A Crítica ao Estado Burguês: As Teorias Socialistas



Introdução

Contexto Histórico


O poder autocrático e suas formas de ação, onde os meios de combate tinham objetivo de deslegitimar esse poder, através de pensadores que escreveram ideologias ou lutaram buscando um ideal de sociedade livre e uma comunidade de iguais. No século XVIII tais pensamentos começam a tomar forma com a massa do povo que sustentou a Revolução Francesa, sendo também a mesma massa que se manifestou contra a centralização de poder que tinha como pretensão a burguesia de exercer por si só.

Com tais acontecimentos, surge na França a primeira expressão de ideologia comunista, onde Gracchus Babeuf queria derrubar o diretório e foi executado. O bobovismo é "o manifesto de iguais", é a denuncia do fosso que separa a igualdade formal das palavras de ordem da Revolução Francesa, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, na verdade uma inexistência de igualdade.

No século XIX, teve no seu inicio a formação do Congresso de Viena, a qual proporcionou o surgimento de focos conservadores para restaurar o absolutismo que se encontrava em decomposição, começam a ameaçar a burguesia que a partir da sua revolução, se efetivou no poder.

Nos anos de 1830 a 1848, com o crescimento dos movimentos liberais e nacionais, o confronto dessas forças tornan-se mais presentes que anteriormente, pois as revoluções estão em toda a Europa. Parte do proletariado de 1848 expressa sua própria ideologia com um pensamento liberal, onde inspira o socialismo utópico.

Com essas idéias de um socialismo utópico, a cisão entre burguês e proletário, começa a ficar mais clara, mas as contradições surgem e são explicadas pelos teóricos de crítica ao liberalismo, pois em um período conturbado por agitações políticas, a sociedade passa por um agravo em seu interior, decorrente da expansão econômica, e o surgimento da grande indústria, ao capitalismo de monopólio e do nascimento das organizações do proletariado.

Desde o século XVIII, através da implantação do maquinismo industrial, que a Revolução Industrial proporcionou, acontece o processo de privatização dos meios de produção, causando o confinamento dos operários nas fabricas e seu assalariamento.

Partindo dessa compreensão, surge então a nova classe do proletariado que se transforma exclusivamente para o trabalho sistêmico hierárquico e ao trabalho manual, separando-lhe do trabalho intelectual. O êxodo rural torna as cidades em um deposito de operários, onde não existe uma infra-estrutura de acomodação, baixos salários, jornada de trabalho em excesso que configura uma exploração de mão-de-obra infantil, onde o que predomina é uma injustiça social que fomenta novas mudanças dentro desse contexto.

A teoria liberal precisou mudar e se adaptar com suas idéias a essa nova realidade exploração social, visto que, as teorias socialistas e comunistas estavam colocando a prova às convicções da burguesia, onde através das interpretações e diferentes propostas de mudanças, os reformistas e os revolucionários, estavam esperando a oportunidade para se manifestarem efetivamente contra a opressão.

As críticas ao liberalismo resultaram que não se adequou ao equilíbrio prometido, instaurando uma 'ordem' infesta e imoral, como um liberalismo clássico que enfatiza a liberdade do indivíduo. Essa nova teoria exige uma igualdade real, contrapondo-se ao individualismo o 'socialismo', dessa forma os operários fabris se organizaram e negaram o paternalismo e mobilizam-se para um bem comum com a formação de uma consciência de classe e emancipação do proletariado onde surge e desencadeia o movimento de revindicação.

Em 1864, é fundado na Inglaterra (Londres), a Associação Internacional dos trabalhadores (AIT), buscando realizar congressos em diversos países visando os interesses da classe operaria em uma pluralidade, que a partir da Primeira Internacional teve a participação de intelectuais e ativistas como Marx e Bakunin, Prodhon e Blanqui; em 1871, partidários de Blanqui instalam a Comuna de Paris.

O Socialismo Utópico

Marx e Engels classificam as primeiras teorias socialistas do século XIX, como socialismo utópico contrapondo ao socialismo científico, não negando a importância desses movimentos precursores. Os principais representantes do socialismo utópico na França, Saint-Simon, Fauries e Prodhon, formando obras mais expressivas e originais, também Louis Blanc e Auguste Blanqui e o trabalho de Robert Owen.

Os socialistas franceses escreveram em um momento que a França ainda não está em seu processo de industrialização, que só vai o correr no segundo império na segunda metade do século XIX. Já o socialismo britânico, estava passando por essa fase, decorrente do processo revolucionário industrial e onde Marx passa exilado e pode perceber a precariedade da condição de vida dos trabalhadores.

As teorias socialistas elaboram diferentes idéias e soluções diversas, mas não reconheçam o antagonismo existente entre burguesia e proletariado, e afirma uma ideologia de reforma comunitária, onde todas as participações possibilitariam uma participação de boa vontade para o bem comum.

Saint-Simon estabelece uma forma de cooperativismo de produtores, sendo os proletários, banqueiros, empresários, sábios e artistas, formando uma sociedade industrial cooperativista e solidária com a classe desfavorecida.

Fourier também não percebe e não destaca o antagonismo entre classes, faz crítica ao capitalismo e a cobiça dos comerciantes, seu plano é formar uma associação voluntária, o 'falanstério', que forma pequenas unidades e não pode ser constituído como uma proposta comunista, Fourier aceita a divisão de classe e a hierarquia capitalista.

Prodhon por nascer em família pobre, percebe a necessidade de igualdade e tem consciência do antagonismo entre capitalistas e proletários, tendo afirmado que: "a propriedade privada, significa a espoliação do trabalho", e enfatiza uma autonomia da classe operaria em organização contra a exploração capitalista, também se opõe contra o poder centralizado no Estado tornando-o um crítico da centralização do poder e da burocracia, sonhando com a sociedade anarquista, onde se extingue o Estado e subdivide o poder político em combinações livres de trabalhadores.

Robert Owen considera o trabalho como criador de riqueza e que o operário não usufrui dessa riqueza, pois lhe é extorquida, tenta por em prática uma concepção de colônias cooperativas, pois a propriedade privada seria totalmente excluída. Essas soluções não passam de uma tendência filantrópica e paternalista.

Critica ao Socialismo Utópico

A denominação de socialismo utópico dado por Marx e Engels é pejorativa, a pesar de reconhecerem a importância dessa teoria como precursora, mas não viram uma solução que possibilitasse reversão do quadro onde as más condições de vida e exploração estavam impondo contra a sociedade proletária.

Essas teorias segundo Marx e Engels, "não atribuem ao proletariado qual quer autonomia histórica, qualquer movimento político próprio". Perceberam que o socialismo utópico, não possuía uma ideologia que provesse condições para libertar o proletariado, não encontrando uma ciência social e leis sociais que fomentasse as condições necessárias de uma igualdade social.

O socialismo utópico busca na moralidade encontrar soluções que viabilizem uma reforma social pala força do exemplo, não busca uma unidade que possa se impor e definir circunstancia favorável como organização social e sim utopias que Marx critica como moralistas e ingênuas, ou seja, essas invenções rejeitam as ações política que sustentam as ações revolucionarias.

Entendem que medidas em pequena escala, viabilizam uma satisfação de pensamento expandindo por meios pacíficos; Marx e Engels entendem que essa forma de aplicabilidade e experiências, sempre fracassa.

Com a crítica do marxismo sobre o socialismo utópico, vem carregada da pretensão cientificista cara ao século XIX, onde a teoria marxista se encarrega de ser verdadeiramente uma teoria cientifica, e qualquer outro método seria utópico, pois revela um socialismo utópico percussor e ultrapassado e afirma com o marxismo uma revelação de maturidade do movimento operário e uma filosofia própria e todos os 'determinismos positivistas'.

O Marxismo

A Alemanha depois da sua unificação em 1870, pelo então ministro Bismark, e com uma Alemanha agitada e com problemas de estruturação, surge o Marxismo com Karl Marx e Friedrich Engels, onde escreveram devesas obras. Buscam na realidade social os elementos para formar sua teoria, de um lado, o avanço técnico, aumento de poder humano sobre a natureza, o enriquecimento e progresso. Do outro lado, observam que uma pressão estava sendo constante sobre as massas, e especificamente, sobre a classe operária, onde o empobrecimento é o fator determinante de sua teoria.

Buscou um entendimento econômico para poder começar a formar sua doutrina marxista, com leituras do economista Adam Smitch e David Ricardo, esse último da filosofia de Hegel, de filósofos do socialismo utópico e de Feuerbach, sendo desse último que Marx e Engels utiliza o conceito de 'alienação' onde é usada em defesa da tese do ateísmo, que Feuerbach projeta em sua tese que não foi Deus que fez o homem, mas o homem é que criou Deus, e se aliena a essa concepção de indivíduo religioso.

Hegel contesta que a constituição de mundo depende do movimento das idéias e afirma "o conhecimento e possível a partir de quando se conhece as coisas materiais sensíveis, e que todo o conhecimento superior é um epifenômeno da matéria, ou seja, um reflexo da matéria".

Com a analise de Marx e Engels sobre a de Feuerbach, percebem que um desprezo pelo método dialético deixa explicito uma repetição em certa forma do materialismo mecanicista do século XVIII, onde o ser humano e compreendido como maquina. Feuerbach, não percebe o mundo como um processo em desenvolvimento histórico, segundo Marx, Feuerbach o analisava o ser humano abstratamente, desvinculado de sal realidade, que consiste no conjunto das relações sócias.

A Dialética Marxista

Marx e Engels formularam a teoria marxista com dois fundamentos importantes: O Materialismo Dialético e o Materialismo Histórico. Segundo os marxistas, o grande defensor dessa teoria e Hegel, no século XIX, "a idéia não é uma criação subjetiva do sujeito, mas é a própria realidade objetiva de onde tudo precede", ou seja, para Marx a matéria é o dado primário e a consciência um dado secundário que é reflexivo a matéria.

O materialismo de Marx é dialético e o de Hegel é mecanicista, onde parte de uma constatação de um mundo composto de coisas, ou seja, partículas de coisas que se combinam de forma inerte. Já o materialismo dialético parte de um fenômeno como processo, pode reagir com o espírito, pois não é uma consciência passiva da ação, e sim possibilita uma ação sobre o mundo, liberta o ser humano que pode se manifestar através de 'revolução'.

O marxismo se opõe a filosofia idealista de Hegel, mas aproveita seus elementos como concepção dialética, sendo essa à estrutura contraditória do real, tudo um movimento construtivo em três fases: identidade (Tese), contradição ou negação (antítese) e positividade ou negação da negação (síntese).

Esse processo evolutivo da dialética é na verdade, um movimento que se constitui do 'ser ao não-ser', ou seja, passa de um momento efetivo para outro que surge a partir de outra realidade, havendo uma contraditória onde o ser suprimido se transforme.

Então se o ser (proletário) se rebela e chega a um estágio de melhora dentro do seu contexto e movimento, passa a 'não-ser', ou seja, não é mais um proletário estático, imóvel, mas, é a partir de sua revolução outro ser, pois em seu processo de movimento e evolução se transforma, e dessa forma uma identidade (tese), quando nega sua condição busca uma melhora, torna-se a (antítese) e chagando em seu cume depois dos dois elementos já construído, tese e antítese, constitui-se a (síntese), que é o surgimento do novo.

Materialismo Histórico

É a teoria que explica os princípios do materialismo dialético ao campo da história. Ou seja, os fatores que explicam a historia, elementos materiais como econômico e técnico.

Nesse caso agora, Marx inverte o processo da construção da história e parte de uma micro história para comprovar os movimentos do homem, deixando de lado os grandes vultos que se destacam na história, busca na luta de classe definir ações da consciência, linguagem, religião como um processo evolutivo onde se caracteriza sua condição de existência.

Com essas definições Marx vê a sociedade que se formou a partir de uma estrutura que se define em níveis, sendo o primeiro chamado de 'infra-estrutura', onde se constitui a base econômica e é determinante, pois engloba todo o processo de relações humanas com a natureza, onde produz a própria existência e suas relações entre indivíduos e os meios, e o objeto de trabalho.

O segundo nível é formado pelo político-ideológico, chamado de 'super estrutura', é constituída pela estrutura jurídico-político, o Estado. Segundo Marx, a exploração da classe suprimida é formada pela ação do Estado, pois esses detêm os mecanismos econômicos e políticos que favorecem a classe dominante.

A estrutura ideologia também faz parte da superestrutura e se manifesta as formas de consciência sociais, como a religião, leis, educação, filosofia, ciência, etc. a classe dominada nesse caso, também está sujeita a ideologias que são determinantes da classe dominante, e reflete na dominada.

A Práxis

Marx analisa o 'ser social' e desenvolve uma nova antropologia, onde não existe natureza humana em todos os tempos e lugares, ou seja, o ser humano se auto produz quando transforma a natureza pelo trabalho; onde enfoca o trabalho como uma ação coletiva e a condição humana dependem das relações sociais como existência de sua consciência e necessidade antecipada a ação do pensamento, formando assim um pensar e agir, ou seja, reflexão e ação.

Marx chama a práxis, a ação humana transformadora da realidade, significa uma união dialética da teoria e da prática, ou seja, a ação humana é projetada, refletida, consciente, isto é, filosofia da práxis.

Luta de Classe

O filosofo define as relações sociais de toda a sociedade como fundamental as 'relações de produção', visto que, a partir da condição de trabalho, ou melhor, dos 'meios de produção', define-se uma forma 'forças produtivas', que no processo natural se transforma com novas tecnologias e provoca adaptações no meio social humano, tendo o individuo como ponto central dessas relações e transformações.

O "modo de produção" é a maneira onde as "forças de produtivas" se organizam em 'relações de produção', ou seja, o maquinário fabril do capitalismo determina uma relação de produção a partir do dono do capital e operários assalariados, definindo assim como 'meio de produção' o modo capitalista e os 'modos de produção' assalariada, ou seja, uma relação de produção capitalista com mão-de-obra assalariada.

Nessa concepção, Marx define como "divisão de classe" a partir das relações de trabalho, onde cada forma de produção define os meios de produção de cada período histórico, distinguindo cada processo. Sociedade primitiva, propriedade comum, pertence a toda sociedade "comuna primitiva", não há sentimento de posse, pois não existe propriedade privada.

"O modo de produção patriarcal", domesticação de animais, desenvolvimento da agricultura com instrumentos de metal proporciona um aumento de produção, que gera um excedente que exige um armazenamento, cria-se o vasilhame de barro que possibilita fazer reserva.

Dentro da família com a alteração da relação de produção e modo de produção, desse modo surge uma forma específica de propriedade, onde se diferencia funções de classe e poder, pois agora passa para o pai ser o chefe da família e o direito hereditário muda de uma filiação materna para uma paterna.

"O modo de produção escravista", decorre de um aumento de produção além do necessário para subsistência, recurso de novas forcas de trabalho que geralmente conseguida entre prisioneiros de guerra, transformados em escravo. Com esse novo modo de produção, surge a 'propriedade privada' dos meios de produção, onde caracteriza a primeira forma de exploração humana.

Com essa nova forma de relação de trabalho, aparece uma separação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; onde a ociosidade passa a ser considerada a perfeição do individuo livre, enquanto o trabalho manual, serviço de escravo, é desprezo. A contradição instaurada pelo regime escravista exige que, para restaurar a economia, que entra em crise, sejam necessárias novas relações de produção.

"O modo de produção feudal" tinha como base econômica a propriedade como meio de produção pelo senhor feudal, o servo trabalhava para si e para o senhor, o senhor se apropriava de uma parte da produção daquele, cobrava imposto pelo uso do moinho e tudo que lhe pertencia.

Com a contradição de interesses das duas classes (senhor feudal e camponês), surge uma terceira a 'burguesia' oriunda da produção de artesanato pelos servos, e consegue aos poucos uma liberdade pessoal e a das cidades, que fomentaram uma nova forma de 'relação de produção' com o desenvolvimento de formas produtivas.

"O modo de produção capitalista" é um novo sistema (síntese), que surge das ruínas do sistema feudal, ou seja, da contradição entre tese (senhor feudal) e a antítese (servo). Marx observa que em toda a história a luta pela sobrevivência fez emergir relações de produção que se desenvolveram em classe que definiam em momentos distintos relações de trabalho com diferentes modos de produção, distinguindo as classes a partir da propriedade privada e meios de produção.

Marx ainda define que: "a luta de classe é o confronto entre duas classes antagônicas quando lutam pelos seus interesses de classe"; no modo de produção capitalista, burgueses datem o capital, meios de produção, o proletariado só possui a força de trabalho, ou seja, sua mercadoria que é vendida ao burguês, e recebe em forma de pagamento assalariado.

A mais Valia

O sistema capitalista se sustenta pela produção de mercadorias, sendo produzido não para uso, mas sim para a troca (venda). Como produto do trabalho, o valor da mercadoria é determinado pelo total de trabalho socialmente necessário para produzi-la.

O trabalhador vende sua mercadoria, a força de trabalho, por um valor que possibilita sua sobrevivência, em um contrato entre o capitalista e o trabalhador, que define a carga horária a ser trabalhada, isto é, o tempo que o trabalhador vai levar para produzir a mercadoria.

Como o trabalhador fica disponível o tempo todo, e produz mais em suas horas de trabalho que ultrapassa a meta de produção estipulada pelo capitalista em seu contrato de trabalho, o excedente não é pago ao trabalhador (o excedente produzido) e gera um aumento de capital. Como o capitalista comprou a força do trabalho operário, usa-o da melhor forma possível, provocando uma forma de exploração onde o desenvolvimento do capitalismo supõe a exploração do trabalho do operário. Então, a Mais-Valia é tudo aquilo de excedente que é produzido pelo operário, dentro de suas horas de trabalho.

Alienação e Ideologia

Com a definição de Mais-Valia, Marx configura o caráter de exploração do sistema capitalista, tendo em mente que o operário não é capaz de reverter sua condição, pois se encontra 'alienado', necessita do trabalho que gera uma economia que favorece a sua subsistência, para Marx, a alienação tem como origem a economia, pois, quando o operário vende a sua força de trabalho, o produto que resulta dele pertence e adquire existência independente dele.

A cadencia do trabalho é dada exteriormente e não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo, ou seja, por estar alienado a economia, a insatisfação do trabalho, tem no operário um mecanismo de revolta sem prazer para sua produção, visto que, o sistema capitalista somente quer a produção e o lucro, onde oprime e explora a força de trabalho.

A mercadoria torna-se autônoma e determinante da vida humana, com as crises que a mercadoria provoca, tendo como ponto referencial as forças das leis do mercado, arrastam o indivíduo ao enfrentamento de crises, guerras de desemprego, ou seja, uma desumanização provocada pelo capitalismo.

Dentro desse contexto de classe dominante e dominada, a 'ideologia burguesa', impede que o proletariado tenha consciência de classe, pois camufla a luta de classe quando representada de forma ilusória. As idéias, condutos e valores que permeiam a concepção de mundo de determinada sociedade, é que representa os interesses da classe dominante, ao serem generalizadas às classes dominadas, ajudam a manter a dominação. A ideologia esconde que o Estado, longe de representar o bem comum, é expressão dos interesses da classe dominante.

Estado e Sociedade

Marx nega o Estado, entende que ele é mero manipulador da interesse da classe dominante, entende também que não podemos viver sem a presença do Estado, vai contra as idéias anarquistas que vê uma sociedade sem Estado e não concorda com Hegel, que vê o estado como o "momento final do espírito objetivo".

Para Marx, somente através de uma revolução é que o proletariado se desmembrara de sua alienação burguesa, pois entende que o Estado é a contradição dos reflexos da sociedade, e só aparentemente visa o bem comum e esta a serviço da burguesia, vê o Estado como um mal a ser extirpado.

Com a organização da classe operaria, pode-se criar um Estado detentor das propriedades privadas e dos meios de produção, para isso se solidificar, é necessário a formação de um partido revolucionário que possibilite a destruição do Estado burguês e forme uma igualdade de classe, da-se o nome desse movimento de "ditadura do proletariado", tendo um fortalecimento contínuo da classe operaria que é indispensável para destruir a classe burguesa no mundo inteiro.

A Utopia Comunista

Primeira fase:

Com base na ditadura do proletariado, corresponde à implantação do "socialismo", que supõe a existência do aparelho estatal, da burocracia, do repressivo e jurídico, continua a repressão contra a classe burguesa para evitar a contra-revoluçao.

Tem como principio o socialismo: "de cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo seu trabalho".

Segunda fase:

Chamada "comunismo" com principio, "de um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo suas necessidades", com isso o comunismo se define com a supressão das lutas de classe, isto é, após o aniquilamento e desaparecimento do Estado, "anarquia feliz", as forças produtivas levariam a uma 'abundancia' com uma supressão da divisão do trabalho em tarefas 'subordinadas' (materiais) e superiores (intelectuais). A ausência do contraste entre cidade e campo, entre indústria e agricultura, ou seja, produziria o necessário para sua sobrevivência, mas o ritmo histórico continuaria e não haveria luta de classe.

Principais Idéias do Anarquismo

O principio do anarquismo são as formas alternativas de organização voluntária contra o Estado. Em momentos ou períodos, a religião, o Estado e a propriedade, contribuíram para o desenvolvimento humano, mas posteriormente, passaram a ser restrições a sua emancipação.

A negação do Estado vista pelos anarquistas, não é uma proposta individualista, visto que, se funda em um cooperativismo comunitário onde não é exercida uma organização coercitiva, pois o ser humano é capaz de viver em paz com seus semelhantes dentro de seu processo natural. Como a natureza se faz presente e é natural que se organize, pois instituições autoritárias surgem para 'deformar', 'atrofiar' o cooperativismo em organização, a "ordem na anarquia", torna-se natural e necessária para sua manutenção como organização comunitária.

O anarquismo vê a estrutura da sociedade estatal como artificial, onde impõe a ordem décima para baixo, ou seja, com a formação de sua pirâmide social, onde a base é o proletariado e o topo o Estado. A sociedade anarquista não teria uma estrutura, mas uma organização que cresce e se regulamenta a partir das leis da natureza, sendo autodisciplina e a cooperação o alicerce de sua organização, e não pela decisão hierárquica.

Dentro da organização anarquista, não é bem vindo os partidos políticos, pois acreditam que prejudicam a "espontaneidade de ações", onde se organizam e exercer em formas de poderes; como também pode surgir corpos dogmáticos dentro de sua organização, sendo daí o anarquismo conhecido com um movimento vivo e não uma doutrina.

A vulnerabilidade do anarquismo é a ausência de controle e poder, onde torna o movimento naturalista, 'oscilante' e frágil, também flexível, podendo ficar inativo e surgir espontaneamente em momentos distintos.

O anarquismo critica a existencia do Estado, e busca inverter a pirâmide de poder que representa através do Estado, e a descentralização social que deriva nesse contexto, busca relações diretas, contato 'cara a cara', onde através das relações sociais, formam núcleos vitais como no trabalho e bairros, onde é tomada as decisões.

Nesse contexto de crítica ao estado, onde a forma tradicional de democracia parlamentar, que apresenta o risco de ter no poder, demagogos. O anarquismo trás soluções que a partir de decisões mais amplas, formam e convocam assembléias para designarem delegados 'por tempo determinado' e com revogação de seu mandato.

"A supressão da propriedade privada". Essas dos meios de produção devem ser substituídas por cooperativa, onde os corpos coletivos livres dos indivíduos vivessem em uma comuna livre em uma direção coletiva desses meios de produção.

Hierarquia, a repudia contra a estrutura da igreja que se faz presente, busca no 'ateísmo' uma libertação dos dogmas empregados pela igreja e afirmação autônoma e moral do ser humano. "para afirmar o homem, é preciso negar Deus".

Bakunin, um representante do anarquismo mais radical e crítico sobre assuntos de questões políticas, influenciado por Proudhon, é o mais brilhante anarquistas por conter suas idéias centradas em movimentos e revoltas, tanto que participou da rebeliões em Paris e Praga em 1848-49, foi exilado na Sibéria, em 1870 participou das revoltas de Lyon e Bolonha, crítico de Marx, foi expulso da Primeira Internacional em 1872.

Pierre Kropótkin defendeu a ação não violenta e luta pelo respeito da vida humana, ao contrario de Bakunin, condena a pena de morte, tortura ou qualquer forma coercitiva violenta, tendo as idéias anarquistas no final do século XIX, influenciado personagens importante como o 'pacifista cristão' Leon Tostói e Gandi, onde com a não violência, transformou a resistência em um elemento forte na independência da Índia em 1920.

Anarco-sindicalismo no final do século XIX – Representados pelos sindicatos que adotaram a estratégia de se transformar em agentes transformadores da sociedade, centralizando o poder em pequenos grupos de fabricas e ampliando contatos nos setores estatal e nacional, prevalecendo à preservação direta do trabalho. Foi na Espanha que o movimento atingiu sua expressividade até ser combatido pelo ditador Franco. Também com o surgimento do 'fascismo' na Itália, do nazismo na Alemanha, enfraqueceu o movimento nesses países. Os defensores e simpatizantes do anarquismo eram composto por intelectuais, jornalistas, artistas, etc.

O anarquismo ressurgiu após a segunda guerra mundial, e recrudesce na década de 60 com o movimento ativista de jovens europeus e americanos, culminando como movimento estudantil de 1968 na França.

O Anarquismo no Brasil

Com a autorização de D. Pedro II, foi permitido a instalação de uma colônia Cecília, formada por italianos no Paraná, onde a base de pensamento dessa colônia era as idéias anarquistas. No inicio do século XX, com o implemento de uma industrialização, organiza-se aqui o 'Anarco-sindicalismo', era um movimento atuante não só para as greves, mas com influencias de idéias anarquistas e difusão através de jornais e escolas.

Referências:

ARANHA, Maria Lucia A. e MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: introdução á filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
Autor: Prof. Ubiratã Ferreira Freitas


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