Amor E Luta Na Poesia De Castro Alves



Amor e Luta na poesia de Castro Alves

Mas os livros que em nossa vida entraram
são como a radiação de um corpo negro
apontando para a expansão do Universo.
(Caetano Veloso).

A estética romântica assumiu uma postura anticlássica, proclamando a liberdade individual do artista e o eximindo da necessidade de imitação dos clássicos greco-latinos. A fuga da realidade é uma forte característica dos românticos, conseqüência do sentimentalismo e do individualismo que, por meio da liberdade de expressão dos sentimentos, a eles foram atribuídos.

A poesia lírico-amorosa de Castro Alves, reunida em Espumas Flutuantes, revelou uma importante diferença do exagero sentimentalóide dos românticos precedentes. Por conterem uma sensualidade explícita e uma visão poética do amor como sentimento plenamente vivenciado e concretizado no plano emocional e no plano físico, ao contrário da musa das gerações anteriores, tão etéreas.

O amor, sentimento antes idealizado ao extremo, não cabe mais nesta forma na poesia de Castro Alves. O amor é descrito com vigor, desejo e sensualidade, por meio de metáforas da natureza. A mulher amada é real, lasciva, e a paixão envolve e motiva o poeta a traduzir o relacionamento amoroso em versos.

No poema Boa Noite (anexo I), de Espumas Flutuantes, nota-se o vigor da paixão pela intensidade na expressão, tanto do sentimento, quanto da experiência amorosa realizada também no plano físico, enquanto desejo e envolvimento sentimental e carnal: Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite. / Mas não digas assim por entre beijos... / Mas não mo digas descobrindo o peito, / - Mar de amor onde vagam meus desejos!.

A visão de amor que percebemos no eu lírico não deixa de ser sentimental, não chega a ser vulgar: é sensual, lúbrica (com toda a diferença que cabe às palavras sensual e pornográfico). Usa de uma linguagem delicada, mas visivelmente cálida, como se pode perceber na sexta estrofe: É noite, pois! Durmamos, Julieta! / Recende a alcova ao trescalar das flores. / Fechemos sobre nós estas cortinas... / - São as asas do arcanjo dos amores.

A lírica amorosa de Castro Alves recorre também aos sentidos, utilizando figuras de linguagem como a metáfora (Mas não mo digas descobrindo o peito, / - Mar de amor onde vagam meus desejos!, Fechemos sobre nós estas cortinas... / - São as asas do arcanjo dos amores.), a sinestesia ("É noite ainda em teu cabelo preto..."), a assonância em a (- São as asas do arcanjo dos amores.), a aliteração em l (A frouxa luz da alabastrina lâmpada / Lambe voluptuosa os teus contornos...) e em s (Ri, suspira, soluça, anseia e chora...), a símile (Como um negro e sombrio firmamento, / Sobre mim desenrola teu cabelo..., O globo de teu peito entre os arminhos / Como entre as névoas se balouça a lua...), e as hipérboles (Mas não mo digas descobrindo o peito, / - Mar de amor onde vagam meus desejos!, Como um negro e sombrio firmamento, / Sobre mim desenrola teu cabelo...).

A métrica (predominantemente decassílabo) é a de um poema livre o suficiente para obedecer ou não a métrica que melhor lhe couber. As rimas, sejam elas ricas, como na primeira estrofe cheio e seio, ou pobres, como se apresentam na segunda estrofe beijo e desejo; encadeadas, misturadas ou paralelas, constroem boa parte da beleza do poema, pois nele inserem um ritmo próprio, lânguido, suave e libertinapaixonado. Se toda atividade humana se desenvolve dentro de algum tipo de ritmo, as rimas, somadas a essa cadência, ajudam o leitor a se identificar com as palavras pulsantes na página.

A paixão nítida que se evidencia nos versos do poema Boa Noite,
é um sentimento-relacionamento real. Não é sofrível, a não ser pela dificuldade encontrada pelos amantes para se separarem após uma noite de amor. A inspiradora, amada e amante, sem dúvida, é para o eu-lírico a mulher tão humana que é divina.

Seu sentimentalismo amoroso é maduro, adulto, e se realiza em sua plenitude carnal e emocional. Ele ama e é correspondido. Agora ela é para ele a Julieta, a Marion, a Consuelo: sua amada não está mais multiplicada, ela é todas elas juntas num só ser.

Porém, há uma paixão ainda mais real na vida do eu lírico inerente a Castro Alves: as lutas sociais. Influenciado por Victor Hugo, ícone da geração Condoreira, e ídolo de Castro Alves, surgem na obra do poeta textos que se põem a serviço da liberdade, que se propõem a mostrar o horror dantesco da situação em que ainda se encontrava o Brasil.

Com poemas como A cruz na estrada (anexo II),  do livro Os Escravos, a poesia de Castro Alves deixou de ser expressão de sentimentalismo exacerbado e de lirismo namorador, e tornou-se instrumento de peleja por liberdade e justiça; enquanto o eu-lírico assumiu o papel de reivindicar frente à população por uma reforma social.

Diferentemente de seus precursores, o drama interior do eu lírico, sua intensa contradição psicológica, é projetado sobre o mundo. Para a geração anterior, o conflito faz o escritor voltar-se sobre si mesmo, pois a desarmonia é resultado das lutas internas (ultra-romantismo), para Castro Alves, são as lutas externas (do homem contra a sociedade, do oprimido contra o opressor) que provocam essa desarmonia. É outro modo de representar o conflito entre o bem e o mal, tão prezado pelos românticos.

No texto A cruz na estrada, a linguagem, um tanto afetada, tem a função de chamar a atenção do leitor para a questão abordada; e para tanto, usa-se sem receio figuras como as antíteses (E a juriti, do taquaral no ramo, / Povoa, soluçando, a solidão., Quando, à noite, o silêncio habita as matas, / A sepultura fala a sós com Deus.); as hipérboles (Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz., Chora orvalhos a grama, que palpita;) e os hipérbatos (É de um escravo humilde sepultura, / Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz., Caminheiro! do escravo desgraçado / O sono agora mesmo começou!), que fornecem ao texto uma impressão de oralidade.

A métrica decassílaba e as rimas, externas alternadas, proporcionam ao poema um movimento, com o objetivo de demonstrar concretamente o ritmo da luta da humanidade em busca da liberdade; e impressionante capacidade de comunicação inerente à linguagem poética. A poesia deixa de ser apenas deleite para tornar-se uma arte engajada, um elemento transformador.

Em sua obra, Castro Alves faz ainda mais: apresenta ao leitor a senzala. O escravocrata entra num mundo inferior ao seu, conhece de forma mais humana os dramas terríveis que lá só começam e que só com a morte se encerram: É de um escravo humilde sepultura, / Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.; Caminheiro! do escravo desgraçado / O sono agora mesmo começou! / Não lhe toques no leito de noivado, / Há pouco a liberdade o desposou.

Mário de Andrade, que criticou certos aspectos literários da poesia de Castro Alves no ensaio sobre ele, em Aspectos da literatura brasileira, observou que "chega a ser sublime o enceguecimento apaixonado com que se entregou a uma grande causa social do seu como do nosso tempo, a dos escravos".

Nota-se, ao analisar A cruz na estrada com um olhar do nosso tempo, que o texto sugere muito ainda para o leitor de hoje. A exploração é uma constante na vida de milhares de cidadãos brasileiros. Os versos têm ares nordestinos. E nota-se em suas entrelinhas, na imagem que se faz do pobre injustiçado, os olhos tristes de Fabiano, personagem de Vidas Secas (e Cegas), sendo explorado pelo dono da Fazenda. Caminheiro que passas pela estrada, / Seguindo pelo rumo do sertão, / Quando vires a cruz abandonada, / Deixa-a em paz dormir na solidão.

Se o olhar for mais além, percebem-se  as palavras da obra de Castro Alves modernizadas por Gabriel, o Pensador, em Até Quando?:

Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar

O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar

E querem q'eu seja educado, q'eu ande arrumado q'eu saiba falar

Aquilo que o mundo me pede não é mundo que me dá

Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar

Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar

Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar

Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar

Escola, esmola

Favela, cadeia

Sem terra, enterra   

Sem renda, se renda. Não, não!

Tanto a exploração cravada na pele, quanto o esforço para não se render, lembram com clareza a denúncia e a luta de Castro Alves para diminuir a injustiça que assolou (e até hoje, de forma hipócrita e velada, assola) a sociedade e tanta tristeza e feiúra trouxe ao nosso país tropical.

Apesar de ser esse engajamento a principal paixão do poeta dos escravos, não foi só aos escravos que dedicou suas palavras e horas de indignação. Os problemas sociais do país, que crescia e se modernizava rapidamente, não se resumiam à injustiça da escravidão.

Importa ver Castro Alves como romântico diferente, um romântico de fato admirador do poeta vidente, Victor Hugo. Homem de seu tempo e de sua época, ao contrário dos seus antecessores, volta-se para o futuro, para o porvir, o amanhã com toda força de seu coração jovem. Um jovem moderno disfarçado de romântico.

No poema O livro e a América (anexo III), publicado em Espumas Flutuantes, observa-se que o eu-lírico pretende convencer o leitor de que a revolução precisa ser doce. Que uma verdadeira revolução teria de acontecer dentro de cada um, que ela é antes interna, para que algo bom possa ser externado.

Abolicionista, que inflama pelo negro, que vira bandeira para a luta social, mas soube que a liberdade não poderia acontecer com mortes e guerras, a guerra deveria estar por dentro, para que cada um vencesse a si mesmo e aceitasse o próximo como um ser igual.

O livro e a América, predominantemente redondilha maior, com rimas alternadas, emparelhadas e intercaladas (nessa ordem, e em cada estrofe), tem um ritmo de oralidade, de retórica, conferido ao poema pelo uso de reticências e de travessões (Eu quero marchar com os ventos, / Com os mundos... co'os firmamentos!!! / E Deus responde "Marchar!"). O discurso direto cabe no poema, o torna declamativo, próprio para ser gritado em praça pública, e os travessões, assim como as reticências, apontam para isso.

É uma característica peculiar ao estilo condoreiro o uso de uma linguagem eloqüente e retórica, traduzida por meio dos sinais de pontuação derramados pelo texto (...,, !!!). Dentre as várias figuras de linguagem encontradas nos versos, pode-se destacar as hipérboles (Qual Tritão descomunal, / O continente desperta, Estatuário de colossos ) e as metáforas (Nem templos feitos de ossos, Fazei desse "rei dos ventos" / Ginete dos pensamentos, / Arauto da grande luz!..).

Poema de caráter político-social, sua poética deve se identificar em plenitude com o ritmo da vida social e expressar o processo de busca da humanidade por redenção, justiça e liberdade. Os versos de Castro Alves, no entanto, não apontam para as guerras, lembrando que guerras são sempre desumanas ("Marchar!... Mas como a Alemanha / Na tirania feudal, / Levantando uma montanha / Em cada uma catedral?... / Não!... Nem templos feitos de ossos, / Nem gládios a cavar fossos / São degraus do progredir...).

O livro: segundo o eu-lírico de O livro e a América, a única solução plausível para o início de uma melhora em tempos de tanta tragédia humana. Apesar de Pessoa ter lembrado que Jesus Cristo não sabia nada de finanças, e nem consta que tivesse biblioteca..., é de outro aprendizado que o eu do poema fala.

A referência não se faz a livros científicos, a estudos de grandes teorias. Mas aos livros que expandem o Universo, que unem versos, que dizem o que é e o que poderia ser. Porque, como mencionou Caetano Veloso, a frase, o conceito, o enredo, o verso (e, sem dúvida, sobretudo o verso), é o que pode lançar mundos no mundo.

É assim que pode acontecer a tão esperada revolução doce. Quando os livros, feitos em enredos ou versos de amor, de luta social, de comédia, de tragédia, de vivência, puderem transcender a compreensão: quando puderem ser vividos. E foi em prol deste entendimento que se fizeram os versos de Castro Alves, para que, não importasse o sentimento, ele pudesse ser lido e absorvido; tanto o amor, quanto o doloroso preconceito e a revolta. Mas absorvido da maneira mais pacífica e transformadora,  já que viver ultrapassa todo entendimento.

ANEXO I

Boa noite

Veux-tu donc partir?
Le jour est encore éloigné:
C'était le rossignol et non pas l'alouette,
Dont le chant a frappé ton oreílle inquiète;
Il chante Ia nuit sur les branches de ce granadier
Crois-moi, cher ami, c'était le rossignol.
Shakespeare

Boa noite, Maria! Eu vou,me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde. .
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
- Mar de amor onde vagam meus desejos!

Julieta do céu! Ouve... a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti? ... pois foi mentira...
Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."

É noite ainda! Brilha na cambraia
- Desmanchado o roupão, a espádua nua
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua. . .

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores.
Fechemos sobre nós estas cortinas...
- São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora. . .
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
- Boa noite! - formosa Consuelo.

ANEXO II

A cruz da estrada

Invideo quia quiescunt.
Luthero (Worms)

Tu que passas, descobre-te! Ali dorme
O forte que morreu.
A. Herculano (Trad.)

Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.

É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.

Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.

Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.

Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.

ANEXO III

O LIVRO E A AMÉRICA

 'Talhado para as grandezas,
P'ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do Porvir.
--Estatuário de colossos--
Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
'Vai, Colombo, abre a cortina
'Da minha eterna oficina...
'Tira a América de lá'. 

Molhado inda do dilúvio,
Qual tritão descomunal,
O continente desperta
No concerto universal.
Dos oceanos em tropa
Um--traz-lhe as artes da Europa,
Outro-- As bagas do Ceilão...
E os Andes petrificados,
Como braços levantados,
Lhe apontam para a amplidão. 

Olhando em torno então brada:
'Tudo marcha!... Ó grande Deus!
As cataratas -- P'ra terra,
As estrelas -- para os céus
Lá, do polo sobre as plagas,
O seu rebanho de vagas
Vai o mar apascentar...
Eu quero marchar com os ventos,
Com os mundos... co'os firmamentos!!!'
E Deus responde -- 'Marchar!' 

'Marchar!... Mas como?... Da Grécia
Nos dóricos Partenons
A mil deuses levantando
Mil marmóreos panteons?...
Marchar co'a espada de Roma
-- Leoa de ruiva coma
De presa enorme no chão,
Saciando o ódio profundo...
-- Com as garras nas mãos do mundo,
-- Com os dentes no coração?... 

'Marchar!... Mas como a Alemanha
Na tirania feudal,
Levantando uma montanha
Em cada uma catedral?...
Não!... Nem templos feitos de ossos,
Nem gládios a cavar fossos
São degraus do progredir...
Lá brada César morrendo:
'No pugilato tremendo
'Quem sempre vence é o porvir!' 

Filhos do sec'lo das luzes!
Filhos da Grande Nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro -- esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a igualdade voou!... 

Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec'lo, que viu Colombo,
Viu Gutemberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou... 

Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto --
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe -- que faz a palma,
É chuva -- que faz o mar. 

Vós , que o templo das idéias
Largo -- abris às multidões,
P'ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazeei desse 'Rei dos ventos'
-- Ginete dos pensamentos,
-- Arauto da grande luz!... 

Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão!...
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo
Brada 'Luz!' O Novo Mundo
Num brado de Briaréu...
Luz! pois, no vale e na serra...
Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu!...

REFERÊNCIAS

ABAURRE, Maria Luiza. (2004). Português: língua, literatura, produção de texto: volume único. 2 ed. São Paulo: Moderna.

 

CEREJA, William Roberto. (1999). Português: linguagens: literatura, produção de texto e gramática. Volume II. 3 ed. São Paulo: Atlas.

Site: http://www.secrel.com.br/jpoesia/ (Jornal de Poesia)


Autor: Fernanda Rocha e Castro


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