Teoria Geral do Sistema



Introdução

A teoria de sistema ou auto-organização criada por Ludwig Von Bertalanffy é uma forma de regulagem dos elementos que ajustam cada sistema organizado. Tudo tem uma figura organizacional, tudo está dentro de um sistema que pode ser simples ou complexo, mesmo que o simples seja complexo, pois demonstra uma facilidade de perceber os elementos que constitui o sistema.

Carlos Cirne-Lima não aceita que a Teoria de Sistema tenha seu início no século XX, mas na filosofia clássica e nos filósofos neoplatônicos. A Causa Sui, que é vista como auto-organização de sistema, busca confrontar as causas e efeitos que os sistemas se apresentam.

Já Maturama não aceita que a causa sui tenha alguma coisa haver com a Teoria dos Sistemas, afirma que ela surgiu no século XX com Bertalanffy e que não tem ligação com a filosofia clássica.

Dentro dessa visão da Teoria de Sistemas, existem elementos que possibilitam discernir com clareza tipos de sistemas, como abertos e fechados, ou seja, os que necessitam de agentes externos para se auto-organizar e agentes internos que se organizam de acordo a necessidade do próprio sistema. Para Prigogine: Antropia é o conceito que determina a desorganização do sistema, tendo um aumento de antropia, e quando se re-organiza, baixa a antropia.

Todos os conceitos aplicáveis são para facilitar e perceber a Teoria dos Sistemas; assim Cirne-Lima tenta desmitificar para o século XX a classificação do surgimento dessa teoria, buscando no Neoplatonismo e na Causa Sui a origem da Teoria sistêmica.

Auto-organização é a forma contemporânea de pensar e dizer o que a tradição chamava de causa sui e, em época posterior, de autodeterminação. A Teoria de Sistema e de Auto-Organização é a roupagem sob a qual se esconde, em nossos dias, a ontologia do neoplatonismo. E é por isso que a Teoria de Sistemas é tão prenhe de soluções: ela é a herdeira intelectual de Platão, Plotino, Proclo e Agostinho, de Nicolas Cusanus e de Giordano Bruno, de Espinosa, Fichte, Schelling e Hegel (CIRNE-LIMA, 2003, p. 19).

Nessa citação, Cirne-Lima vem afirmar que tudo já existia, que a causa sui é a Teoria de Sistema. Busca esclarecer com sua visão que tudo já permanecera e que nada foi criado, mas adaptado, modificado, transformado para outra roupagem como se refere.

Com a dedicatória que Bertalanffy fez a teóricos, filósofos e pensadores, Cirne-Lima percebe que todos que foram citados na dedicatória, serviram de inspiração e que todos tiveram com a causa sui uma relação próxima de organização de sistemas; isso legitima o que Cirne-Lima defende; que a Teoria de Sistemas é originária de Platão e seus seguidores, tendo como base a Ontologia. Desenvolve-se no decorrer dos anos com outros filósofos que vão usar a “Causa Sui” para forjar esta Teoria sistêmica.

A partir de uma compreensão organizada de Auto-Organização, os pensadores medievais se prepararam para deliberar que o homem se tornasse diferente do restante dos outros seres vivos (vegetais e animais).

Vegetais: uma organização de reprodução em série, sem uma indução, ou seja, um sistema fechado e finito. Homem: a diversidade em meio a sua individualidade foi criada por Deus como único, e com possibilidade de aumentar sua capacidade, ou seja, não é um sistema fechado, é infinito.

Poderíamos formar uma fórmula A + B = C ou Corpo + Alma = Ação; essa fórmula vem da Teoria mecanicista, pois coloca Deus como criador em uma ordem de elementos que identifica o cosmo, sendo assim o lugar que o homem ocupa em um universo é designado por elementos ordenados que os medievalistas vão trocar por uma Teoria Mecânica Exata.
Segundo Cirne-Lima:

O homem teria, segundo os pensadores clássicos da Idade Média, uma alma intelectual ou espiritual; esta alma intelectual conteria, dentro de si, além da força vegetativa e da força animal, uma força capacitante mais alta e mais nobre, que daria origem a nossas atividades intelectuais e volitivas. [...] a alma espiritual do homem, entretanto, seria criada, cada uma, individualmente, pelo próprio Deus Criador do Universo. Daí a dignidade do homem e a posição central que o homem ocupa no cosmos (CIRNE-LIMA, 2003, p. 21).

Corpo + Alma = Organização, que é = a corpo vivo, cai por terra à teoria. Esse dualismo antigo, que atribuía à alma a tarefa de organização do corpo, que tinha como poder de transformar um ser inanimado em um ser vivo, foi deixado de lado, pois não condizia mais a realidade que se apresentava com Galileu e Newton, onde explicava melhor as coisas do Universo e os seres vivos.

O mecanicismo foi gradativamente substituindo o dualismo de corpo e alma em uma mecânica formada de elementos mais simples. O universo e o homem passam a ser considerados como máquinas, feito por um grane construtor e que a partir de uma grande organização mecânica trabalha e se desenvolve; esse desenvolvimento da teoria mecanicista se legitima através de descobertas de William Harvey, que explica a materialidade do homem. Abrindo assim, outro entendimento com Lavoisier, onde usa a química aplicada e justificando a estrutura física e complexa do homem.

O dualismo se rompe a partir que as mudanças de pensamentos vão se aprimorando, as descobertas geradas pelo processo da Revolução Científica, demonstram outra visão de mundo, outro pensamento, outras formas de ver como se organiza as totalidades; no desenrolar do tempo, outras teorias se formam como o Evolucionismo e a Química; tudo está entorno de um grande feito, que é o Universo com toda sua estrutura sistêmica e de desenvolvimento.

Esse rompimento de paradigma, favorecendo as novas concepções de pensamentos e novas tecnologias, também sofre uma estagnação como refere Cirne-Lima:

A ciência, de Galileu para cá, fez avanços fantásticos e mudou completamente nossa concepção sobre o que é o ser vivo, sobre o que é o Universo. A Teologia, entrementes, sofre uma dolorosa estagnação e a Filosofia, para não passar maiores vexames, abandona sua pretensão de universalidade, abandona por completo a tarefa de fazer uma Filosofia da Natureza, e passa a tratar apenas da Lógica, da Linguagem e da Ética (CIRNE-LIMA, 2003, p. 23).

Novos paradigmas se formaram com o rompimento do pensamento Medieval, outros tempos e outras maneiras de ver o mundo, tornou-se uma constância na virtude do homem, cada nova maneira de perceber sua existência sofre uma influência interna ou externa dentro do processo construtivo do saber.

Nesse caso podemos perceber que estamos em um sistema, onde também podemos ver que está fechado ou aberto esse sistema, de acordo com a influência que o meio flexiona as necessidades do homem.

Para autores como Apel e Habermas, existem três paradigmas hoje na história da Filosofia: o do ser (antiguidade e Idade Média), o sujeito (Modernidade) e Linguagem (Contemporânea). Esse pensamento remete a Filosofia para uma disciplina que possibilita mais uma maneira de pensar, deixa perceber que a filosofia e seus filósofos abriram espaços para outras disciplinas e se colocou em uma margem do saber, como uma ciência sem muita importância.

Para Cirne-Lima, se a filosofia tem que ficar nesse lugar, que ela escolheu, seus dias está contado, pois nada mais valerá filosofar. Se existe um organismo existe um sistema. E dentro desse sistema quando existe uma ruptura, os elementos naturais do sistema formam outro sistema, que vai se adaptar com mais lentidão, mas vai regenerar o todo.

No século XIX, os paradigmas não terminam, depois do paradigma da alma nos seres vivos, agora outro dualismo; a manutenção da vida, nesse caso, a vida existe sem um corpo, sem uma maquina que a carregue.

No século XX, Einstein com sua relatividade põe em xeque a mecânica de Newton. Muda a compreensão do Universo, muda o pensamento como um todo. A Teoria da Relatividade surge com uma nova postura, ela não vem só se apresentar como teoria, mas como um conceito de coisas que se manifestam em constantes movimentos, muitas vezes se repetindo ou criando sistemas internos de soluções às adversidades variadas.

Com as novas tendências compreencitivas de universo, novas formulas de percepções, e todas as diferenças expostas, o mecanicismo começa a se usado em poucos lugares do Universo, ou seja, passa a se logar em um universalismo limitado, onde não resiste por muito tempo e a caba enfraquecendo e sumindo dentro do próprio sistema, dando uma possibilidade de outro meio de entendimento Universal, A Teoria de Sistemas.

Para Ross Harrison, Lawrence Henderson, Joseph woordger e Joseph Needham:

[…] o fato inegável de que não são as partes como partes que constituem aquilo que chamamos de vida. Não são as partes, mas sim as relações existentes entre as diversas partes que constituem a unidade organizada do ser vivo. Á vida é o organismo, organismo é o nome que damos à harmonia hierárquica das relações existentes entre as diversas partes que constituem um ser vivo (CIRNE-LIMA, 2003, p. 26).

Cada parte que constitui o ser vivo pode ser compreendida como sistemas dentro de sistemas, sendo eles fechados e não tendo influência externa, mas dependente entre si um do outro, ou seja, com uma seletividade dos sistemas internos do ser vivo cada elemento que produz essa seletividade, demonstra uma função, sendo essa, decorrente de outro elemento que pertence a outro sistema, sendo interligados e dependentes uns doutro. Assim, os elementos do sistema é que define que tipo de substância será aproveitado pelo sistema, determinando as propriedades de cada substância absorvidas.

Daí, o que nos refere à denominação de organismo, órgãos sistemáticos de funções que segue um padrão pré-estabelecido gerado pelo sistema geral. Um sistema dentro de outro sistema, seguindo um aninhamento que se localiza dentro do ambiente universal. Então, tudo está dentro do Universo, ou seja, o todo é o Universo.
Cirne-Lima define com certo cuidado, um conceito sobre a Teoria Geral dos Sistemas:

[...] Sistema é um processo circular que, embora sob o aspecto energético seja aberto para o meio ambiente, sob o aspecto estrutural ou organizacional é fechado sobre si mesmo, que é estável, que se retrodetermina (feed back), se realimenta, se recompõe e se reorganiza de maneira plástica a partir de seu meio ambiente, que exerce seletividade em suas interações para com este, que em muitos casos replica ou reproduz que, quando afastado do seu ponto de equilíbrio, em muitos casos, engendra novas formas de organização e comportamento, as quais se inserem num processo de evolução que é regido pela lei da coerência universal (seleção natural) (CIRNE-LIMA, 2003, p. 27).

O Sistema visto como circular não está finito, mas infinito, fica se reproduzindo de maneira constante causa efeito. As causas e efeitos são a circularização do Sistema e sempre que uma causa torna-se um efeito, esse provoca outra causa. A linearidade na causa é a concepção de causa efeito, isso dentro do Sistema levando-nos aperceber o porquê dos efeitos de causas, são eles por motivos que tem entidades diversas como causadoras de causas.

O Sistema Circular – que foi colocado como exemplo, sendo a geladeira e seu sistema organizacional – tem a necessidade de energia externa para seu funcionamento, o exemplo que foi dado é auto-regulável, mas para seu funcionamento a energia é fundamental.

O Sistema Circular, hoje é entendido como um sistema complexo pela sua funcionalidade. Sua estrutura é circular e fechada, mas também é aberta pelo aspecto energético. Assim formando um conceito de plasticidade no sistema.

A plasticidade é o momento de auto-organização, o sistema se movimenta em busca de um equilíbrio, pois foi desestabilizado; desta forma, a plasticidade é o não aceitamento da desestabilidade, ele não fica desestruturado, acomodado, ele se manifesta e se reorganiza buscando a estabilidade.

A diferênça entre Sistema Linear fechado ou aberto, só pode ser percebido nas máquinas ou organismos; já o ser vivo não poderá ser classificado assim, pois é complexo e não linear, e sim circular.

Na auto-organização o sistema é seletivo, ele se molda para concertar o desequilíbrio que sofreu, não permitindo nada estranho que não faça parte de sua estrutura. Existem muitos tipos de energias para sistemas fechados, e cada um usa o meio ambiente como fornecedor energético para manutenção do sistema, para isso existe a seletividade que parte da auto-regulação cognitiva.
Como se refere Cirne-Lima:

Os sistemas de auto-organização na forma de seres vivos caracterizam-se pela complexidade que apresentam; a busca de energia do meio ambiente neles faz de maneiras extremamente complexas, por exemplo, pela fotossíntese e pela ingestão de alimentos situados em determinados segmentos da cadeia alimentar. Além da busca de energia, a interação seletiva com o meio ambiente inclui outras características (CIRNE-LIMA, 2003, p. 32).

A forma dos seres vivos terem a auto-organização é por possuírem o cognitivo – e somente o homem possui a cognição – assim as máquinas não se auto-regulam, necessita da influência externa, a cognição humana que serve como mecanismo organizacional para as máquinas, ou seja, influência externa no sistema. A complexidade do sistema como forma cognoscível é encontrada nos seres vivos de mais simples estruturas, passando cada vez mais para estruturas complexas; cognição mais a seletividade de informação gerada pelo homem são iguais ao ser pensante.

Genoma, esse elemento tem característica nos seres vivos que se reproduzem que possui código genético, como elemento reprodutivo, não precisa de nada externo para se auto-reorganizar, é fechado, exclusivo dos seres, mas aparece também em cristais em processo autocatalíticos.

O genoma possui todas as qualificações que um sistema organizado possui como: circularidade, abertura e fechamento, estabilidade e plasticidade, seletividade, mas o genoma só existe nos seres vivos.

Na teoria de Sistemas Auto-reguláveis, Prigogine define que o sistema é dissipativo, pois consegue ter pontos de auto-organização que decidem como vai se organizar o sistema, ou seja, a teoria de Prigogine trás novos elementos que produz conhecimentos de pontos reoganizacionais dentro do sistema, onde esses decidem sobre a vida útil de cada sistema, assim como um processo de mutação, onde os elementos que fazem parte dos sistemas se transformaram de acordo com as necessidades de cada sistema organizacional.

Prigogine define um ponto, sendo esse chamando de “ponto de equilíbrio” o que faz o sistema se organizar, cada ponto produz uma estabilidade sistêmica. A ordem causa a desordem, é o ponto de estabilidade ou de caos, pois é a partir desse que a organização se apresenta; mas é essa tensão que movimenta o sistema. No sistema das máquinas, não são produzidos outros modos de sistemas, somente quando preparados ou programados.

Os sistemas dinâmicos podem engendrar novos sistemas, assim o processo da Teoria da Evolução se faz presente. Nesse ponto a ordem e a desordem são mecanismos próprios do sistema. Coerência ou seleção natural, os sistemas estão um dentro do outro, causando uma seqüência ate chegar a um universo, sendo esse último, um sistema maior que não possui nada além dele mesmo.

A lei da coerência está formada, a partir do processo da evolução cada sistema necessita do outro para se auto-organizar tendo um caminho evolutivo até o universo. Nesse primeiro sistema auto-organizado, a energia é interna, não possui influência externa, não existe nada fora dele, então, sua energia é independente, pois esse universo como sistema, rege os outros sistemas internos e cabe a ele fornecer a energia interna para ele, e externa para os outros sistemas.

Filosofia da auto-organização

Causa efeito no núcleo duro da Teoria da Auto-Organização, a circularidade da série causal é o movimento que se efetiva e auto-organiza, estando ele sempre antes do efeito, perfazendo cada efeito como uma causa nova na forma de desequilibrar o sistema que vai se auto-regular. Então, o efeito está fora de sua causa, transformando-se em causa e se modificando em última causa, sendo a primeira da série, pois o movimento é circular.

Segundo Cirne-Lima:

O processo causal fica, assim, circular, pois o último efeito torna-se também causa e determina a primeira causa da série. Reduzindo a série causal linear a seu tamanho mínimo, ou seja, a dois elementos, a causa que o causou. A causa aparece, aqui, como sendo causa de si mesma: causa sui. Esta teoria defendida por Plotino e Procolo, por Nicolaus Cusanus, por Espinosa, Schelling e por Hegel; esta é a teoria sem a qual não se compreende o núcleo duro dos sistemas neoplatonicos, de Plotino até Schelling e Hegel (CIRNE-LIMA, 2003, p. 38/39).


Quando Schopenhauer se pós contra a Causa Sui, teve uma lógica de entendimento que não existe um efeito fora da causa, sempre que pensamos nisso, queremos encontrar um efeito que se transforma em causa, mas para ter um efeito, tem que existir uma causa. Ele entende que para causa existir, tem que ter um efeito fora da causa.

A crítica é feita, quando que as causas sem efeito não podem ser causa, e se não tem efeito não aconteceu nada, se não aconteceu nada não teve causa, então o sistema é fechado e sem movimento. Mas como entender esse argumento?

Se uma coisa pode existir e não existir, mas de fato existe, então tem que haver uma razão suficiente que explique por que ela de fato existe, ao invés de não existir. Leibniz afirma, com toda a razão, que o Princípio de Não-Contradição e o Princípio da Razão Suficiente são os pilares sobre os quais repousa o arcabouço de toda a racionalidade (CIRNE-LIMA, 2003, p. 39/40).

Quando Cirne-Lima busca legitimar que a Teoria de Sistema é, decorrente da filosofia clássica e neoplatonismo que usa a causa sui. Ele encontra em filósofos as críticas ou teorias que realmente deixam explícito esse processo. Em Schopenhauer ele encontra uma resistência quanto à causa sui; já em Heger a Teoria se legitima e se apóia enquanto teoria de Auto-organização.

O universo sobre acrítica de não ter uma causa causante, e também uma causa causada, mas é um sistema organizado independente, não necessita de causas externas para ter efeito como causa; é a causa sui da doutrina neoplatônica. Tomás de
Aquino afirma que Deus é a causa, uma causa de si mesmo, como uma necessidade por ser o criador, e por ser criador e tudo que foi criado a partir de uma razão suficiente, onde os seres criados têm sua razão fora de si; pois Deus foi quem os criou. E Deus teve umas causa para criar o universo?

Os Tomistas definem uma simplicidade complexa de Deus como sendo sua razão suficiente imposta em si mesmo, como necessidade fundamentando-se em uma pureza de existir sendo ele próprio a causa e efeito – causa sui –. A indigência de Deus com sua existência, não pode ser simples vontade, por que, a simplicidade e forma de ato de criação são complexas por ser essência, sendo essa simples por sua existência.

Criação como ato livre: que é complexa sua existência por ser a vontade de dentro. Então, sendo do interior a vontade, não há causa que formou um efeito, mas sim um efeito primeiro, a vontade interior, a razão suficiente. Também poderia ser analisado como autodeterminação, como conseqüência do poder da ação, da possibilidade formando assim um conceito de liberdade.

Em especial o uno é causa de si mesmo, é o princípio, o núcleo duro da causa, a origem do princípio e tornando o sistema circular mais próximo da causa sui. Hegel busca esclarecer como se molda a causa e o causado, buscando em palavras tornar possível o entendimento da que Plotino classificou como uno. O movimento circular atua sobre si mesmo, conceitua como surge o uno no processo de teorização dos sistemas, demonstra a espisteme do núcleo duro.

Segundo Cirne-Lima:

Estão conciliados por serem momentos complementares de um único e mesmo processo que está em movimento circular. A circularidade explica como e porque os aspectos se fundem numa unidade mais alta e mais nobre. [...] o momento ativo atua sobre si mesmo, engendrando dentro de si o momento passivo. Mas este momento passivo atua de volta sobre o momento anterior, de sorte que ele deixa de ser passivo e torna-se ativo (CIRNE-LIMA, 2003, p. 45).


Toda vez que buscar um fundamento do fundante, vai se perder ao longo do infinito, pois não se chega a um conceito exato. No aprendizado da Teoria dos Sistemas com relação à circularização, a busca da essência traz consigo a aparência de arrasto, pois nem tudo que se apresenta é essência.

Tanto a essência quanto a aparência, são formas de fazer valer certa norma; que se constituem quando percebemos algo além do pensamento de senso comum, percebemos que estamos conseguindo ver à essência de algo, mesmo que a aparência não seja algo bonito, mas verificamos um movimento intrínseco que nos leva a perceber algo mais completo que existe como a aparência.

A linearidade deixa perceber uma antítese de definições, sendo primeira vista, a aparência refletindo a essência ou vice-versa, mas fica difícil se perceber qual é uma ou outra com certeza. Nesse caso, Cirne-Lima tem uma boa definição:

Mas se a aparência é a essência que se está mostrando, e se a essência é aquilo que a aparência apresenta, então essência e aparência são apenas dois aspectos da mesma coisa. Essência e aparência, enquanto se opõem como tese e antítese, isto é, enquanto posta de maneira linear, um contra a outra, levam a um processus ad infinitun (CIRNE-LIMA, 2003, p. 47).


Na circularidade as tensões de tese e antítese não aparecem mais, por que tanto essência ou aparência formam uma unidade, tendo como uma legal tendência de lógica de Hegel. Tanto essência ou aparência, ou causante e causado, são elementos funcionais de um sistema de percepção, cada um tem sua função dentro de um contexto de sistema organizado.

Quando percebemos as causas e efeitos de um sistema, sendo esse efeito a origem de uma nova causa, o movimento circular e tido como causador dessa ordem, não o Sistema Linear, também poderia ser chamado de ativo e passivo.

Filósofos como Plotino e neoplatonicos como Hegel também tentam desvendar a Teoria de Sistema e sua circularização, como causa e efeito, buscam no conceito de razão suficiente legitimar a Teoria Sistêmica como nos seres vivos. A razão suficiente como conceito é definido por elementos que se constituem no interior dos seres, e a partir desse elemento os seres vivos tem como causa causante de sua necessidade buscando dentro de seu sistema organizado essa razão suficiente como origem, tornando-se Auto-Organizado.
Cirne-Lima diz:

Não adianta procurarmos fora, porque não encontraremos: ela não está fora, está dentro. A razão suficiente que está dentro de um ser faz que esse ser explique por si mesmo, que ele se determine por si mesmo, que ele seja um ser autodeterminante e auto-organizado (CIRNE-LIMA, 2003, p. 48).

A circularidade: a doutrina de Aquinate não vê como causa efeito a causa sui, Tomás de Aquino mesmo não concordando, usa causa sui para alguns problemas que não encontra soluções, como a causa de si mesmo.

Na Idade Média e posteriormente na Renascença, a teoria filosófica usada foi que não existia a causa sui, ela foi afastada do processo causa efeito; dando lugar ao mecanicismo que toma conta com sua nova concepção de criação nesse período. Cientistas como Newton, Kant, Schopenhauer, traçam teorias que afastavam as concepções de causa sui, mas com Tomás de Aquino, a causa sui é empregada em alguns casos e renegada em outros.

Com Bertalanffy a Teoria de Sistemas se justifica, ele busca nos filósofos neoplatônicos as vertentes da teoria da auto causação da teoria filosófica da ontologia neoplatônica. Buscou a causa sui e transformou-a em Teoria de Sistemas, traduziu e modificou a linguagem para melhor compreensão, assim os pensadores Plotino, Procolo, Cusanus, Espinosa, Hegel, transformaram-se nos domínios dos filósofos da dimensão da Teoria de Sistemas.

A totalidade do universo como causa natural e promovendo modificações espontâneas no meio desse universo ainda contempla uma circularidade onde as transformações naturais deixaram um rastro de mudanças; e principalmente os desenvolvimentos que a natureza apresenta.

Características de unidade de desenvolvimento do pensamento através do homem é uma relação de coisas que dentro de um processo de desenvolvimento evolutivo se transformou. Então, houve uma causa inicial que gerou um efeito inicial; que possibilitou as trans formações.

A natureza como um sistema Auto-Organizado, ela cria, recria e transforma, então, se apresenta dentro de uma circularidade de causa e efeito, causa sui, onde tudo depende de tudo. Quando Schelling descreve a natureza, estabelece um novo equilíbrio, é como o que foi visto anteriormente. O sistema que sofre alguma desestabilidade busca equilibrar-se e se reorganizar.

Com tudo que foi citado, dentro de uma verdade sobre originalidade da Teoria de Sistemas, Cirne-Lima define e põe em xeque que, a Teoria de Sistemas é a causa sui com sua circularidade. Ele demonstra que os filósofos neoplatônicos já se apropriavam da causa sui como mecanismo desvencilhador dos questionamentos naturais da filosofia; sendo assim, sua crítica é voltada para uma questão de Teoria Sistêmica com sua outra roupagem, onde com uma linguagem mais apropriada para o século XX foi introduzida, mas afirma que a Teoria dos Sistemas é a causa sui de Platão.

Referência.

CIRNE-LIMA, Carlos. Dialética e Auto-Organização. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2003






Autor: Prof. Ubiratã Ferreira Freitas


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