Arborização Urbana



1 INTRODUÇÃO

Nas cidades a vegetação presente tem numerosos usos e funções no ambiente. Pode-se perceber nas cidades as diferenças entre as regiões arborizadas e aquelas desprovidas de arborização. Os locais arborizados geralmente se apresentam mais agradáveis aos sentidos humanos. Segundo Sanchotene (1994) e Vidal e Gonçalves (1999), a presença de arbustos e árvores no ambiente urbano tende a melhorar o microclima através da diminuição da amplitude térmica, principalmente por meio da evapotranspiração, da interferência na velocidade e direção dos ventos, sombreamento, embelezamento das cidades, diminuição das poluições atmosférica, sonora e visual e contribuição para a melhoria física e mental do ser humano na cidade.

2 FUNÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES

Apesar de muito da história das áreas verdes urbanas (representada a princípio pelos jardins) ter se perdido no tempo, é possível traçar um perfil de sua evolução. Partindo do seu caráter mítico-religioso, o paraíso prometido no livro do Gênesis da Bíblia, passando por mitos e lendas, estudando os jardins suspensos da Babilônia e chegando aos jardins modernos, observa-se a importância de cada momento histórico cultural desses espaços formadores da estrutura urbana (LOBATO et al. 2005).

Carlos (2004) afirma que a inserção de áreas verdes já fazia parte da estrutura organizacional de cidades desde a antiguidade. Esses espaços arborizados destinavam-se essencialmente, ao uso e prazer dos imperadores e sacerdotes.

Na Grécia, tais espaços foram aplicados, não só para passeios, mas também para encontros e discussões filosóficas. Em Roma, as áreas arborizadas eram destinadas ao prazer dos mais afortunados. Na Idade Média, as áreas verdes são formadas no "interior das quadras" e depois desaparecem com as edificações em decorrência do crescimento das cidades. No Renascimento "transformam-se em gigantescas cenografias, evoluindo, no Romantismo, como parques urbanos e lugares de repouso e distração dos citadinos" (SILVA, 1997).

De forma geral a análise histórica denota não apenas a forte influência do paisagismo sobre o desenho urbano, como a sobreposição existente entre esses campos. Além disto, elucida o momento em que a arborização e os elementos vegetais passam a ser compreendidos como elementos estruturadores do espaço urbano, e têm sua força de tal forma adquirida, que passam a definir novas tipologias e estilos de paisagem e desenho urbano (FARAH, 1999).

Com o surgimento das indústrias e aumento das cidades, os espaços verdes deixaram de ter função apenas de lazer, mas passou a ser uma necessidade urbanística, de higiene, de recreação e de preservação do meio ambiente urbano. A carta de Atena, citada por Le Corbusier, exigiu que "todo bairro residencial deve contar com a superfície verde necessária para a ordenação dos jogos e desporto dos meninos, dos adolescentes e dos adultos", e que as "novas superfícies verdes devem destinar-se a fins claramente definidos: devem conter parques infantis, escolas, centros juvenis ou construções de uso comunitário, vinculados intimamente a vivencia" (SILVA, 1997).

Em face, a composição vegetal vem desaparecendo dos centros urbanos através de ações antrópicas dando lugar a áreas edificadas que impermeabilizam o solo além de refletir de forma mais intensa o calor tornando dessa formas as cidades cada vez mais quentes.

3 ASPECTOS AMBIENTAIS DAS ÁREAS VERDES

Elementos climáticos como a intensidade de radiação solar, a temperatura, a umidade relativa do ar, a precipitação e a circulação do ar, entre outros, são afetados pelas condições de artificialidade do meio urbano, tais como características de sua superfície, o suprimento extra de energia, a ausência de vegetação, a poluição do ar e as características dos materiais e edificações (LAERA, 2006).

Mendonça (2000) citado por SILVA; SILVA; MELO; BORGES; LIMA (2002) afirma que a arborização e/ou paisagismo são componente importante na paisagem urbana, pois fornece sombra, diminui a poluição do ar e sonora, absorve parte dos raios solares, protege-nos contra o impacto direto dos ventos, reduz o impacto das gotas da chuva sobre o solo e a erosão, além de embelezar a cidade.

Segundo Sanchotene (1994) e Vidal e Gonçalves (1999), a presença de arbustos e árvores no ambiente urbano tende a melhorar o microclima através da diminuição da amplitude térmica, principalmente por meio da evapotranspiração, da interferência na velocidade e direção dos ventos, sombreamento, embelezamento das cidades.

O IBAM (2008) reforça a idéia dizendo que apesar das áreas verdes majoritariamente serem desenhadas para a recreação e aumentarem o valor estético de um local, sua utilidade excede amplamente estas funções. Elas podem melhorar a qualidade do ar e da água; proteger a biodiversidade; reduzir a erosão e os riscos de inundação água; permitir o tratamento de águas residuais; dar abrigo à fauna propiciando uma variedade maior de espécies, conseqüentemente influenciando positivamente para um maior equilíbrio das cadeias alimentares e diminuição de pragas e agentes vetores de doenças; reduzir a velocidade do vento; e influenciar o balanço hídrico, favorecendo infiltração da água no solo.

Tudini (2006) cita outros aspectos benéficos da arborização e paisagismo como, por exemplo:

a)Purificação do ar por meio da fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases por meio dos mecanismos fotossintéticos;

b)Melhoria do micro clima do ambiente, por meio da retenção de umidade do solo e do ar e pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas;

c)Redução da velocidade do vento;

d)Influência no balanço hídrico, favorecendo infiltração da água no solo e provocando uma evapotranspiração mais lenta;

e)Abrigo à fauna, propiciando uma variedade maior de espécies, conseqüentemente influenciando positivamente para um maior equilíbrio das cadeias alimentares e de pragas e agentes vetores de doenças;

f)Amortecimento de ruídos, entre outros;

g)Ação sobre o bem estar físico e psíquico do homem;

h)Emissão de fragrâncias agradáveis às pessoas, além de refrescar o ambiente;

i)Suavização do aspecto visual em contraste com o concreto exuberante das cidades.

Meunier (2006) acrescenta que a arborização contribui:

a)Para o aprimoramento da paisagem urbana;

b)Para o controle de enchentes e inundações à medida que melhora as condições de drenagem das águas pluviais, reduzindo também os problemas com erosão e assoreamento;

c)Na redução da poluição urbana onde as árvores desse ambiente têm considerável potencial de remoção de partículas e gases poluentes da atmosfera. No entanto, a capacidade de retenção ou tolerância a poluentes varia entre espécies e mesmo entre indivíduos da mesma espécie. Algumas árvores têm a capacidade de filtrar compostos químicos poluentes, como o dióxido de enxofre (SO2), o ozônio (O3) e o flúor.

d)Mesmo considerando-se que as árvores podem agir com eficiência para minimizar os efeitos da poluição, isso só será possível por meio da utilização de espécies tolerantes ou resistentes. Os danos provocados pela poluição atmosférica podem ser muito significativos, dependendo principalmente das espécies utilizadas e dos índices da poluição.

e)Não só a saúde física dos freqüentadores das áreas verdes pode ser melhorada com a prática de atividades físicas ao ar livre, como a saúde mental recebe benefícios já comprovados por pesquisas científicas;

f)As áreas verdes urbanos são espaços privilegiados para a educação ambiental. Mesmo reduzidas e geralmente isoladas guardam uma riqueza considerável de espécies e processos ecológicos, em plena aridez das grandes cidades;

g)A cidadania ganha com a formação de pessoas que valorizam, respeitam e cuidam dos bens comuns, ao mesmo tempo em que usufruem os seus benefícios. É uma oportunidade para o exercício de convivência solidária entre as pessoas e natureza, para o estreitamento dos vínculos familiares e estabelecimento de novas relações de amizades;

h)A simples contemplação nas áreas verdes possibilita uma experiência estética única, permitindo que se vivencie a harmonia dos elementos naturais, muitas vezes, mais belas do que os artificialismos do ambiente construído. E ainda servem como experiência de vida para uma sociedade consumista que pode se surpreender ao gozar de saúde e bem-estar generosamente ofertados pela natureza;

i)E o valor que se pode atribuir a uma árvore que pode ser sentimental, cultural ou histórico. Alguns deles são valores subjetivos, difíceis, portanto, de quantificar.

Vê-se, pois, que a arborização urbana traz muitos benefícios para a cidade, tais benefícios devem ser preservados para minimizar os transtornos por falta de arborização. Então não há dúvidas de que a arborização urbana é um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos nos centros urbanos, defender o meio ambiente como um direito comum não deve ser apenas uma iniciativa de militantes, mas uma obrigação do governo e da sociedade (SOUZA; PALMERIM; CANTUARIA, 2006).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Em pleno século XXI, está evidente a importância do planejamento do meio físico urbano; no entanto, a preocupação de quem planeja ainda está centrada nas características socioeconômicas, relegando a dependência dos elementos naturais. No decorrer do processo de expansão dos ambientes construídos pela sociedade, não se tem dado a devida atenção à qualidade, sendo as questões ambientais e sociais relegadas ao esquecimento (LOBATO, 2005).

Observa-se dessa forma uma situação de desconforto térmico incompatível com uma boa qualidade de vida. Essa função jamais vai se cumprir em nossas cidades, enquanto principalmente integrantes de regiões tropicais, não enxergarmos as áreas verdes como capazes de cumprir múltiplas funções no espaço urbano.

Sem dúvida, algumas medidas como a arborização de vias públicas, praças, vazios urbanos destinados à área verde, podem contribuir significativamente na amenização do clima urbano e, sobretudo, para a melhoria da qualidade de vida humana.

5 REFERÊNCIAS.


BELENSIEFER, M. Arborização Urbana: Legislação. In: Encontro Nacional sobre Arborização Urbana, 2, Anais… 1987, p 222-236.



FARAH, I.M.C. Arborização urbana e sua inserção no desenho urbano. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. V.7, n.3, p.6, 1999.

LAERA. L. H. N. Valoração econômica da arborização - A valoração dos serviços ambientais para a eficiência e manutenção do recurso ambiental urbano, 2006. 137 f Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) Universidade Federal Fluminense, Niterói – RJ, 2006.

LOBATO, C. R.; ANGELIS. B. L. D de. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções. In: Revista Ambiência. PR v.1 n.1 p. 125-139 jan./jun. 2005.

LOBATO, C. R.; ANGELIS. B. L. D de. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções. In: Revista Ambiência. PR v.1 n.1 p. 125-139 jan./jun. 2005.

MENDONÇA, M.G.Políticas econdições ambientais de Uberlândia - MG no contexto estadual e federal. Uberlândia. Universidade Federal de Uberlândia. Instituto de Geografia, 2000. (Dissertação, Mestrado).

SANCHOTENE, M. C. C. Desenvolvimento e perspectivas da arborização urbana no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2., 1994, São Luís. Anais... São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 1994. p.15-26.

SILVA, E. M.; SILVA, A.M ; MELO, P. H; BORGES, S. S. A; LIMA S.C. Estudo Da Arborização Urbana Do Bairro Mansour, Na Cidade De Uberlândia-Mg, 2002. In: Caminhos De Geografia - Revista On Line, p 73-83.

Silva, J. A. da. Direito urbanístico brasileiro. 2ª ed., São Paulo: Ed. Malheiros, 1997.

SOUZA, Irridênio Magno Castro de; PALMERIM, Manoel do Socorro dos Santos; CANTUÁRIA, Pablo de Castro. Diagnóstico da arborização de praças públicas do município de Macapá-AP, Brasil. Macapá: IMMES, 2006. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia de Florestas Tropicais). 66 p., 2006.

TUDINI, O. G. A arborização de acompanhamento viário e a verticalização na zona 7 de Maringá-PR. 2006. 74 p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual deMaringá, Maringá, 2006.

VIDAL, M.; GONÇALVES, W. Curso de paisagismo. Viçosa, MG: UFV, 1999. 76 p.


Autor: Wellinson Severino


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