VONTADE DE SER ARTISTA



Ele pintava aquarelas, era um exagerado comprador de obras de arte e queria ser arquiteto. Convivia com "poetas", foi recusado pela Academia de Artes de Viena e tinha o desejo de escrever óperas.
Seu maior admirado era Wagner, com o qual se comoveu ao assistir à “Rienzi”, ponto inicial para o projeto de se tornar "porta-voz" do povo.
O arquiteto interrompido, de próprio punho, criou uma efígie, uniformes, bandeiras, estandartes; e sua carreira já o colocara como protagonista do poder instituído pela chancelaria do país onde fez história. Com sua forma absolutista de pensar, decretou em 30 de janeiro de 1933, que toda arte que não servisse a seus propósitos políticos ou ideológicos, seria classificada como depravação intelectual ou “arte degenerada”.
Logo chegaram as intencionais comparações com os ideais da beleza grega e a proposta de “higienização”, baseada na hereditariedade. Com isso, ele elaborou projeto para exterminar e confiscar os bens de 11 milhões de judeus.
Sua outra façanha artística foi explorar a onipresença oferecida pelo Cinema. Passou a exibir, a partir de 1937, um filme criado por membros do partido nacional socialista e, obviamente, pelos médicos que engendravam novas proporções para a morte.
Seu inflado ego, em setembro de 1939, ordenou ataque bélico à Polônia dando início à Segunda Guerra Mundial, quando seus seguidores declaravam que a maior terapia eram os assassinatos livres e ininterruptos.
No dia 23 de junho de 1940, ele visita uma Paris exaurida por combate, e percorre, logo cedo, às 6h da manhã, renomados pontos turísticos, pensando se iria destruí-la ou não. Entretanto, resolveu fazer novos projetos para a capital francesa.
Apesar de toda violência da guerra, enviou artistas para o “front” para retratarem a poesia que havia na destruição. Não satisfeito, oferecia recompensas a especialistas que pudessem “profissionalizar” os fornos que baforavam o famigerado Zyclon B – monóxido de carbono –, evitando assim, o desperdício de munição com os “inferiores”.
Suas visionárias deturpações seguiam velozes com os apoios de Japão e Itália, quando formaram o "Eixo". Dentre tantas, determinou a destruição de Moscou que seria reduzida a uma represa. Quando já se sentia dominador do planeta, no final de 1941, os EUA entraram na guerra; em 42, os "Aliados" (China, França, Grã-Bretanha, URSS e EUA) despejaram milhares de bombas inglesas na cidade de Colônia; em 43 já eram 90 mil prisioneiros alemães, e seu projeto estava em via de ser arruinado.
Em 30 de abril, refugiado a mais de 3 meses num bunker, o bastardo austríaco Adolf Hitler (1889-1945), despediu-se dos poucos que o acompanharam até lá, e, logo depois do almoço, às 15h30min, trancou-se em seus aposentos, assim como fez sua recente esposa Eva Braun. Enquanto as pessoas dançavam e ouviam música, chegara o estampido do tiro craniano que silenciou uma das mais monstruosas personalidades da Alemanha. Após o suicídio, os soldados ainda seguindo suas ordens, incineraram os corpos - com 180 litros de combustível - para que não fossem encontrados e expostos como troféus de guerra.
O relevante para nossa pacífica atualidade é refletirmos a respeito daqueles que se dizem benfeitores do povo, sensíveis às questões da coletividade, defensores de causas que dependem do aval de cada um de nós.
Naquela época, foi um cabo do exército austríaco que obteve poder e conseguiu apoio para o absurdo que inclui 6 milhões de vidas judaicas. Quais seriam os manipuladores desta geração?
Os salvadores sempre contarão com nossa omissão, com nosso voto, com nossa alienação, com nosso não pensar. Agora, imaginem se Hitler não tivesse vontade de ser artista!

Autor: José Neto Pandorgga

Autor: Jose Neto Pandorgga


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