Paixão, primavera do amor...



Desde o princípio da vida humana, temos nos expressado por amor, com ou sem paixão. Mas, quando nos expressamos por amor, há paixão?!

O que é a paixão? O que nos move, lançando-nos em direção ao bem querer?! O que nos incendeia, transbordando-nos em coragem, para colher no abismo a mais delicada flor do amor?!

Qual razão para explicar tal paradoxo - porque há paixão, há coragem, há força, há brilho; há o fogo libertador de grilhões, que cerceiam a expansão da alma, que se agiganta... Pois que no ar que se acentua, na visão que se aguça, no tato que se volve intenso, no salivar..., vemos a expansão dos sentidos - e, no aumento do fluxo bioquímico, a busca incessante...

Tal a transformação do Ser para alcançar o que lhe é mais sagrado; mais até que a própria vida, pois para quem ama, viver é amar, e a plenitude, fundir-se a quem se ama...

Como aquele que se agiganta, que se incendeia, que expande os sentidos, pode ser capaz de colher a mais delicada flor do amor?!

Como não se consumir no próprio fogo libertador?! Como, com as asas do amor, ao subir aos céus, não se consumir em seu calor?

Eis o paradoxo maior, pois dizia Gandhi: "o amor é a mais sutil força do universo"..., está no mundo, mas é transcendente a ele, é imanente a nós, mas escapa-nos aos sentidos...

Quem há no mundo que já o haja colhido em seus lábios, ou que o tenha guardado em seu peito?!

Há muito que se fala no amor, sem que no entanto se possa entendê-lo... Pois há que se amar para sabê-lo e, em amando, dá-se um passo para a transcendência, pois que o amor "é", sem dúvida, sempre foi o que há de mais sagrado e mais perfeito.

Eis o mistério da fé no amor - porque sua gravidade desperta a chama da paixão para que possamos ousar e, em ousando, movermo-nos corajosamente em direção a quem, ou a que amamos, mas sendo o verdadeiro amor tão sutil, como alcançá-lo se nos agigantamos na forma e na expressão?!

O amor se completa no amor, nenhuma chama o podendo alcançar... Sua gravidade é recíproca, e em não havendo, a paixão extingue-se de per si ou dispersa-se, sem núcleo, lançando-se de um a outro vento até que, por colapso, sua própria essência desponte...

E é na ausência do amor que despertamos para sua presença, que nos afinizamos e o amplificamos em nós mesmos; ajustando-nos aos seus sussurros, permitimos aos pensamentos, palavras e ações, tornarem-se sua mais pura expressão...

Mas como acertar, sem antes não haver morrido; como saber da profundidade do amor, sem que por ele se houvesse lançado ao abismo...?! Como sorrir verdadeiramente, se antes não se chorou por amor?!

Ah, tão doce o é quando tanto se há feito por Ele...E é tentando alcançá-lo que aprendemos mais... Afinizando o tom de nossa voz, o acento de nosso toque, o pousar de nosso olhar, o ritmo de nossos movimentos, o fluxo de nossa alma...

Enfim, é por amor que nos deixamos fluir no encanto do pensamento, que nos evolvemos na harmonia do tom, no fluxo da energia vibrante que nos lança à vida...

Mas qual a fundamental diferença entre o amor e a paixão?! Se houver, será a paixão a mola motriz que nos impulsiona à frente, em busca do amar?

E se em seus sussurros (do amor) não lhe distinguirmos a sombra, e em não o sabendo, não nos lançaríamos às feras da incerteza: vorazes dilaceradoras de nossas entranhas; gelando-nos o sangue, entorpecendo-nos a razão?!

Será antes o amor a razão primeva que na noite escura da alma  sorri-nos sutilmente, vibrando as vibrações em nossos corações e gerando as freqüências e estados de Ser?! Se assim o é, é o sol que aquece nas geleiras, é o norte que nos colhe à deriva, é a alegria do despertar, a doçura do alento...

Aristóteles o sabia como o primeiro motor que move todas as coisas; para mim, o que inspira o motor a sê-lo ou que a paixão sim, é o motor que move todas as coisas inspirada em tornar-se amor...

No entanto, o amor é imanente e transcendente à paixão, e na busca em alcançá-lo em nós mesmos, tornamo-nos ainda mais sinceros àqueles ou a quem amamos...

Leibniz dizia: "Quando se ama sinceramente uma pessoa não se procura o próprio proveito, nem um prazer desligado do da pessoa amada, mas se procura o próprio prazer na satisfação e na felicidade dessa pessoa; e se essa felicidade não agradasse de per si, mas só pela vantagem que dela resulta para nós, já não se trataria de um amor sincero e puro. Convém portanto que se sinta imediatamente prazer na felicidade e que se sinta dor na infelicidade da pessoa amada..."

e Hegel completa: "o verdadeiro amor é identificado com a verdadeira unificação, que ocorre entre seres vivos que são iguais em potenciais e que estão em tudo e por tudo, vivos um para o outro... A verdadeira essência do amor, consiste em abandonar a consciência de si, no esquecer-se em um outro si mesmo e todavia, no reencontrar-se verdadeiramente nesse esquecimento...".

Marco Aurélio Pinto da Fonseca


Autor: Marco Aurélio Pinto da Fonseca


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