Foi assim...de uma hora pra outra.



Florinete, enquanto engomava o vestido, com os olhos lacrimejantes, contava para sua atenciosa amiga Adalva:
- Sabe Adalva, devia de ter um aviso dessa tal morte pra gente  não ser pega assim...de surpresa, digo, se preparar pelo menos, como na vida, a gente se prepara nove meses pra nascer, não é mesmo? Mas não, é essa minha mágoa. A morte do Beraldo meu marido foi assim, ele chegoun do trabalho, feliz, me beijou, almoçou bem...leu o jornal. Comentou a corrupção no governo e a apatia das pessoas. Pôs comida pro Rex...até falou do timão, tava um pouco chateado pela violência nos estádios, mas que botava fé no fenômeno e, disse que a gente ia passar as férias em São José das cabacinhas. Que precisávamos ver o mar. Daí, comeu quatro pedaços de bolo de chocolate com recheio que ele gostava muito. Bebeu suco de tamarino e ficou ali, a tarde inteira, deitado no sofá. Engraçado, já tinham me falado que essa tal de morte quando é pra vir, primeiro trata, depois ceifa.
Autor: jose josÃ@


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