Estrangerismo: Enriquecimento cultural ou invasão impestinente?



As línguas mudam incessantemente pela sua própria natureza e pelo contato iminente com as demais; donde decorrem os empréstimos lingüísticos. Os estrangerismos estiveram sempre presentes no léxico da língua portuguesa no decorrer de toda sua história, contribuindo para seu enriquecimento. Mas devido ao emprego excessivo destes (em geral pelos de origem norte-americana: nação econômica e culturalmente ascendente e dominante hoje), nações como o Brasil tem sido alvo de freqüentes críticas, polêmicas e debates; como os que levaram no ano de 1999 à criação de um Projeto de Lei 1676/99 de autoria do Deputado Federal Aldo Rabelo (Pc do B/ Sp), visando dentre outras coisas proteger a identidade cultural da língua portuguesa e, onde se prevê sanções ao uso exacerbado de expressões estrangeiras.

É complicado tentar mudar ou preservar uma língua por intermédio de um Decreto ou imposição de qualquer natureza; até porque a língua tem por característica a capacidade de ser mutável, versátil e dinâmica. Estando ela, por conseguinte, em constante processo de construção. E neste sentido os empréstimos lingüísticos são validos e até enriquecedores, já que contribuem e acrescentam.

Em dias tão globalizados como os nossos é praticamente impossível evitar a entrada de tais expressões no cotidiano dos povos e nações. O mundo moderno e globalizado reduziu distâncias e facilitou o contato entre os povos, permitindo uma maior e mais rápida interação, onde valores, hábitos e expressões cotidianos são constantemente compartilhados. Mas vale frisar que os valores e expressões que mais circulam e, por conseguinte, se impõe são justamente aqueles oriundos de nações que também se impõe cultural e economicamente sobre outras. Fato que explicaria a universalização e/ou imposição da língua norte-americana no mundo hoje.

Toda essa invasão cultural pode ser recebida de braços abertos em prol da própria construção e evolução da língua. Todavia aos excessos, convém cautela. Pois, a mesma globalização que une povos e reduz distâncias pode, mesmo que sutilmente, homogeneizar culturas, levando a padronização de hábitos, costumes e expressões lingüísticas. E assim gradual e paulatinamente degenerar a identidade cultural de um povo: interferindo ou sucumbindo por definitivo sua memória e/ou seu Legado lingüístico cultural.


Autor: leideane valadares


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