O Baixo Status Social da PROFISSÃO PROFESSOR



O baixo status social da PROFISSÃO PROFESSOR

Alguns estudos sociológicos demonstram que algumas áreas profissionais vêm evoluindo socialmente, principalmente nas áreas biológicas (médicos, enfermeiros, biólogos), exatas (todas as engenharias, física, química) e humanas (advogados), mas a profissão que vem sofrendo, cada vez maior desgaste, é sem dúvida a do professor. No entanto sabemos que toda profissão se constrói em cima de uma identidade e esta, por sua vez, não é adquirida, não é uma propriedade e não é um produto, mas sim, um lugar de lutas e de conflitos, um espaço em construção de maneiras de ser e de estar na profissão. Dependente exclusivamente do momento social e histórico que se está vivendo e do reconhecimento da sociedade em que está inserida.

Atualmente, é possível perceber que a profissão professor vem sofrendo uma terrível crise nasua identidade, isto é, na maneira de ser na profissão. Uma crise no ato de professar e que implica, entre outros problemas, na dificuldade de interação social dentro e fora da escola; no descontentamento pessoal do professor na realização das suas atividades e na descrença do seu papel social. No entanto entendemos que não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação e participação de professores. Esta afirmação parece ser de uma banalidade a toda prova, mas, no entanto, vale a pena recordá-la mediante o fato de os professores estarem vivendo hoje, um momento de críticas e reprovações.

Faço parte de uma "elite" de professores formados pelo Instituto de Educação do Rio de Janeiro nos chamados "Anos Dourados". Fui uma das últimas normalista! Valorizadas e eternizadas até em verso e prosa, e na música "Normalista" cantada por Nelson Gonçalves... vestida de azul e branco trazendo um sorriso franco no rostinho encantador, minha linda normalista rapidamente conquista meu coração sem amor...Até hoje me lembro do sentimento de orgulho em vestir aquele uniforme, um sentimento só comparável ao dos meninos do Colégio Militar. Éramos sim, respeitados e admirados pela sociedade daquela época. Ter uma professora na família era algo dignificante e o orgulho de todo pai, porque significava a certeza de um futuro de uma vida digna e respeitável, além claro, de segurança de emprego. Saíamos formadas e inseridas na carreira do magistério oficial. Um prêmio para quem teve que passar por um "vestibular" em que 15 mil candidatos disputavam duas mil vagas!

Mas ao mesmo tempo, o preconceito de que ser professora era apenas um estágio para esperar marido, era revelado pelos acadêmicos de medicina que na época nos chamavam de caçadoras de esmeraldas, (se achavam!) Mas, a normalista linda não pode casar ainda. Só depois que se formar...Eu estou apaixonado. O pai da moça é zangado e o remédio é esperar. Mesmo assim nossa identidade era firmada no respeito e na admiração.

Hoje o que se percebe é o menosprezo da profissão professor, que vive um sentimento chamado (universalmente) de "mal estar docente", devido a falta de identidade, fragilizados e sobrecarregados de tarefas e responsabilidades que lhe foram atribuidas pela sociedade. É fato que a profissão mudou nas últimas décadas, isto porque - Ensinar - não é mais visto como em 'tempos atrás', em que o trato entre a escola, os pais e o professor estava explícito – o aluno aprende e o professor ensina! Hoje, o professor é percebido não somente como transmissor de conhecimentos, mas como o responsável pela construção da cidadania, o que favorece a consciência crítica e a reflexão da ordem social estabelecida, possibilitando a sua transformação.

Portanto, com licença minha gente! Vamos respeitar! Porque qualquer profissional só alcança o alto grau (etapa) da sua profissão a partir dos primeiros passos e na subida do primeiro degrau. Sem dúvida, não estava lá sozinho, mas de mãos dadas com seu professor primário, da educação básica, ou seja, lá qual nome atribuído, no início da sua escolarização. A profissão professor está em perigo sim, mas se sabemos que sua identidade, dependente exclusivamente do momento social e histórico que se está vivendo e do reconhecimento da sociedade em que está inserida, vamos à luta para reconquistar o espaço que já ocupamos um dia.DEPENDE DE NÓS!

Que saudade da professorinha que me ensinou o bê-a-bá!


 Profª Drª Ângela Maria Costa
Professora da UFMS / Coordenadora do Núcleo Regional da Aliança pela Infância – [email protected]


Autor: Ângela Maria Costa


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