EMPREGO E DESEMPREGO EM 2009 (1)



EMPREGO E DESEMPREGO EM 2009

 

Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

 

        Falar de emprego e desemprego num momento de crise é muito delicado, precisamos ter o bom censo de avaliar as conjunturas econômicas para dar um panorama mais adequado.

        Nos últimos anos, no mês de dezembro segundo dados do próprio CAGED, em média eram demitidas 320.000 trabalhadores a mais do que os contratados no mesmo período, postos de trabalho geralmente utilizados na indústria. Com encerramento da atividade produtiva anual, em dezembro algumas indústrias demitem uma parte da mão-de-obra no período de férias e retornam a contratar após o carnaval.

        No final de 2008, com os efeitos da crise, além da volatilidade deste volume de postos de trabalho, ocorreu no mês de novembro um recuo na atividade industrial da ordem de 1,7% que representa o fechamento de 233.000 postos de trabalho que somados aos demitidos na construção civil, sistema financeiro, mineradoras e outros seguimentos de serviços, provocou a demissão total de 654.946 postos de trabalho somente no mês de dezembro de 2008, aumento de 104% no volume de desemprego em comparação ao mesmo período de 2007.

        Ao analisarmos os números totais de 2008, podemos notar que ocorreram 16.659.331 admissões, 15.207.127 demissões, prevalecendo um saldo positivo de 1.452.204 novos empregos com carteira registrada, um aumento de 5,01%. Os números são positivos, mas, devemos atentar que o volume de desemprego foi brusco em período de tempo muito curto e depois da crise financeira anunciada em setembro.

       O mercado internacional precisa repor seus estoques e isto pode voltar a impulsionar parte da economia brasileira, mas sabemos que o setor mais afetado é o das exportações, que representam 14% de todo o nosso PIB.

       Ao analisarmos as exportações 7% são basicamente de commodities (produtos agrícolas, petróleo, aço e outros) dos quais, no caso dos alimentos com a falta de produtos no mercado internacional, não tenderá a diminuir, apenas haverá ajuste de preços. Os 7% restantes exportamos para mais de cem países e com volume enorme de variedades itens, por volta de 2% deste total pode ser absorvido pelo mercado interno. Dos 5% restantes do setor industrial afetado, sabemos que 233.000 postos de trabalho foram fechados, do total de 1.165.000 empregos ameaçados.

        Quando observamos estes números prevemos grande volume de demissões ainda em janeiro e fevereiro de 2009 no setor industrial brasileiro que são dependentes das exportações para países mais afetados pela crise internacional.

         Compete ao governo tomar atitudes de preservação destes empregos, que podem gerar uma cadeia eventos, desde linhas de crédito a uma política de trabalho flexível.

         Alguns setores da economia conseguiram melhorias após a crise, como o de vestuário que é uma importante cadeia produtiva empregadora. Aumento de empregos nas empresas de consórcio e alguns seguimentos do comércio e serviços.

         O volume de emprego gerado a mais em 2008, gera automaticamente um volume maior de demanda de produtos e serviços, mas, o momento é de cautela.

          Segundo um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil irá crescer 2,9%, dados mais otimistas que o anunciado pelas instituições financeiras. O país precisa crescer no mínimo 2% ao ano para atender as necessidades de aumento de emprego formal, mas em 2009 precisamos crescer pelo menos de 3% a 4% para recontratar a mão-de-obra dispensada em dezembro de 2008 e que serão dispensadas em janeiro e fevereiro de 2009, isto será possível com algumas ações da equipe econômica.

          Várias medidas já foram tomadas e a partir de março de 2009, com repasse de US$ 20 bilhões das reservas cambiais destinadas ao financiamento externo, para instituições financeiras no exterior, diminuirá a taxa de spread cobrada pelos bancos, o que diminuirá os juros, mas precisam ser tomadas outras medidas neste momento de emergência, dentre eles liberação dos FGTS inativos, disponibilização de recursos para financiamento de infra-estrutura, desoneração da folha de pagamento, antecipação da validade do MEI, garantir financiamentos da habitação, aumentar o volume de programas de treinamento e economia solidária, dentre tantos outros. A diminuição da taxa SELIC em 1% ajuda, mas não é suficiente para impulsionar o mercado.

 

 

 

       

 

 


Autor: Welinton Santos


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