ELEGIA AO RIO DE JANEIRO



Desengano.
O culto soberano
Que seu semblante
Encerra.

Leve o rio,
Tudo seja.
Velem o grão.
Ave, Sombra.

Se ausente de teu seio
Exilado choro
A tua desventura,
E nas áureas entranhas
Da azul, fértil terra
Buscais o pranto
E a guerra.

Leve o rio,
Tudo seja.
Velem o grão.
Ave, Sombra.

Mas sendo a ventura
Assim tão rigorosa
Co'a minha pátria ausente...
Destinado o berço amado
Ao mais profundo reino,
A mais bela
Das gentes.

Leve o rio
Teu desejo.
Amanheça sempre
A aurora.

E se na eterna beleza
Da rica natureza
O loiro fogo queima...
Cruel a desventura,
Cruel por não ter cura.

E se no azul dos céus
A abrasadora chama
Da nuvem mais escura...
Gigante a quem tocara
A parte pobre e cara
Da dura desventura.

Leve o rio
Teu desejo.
Amanheça sempre
A aurora.

E se um povo assim belo,
Em condições rigorosas,
De tantos sacrifícios
E abismais precipícios
Vive vida tão dura...
Cruel a desventura,
Cruel por não ter cura.

Leve o rio,
Tudo seja.
Velem o grão.
Ave, Sombra.

Leve o rio
Teu desejo.
Amanheça sempre
A aurora.










Autor: LUNAS DA SILVA MACHADO


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