A Tragédia Pastoril



Isabel era uma moça delicada e bela. Os seus olhos castanhos e os seus lábios enrubescidos eram magníficos. Tinha um temperamento pueril e grácil. Sempre adorada por todos à sua volta, era a mais amistosa dentre as criaturas.

Parecia ser uma adolescente tranqüila e que confiava nas pessoas; por isso muitos diziam que ela tinha uma inocência sobre-humana. E essa conquistadora inocência se vê ameaçada, a qualquer momento ela poderá ser violada por um antagonista qualquer, não por um desejo do narrador-observador, mas por intermédio das estatísticas.

A menina Isabel caminha deliciosamente pelos caminhos pastoris. Ela canta e salta da forma mais ritmada e galante. Alguém está a observá-la, é um pastorzinho moreno, de olhos grandes e oblíquos. Ele sorri e a segue com o olhar. E ela salta. E ela canta. E ela sorri alegremente. Avista uma rosa escarlate, admirada sente o perfume e segue com a mesma animação. Acompanha pausadamente uma lebre, desejando tocá-la. Assim vai todo o dia, até que o sol dá lugar às estrelas coruscantes.

À noite, em meio à penumbra, a menina ora e adormece quase que instantaneamente. Sonha com um mundo mais jovial e saudável. Anseia encontrar-se com Deus a fim de adorar-Lhe.

Amanhece finalmente. Um novo dia para brincar e divertir-se. Isabel desperta sorridente. Os seus olhos denunciam a sua jovialidade tão admirada por muitos. A moça toma o café da manhã, cuida da sua higiene diária e sai à procura de paz e distração.

O mesmo pastorzinho segue Isabel com o olhar. Porém desta vez ele prefere acompanhá-la com muita cautela para que ela não perceba.

Alegremente a menina caminha saltando pela relva. Ela sorri o tempo todo, carregando toda aquela candura.

O pastorzinho prefere descansar à sombra de uma árvore esguelha, enquanto a doce jovenzinha segue sua incansável caminhada. Ela salta, ela sorri, ela sente o perfume das flores e ela canta. É a mais amistosa entre todas e também a mais adorável criatura.

Eis que surge o indesejável antagonista. É um homem esgalgado e ralé, uma figura assustadora. Ele se aproxima da nossa protagonista. Ela está à espreita de uma magnífica borboleta, de costas para aquele homem. Isabel solta uma saborosa gargalhada, o que atrai este vilão.

Fora aquele o último sorriso de Isabel. O pastorzinho fora encontrado ao lado do corpo da mocinha tão apreciada por toda a cidade. Ele velava a alma da inocente menininha que fora morta cruelmente. Contudo, como o relato do narrador admite, não fora aquele o assassino, mas sim o homem esgalgado e feio que desaparecera.

Os habitantes daquela urbe, tão chocados com aquele cena, puxaram o pastorzinho. Ele estava espantado e inerte. Os homens o levaram para longe dali e o chicotearam impiedosamente até a morte.

A avó da garotinha, seu único familiar, desejou que ela tivesse o seu sonho realizado, que encontrasse Deus e que o adorasse para todo o sempre.

Assim terminou a história da pequena e graciosa Isabel. Sabe-se, neste ínterim, que o narrador-observador gostaria de escrever um final feliz, o que não fora possível levado às estatísticas, conforme se preza esta Tragédia Pastoril.


Autor: Ronyvaldo Barros dos Santos


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