. O Conhecimento é um acúmulo, é estável e contínuo, e justamente por isso ele pode ser eterno.

 Conclusão
         Hoje em dia a luta entre os bens comuns e o bem verdadeiro é percebida em diversos segmentos. E por mais que se criem teorias em cima de teorias ou especulações enfim, toda a história do pensamento se volta à negação ou à afirmação e à necessidade de um "bem" maior, supremo e estável.

Todos os seres humanos necessitam, assim como precisam do ar para respirar, de algo que dê sentido em suas vidas. Alguma coisa que dê conta de sua existência, que explique, conduza, apazigúe a sede de absoluto do homem.

O que é incrível de se ver nos filósofos é justamente essa ânsia em querer abraçar a vida, explicar vários aspectos desta, enfim ser os olhos e o pensamento do mundo. Porém muitos, infelizmente, se perderam pelo caminho.....

Spinoza de seu jeito encontrou. Não só o encontrou como viveu e o que fiquei admirada lendo a respeito dele foi sua ética com a teoria ligada à prática. Particularmente discordo de várias questões a respeito de sua filosofia panteísta e de seu determinismo, mas como escreveu Bertrand Russell (1957 p99): "Spinoza (1634-77) é o mais nobre e mais amável de todos os grandes filósofos. Intelectualmente, alguns outros o superaram, mas èticamente é supremo.".

Referência bibliogáfica para este artigo 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires, Filosofando. Introdução á Filosofia. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2007.

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São Paulo: Moderna, 1987.

FRANCA, Padre Leonel, Noções de História da Filosofia. 20 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1969.

MONDIN, Battista, Introdução à Filosofia. 16 ed. São Paulo: Paulus, 2006.

RUSSELL, Bertrand, História da Filosofia Ocidental. São Paulo: Nacional, 1957, VIII.

SCALA, André, Espinosa, São Paulo: Estação Liberdade, 2003.


Autor: Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira


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