O Estado Mínimo Venceu o Neoliberalismo?



Ivan Santiago Silva *

Na conjuntura internacional atual, deparamo-nos com uma imensa anarquia onde Estados, empresas, blocos econômicos, sociedade e informação compõem um imenso mosaico vivo, que age e interage as vinte e quatro horas do dia, em todos os cantos do planeta.

Esta idéia, este conceito, por assim dizer, foi construído nos últimos vinte anos, dignificando a vitoria capitalista sobre os "outros" sistemas e partindo deste ponto, foi restaurado o liberalismo,remodelado, um remake, que foi sabatinado no planeta como o neo liberalismo ( ou novo liberalismo).

O neoliberalismo pode ser compreendido como uma versão agressiva do sistema capitalista, sendo que este segundo se baseia no poder do capital, ou seja, do dinheiro e sendo assim, esta nova fase do sistema foi concebida para maximizar lucros, potencializar as capacidades individuais e se possível, apagar as fronteiras dos países, tornando os terráqueos adeptos de uma cultura, não nos moldes que conhecíamos, mas sim, de uma cultura chamada de Era da Globalização.

O deixar de existir das linhas demarcatórias dos países e permitir que uma cultura globalizada fosse difundida dentro dos mais diversos países foi, claramente, aceita no Ocidente, sendo, é claro, resignificada dentro de cada cultura existente.

O neoliberalismo foi aceito e se assim não foi, tolerado com certeza. O mundo pode contemplar nos anos noventas a Era dos ataques especulativos, onde um movimento vindo do mega investidor George Soros conseguiu travar a economia da Rússia, que dez anos antes era considerada uma superpotência...

Na farra capitalista neoliberal, o planeta assistiu os países em desenvolvimento e os subdesenvolvidos vender empresas estatais e criar inúmeras concessões privadas para atender o capital internacional e para que estes Estados pudessem pagar dívidas, e(x)ternas : todos assistiram a venda de inúmeras estatais, construídas pelas diversas naçõesmundo afora, sobre a lógica de que se tornando privado, as capacidades seriam potencializadas.

Diante disso, os "outros" sistemas sócio-econômicos e as "outras" culturasem maior ou em menor grau, se adaptaram, mas também reagiram. Podemos citar exemplos como a China, que manteve seu comunismo adaptando-o ao sistema internacional dos estados , a India, que manteve muito forte sua cultura, mas se inseriu no neoliberalismo e também o Oriente Médio, que mais defendeu sua cultura do que se integrou.

A forte onde contrária ao sistema capitalista na versão neoliberal foi marcada com sangue na capital do capitalismo internacional em 2001, em Nova Iorque, através dos violentos atentados , que desnudaram o pudor estadunidense, onde um grande símbolo econômico caiu e a sede, do que os Estados Unidos chamavam da maior forças armadas, também foi atingida com homens que defendiam de forma brusca sua cultura, mas portavam apenas facas contra uma potência nuclear.

Os atentados são ilegítimos. A invasão ao Iraque também foi. O massacre silencioso de Israel, sempre Israel, contra os palestinos também.A verdade é que a mídia deturpa informações e ainda não consegue se aproximar da neutralidade científica.

O neoliberalismo foi, como já mencionado, um remake, que se impôs, mas encontrou muita resistência, transformou as Grandes nações em Estados Mínimos, que perderam o poder de ação que detinham antes, não que isto não seja ruim.

Esta versão capitalista diminuiu os cabides de emprego na máquina estatal, criou uma economia mais dinâmica, exigiu mais dos empregados e futuros contratados, mais anos de estudo pelo mesmo salário.Também marchou sobre os diretos trabalhistas, superestimulou toda uma sociedade a comprar, transformando- a em sociedade de consumo.

Diante deste quadro , o estresse, depressão dentre outras são as doenças da moda, do século XXI do capitalismo que potencializa capacidades, mas esgota o ser humano . Estes termos foram colocados até na Lei de Diretrizes de Bases da Educação do Brasil, por um governo neoliberal.

Infelizmente, ou felizmente, o neoliberalismo chegou ao seu final nos Estados Unidos, novamente, onde o liberalismo também findou-se em 1929, na quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.Talvez seja cedo para emitir a morte oficial da versão capitalista, mas é apenas uma questão de tempo.

O liberalismo econômico, proposto por Adam Smith, propunha a liberdade para que a economia se desenvolvesse. O Neoliberalismo veio com o propósito de criar o livre mercado, onde um produto poderia circular livremente pelo planeta Terra. Houve avanços, mas nem tantos.

Tanto o liberalismo quanto o neoliberalismo se auto-destruiram ao buscar indiscriminadamente o maximizar dos lucros. O estado nacional, que todos os livros didáticos e paradidáticos do Brasil, por exemplo, trazem que estava cada vez menor, foi convocado imediatamente para estancar a crise do subprime que se alastrou rapidamente, da forma como o neoliberalismo gostava, por todo o sistema internacional.

Pacotes econômicos duros e vultuosos na Europa e Estados Unidos e reações de todos os governos do planeta frente a crise neoliberal, ou a ameça de falências, desempregos, novas falências e um ciclo de destruição, não mais da versão neoliberal, mas do próprio capitalismo, o que no geral é péssimo.

O neoliberalismo provou em sua época que uma empresa do cacife da Vale do Rio Doce, a maior mineradora do mundo na época,deveria passar pela privatização para funcionar melhor e que o Citybankera um exemplo de gestão. A Geografia, provou o contrário, pois, hoje, o City, vale um terço do Itaú Brasileiro e pretende demitir 50.000 pessoas que acreditaram na eficiência, na gestão, no neoliberalismo, dedicaram muito tempo no estudo para trabalhar nestas grandes corporações fantasiosas ...

Diante deste cenário, onde as práticas do Keynesianismo, ou seja a intervenção estatal é clamada pelos empresários neoliberais, da mesma forma como isto ocorreu após 1929, já não é estranho proclamar que mesmo mínimo o Estado venceu a versão neoliberal e que a partir de agora, Estado, empresários e trabalhadores possam sim desenvolver todas as potencialidades, de todos, lucrar muito, por que não ?, mas que exista bom senso de que o desenvolvimento deve ser para um todo e não para um grupeto muitíssimo seleto a ditar ordens pelo planeta.

Não é destruindo e sucateando, implícita e explicitamente, os sistemas de educação, saúde, previdência, segurança pública , como fez o neoliberalismo que a sociedade irá desenvolver.Afinal, de que adianta ganhar tanto dinheiro, colocar tudo no banco e o mesmoemprestar para quem não pode pagar, por mísera ganância de tentar ganhar um pouco mais, como ocorreu nos Estados Unidos e quebrar, levando ao colapso praticamente todas as economias do mundo ?

Se este dinheiro tivesse sido utilizado racionalmente na economia e na sociedade, como o é em programas sociais brasileiros que incentivam o mercado interno, nada disso teria ocorrido.

Ivan Santiago Silva é graduado em geografia, pos graduado em educação, docente do curso de geografia do Instituto Superior de Ciências Aplicadas na disciplina Organização do Espaço.


Autor: Ivan Santiago Silva


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