Você Ainda Acha Que Mandioca é Cultura de Subsistência?



Conta a lenda, que Mani era uma indiazinha branquinha que ao morrer, ainda criança, foi enterrada dentro da oca onde sempre morou. No local de sua sepultura, nasceram alguns arbustos fortes e vigorosos. Os índios arrancaram as plantas e viram que suas raízes eram brancas como a pele de Mani. Desde então, a Manihot esculenta Crantz passou a ser conhecida como mandioca. Sem dúvida, outras estórias devem existir para explicar os tantos outros nomes pelos quais a mandioca é conhecida no Brasil: macaxeira, aipim, castelinha, macamba, cassava etc.

Com os índios, aprendemos a processar a farinha de mandioca e a utilizar a manipueira - líquido tóxico originado no processamento da mandioca – na preparação de pratos típicos, como pato no tucupi e tacacá. A partir de pesquisas da Embrapa, novos usos foram incorporados. Produção de pães a partir do amido da fécula e utilização da manipueira como adubo orgânico são alguns dos resultados dessas pesquisas sobre processamento e aproveitamento de resíduos da cultura da mandioca.

No campo, o programa de melhoramento de mandioca, liderado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas, BA) e executado em parceria pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), disponibilizou novas variedades de mandioca com alto teor de amido. Em 2008, as variedades Tapioquinha e Carira foram lançadas para todo Nordeste, com 34% e 35% de amido nas raízes, respectivamente.

Essas variedades assumem importante destaque nos debates sobre a crise de alimentos e energia mundial, pois são fontes de amido de baixo custo e, assim como outras variedades, podem ser empregadas em mais de 300 produtos da indústria alimentícia, de plásticos, siderurgia e extração de petróleo.

Ressaltamos a preocupação da FAO, da qual compartilhamos, que as políticas de estímulo à produção de gêneros não alimentícios derivados da mandioca devem considerar cuidadosamente seus efeitos sobre a produção e a segurança alimentar.

*Mestre em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Sergipe, Analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros; Av. Beira Mar, 3250 - Bairro Jardins, Caixa Postal 44 - Aracaju, SE – Brasil; [email protected].


Autor: Raquel Rodrigres


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