A Matemática Como Linguagem da Natureza



Durante toda idade média até o século XVI, todo o conhecimento acerca da natureza provinha da revelação divina, ou seja, da contemplação e da exegese da natureza. Se nesse período existiu alguma investigação, com o intuito de se descobrir mais a respeito da natureza e suas formas, essa investigação se limitou a indagar sobre a sua origem, isto é, sobre seu criador.

Com a chegada do século XVII, "transforma-se a própria natureza do conhecimento" (JACOB, 1983, p. 35). Para os pensadores desse período, o mais importante era decifrar e não contemplar a natureza. Essa relação de investigação, agora, se limita a relação homem-natureza, não mais sendo intermediada por um ser ontológico. Descartes e sua filosofia são a mais perfeita materialização desse novo modo de se fazer ciência. Para ele, o que importa numa investigação científica é puramente o observador e o objeto observado. O interesse da ciência também muda, ele "se concentra não mais na criação da natureza, mas em seu funcionamento atual" (JACOB, 1983, p. 35). Desta forma, a ciência não mais se interessa pela cifra que Deus tenha usado para criar a natureza, mas pelo o código que o homem cria para entendê-la.

Na idade clássica, diversos físicos, matemáticos e filósofos se revezaram na tentativa de criação de um código capaz de decifrar a natureza e seus fenômenos. Mas, para Jacob, é a matemática o conhecimento mais eficaz para essa investigação. No entanto é a física, a ciência capaz de tornar a matemática inteligível via linguagem.

Se a física desempenha um papel decisivo nos séculos XVII e XVIII, não é somente pela transformação que traz ao universo. Nem pelas funções novas que confere à observação, à experiência e ao raciocínio. É também porque, entre as ciências da natureza, é a única que pode se exprimir na linguagem das matemáticas. A física substitui a palavra da revelação pela palavra da lógica. No lugar da escuridão, da ambigüidade, da exegese sem fim dos textos sagrados, ela instala a clareza, o unívoco, a coerência do calculo. De Galileu a Newton, a física justifica os esforços do pensamento para estabelecer uma ordem no mundo (JACOB, 1983, p. 38).

Portanto, para Jacob, para se decifrar a natureza faz-se necessário a criação de uma ordem, um código, uma lógica e estabelecer uma lei geral, desta forma iremos encontrar um sistema de símbolos capaz de nos dar uma explicação satisfatória para o intelecto humano.

Referência

JACOB, François. A lógica da vida: uma história da hereditariedade. Rio de

Janeiro, RJ: Graal, 1983


Autor: Atilio Malta


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