A Mulher Como Símbolo Do Mal



Os inquisidores que escreveram a obra, que se trata de um manual, o manual da Insiquiçao Heinrich Kramer e James Sprengeer, salientando que foram abençoados e protegidos pela bula papal.

Para a época o inquisidor era sincero, pois trabalhavam pela salvação e libertação das almas.

Essa afirmação é básica para entendermos e compreendermos a Inquisição, pois o real objetivo do inquisidor não era matar o herege e certamente toda fogueira era um fracasso para o mesmo, o objetivo do inquisidor era obter a confissão do acusado que dava acesso à misericórdia infinita de Deus e reintegrava o acusado a comunidade cristã.

A inquisição apresentava uma patologia coletiva de caráter (psicopática) através da qual distorcia o pensamento dos maiores doutores e santos da Igreja.

As pessoas tinham o dever de se comportar conformar conforme o exigido. Qualquer mudança na conduta causaria suspeita e viria a provocar a cólera de Deus acrescentando que representava um perigo para toda a comunidade.

O inquisidor torturava o corpo de suas vítimas para o bem, para salvar o que realmente a importa para o bem de suas almas.

A imaginação dos juízes não na execução dos castigos não tinha limites. Queimar o herético era acima de tudo apagar o seu crime contra a fé e especialmente contra Deus.

A prática da morte na fogueira é muito antiga, essa ação condenava à fogueira pessoas que poderiam vir a prejudicar a ordem social, dessa forma os criminosos e seus atos estariam purificados, ressaltando que esta atitude serviria de lições e certamente amedrontaria qualquer indivíduo. A inquisição antes de tudo seria um manipulador social.

É notório em todo processo inquisitorial que a mulher é o grande centro desse genocídio, mas qual seria o real motivo disso tudo?

É impressionante como a Bíblia nos mostra elementos que caracterizam essa real desigualdade entre homens e mulheres. A começar pela criação da humanidade. Deus, primeiro criou o homem vendo-o tristes e solitários fê-lo dormir profundamente e resolveu tirar-lhe uma das costelas para a confecção de uma acompanhante: a mulher, e esta que deveria ser sua parceira, usou do seu poder de sedução e fez com que o homem também cometesse pecado e ambos foram expulsos do paraíso e receberam seu castigo e até hoje sofremos e pagamos por isso.

Este ódio à mulher misturou-se na Inquisição e no Malleus à atração mórbida por ela devido a sua sexualidade culturalmente reprimida e a sua desvalorização na Igreja.

A mulher é tida como um ser mais carnal que o homem e foi formada de uma costela torta do homem, por esse motivo é um ser imperfeito que engana sempre.

Em civilizações antigas como descreve a Bíblia no livro de Eclesiástico, em uma sociedade patriarcal, onde prevalecem os valores masculinos, a mulher é sempre vista com certa desconfiança e até mesmo como um perigo.

Não tenha ciúmes da esposa que você ama, para que ela não aprenda a maltratá-lo. Não se entregue a uma mulher para que ela não o domine. Não vá ao encontro da mulher fácil, para não cair em suas artimanhas. Não se entretenha com uma tocadora de lira, para não ficar preso em suas artimanhas. Não fixe o olhar numa virgem, para não ser castigado com ela. Não se entregue as prostitutas, para não perder o patrimônio que você tem. Não fique olhando pela rua da cidade, nem vagando em recantos solitários. Desvie o seu olhar de uma mulher bonita e não fite uma beleza que não pertence a você. Muitos já se perderam por causa de uma bela mulher, por que o amor por ela queima como fogo. Nunca se assente a mesa ao lado de uma mulher casada, nem festeje bebendo vinho com ela, para que seu coração não se enamore para a ruína.
(ECLESIÁSTICO. 9,1-9)

Essa descrição da mulher reflete bem os preconceitos da sociedade patriarcal, o único lugar cabível para a mulher é justamente o matrimonio.

Temos nesse trecho uma espécie de manual ético: como tratar uma mulher, quais são os sentimentos permitidos. Deixa nítida essa noção ameaçadora, essa noção de perigo e a relação de poder que a sociedade enquanto família e posteriormente o marido detém sobre a mulher. O terrível destino da mulher: sair casa do pai, que era seu dono e senhor, e ir à casa do marido, que agora é a quem deve respeito e obediência.

Nenhuma ferida é como a do coração, e maldade nenhuma é como a do coração da mulher! Nenhuma desgraça é como é causada pelos adversários, e nenhuma vingança é como a dos inimigos. Não há veneno pior do que o veneno da serpente, nem ira pior do que a do inimigo. Prefiro morar com leão ou dragão a morar com mulher maldosa.

A maldade de uma mulher muda a sua fisionomia, e seu rosto fica tenebroso como o de um urso. Seu marido vai sentar-se no meio dos vizinhos e, constrangido, suspira amargamente. Qualquer maldade é um nada diante da maldade da mulher: caia sobre ela a sorte dos pecadores! Como ladeira de areia para os pés de um velho, assim é a mulher faladeira para um marido pacifico.

Não se deixe prender pela beleza de uma mulher, nem se apaixone por ela, motivo de irritação, desprezo e grande vergonha é a mulher sustentar o marido. Coração abatido, rosto triste e coração ferido, é a obra da mulher má. Mãos inertes e joelhos vacilantes é a mulher que não torna feliz o próprio marido. Foi pela mulher que começou o pecado, e é por culpa dela que todos morremos. Não deixe a água escapar, nem dê liberdade de falar para a mulher má. Se ela não obedece às ordens que você lhe dá, separe-se dela. (ECLESIÁSTICO. 25,12-22)

Esse trecho do livro de Eclesiástico resume muito bem, a idéia dos medievos, enquanto sociedade patriarcal período cujo qual a inquisição estava à tona e as noções de comportamento pré-estabelecidas principalmente naquele período em que o demônio estava impregnado no imaginário medieval.

Sabemos que no período medieval as mulheres não podiam demostrar o que realmente sentiam e como a idéia do demônio estava viva qualquer atitude poderia ser suspeita.

Feliz o marido que tem mulher virtuosa; a duração de sua vida será o dobro.

Mulher habilidosa é alegria para o marido, que viverá em paz por toda a vida. Uma boa mulher é uma sorte grande, que será dada aos que temem ao Senhor. Rico ou pobre estará contente e terá sempre rosto alegre.

Meu coração teme três coisas, e uma quarta me assusta: calunia espalhada pela cidade, revolta do povo e acusação falsa. Tudo isso é pior que a morte. Mas a mulher ciumenta de uma rival causa grande dor e aflição. E praga da língua é o ponto comum de todas essas coisas.

Mulher má é canga de boi mal ajeitada, e querer dominá-la é como pegar escorpião. Mulher embriagada provoca indignação, e não consegue esconder a sua inconveniência. A má conduta da mulher se manifesta na excitação dos olhos, e se reconhecem pelas pálpebras. Reforce a vigilância sobre a filha impetuosa, para que ela não se aproveite da fraqueza que você tem. Cuidado com os olhos desavergonhados dela, e não estranhe que ofenda você. Como viajante sedento, ela abre a boca e bebe qualquer água que encontra; ela se assenta diante de qualquer estaca e abre aljava para qualquer flecha.

Mulher graciosa alegra o marido, e com seu saber o fortalece. Mulher discreta é dom do Senhor e mulher bem educada não tem preço. Mulher modesta duplica seu encanto e não a valor que pague a mulher casta. Como o sol levantando-se sobre as montanhas do Senhor, assim é a beleza da mulher em sua casa bem arrumada. Como lâmpada brilhante no candelabro sagrado, tal é a beleza do rosto num corpo bem acabado. Coluna de ouro sobre bases de prata, assim são as belas pernas sobre sólidos pés.

E como já foi mencionado as pessoas tinha que obedecer a um padrão social, se comportando como o exigido, principalmente as mulheres, já que eram mais facilmente acusadas de bruxaria. 

É observável nesse trecho quais devem ser as virtudes de uma mulher para que assim possa vir a alegrar o marido, já que essa era sua única função, como por exemplo: a modéstia, a educação para o lar,  o zelo com a casa e para com os filhos, e em especial a atenção com a virgindade que tornava uma mulher ainda mais bela. (Lembremos aqui de Maria que necessariamente apresenta todas essas qualidades), ainda que não fosse. O pai servia como uma espécie de vigia que devia preservá-la casta até o casamento, mas sempre deixando explicito a ameaça que a mulher oferece.

Esse poder crescente atribuído ao demônio era acompanhado do reconhecimento cada vez maior de casos de bruxaria, configurando um ataque crescente a mulher como sua consorte.

Deus de certa forma permite que o diabo cometa o mal, faça o mal a humanidade, e o que Malleus acredita é que é impossível o demônio cometer esse mal sozinho...precisa de um ajudante, de uma colaboração. Realizar certos prodígios muitos vezes atribuídos à ação de certas bruxas

Mas ele, o demônio, não necessariamente precisa de uma ajuda, pois visa à perdição de suas vítimas. O demônio sente prazer em desvirtuá-las.

Malleus tenta mostrar que o Inquisidor é um agente de Deus sobre a terra, e ele está fazendo um favor ao acusado de heresia. Já que o demônio o usou como meio para seus malefícios, e o acusado, o herege, não se manteve firme na fé e na vontade de Deus.

Os inquisidores diziam lutar contra o demônio para salvar a alma de volta a Cristo

Em Malleus vemos que o diabo consegue atacar mais facilmente a mulher, por se tratar de um ser frágil, fragilmente impressionável, sendo mais fácil então corrompê-la e como a mulher possui uma língua traiçoeira, necessitam então espalhar tudo o que aprendem.

Por serem mais fracas na mente e no corpo, não surpreende que se entregue com mais freqüência aos atos de freqüência.

O Martelo das Feiticeiras, mostra que a mulher tem um forte poder sedução e usa frequentemente desse poder para cometer bruxaria: enganar os homens, pois Malleus diz que Eva foi tentada pelo demônio, mas este não tentou o homem. O homem pecou por que acreditou em Eva.

Levando isso em consideração, o diabo usa da ingenuidade da mulher para atingir o homem.

E quando Eclesiástico nos fala em armadilhas devemos fazer referências ao pecado.

Malleus mostra que toda bruxaria tem origem na cobiça carnal insaciável nas mulheres e a sexualidade é o ponto mais vulnerável do homem e que é justamente por este amor carnal que faz o homem cair em tentação e por em duvida sua fé.

BIBLIOGRAFIA

HEINRICH, Kramer; SPRENGER, James. O Martelo das Feiticeiras. 13°ed. São Paulo: Rosa dos Tempos, 1998.

Bíblia Sagrada, São Paulo, Paulus, 1990.

Autor: Gianne Carline Macedo Duarte


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