Carrapatos - Pequenos Só Em Tamanho



Quando encontramos carrapatos em nossos animais, além do sentimento normal de repudio e nojo, nós devemos também ficar preocupados. A presença do carrapato por si só já é preocupante, afinal de contas, trata-se de um ectoparasito que está alimentando-se a custa do nosso animal, e o que é pior, do seu sangue.

Porém temos que ficar atentos a presença de um terceiro e não raramente um quarto elemento envolvido nesta cadeia alimentar. O carrapato pertence ao filo dos Artrópodes, grupo com maior número de espécies entre todos os animais, são aproximadamente 830 mil espécies, indicando a sua grande adaptação.

Comporta-se como vetor, ou seja, transmissor de muitas doenças, atingindo o homem e vários outros mamíferos, além de outras classes de vertebrados.

Uma das doenças transmitidas pelo carrapato que devemos dar muita atenção é a doença infecciosa causada pelo Babesia sp (figura), responsável pela famosa e perigosa doença como babesiose ou piroplasmose. Como já mencionamos atinge vários animais causando enormes prejuízos como os observados na pecuária, pois pertence ao complexo da tristeza parasitária, debilitando nosso gado. Entretanto, a Babesia canis, transmitida principalmente pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, popularmente conhecido como carrapato do cão, parasita o interior das hemácias (células do tecido sanguíneo responsáveis pelo transporte de gases) levando a sua destruição, e consequentemente a diminuição destas células no cão, resultando em uma anemia hemolítica, que caso não seja prontamente tratada, leva o animal a morte.

Além da babesiose, o carrapato pode transmitir outra doença, cujo agente etiológico (causador) também se alberga nas células do sangue, como os leucócitos que são responsáveis pela defesa do organismo – trata-se da Ehlichia canis, agente da erliquiose.

A destruição dos glóbulos vermelhos pela Babesia leva a uma clássica apatia, caracterizando-se como um dos primeiros sinais clínicos apresentado pelo animal. Pode manifestar-se com maior ou menor severidade e até mesmo passar despercebida pois tudo depende da patogenicidade do agente causador e suscetibilidade do hospedeiro.

O carrapato ao picar o animal para alimentar-se de seu sangue, inocula saliva com anticoagulantes e caso esteja infectado, formas infestantes do protozoário (esporozoíta) estarão presentes na sua saliva atingindo assim a circulação. Estes protozoários invadem então as hemácias onde se reproduzem assexuadamente formando novas formas infestantes que invadem mais hemácias. Os carrapatos infeccionam-se ao sugar sangue do hospedeiro contaminado, passando o protozoário para seus ovos (transmissão vertical)

Além da apatia, podemos observar: febre, anorexia (perda da fome) que leva ao emagrecimento, mucosas sem a coloração característica, além de outras manifestações menos comuns que auxiliam o médico veterinário no correto diagnóstico.

Por tudo isto não devemos deixar de mencionar ao veterinário responsável pelo animal a ocorrência de carrapatos, independente de apresentar sintomas da babesiose. O veterinário suspeitando da infecção por este parasito deve solicitar um exame para comprovar sua presença (pesquisa de hematozoários) e caso seja positivo, iniciará o tratamento, que quando realizado no início dos sintomas, normalmente apresenta um bom resultado.

A melhor maneira de encarar esta doença é a prevenção, ou seja, dificultar ou impedir a presença do carrapato no animal. Para isto ocorrer devemos inspecionar frequentemente os pêlos do animal, utilizar produtos carrapaticidas indicado pelo veterinário para ser utilizado no ambiente e no animal, garantindo uma real eficácia do produto, evitando intoxicação no animal e diminuindo a seleção de carrapatos resistentes. Outra ação fundamental é manter a vegetação sempre cortada em praças e jardins.

Não se esqueça que a presença de carrapatos em nossos animais pode significar grandes problemas.

Figura: Hemácias de um cão com Babesia sp


Autor: josé roberto borelli barros


Artigos Relacionados


O Papel Do BiomÉdico No DiagnÓstico Da Hemofilia A

O Ciclo Do Nitrogênio E A Camada De Ozônio

Giardia Em CÃes Filhotes – Métodos De Controle

Células-tronco

A Química Das Emoções

Cinomose - Como Tratar A Cinomose

Progresso