Dois olhares sobre a traição



O entendimento do que significa uma traição é subjetivo. Na concepção de algumas pessoas o sexo é uma experiência lúdica, puramente física e pessoal que pode ser vivida também fora do casamento, pois diz respeito a si mesmas e ao próprio corpo.

Para elas uma escapadela sexual na hora do almoço não configura traição e por isso o casamento não está ameaçado.

Fazer pode, falar não
Na verdade consideram que podem fazer sexo com qualquer um, mas para construir um futuro e uma família existe apenas a pessoa com quem se estabeleceu o compromisso formal, no altar e no cartório.

A luz vermelha se acende se souberem que, após o sexo, o cônjuge passou algum tempo conversando com a outra pessoa sobre o que pensa da vida e o quer para o futuro. Para eles ser traído é deixar de ser importante para o outro em termos existenciais.

Oposta a essa forma de encarar a traição, está a concepção de alguns casais que consideram seus corpos e a sexualidade como territórios sagrados, e apenas o escolhido pode conhecê-los. Contato físico com outras pessoas está fora de cogitação.

Em relacionamentos assim revelar, por exemplo, ter feito sexo com outra pessoa uma vez, há vinte anos atrás, numa festa de despedida de solteiro, pode ser tão doloroso que o casamento não suportaria e segredos sobre a vida sexual antes do casamento são carregados por toda a vida. Para eles ser traído é deixar de ser importante para o outro em termos sexuais.

Combinando o pacto
O melhor para prevenir a traição no relacionamento é conversar francamente sobre quanta liberdade cada um deseja e pode oferecer. Criar estratégias para falar sobre desconfianças mútuas sem se agredir mutuamente.

É possível que os casais se relacionem com exclusividade sexual por muitos tempo. Mas tenha em mente que, ao longo dos anos, as promessas são mantidas até certo ponto. É mais fácil manter um pacto de fidelidade sexual se ele estiver alicerçado nas transformações da vida e não num juramento do passado com o qual, talvez, sequer vocês concordem ainda.

Não existe um padrão fixo. Caberá a vocês determinar o que é e o que não é traição nesse relacionamento. As juras de amor e o pacto devem ser reinventados na medida em que julgarem necessário. Mas, independente dos conceitos de lealdade e traição que vocês estabelecerem a auto-estima e o apreço de um pelo outro devem ser preservados para que o amor e a sexualidade se renovem sempre.

O consenso sobre os direitos individuais e imposição de limites garantirá a lealdade que se tornará o norteador para a preservação da qualidade de sua relação em todos os sentidos e um bom antídoto contra o ciúme.

Autor: Sueli Nascimento


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