Refletindo sobre a crise



Os números do PIB, com retração de 3,6% no último trimestre de 2008, não deixam dúvida: a crise deixou de ser financeira (falência de bancos/corretoras, incerteza no mercado acionário) para se tornar econômica (retração da demanda, excesso de oferta, desemprego).

Neste atual momento não adianta pensar em "marolinha" como diz o presidente Lula ou "tsunami" como pensa o economista Nouriel Roubino. É hora de juntarmos os cacos e refletirmos sobre o que está acontecendo e, principalmente, como vamos sair dessa.

Neste sentido proponho a atenção em alguns pontos:

Paciência, a recuperação levará algum tempo
A recessão é global: as exportações, a produção e o consumo estão caindo de forma acelerada. Os ventos contrários são muito fortes, em razão da excessiva alavancagem, dos balanços comprometidos e do consequente aperto do crédito. As principais instituições financeiras podem estar insolventes; é difícil avaliar seus livros contábeis. O crescimento global aproxima-se do zero, e as economias de todos os países avançados provavelmente encolherão em 2009. Estes fatores provocaram uma redução do consumo e, depois, o declínio dos investimentos e do emprego. Com isso, as vendas, os lucros, a qualidade do crédito e, completando o círculo, os valores dos ativos caíram. Se os governos forem rápidos e transparentes em suas intenções e intervierem de maneira coordenada na economia real e no setor financeiro, provavelmente teremos uma recessão global profunda até 2010. Se não o fizerem, provavelmente a situação se agravará ainda mais.

Economia voltará à normalidade em 2010
Os economistas hesitam em prever o futuro, e com razão. Mas, analisando o atual quadro da crise chegamos a duas conclusões: não foi da noite para o dia que chegamos a este ponto, e nem poderemos nos recuperar amanhã. Entretanto, para acelerar o processo será preciso tomar algumas medidas - restabelecer o crédito,  e adotar iniciativas para a criação de empregos. Do início a meados de 2010, os bancos, ao se recuperarem, começarão a emprestar, e um progresso maior ocorrerá quando os consumidores tirarem vantagem das oportunidades únicas que esse colapso poderá proporcionar.

Essa crise não tem nenhuma novidade
A crise é a maior da história recente, quer pelo parâmetro de sua rapidez e da escala das perdas em termos de capital, quer pelo alcance global. Entretanto, vista de outra perspectiva, ela é surpreendentemente comum, e segue o mesmo esquema de dezenas de bolhas anteriores. Na fase de expansão, a inflação de ativos e a criação de crédito formam um fenômeno deploravelmente denominado de "círculo virtuoso", que eleva os preços dos ativos e o estoque da dívida a níveis insustentáveis. Vem então o momento em que o círculo virtuoso descamba para um círculo vicioso de contração do crédito e de deflação dos ativos. A história econômica vem registrando uma cadeia de eventos como essa desde a “Febre das Tulipas” do século XVII. Portanto, essa crise não tem novidades e sabermos como enfrentá-la.

O pessimismo acaba quando há esperança
o pessimismo acabaria quando os agentes econômicos voltam a ter esperança. A esperança sustenta a vida, mas a esperança perdida prolonga as recessões. Na raiz deste paradoxo está a noção de que as "booms" ão só precedem "booms", mas também são causa deles. Quando há incerteza quanto ao futuro os donos de empresas cortam seus investimentos e os consumidores cortam seus orçamentos. Ao fazerem isso a recessão se aprofunda e os preços caem. Os preços baixos de hoje, por mais dolorosos que possam ser, acabarão se tornando o próprio estímulo do mercado, pois mais cedo ou mais tarde o empresário voltará a investir e o consumidor a comprar. Antes de você perceber, o mercado acionário, imobiliário, automobilístico (qualquer mercado) estarão a caminho de uma recuperação - só não pergunte quando.

Em resumo:
- exageramos;
- cometemos o mesmo erro de sempre;
- mas vamos nos recuperar no médio prazo.

Bibliografia:
Jornal Gazeta Mercantil, "Quando veremos uma reviravolta nos EUA?". Publicado em 09 de março de 2009
Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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