Comédia Divina



Por que despertaste o monstro que sempre estivera adormecido dentro de mim?

Por que, desta vez, o clamastes e dizeis: - Acorda-te, chegou a tua hora!

Eu, que noites a fio, sempre o embalava e torcia para que permanecesse assim, quieto e arredio às brutalidades humanas. Eu, a todo momento, fazia juras para o seu não despertar. Mas tu ousaste. Tu, não sei por qual intuito, tiveste que desperta-lo.

Será, o seu dever, a partir de agora, domar o monstro que tu mesma molestaste.

Apenas uma sugestão: tenha disciplina, ousadia e inteligência para isso. Não o torne mais agressivo do que é.

As pequenas ondas da minha raiva que antes batiam levemente nas pedras de um porto seguro se viram transformadas em gigantescas tempestades em alto mar.

A brisa leve da minha fúria interior transformou-se em um tornado incontrolável.

De calmos, apenas meus olhos.

Coração? A mais de mil!

Tentei frear as ligeiras adversidades que envolvem o coração humano. Inútil.

Por estes tempos, e com falsas promessas proferidas, tu me fizestes trilhar extensos caminhos do inferno os quais Dante não percorreu sequer centímetros.

Divina comédia?

Não!

Comédia Divina!

Tenho toda certeza que houve uma pincelada de Deus nisso tudo.

Deus fez piada comigo.

Servi de marionete nas mãos dEle.

Essa obra, e toda a dor que passei, não é coisa de humanos.

Apenas sobre-humanos podem suportá-la.

E eu, com tudo o que sinto, tenha certeza: suportá-la-ei.

Só te peço uma coisa: reorganize, se conseguir, a minha bagunça interna que tu provocaste.


Autor: Alexandre Peixoto


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