No Caminho de Zaratustra



POR: PAULO ANDRÉ DOS SANTOS.

Estupidamente alucinados, percorremos, cegos e aleijados, as ruas fétidas da cidade. Cerceados pela rotina diária, em uma espécie de repetição interminável, que nos bitola o pensamento e o corpo, sequer percebemos os efeitos assombrosos dos bombardeios que nos pulverizam, dia-a-dia, a alma. É um massacre intensivo e constante, que não se restringe a algumas agulhadas de vez em quando, mas, uma agressão vitalícia, uma condenação perpétua. Sofremos a irradiação nuclear desde o nosso primeiro suspiro, desde, os primórdios da nossa (pseudo)compreensão de si mesmo. E aqui, caro leitor, cabe denunciar uma coisa: a nossa compreensão de si mesmo é uma farsa! Um engodo jogado aos peixes mais famintos. O cheiro dessa isca faz com que as presas mergulhem nos mares da euforia e no vício pela certeza, como que, dessa forma, cada um possa se alimentar e se manter vivo, uma vez sentado ao trono da verdade. Pura ilusão! Não há nada mais morta e mentirosa do que a verdade. Ela, em síntese, nada mais é do que um broto natimorto; antes de fincar as suas raízes na terra, as suas folhas e frutos já jazem. Assim falou Zaratustra! Desse modo escreveu Nietzsche muitas vezes ao anunciar o rompimento possível para superar o modelo pífio de homem. Trata-se, pois, de tirar o homem de sua inclinação à fraqueza. Este homem, um verdadeiro abismo profundo, é uma utopia a ser incessantemente perseguida pela humanidade. Para isso caminha as metas da educação para o futuro: formar o super-homem. Reunir nos sujeitos as virtudes mais admiráveis que alguns iluminados revelaram em algum momento da história. Liberdade! Ou melhor, consciência de liberdade. Está aí o motor do desenvolvimento do homem. Ao invés de aprisionados à (pré)conceitos, o super-homem, arrisca-se por caminhos desconhecidos em busca de outras possibilidades. Ao invés de ser conduzido pelo ritmo imprimido pelo mundo do trabalho e pelas práticas sociais, o homo-trancendentus tem o dote de comandar o seu próprio ritmo. A autonomia é o seu princípio e o seu fim. Assim, quem sabe um dia...nasça como um lampejo dos céus o primeiro de uma série de homens livres das algemas de um modelo de sociedade, até então, firmado sobre o alicerce da repugnância, da inveja, do ressentimento, dos etno-centrismos, da arrogância, do orgulho, etc.

REFERÊNCIAS:

NIETZSCHE, Frederich. Assim falou Zaratustra. Trad. Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 1999.


Autor: PAULO SANTOS


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