Koyaanisqatsi (Vida Desbalanceada)



Koyaanisqatsi (Vida Desbalanceada)

Ao longo da história da humanidade o homem vem fazendo uso de sua imensa capacidade criadora. Transformando a natureza, buscamos garantir nossa adaptação ao ambiente e, consequentemente, nossa sobrevivência.

Hoje, no entanto, percebemos uma grande exacerbação da criação. Passamos a criar coisas que não nos são necessárias e para isso a natureza tem sido sacrificada de forma bruta e sem pudores (o que fizeram com os 93% da Mata Atlântica que não existe mais?). Criamos uma infinidade de doenças e depois fomos buscar os remédios para tratá-las. Criamos indivíduos marginalizados que retornam para "acertar as contas com a sociedade" e mais uma infinidade de coisas das quais realmente não precisávamos.

O homem, definitivamente alienou-se. Perdemos nossas particularidades (aquelas que nos diferenciam dos animais ditos irracionais) e passamos a ser apenas mais um neurótico entre tantos, passamos a ser as engrenagens das máquinas fabris que movem o (impiedoso) capitalismo. Desumanizamos-nos e, por fim, nos "coisificamos".

A vida nunca esteve tão desvalorizada. Você se impressiona com o fato de, cada vez mais, os pais enterrarem seus filhos ao invés do contrário? Impressiona-se com a banalização da violência, da falta de amor ao próximo e a si mesmo? Muitas pessoas respondem que NÃO e isso é ainda mais espantoso. Muitas religiões até atribuem isso à "forças do mal", mas acho que, ao fazermos isso, estamos subestimando a capacidade humana. É muito triste admitir que alguns indivíduos possam se tornar essas máquinas vazias e inescrupulosas, mas temos que fazê-lo.

Os homens, infelizmente, deixaram de lado seus sentimentos mais agudos, profundos... A verdade é que hoje se ama (ou pelo menos, respeita-se) muito menos do que seria necessário para se viver bem. Não valorizamos mais os "pequenos" encantos que nos estão totalmente disponíveis no dia-a-dia. Não nos conhecemos, não sabemos nem buscamos saber o que sentimos nem o que os outros sentem, não observamos a vida que acontece em todo lugar. Não lembramos mais da ingenuidade que possuíamos na tenra infância e isso talvez explique a mania de perseguição que muitos de nós experimentamos.

Diante dessa triste pintura que se revela a cada dia é inevitável nos questionarmos sobre até quando suportaremos esse caos imperante. Alguns, como Patch Adams, por exemplo, dizem que nem sequer resistiremos até o próximo século. Será? É possível que tenhamos essa resposta em breve. Entretanto, precisamos nos movimentar, já que criamos tantas coisas até aqui devemos, no mínimo, criar novas idéias e colocá-las em prática na tentativa de que nada tenha sido em vão. Não podemos permitir que nos tornemos estéreis de novas idéias. Por fim, um clichê que parece fazer cada vez mais sentido à medida que é praticado: "devemos ser a mudança que queremos ver no mundo" (Mahatma Gandhi).


Autor: Tiago Moura


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