OS VENTOS DA MUDANÇA



OS VENTOS DA MUDANÇA
 
Acompanhei um amigo durante algum tempo,
eu sempre o via,
ele sempre sorria.
Sentávamos nos bancos postos à calçada da Avenida Brasil
e ríamos de nossas existências desalinhadas.
O ritmo frenético dos trabalhadores
descompassava com os passos perdidos dos turistas.
 
Quantos vieram, quantos voltaram, quantos ficaram?
 
Em cada partida se perde um cheiro característico da História
que amontoa-se ao perfume
irreconhecível das beldades maquiadas.
Moças e rapazes produzidos para enfeitiçar a vida
espalhando pelos caminhos
o cheiro do suor, do feroz hormônio
para a boa aventura dos ventos da mudança.
 
Cada lugar tem seu cheiro,
até o cheiro tem o seu lugar.
Qual será o nosso lugar neste mundo?
 
Certa vez vi um caminhão na rodovia...
uma família, algumas coisas, um sonho carimbado pela esperança,
e o cheiro do antigo lar a se perder nesse mundo de Deus.
Na primavera o encantamento,
no verão cada momento,
no outono o sofrimento,
no inverno o firmamento.
É  esta a certeza que nos traz o vento.
 
Os fluidos da mudança nos  arremessam
no incógnito destino da brisa.
Quanto mais corremos mais o sentimos
e se pararmos seremos  tocados,
para as pavorosas estradas cujos nomes desconhecemos.
 
Cada lugar tem o seu cheiro
indefectível, solúvel, etéreo.
Eterna torta na cara da vida
recheada com as células dos fatos
e dos fatídicos milésimos das estações.
 
Quem vai ficar?
Quem vai seguir?
Isto ninguém sabe
exceto o meu amigo do banco,
da Avenida Brasil.
Onde ele sopra agora?
Já não sei mais.
Mas sei que leva nos braços
um pouco do bom cheiro de mim.
Autor Edson Rodrigo Fretta 23 de janeiro de 2009 Direitos autorais reservados ©
 



Autor: Leão do Sul ERF


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