O Mais Belo dos Cânticos



Você que habita nos jardins, meus amigos a ouvem atentos:

_ Faça-me ouvir sua voz!

Fuja logo meu amado, pelos montes perfumados...

_ Beije-me com os beijos de sua boca!

Seus amores são melhores que vinho, seus perfumes suaves e as damas se enamoram de você... Leve-me com você, corramos! Leve-me como rei aos seus aposentos, e exultemos...

_ Alegremo-nos! Mais que ao vinho celebremos os amores! Com razão se enamoram de você... Minha amada!

_ Sou morena formosa, não repare, foi o sol que me queimou. Meus irmãos se voltaram contra mim, me obrigaram a guardar as vinhas e suas purezas, mas a minha vinha... Eu não pude guardar. Avise-me onde se faz descansar, amado de minha alma, para que eu não fique vagando perdida entre seus companheiros.

_ Se você não sabe, ó mais bela das mulheres, siga o rastro junto a tenda. Minha amada, que beleza suas faces, seu pescoço com estes colares!

Farei para você pingentes de ouro e prata.

Em seu quarto, o rei, difunde seu perfume...

_ Como você é linda, minha amada, como és bela!... Seus olhos...

_ Você é belo e doce, meu amado! Faremos nosso leito por toda a relva, embaixo das arvores.

_ Sou do vale. Como a rosa dentre espinhos é você, amada, entre as damas.

_ Você, meu amado, é a mais bela arvore do bosque, assim dentre os jovens, à sombra e sua sombra eu quis sentar.

Ele me levou a adega e me apresentou todo seu amor... Oh! Dêem-me forças que estou doente de amor. Suas mãos tocam minha cabeça, me abraçam...

Eu digo a vocês, nunca despertem o amor, ate que ele o queira!

Ouço a voz de meu amado pelos montes e colinas, ele vem saltitando, correndo e põe-se atrás da parede, espiando entre a grade da janela.

Ouço sua fala que me diz:

_ Levante-se, minha amada, venha a mim!

Veja que o inverno passou, olhe a chuva que já se foi!

As flores florescem, é tempo de primavera que se aproxima. Tudo brota, nasce e renascem todas as vidas. Deixe-me ver sua face, ouvir sua voz, pois tudo tão doce e suave...

De repente uma ordem:

_Agarrem as raposa pequenina que devasta nossa vinha, nossa vinha já florida!...

Me desespero e grito:

_ Meu amado é meu e eu sou do meu amado!

Antes que a brisa sopre e as sombras se debandem, volte! Sejas rápido e esperto pelas montanhas.

Pela noite, em meu leito, procurei o amado de minha alma e não o encontrei!

Vou levantar-me, rondar pela cidade, pelas ruas e praças, a procura do amado de minha alma...

Procurei e não o encontrei!...

Encontraram-me os guardas que fazem ronda na cidade. Perguntei:

_Viram o amado de minha alma?

Passando por eles, contudo, encontrei, agarrei e não vou solta-lo, até que no levem a casa de minha mãe, aquela que me carregou no seio.

Eu digo a vocês, não despertem não acordem o amor ate que ele queira.

Como nuvem de fumaça pelo deserto vem descendo a escolta de soltados treinados e provados em batalhas, armados temendo surpresas noturnas.

Era o grande dia.

Seu coração se enche de alegria ao ver sua mãe por a coroa de casamento.

_Como você é bela minha amada, como você é bela!...

Seus olhos sob o véu, seu cabelo, seus lábios, sua fala, sua face mergulhada sob o véu... Seu pescoço, seus seios...

Antes que a brisa sopre e as sombras se debandem vou ao monte, à colina. Você é bela minha amada!...

Venha noiva minha, faça sua entrada comigo. Desça do alto, do cume, do esconderijo rodeado de panteras.

Você roubou meu coração, minha irmã, noiva minha, com apenas um de seus olhares...

Como seus amores são belos e melhores que vinho fino! Seus lábios são favos de mel escorrendo sob sua língua...

Minha amada, você é um jardim fechado, uma fonte lacrada...

Frutos preciosos, fonte no jardim, poço de água viva que jorra.

Que desperte o vento norte, que desperte o vento sul! Soprem espalhando seu perfume no meu jardim.

Minha amada, já vim ao jardim, minha irmã, noiva minha.

Colhi balsamo, comi mel e bebi vinho, agora meus companheiros, embriaguem-se e comam meus amigos.

Eu dormia, mas meu coração velava, e ouvi meu amado que batia:

_Abra minha irmã, minha amada! Tenho a cabeça orvalhada, meus cabelos gotejam sereno!

_Já despi a túnica vou ter que vesti-la?

Já lavei os pés, vou sujá-los de novo?

Meu amado põe a mão pela fenda da porta, as entranhas me estremecem, minha alma ao ouvi-lo se esvai. Ponho-me de pé para abrir ao meu amado, minhas mãos gotejam, meus dedos escorrem pela maçaneta da fechadura.

Abro para o meu amado, mas ele se foi... Procuro e não o encontro, chamo e não responde...

Encontraram-me os guardas, bateram-me ferira-me e tomaram-me o manto.

Eu digo a vocês:

_ Se encontrarem meu amado, que lhe dirão?... Digam que estou doente de amor!

_Mas que seu amado é mais que os outros, para assim nos dizer?

_Meu amado se destaca entre todos. Seus cabelos negros, seus olhos... À beira de águas correntes, se banham e repousam as margens.

Sua face, seus perfumes, seus lábios, seus braços fortes, seu ventre firme. Suas pernas colunas firmadas nas bases e aspectos altaneiros, sua boca doce... Ele todo é uma delicia! Assim é o meu amado, assim é o meu amigo.

_ Onde anda seu amado? Onde foi seu amado?

Vamos buscá-lo com você!

_ O meu amado, desceu ao seu jardim, aos terrenos das balsameiras, pastorear nos jardins e colher açussenas, meu amado é meu e eu sou de meu amado, o pastor das açussenas.

_ Você é terrível como a um esquadrão, afaste de mim seu olhar, pois ele me pertuba! Seu cabelo, sua face mergulhada sob o véu... Que sejam sessenta as rainhas, as donzelas... Sem conta: Só a preferida pela mãe que a gerou e que as jovens a felicitam.

Desponta como aurora, bela como a lua, fulgurante como o sol, terrível como o esquadrão!

_ Desci ao jardim, ao vale para ver os botões que se abriam, e sem saber me coloquei no carro com meu príncipe!

Vire-se, Sulamita, queremos contemplar você, vire-se...

Mas o que vejam enquanto dança? Enquanto baila?

Seus pés... Belos nas sandálias, ou filhos de nobres!

Suas curvas, seus quadris, obras de artista.

Seu umbigo... Uma taça de vinho que nunca falta...

Seus seios, seu ventre, seu pescoço, seus olhos seu nariz, seus cabelos...

Como você é bela e formosa, que amor delicioso!

_ Eu sou do meu amado, seu desejo o traz a mim. Venha meu amado, vamos ao campo pernoitar e madrugar, ver se as vinhas florescem e os botões se abrem florindo, e lhe darei meu amor...

Ah! Se você fosse meu irmão, amamentado aos seios de minha mãe! Encontrando você lá fora eu o beijaria, sem ninguém me desprezar. O levaria e introduziria em casa e você me iniciaria. Eu lhe daria vinho e licor perfumado de minhas romãzeiras. Suas mãos sobre minha cabeça e me abraçando forte...

_ Eu digo a vocês, não despertem o amor ate que ele queira!

_ Quem é essa que sobe do deserto apoiada em seu amado?

_ Eu despertei você, lá onde sua mãe a concebeu e deu a luz.

_ Grava-me como selo em seu coração, como selo em seu braço;

_ Pois o amor é forte, é como a morte!

_ Cruel como o abismo é a paixão.

_ Suas chamas são chamas de fogo, uma faísca de Deus!

_ As águas da torrente jamais conseguirão apagar o amor, nem os rios afoga-lo.

_ Quisesse alguém dar tudo que tem para comprar o amor...

_ Seria tratado com desprezo.

_ Nossa irmã, tão pequena, que faremos quando vierem pedi-la?

_ Se ela é muralha, eu sou muralha, aos olhos dela, porém, eu sou a paz. Guardem os frutos dela...

Referencias:

Bíblia Sagrada- Edição Pastoral.ed. Paulus.Pg.870-881. 1990


Autor: jeferson silva


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