A Contribuição do Pedagogo Francês Hippolyte Leon Denizard Rivail



Maria Ângela Coelho Mirault[2]

O homem do nosso tempo ainda é o mesmo ser, que, premido pela necessidade de sobrevivência, deseja aplacar seus medos, entender-se e compreender o que lhe foge ao domínio. Mesmo agora, tanto quanto ontem, recorrerá de imediato ao pensamento mágico, objetivando solucionar a angústia da assimetria que a realidade lhe impõe. Esse arquê assinalará sua trajetória pela vida e será o mesmo que permeará seu sistema de crenças, pelo qual filtrará a realidade que o circunda.

Perde-se na esteira dos tempos o instante em que os primeiros antropóides, reconhecendo-se em sua singularidade - frente à realidade física do mundo e aos acontecimentos, dos quais, eram os principais protagonistas - farão suas primeiras inquirições sobre o imponderável. De início, as explicações mitológicas lhes serão suficientes e lhes responderão por que o mundo e a vida serão tais quais lhes pareceriam ser. Atribuir-se-á aos gregos as primeiras críticas ao pensamento mágico-mitológico. Por volta de 600 a.C (com os pré-socráticos), surgirão os primeiros pensadores preocupados com as questões relacionadas à natureza. Serão eles que estabelecerão uma forma "científica" de pensar o mundo, totalmente nova, utilizando a observação como método de apreensão da realidade e da pragmática religiosa emprestada pela mitologia.

1.As matrizes do pensamento filosófico

Na peregrinação[3] em busca das matrizes do pensamento filosófico, poderemos atribuir ao pré-socrático Parmênides (540-480 a.C) a origem do pensamento idealista-racionalista. Para este pensador da natureza "tudo o que existe sempre existiu". Parmênides fundamentará sua convicção na razão - mais do que nos sentidos - como fonte do conhecimento das coisas do mundo: "o ser é e não pode não ser". A partir desta constatação, estaria instituída a matriz do pensamento metafísico–idealista–racionalista que viria inspirar tantos outros pensadores. Porém, Heráclito (540-480 a.C) – um de seus contemporâneos – ao considerar a transitoriedade, a transformação e a impermanência como verdadeiras característica da natureza,determinará que "tudo flui e nada é para sempre". Ao contrário do idealismo racional de Parmênides, que privilegia o ser, Heráclito confiará aos sentidos a forma segura de se adquirir o conhecimento das coisas do mundo. De sua convicção, originar-se-á o sensualismo que, mais tarde, corroborará a tese do empirismo, o qual, negando o pensamento metafísico, atribuirá à experiência a verdadeira fonte de aquisição do conhecimento.

Embora se atribua a Tales de Mileto as primeiras explicações sobre o universo por intermédio de causas materiais (tudo provêm da água), será Demócrito (460-370 a.C) quem apresentará ao mundo a gênese da tese materialista, atribuindo ao átomo (para ele, indivisível) a constituição de tudo o que existe. Sua concepção determinará ser esse o elemento primário que, combinando-se, dará origem a todas as coisas, inclusive aos "átomos da alma", que, segundo ele, será perecível como tudo na natureza.

As sementes das três matrizes, pelas quais as escolas filosóficas subdividir-se-ão com o intuito de oferecer ao homem as explicações para suas ancestrais inquietações (quem é; de onde vem e para onde vai), estarão lançadas. Mas será com Sócrates (470-399 a.C), Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C) que se reconhecerá a fundamentação do pensamento filosófico. O exercício rotineiro da busca incessante pela verdade, mediante o pensamento reflexivo, contudo, conduzirá Sócrates à morte. Em sua convicção de que se encontraria na consciência o alicerce seguro para que se conheça o mundo, Sócrates alinhar-se-á a Parmênides como um idealista. Mas, ele nada deixará registrado a cerca de suas idéias, será Platão (427-347 a.C), seu discípulo, quem o fará. Idealista, tal como seu mestre, proporá uma realidade pré-existente sobreposta ao mundo dos sentidos. Além de conceber a realidade dividida em duas partes - "mundo dos sentidos" e "mundo das idéias" – Platão reconhecerá a pré-existência da alma – cuja natureza pertencerá ao mundo das idéias[4] – antes de vir habitar o corpo físico. Sua formulação influenciará inúmeros pensadores, que, com ele, alinhar-se-ão, na busca incessante pelas verdades universais.

Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, porém, contrariará parte de suas convicções. Em oposição ao mestre, negará que o homem seja detentor de uma razão inata e afirmará que a apreensão da realidade dar-se-á por intermédio dos sentidos, tal como já propusera Heráclito, alinhando-se à gênese da escola empirista.

Depois que esses filósofos formularam suas proposições, todo pensamento ocidental delinear-se-á ao redor (em conexão, comunhão, filiação, negação) dessas três matrizes filosóficas do pensamento ocidental: (1) o pensamento idealista (racionalista); (2) o pensamento sensualista (empirista) e (3) o pensamento materialista (materialismo).

2.O Espírito do Tempo do Século XIX que influenciou o Professor Rivail

Perscrutando a gênese das matrizes do pensamento filosófico e extrapolando a linearidade temporal, mergulhemos no Espírito do Tempo que - no rastro das luzes e das rupturas trazidas pelo Iluminismo[5] - predominará na Europa do século XIX.Este período, fundamentado nos princípios idealistas, retratará um momento da História em que se consagrará ao uso da razão o método adequado de se buscar a compreensão da realidade e de se chegar ao conhecimento das verdades universais. Mas, não se abandonará a idéia de que as coisas também têm relevância, na aquisição do conhecimento. Influenciado pelo pensamento científico formulado por Galileu e Newton e metodizado por René Descartes (1596-1650), os iluministas darão início à organização racional do conhecimento[6] e o método científico-dedutivo será aquele capaz de oferecer uma sistematização segura para se conhecer os fenômenos e as coisas do mundo.

Por se acreditar que o método da experimentação e da observação teria potencialidade de se aplicar ao estudo da natureza humana, ampliar-se-á seu campo de atuação, na tentativa de se desvendar pontos obscuros no âmbito do direito, da política, da sociedade, da filosofia e da educação. Sua formulação filosófica atribuirá ao homem a prerrogativa da detenção de uma vontade racional que lhe permitirá elaborar e executar seus planos, bem como, escolher entre esta ou aquela ação, obrigando-o a agir de modo correto, subjugando muitas vezes seus desejos e interesses. Daí, a grande ênfase que se dará à educação como forma de conduzir o homem ao seu pleno exercício reflexivo diante dos obstáculos que a realidade lhe impõe. O homem iluminista será capaz de submeter toda a experiência sensível das coisas do mundo a sua capacidade de reflexão; apto, portanto, para entender, metódica e cientificamente, porque as coisas são como são. É bem verdade, que, essa perspectiva também originará a dissociação que se terá, a partir de então, entre o homem e a natureza (o mundo), como se fora possível a abstenção do sujeito na coisa observada. Esse equívoco iluminista-cartesiano perdurará até os tempos atuais: o homem será tido como o sujeito, que, dissociado do mundo, pensa e age sobre ele.

Nas trilhas dessa iluminação, a História registrará a contribuição do francês Augusto Comte (1798-1857), fundador da escola filosófica, que passará a ser designada como positivismo. Influenciado por seus antecessores, na tentativa de organizar e sistematizar as idéias correntes, ele proporá a lei dos três estados, que, segundo ele, governariam o estado da mente. Argumentará, então, que, objetivando conhecer o mundo, primeiramente, o homem procurará explicações à cerca da realidade por intermédio de explicações teológicas (as causas são agentes sobrenaturais), posteriormente por uma orientação metafísica (as causas são forças abstratas) e por último, uma explicação positiva, ou seja, devem-se abandonar as causas, já que as verdades são relativas e aceitas quando comprovadas pelo próprio fenômeno. A racionalidade proposta pelo positivismo não abrigará qualquer idéia pré-concebida que não a deduzida da experiência. O positivismo proposto por Augusto Comte reanimará o sensualismo, aplicando-lhe a idéia de progresso e decretará, como base do estado positivo do espírito humano, o afastamento da imaginação (idealismo) na concepção do mundo, cuja verificação real só poderá realizar-se por intermédio da observação empírica e a eliminação de todas as suposições indemonstráveis e inverificáveis.

3.Hippolyte Leon Denizard Rivail – o educador sintonizado com o seu tempo

O professor Hippolyte Leon Denizard Rivail[7], natural de Lion, na França, nascido em 3 de outubro de 1804, filho de tradicional família católica de magistrados e professores, aos dez anos, será enviado a Yverdon, na Suíça, a fim de estudar no então célebre Instituto de Educação, ali instalado, desde 1805, pelo professor Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Este eminente educador - influenciado por Jean Jacques Rosseau (1712-1778) - aplicava em seu instituto a metodologia educacional, que propugnava uma educação para as crianças sob a perspectiva do amor e do encontro com seus interesses. Assim também, Pestallozzi, um idealista-racionalista, proporá, em Yverdon, uma pedagogia sob a crença de que a educação deverá fundamentar-se no desenvolvimento natural da criança, enfatizando o seu desenvolvimento moral e físico, além do intelectual. Baseado na concepção de que estaria na intuição a fonte de todos os nossos conhecimentos, a metodologia de ensino aplicada no Instituto será essencialmente heurística e seu aluno será conduzido a experiências e descobertas, por intermédio de seu próprio esforço pessoal, tanto quanto lhe fosse possível, em lugar de aulas ministradas dogmaticamente pelo método catequético, então em voga por todo o mundo europeu. Em Yverdon, o professor pestalozziano limitar-se-á a seguir o autodesenvolvimento dos seus alunos, sem forçar-lhes a natureza, enfatizando ainda uma maior atenção às faculdades do espírito.

É importante que enfoquemos este momento da formação do jovem Rival. Afastado de sua família - da qual, certamente, recebera toda uma influência de formação católica - será levado a mergulhar na cultura de outro país, submetido – em uma instituição de orientação protestante - a um modelo liberal de educação. O menino Hippolyte Leon Denizar Rivail desenvolver-se-á por intermédio de uma educação que irá muito além do dogmatismo e hermetismo imperante naquele momento, no modelo pedagógico europeu, particularmente, na França. Evidentemente, esta educação forjará (reforçará) o caráter de livre-pensador, pelo qual viráse distinguir diante do mundo.

Após concluir sua formação em Yverdon e de volta a França, Rivail dedicar-se-á à Educação, na condição de notável discípulo e divulgador do Método Pestalozziano de Ensino. Sua biografia atribuir-lhe-á a autoria de diversas obras[8] no campo da Educação e da Ciência. Sua vasta e sólida formação permitir-lhe-á transitar pela docência da lógica, retórica, anatomia comparada, fisiologia, aritmética e gramática. Poliglota, além do francês, dominará o alemão - sua língua adotiva - o inglês, o holandês, e possuirá sólidos conhecimentos do latim, do grego, do gaulês e de algumas línguas latinas, nas quais se exprimirá corretamente.

Contemporâneo das idéias de Comte[9], e, sob a influência do pensamento iluminista, que ainda bafejava o mundo naquele momento, aos cinqüenta anos, o cidadão francês, Hippolyte Leon Denizard Rivail, já terá alcançado a condição de um eminente cidadão, educador e pedagogo francês[10], detentor, portanto, de notável reconhecimento público.

Profundo conhecedor de anatomia e fisiologia, será como um positivista-reacionalista que o professor Rivali interessar-se-á pelos estudos sobre o magnetismo animal[11] - uma espécie de eletricidadeque poderia perfeitamente atuar sobre os corpos inertes e fazer com que se movessem. Assim, juntamente com outros pesquisadores, Rivail procurará verificar e confirmar a veracidade dos fenômenos magnéticos, principalmente, aos que diziam respeito às curas psíquicas, aos diagnósticos terapêuticos proporcionados por indivíduos em estado de transe sonambúlico.

Em 1854, o convite de um amigo conduzirá o professor Rivail, não só a empreender um novo campo para suas pesquisas, como mesmo, alterar todo o curso de seu futuro. O fato é que, desde o ano anterior, o fenômeno de singular propriedade das "mesas girantes" despertará a atenção geral e encherá as salas de espetáculos parisienses. Originado nos Estados Unidos, dedes 1498, toda a Europa voltara agora sua atenção para o fenômeno que abalara uma pequena cidade norte-americana. A imprensa francesa registrará o acontecimento[12] que estaria despertando o interesse (e o deleite) da sociedade parisiense.

O fenômeno das mesas girantes a que se referiam tivera sua origem[13] na pequena cidade de Hydesville[14], nos Estados Unidos (1848). Durante algum tempo, pancadas (rappings) serão ouvidas nas paredes de madeira da residência de uma família metodista, perturbando a vida e o sono de um casal e de suas duas filhas de apenas 9 e 12 anos idade. Na noite de 31 de março, a princípio, como brincadeira, uma das filhas do casal começará a imitar as batidas e obter respostas com o mesmo número de pancadas e intensidade. Pouco a pouco estabelecer-se-á uma espécie de "conversa", já que, agora, os rappings estariam condicionados à codificação das letras do alfabeto. A partir de então, uma inusitada comunicação estabelecer-se-ia entre os pacatos moradores e o "autor" daqueles ruídos.

Posteriormente, evidenciar-se-á que, a comunicabilidade entre - o que Platão já entrevira e designara como "mundo dos sentidos" e "mundo das idéias" – o mundo físico e o extra-físicoapresentar-se-á como uma singularidade capaz de se repetir em outros lugares e com outras pessoas[15]. Reproduzindo-se em larga escala e em diversos experimentos, o fato originará os espetáculos das "mesas girantes", que atrairá a curiosidade púbica[16].

Em 1854, então, o eminente professor Rivail, já conhecedor daqueles fenômenos, será convidado por um de seus mais respeitáveis amigos[17] - o Sr Forstier, que, tal como ele, dedicava-se ao estudo do magnetismo - a participar de uma das inúmeras reuniões em que tal experimento estaria sendo reproduzido, sob a argumentação de que, "não só as mesas se moviam como também se conseguia fazê-las falar", prontamente refutada por Rivail[18]. Seus estudos sobre o magnetismo até lhe poderiam sustentar a tese de que as mesas pudessem mover-se, mas não lhe justificaria a crença de que lhes fosse possível "falar". Argumentará mais tarde com a mesma lucidez de um racionalista emancipado do formalismo: "(...) dê-me permissão de não enxergar nisso senão uma fábula para provocar o sono (sic)".[19] Era o mesmo que, tempos atrás, já afirmara, em uma de suas publicações sobre educação pública, que todo aquele que "(...) houver estudado as ciências rirá, então, da credulidade supersticiosa dos ignorantes. Não mais aceitará fogos-fátuos por espíritos".[20]

Será somente após sucessivas insistências e dada a seriedade[21] que atribuirá aos participantes, que H. L.D. Rivail decidirá acompanhar as experimentações realizadas em seletas e reservadas reuniões. Revelará, na ocasião[22]:

"Encontrava-me, portanto, no ciclo de um fato ignoto, contrário, aparentemente, às leis da Natureza e que minha razão não aceitava. Não tinha ainda visto nem observado nada; experiências procedidas em presença de pessoas honradas e dignas de fé firmavam-me na possibilidade de efeito meramente material; porém a idéia de uma mesa falante não cabia ainda no meu cérebro."

É então que, em maio de 1855, convidado para assistir uma reunião na casa da Sra Plainemaison, à rua Grange-Bataliére, no. 18, o professor Rivail presenciará, pela primeira vez, o fenômeno das mesas girantes, que, segundo relataria mais tarde, "não deixavam margem a qualquer dúvida".

Os fatos dados à observação de Rivail denunciariam uma tal ordem de fenômeno que o incitariam a observá-los metodicamente com a maior dedicação e seriedade possível. Dirá ele, então[23] ter entrevisto "naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo". Convencido da veracidade que aqueles fenômenos de inter relacionamento e comunicabilidade entre duas realidades (física e metafísica) estariam desvelando e, assinalando o traço de sua formação iluminista-racionalista, afirmará o pesquisador positivista Hippolyte Leon Dinizard Rivail[24]:

"Tendo adquirido, no estudo das ciências exatas, o hábito das coisas positivas, sondei, perscrutei esta nova ciência (o Espiritismo) nos seus mais íntimos refolhos; busquei explicar-me tudo, porque não costumo aceitar idéia alguma, sem lhe conhecer o como e o porquê."

Convencido pela constatação do que entrevira, o eminente pedagogo empreenderá um fundo mergulho para a verificação dos fatos. Vislumbrando a abrangência de sua pesquisa no campo do conhecimento, afirmará[25]:

"Sujeitei essa nova ciência, como o fazia a tudo, ao método da experimentação; jamais formulei teorias preconcebidas; observava acuradamente, comparava, tirava conseqüências; procurava, pelos efeitos, atingir as causas através da dedução, pelo encadear lógico dos fatos, não aceitando como válida uma explicação, a não ser quando ela possa resolver as dificuldades da questão. Percebi nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão discutido do passado e do futuro, a solução que em toda minha vida andara procurando; em uma palavra, era uma total reviravolta nas idéias e nas crenças; necessário, pois, era agir circunspecta e não levianamente, ser positivista e não idealista[26], para não permitir que as paixões me arrastem."

Durante as reuniões em que empreenderá sua pesquisa, o professor Rivailformulará questões aos seres (espíritos) comunicantes, que, por intermédio dos médiuns, e mediante respostas precisas, lógicas e profundas, abordarão a maior diversidade de temas sobre filosofia, ciência, psicologia e religião. Agora, aquelas reuniões, aparentemente levianas e fortuitas, passariam a ter o caráter de estudo metódico e sério. Pouco a pouco, outros estudiosos daqueles fenômenos colecionariam inúmeros registros. Será quando Rivail receberá de amigos[27] - que o acompanhavam nesses estudos e já haviam reunido cinqüenta cadernos com registro de relatos semelhantes - a incumbência de compilar, separar, comparar, condensar e coordenar as comunicações, com vistas a uma publicação sobre aquelas descobertas. Ao aceitar a tarefa, ele mesmo registrará sua metodologia de trabalho[28]:

"Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, sempre que se apresentava a ocasião eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho. Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes remodeladas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de "O Livro dos Espíritos", que apareceu em 18 de abril de 1857".

Será em Paris,que, no dia 18 de abril de 1857, o pedagogo francês apresentará ao mundo o resultado de suas recentes pesquisas. A primeira edição de O Livro dos Espíritos explicitará seu conteúdo:

"Filosofia Espiritualista sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade – segundo os ensinos dados por Espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns – recebidos e coordenados por Allan Kardec[29]".

Será também neste momento que o nobre professor Hippolyte Leon Denizard Rivail apresentar-se-á ao mundo literário sob o pseudônimo de Allan Kardec, com o qual assinará todas suas obras posteriores. "O Livro dos Espíritos" constituir-se-á a primeira das cinco obras que fundamentará a Codificação Espírita. Nele Hippolyte revelará a efetiva orientação do Plano Espiritual Superior e o concurso de inúmeros colaboradores e reservará para si - na condição de supervisor - a tarefa da codificação de um novo corpo de conhecimentos filosófico-religioso-ocidental. Suas constatações determinarão o fim das concepções até então consideradas sob a ótica do sobrenatural.

A data de 18 de abril de 1857, portanto, representará o marco do nascimento de uma nova concepção filosófica - já agora, genericamente, auto-designada por seu autor de espiritualista – que dará origem ao que se conceberá por Doutrina Espírita. Na introdução da referida obra, o professor Rivail (Kardec) registrará a necessidade de especificar um novo termo para a "nova ciência" que estaria revelando ao mundo[30]:

"Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. (...) O espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo (...). Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, O Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta."

Esta obra consignará a dialogicidade entre duas das três matrizes do pensamento filosóficos já aqui apresentados: o idealismo de Parmênides ("tudo que existe sempre existiu"), de Sócrates, Platão (que propõe o reconhecimento da pré-existência da alma, cuja natureza pertencerá ao "mundo das idéias", antes de vir habitar nosso corpo) - dentre outros seguidores dessa escola filosófica - e o pensamento (sensualista) cartesiano, originado com Heráclito, mas consubstanciado nas propostas aristotélicas (para quem a apreensão da realidade dar-se-ia por intermédio da percepção dos sentidos) e que sustentariam, mais tarde, o empirismo.

O Livro dos Espíritos trará luz a tese da natureza espiritual como obra divina e sua influência no mundo físico uma conseqüência de ordem natural. A partir desta primeira obra da Codificação da Doutrina Espírita, o professor Rivail (agora, sob a identidade de Allan Kardec) dedicará os últimos 15 anos de sua vida[31], ao aprofundamento do que designara por nova ciência, em suas obras subseqüentes.

4.A importância e o lugar de Hippolyte Leon Denizard Rivail na história do pensamento filosófico-religiosos ocidental

Ao tomar para si a responsabilidade de estabelecer a diologicidade entre duas vertentes filosóficas – idealismo e empirismo – para explicar a realidade espiritual a partir de experimentos práticos, observando o método científico, Kardec evidenciará os elos espirituais que amalgamam a grande corrente da vida, apresentando o encadeamento holístico intrínseco entre filosofia-ciência e religião. Em que pese qualquer tipo de preconceito, ou refutação acadêmica que se possa ter com relação a ele e a sua obra, o professor Hippolyte Leon Denizar Rival terá assegurado um lugar legítimo e definitivo na corrente do pensamento filosófico-religioso-ocidental.

Hippolyte Leon Denizard Rivail jamais requererá para si os méritos sobre o empreendimento a que rigorosamente se dedicara - quase se ocultando no anonimato de um pseudônimo - tampouco desejará constituir uma escola filosófica, ou formar adeptos "kardecistas". Para que nunca pairasse dúvidas a esse respeito, registrará[32]:

"(...) vi, observei, estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e deles deduzi as conseqüências: eis a única parte que me coube. Em tudo isso fui um simples instrumento dos desígnios da Providência, e rendo graças a Deus e aos Bons Espíritos por se dignarem servir-se de mim."

Tal como fora concebida em meados do século XIX, o corpo doutrinário que Kardec reuniu, organizou, interpelou e codificou alcançará com extrema lucidez o homem deste Terceiro Milênio. Desde que o professor Hippolyte Leon Denizar Rivail deu-se a conhecer sob o pseudônimo de Allan Kardec, uma nova doutrina filosófica, de caráter científico e implicações religiosas, designada por Doutrina Espírita, passará a amealhar estudiosos em todo o mundo.

A codificação da Doutrina Espírita, instituída a partir do seu legado e contida em apenas sete títulos, alcançará[33] 20 milhões de livros vendidos. Aos sete de autoria do mestre lionês, somar-se-ão 4 mil títulos, de cerca de 300 autores, dentre os quais, 412 títulos de autoria do médium Francisco Cândido Xavier. Serão 100 milhões de livros editados, dos quais 39 milhões sob a chancela da editora da Federação Espírita Brasileira, maior editora espírita do Brasil.[34]

O que se conhece hoje por Espiritismo definir-se-á por Movimento entre seus adeptos, não existindo qualquer vínculo de estrutura hierárquica-dogmática, ou determinações de procedimentos a serem seguidos. O Espiritismo não será uma religião constituída[35]. Kardec registrará que:

"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote. (...)[36]"

A Federação Espírita Brasileira-FEB[37] será o órgão dinamizador do Movimento Espírita Federativo Brasileiro e editará, desde o ano de 1883, a revista Reformador[38], que, além de divulgar a mensagem espírita, registrará os eventos pertinentes ao movimento espírita em todo o Brasil.

Pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros, durante a realização da Bienal do Rio de janeiro, em 2001, constatará que o livro espírita teria sido a segunda categoria mais procurada, tendo perdido apenas para a categoria romance, ficando muito à frente de livros esotéricos e religiosos. Lançada em julho de 2003, pela FEB, a coleção[39] "A vida no mundo espiritual"[40] – uma reunião de 13 obras psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier[41] - trará informações sobre a vida após a morte, o cotidiano dos espíritos desencarnados, seus relacionamentos, instituições e intervenções no mundo físico. Será campeã de venda, com 5 milhões e meio de exemplares vendidos, só no Brasil. Somente o livro "Nosso lar", editado em 1944, alcançará a marca de 1,5 milhões de exemplares adquiridos, em língua portuguesa, de sua edição comemorativa, no ano de 2003. Tal livro será a obra psicografada mais vendida no Brasil e traduzida para o espanhol, o inglês, o japonês, o francês, o grego e o esperanto.

Segundo o IBGE (2000), há cerca de 2,3 milhões de espíritas no Brasil. Cadastrados junto à Federação Espírita Brasileira -FEB somar-se-ão aproximadamente 10 mil centros espíritas[42] no País. Entre as religiões mais numerosas, os espíritas apresentarão os melhores indicadores (sic)[43], tanto em escolaridade como em rendimentos. Outro dado curioso revelará que os espíritas estudam em média 9,6 anos, acima da média nacional que é de 6,9 anos.

No mundo, inúmeras instituições serão organizadas pela Comunidade Espírita Internacional – CEI, cujas finalidades e objetivos fundamenta-se-ão na Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec e nas demais obras que, seguindo suas diretrizes, lhes serão complementares e subsidiárias. Tal organismo contará com representação em 23 países, incluindo o Brasil[44].

Mas, mesmo agora, tal como propusera Kardec, a Doutrina Espírita não pretenderá convencer quem quer que seja. Sob essa perspectiva, poder-se-á mesmo afirmar que a propagação da Doutrina Espírita não visará alcançar e multiplicar multidões de adeptos. A respeito disso, afirmará o mestre lionês[45]:

"Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a quem quer que seja; quer ser aceito livremente e por efeito de convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que voluntariamente o procuram.

Não cuida de afastar pessoa alguma das suas convicções religiosas; não se dirige aos que possuemuma fé e a quem essa fé basta; (...)."

5.Considerações finais

Será com o ceticismo de um pesquisador positivista-racionalista que o mestre lionês abordará o fenômeno de transcedência metafísica apresentado à verificação sistemática de sua observação. Será à luz do método-científico-dedutivo-cartesiano que Hippolyte empreenderá seu percurso como Allan Kardec. Será como um ser livre de idéias preconcebidas ou amarras intelectuais, que o pedagogo francês, discípulo dileto de Pestalozzi, não só, render-se-á às evidências dos resultados de sua pesquisa, como legará à Humanidade, por intermédio de suas obras, os registros da trilha dos novos caminhos que desvelara. Com extrema lucidez, constatará a existência de um ente pré-existente e sobrevivente à matéria que, dotado de uma mente racional, estará fadado a empreender, por intermédio de sucessivas experiências, um caminho de aprendizado e auto-aperfeiçoamento já propugnado e anunciado pelos princípios cristãos.

Existirá sim, concluirá Kardec, um princípio espiritual-inteligente, aparentemente invisível – mas, absolutamente perceptível -, que a tudo precederá e a tudo sucederá, sob as Leis inderrogáveis de um ser criador – Deus – que será a causa primeira de todas as coisas. O homem será antes de tudo um ser imortal. Contudo, na condição de obra inacabada, terá que empreender por seu próprio esforço e conquistas o seu próprio caminhar para um lugar muito aquém do mundo físico. Os experimentos do professor Rivail revelarão a existência de um ser que, tal como propugnara a convicção socrática, pertencerá, antes de tudo, a um mundo real, inapreensível - perfeitamente sujeito à percepção - aos sentidos da matéria.

Ao pedagogo francês Hippolyte Leon Denizard Rivail, sob a identidade de Allan Kardec, credita-se (e assim o crêem os espíritas) o desvelamento, em seu percurso experimental, da lógica da vida e da própria existência humana. Terá ele trazido as elucidações sobre as mais primitivas questões pertinentes à existência humana: quem somos; de onde viemos e para onde vamos? Os novos caminhos de todas as ciências poderão assim constatar, ou não, tal como previrá Allan Kardec[46]:

" O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicçõessinceras e faz questão de reciprocidade.

Da liberdade de consciência decorre o direito de livre exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade."

Não terá sido como místico, ingênuo ou um crédulo que Rivail abordará o tema central de suas observações e pesquisa, elucidando as questões formuladas inicialmente. Terá sido com a lucidez e espírito crítico que empreenderá a busca das causas de cujos efeitos tornara-se testemunha.

De certo é que a figura ímpar do pedagogo francês Hippolyte Leon Denizard e a lucidez com que empreendeu sua trajetória, sob o pseudônimo de Allan Kardec, terá alcançado um lugar significativo na evolução da história do pensamento filosófico-religioso-ocidental.

6.Bibliografia

DURANT, Will. A história da filosofia. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural.

JERPHANON, Lucien. História das grandes filosofias. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Os pré-socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: FEB.

_____________.O que é o espiritismo. 14 ed. Rio de Janeiro: FEB.

_____________. Obras póstumas. Rio de Janeiro: FEB.

SAUSSE, Henri. Biografia de Allan Kardec. São Paulo: LAKE.

WANTUIL, Z., THIESEN, F. Allan Kardec – pesquisa bibliográfica e ensaios deinterpretação. V. I e II. Rio de Janeiro: FEB, 1980.



[1] Texto completo (revisado e ampliado pela autora em março de 2007) do trabalho apresentado no II Simpósio Internacional sobre Religiões, Religiosidades e Cultura, promovido pelo Departamento de História, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, na cidade de Dourados, em abril de 2006,.

[2] Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo, inscreveu-se como representante da Federação Espírita de Mato Grosso do Sul.

[3] Para maiores aprofundamentos, consultar JERPHANON, Lucien. História das Grandes Filosofias. São Paulo: Martins Fontes, 1992; Os Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores, Nova Cultural; DURANT, Will. A História da Filosofia. Coleção Os Pensadores, Nova Cultural.

[4] A esse respeito, consultar os escritos de Platão em A República (livro VII), no qual faz a narrativa do Mito da Caverna.

[5] Período que perdurou entre o século XVII e o século XVIII.

[6] Em Enciclopédias, organizaram Sociedades, etc.

[7]A esse respeito consultar: SAUSSE, Henri. Biografia de Allan Kardec. São Paulo: LAKE: WANTUIL, Z., THIESEN, F. Allan Kardec – pesquisa bibliográfica e ensaios de interpretação. V. I e II. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

[8] (1) Plano de reforma de ensino na França; (2) Curso teórico e prático de aritmética; (3) Gramática francesa clássica; (4) Catecismo gramatical da língua francesa; (5) Programas ordinários de física, astronomia e fisiologia.

[9] Ele mesmo declarar-se-á positivista.

[10] Fazendo parte de inúmeras sociedades: (1) Sociedade Gramatical; (2) Sociedade para a Instrução Elementar; (3) membro fundador da Previdência dos Diretores de Instituições e Pensões de Paris; (4) Sociedade de Educação Nacional; (5) Instituto de Línguas; (6) Sociedade das Ciências Naturais de França; (7) membro correspondente da Sociedade Real de Emulação, da Agricultura, Ciências, Letras e Artes do Departamento do Ain; (8) Sociedade Promotora da Indústria Nacional; (9) Sociedade Francesa de Estatística Universal; (10) Academia da IndústriaAgrícola, Manufatureira e Comercial; (11) Instituto Histórico; (120Academia de Arras (1831- por sua vitória em um concurso sobre ensino e educação promovido por esta Academia).

[11]Tal como as proposições de Franz AntonMesmer (1733-1815).

[12] A esse respeito conferir: JANI, Jules. L'Illustration, de 14.05.1853: "Toda a Europa (que digo eu, a Europa?), neste momento o mundo inteiro tem o espírito voltado para uma experiência que consiste em fazer girar uma mesa (...)".

[13] A origem de tais fatos remontariam, contudo, a própria história humana, cujos registros podem ser encontrados em textos culturais antigos, notadamente os de cunho religioso.

[14] Sobre o detalhamento do assunto, conferir com Artur Conan Doyke, em História do Espiritismo.

[15]Evidentemente, desde que se reconheça como verdade os princípios idealistas.

[16] Sobre os registros desse fenômeno, consultar Zeus Wentuil e Francisco Thiesen, em As mesas girantes e o Espiritismo, FEB.

[17] Conforme registro de KARDEC, encontrado em Obras Póstumas, 10 ed, da FEB.

[18] Op cit.

[19] Op cit.

[20] Op cit.

[21] É importante destacar que atribuir-se-á a alguns daqueles espetáculos como resultantes de fraudes, daí a reserva de Rivail para com os inusitados acontecimentos.

[22] Citação retirada de Zêus Wentuill e Francisco Thiesen, em Allan Kardec, v II, FEB.

[23] Allan Kardec, em O que é o Espiritismo, 14 ed , FEB.

[24] Op Cit.

[25] Apud Henri Sausse, em Biografia de Allan Kardec, LAK.

[26] Grifo meu.

[27] Atribui-se ao Sr Carlotti e um grupo de intelectuais composto pelo dramaturgo Victorien Sardou e seu pai, o professor e lexicógrafo Antoine Lèandre Sardou; pelo futuro membro da Acadamia Francesa, Saint-René Taillandier; pelo livreiro e editor da Academia Pierre-Paul Didier; por Tiedeman-Marthèse, dentre outros, o encaminhamento de registros coletados já há cinco anos, em reuniões de experimentações mediúnicas..

[28] Allan Karde, em Obras Póstumas, FEB.

[29] Nome pelo qual o professor Rivail passaria a assinar suas obras e que - segundo informa em seus escritos publicados em Obras Póstumas - lhe fora revelado por Espíritos Superiores, como tendo sido um de seus nomes em uma existência passadas, como sacerdote druída. Grifo meu.

[30] Introdução de O Livro dos Espíritos.

[31] Data de seu falecimento, em Paris: 31 de março de 1869.

[32] Kardec, em Revue Spirite, 186, apud Wantuil e Thiesen: Allan Kardec, VII, FEB.

[33] Dados da FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA (2006).

[34] A Federação Espírita Brasileira (FEB) é a maior editora espírita do Brasil: edita 400 títulos, sendo 88 deles psicografados por Francisco Cândido. Os livros de Allan Kardec editado editados pela FEB somam 10 milhões de exemplares. Outros autores (pensadores brasileiros e europeus dos séculos XIX e XX, livros infantis, obras de caráter científico, filosófico ou moral) correspondem a 13 milhões de exemplares.

[35] No sentido que se atribui ao termo religião.

[36] Kardec: Obras Póstumas, p. 260.

[37] Fundada, no Rio de Janeiro, em 2 de janeiro de 1884.

.

[38] A revista O Reformador foi lançado na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de janeiro de 1883, pelo português Augusto Elias da Silva. É um dos quatro periódicos, que, surgidos no Rio de Janeiro, entre 1808 e 1889, sobrevive até os dias de hoje. Os outros são pela ordem: Jornal do Comme´rcio (1827); Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839); Diário Oficial (1862).

[39]Os livros foram escritos na seguinte ordem (ao lado, registramos o número de exemplares vendidos em língua portuguesa e as respectivas edições): 1. Nosso Lar – 1,5 milhões; 54 edições; Os Mensageiros – 520 mil; 40 edições; 3. Missionários da luz – 481 mil, 38 edições; 4. Obreiros da vida eterna – 331 mil, 29 edições; 5. No mundo maior – 310 mil, 23 edições; (6) Libertação – 314 mil, 27 edições; (7) Entre a terra e o céu – 273 mil, 21 edições; (8) Nos domínios da mediunidade – 358 mil, 30 edições; (9) Ação e reação – 303 mil, 25 edições; (10) Evolução em dois mundos – 349,5 mil, 22 edições; (11) Mecanismos da mediunidade – 215 mil, 23 edições; (12) Sexo e destino – 400 mil, 27 edições; (13) E a vida continua...- 344 mil, 29 edições.

[40] Dois livros da coleção – "Evolução em dois mundos" e "Sexo e destino" – tiveram a co-autoria psicográficado médium Waldo Vieira.

[41] Todos os 13 livros da coleção têm o mesmo autor espiritual: André Luiz, que teria sido um médico do Rio de Janeiro, desencarnado na década dos anos 30.

[42] Instituições religiosas-cristãs, onde se difunde e se pratica a doutrina Espírita.

[43] 98,1% são pessoas, com 15 anos ou mais de idade, alfabetizadas; 8,4 % delas ganhavam mais de 20 salários mínimos, enquanto para o total da população, apenas 2,7% tinham esse rendimento.

[44] São entidades nacionais componentes do CEI: Angola: Sociedade Espírita Allan Kardec de Angola; Argentina: Confederaciòn Espiritista Argentina; Bélgica: Union Spirite Belge; Bolívia: Federação Espírita Boliviana; Brasil: Federação Espírita Brasileira; Chile: Centro de Estúdios Espírita Buena Nueva; Colômbia: Confederación Espiritista Colombiana; El Salvador: Federación Espírita de El Salvador; Espanha: Federación Espírita Española; Estados Unidos da América: United States Spiritist Council; França: Union Spirite Française et Francophone; Guatemala: Cadena Heliosóphica Guatemalteca; Itália: Centro Italiano Studi Spiritici Allan Kardec; Japão: Comunhão Espírita Cristã Francisco Cândido Xavier; México: Central Espírita Mexicana; Noruega: Gruppen for Spiritistiske Studier Allan kardec; Paraguai Centro de Filosofia Espiritista Paraguayo; Peru: Federación Espírita del Peru; Portugal: Federação Espírita Portuguesa; Reino Unido: Allan Kardec Study Group; Suécia: Svenska Förbundet; Suíça: Union des Centres d'Études Spirites em Suisse; Uruguai: Federación Espírita Urugaya.

[45] Kardec: Obras Póstumas, p. 261.

[46] Kardec: Obras Póstumas, pg. 261; grifado pelo autor.


Autor: maria angela mirault


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