Supercasal



À primeira vista é comovente quando alguém diz que vive por você, mas tudo tem um custo e nesse caso parte da conta é paga por sua paciência, pois quando lhe dão tudo exigem ainda mais em troca.

Por outro lado, é possível que vocês já estejam tão acostumados a essa forma fusionada de levar a vida que considerem natural que um se encarregue da felicidade do outro.

Sugerimos que revejam seus pontos de vista, pois, às vezes, essa sensação de segurança no relacionamento esconde uma narcose afetiva que os está mantendo juntos todos esses anos, mas no fundo vocês já nem se lembram os motivos dessa união.

Descubram quais são seus motivos. Caso contrário, para suportar a pressão e manter o relacionamento, vocês correm o risco de desviar toda a energia para a exigência de fazer tudo ser perfeito – comprar o vestido de noiva desenhado por aquele estilista, passar a lua-de-mel naquele país e comprar aquela casa se tornam mais importantes do que o amor e o companheirismo que inicialmente os moveu em direção um do outro.

Vocês acabarão se tornando um supercasal e, ao contrário do que parece, ser um supercasal não os fará mais felizes, mas a estabelecer metas que os distanciarão cada vez mais de si mesmos e um do outro.

Para o alto e avante

Um supercasal só funciona no piloto automático e ambos se pressionam para se superar; dar-se além de si mesmos; ser excelentes e adaptar-se a tudo, sempre. Os dois se tornam muito críticos e exigentes e se decepcionam um com o outro se as expectativas não forem alcançadas.

Elogiar é algo impensável, pois nada nunca é suficientemente bom. Você deve conhecer a história de alguém que descartou seu parceiro, ou foi descartado por ele, por um não ser o que outro gostaria que fosse.

Veja, não estamos sugerindo que vocês baixem seu padrão de qualidade. A motivação para superar obstáculos e que faz as pessoas crescerem e o casal se aprimorar é muito importante.

Pertencer a um supercasal significa outra coisa. É estar sob uma constante pressão energética e psicológica que se materializa na falta de descanso ao final de cada jornada, de cada dia; na incapacidade de conceder momentos de paz e alegria um ao outro; na dificuldade em celebrar juntos as pequenas conquistas diárias; na desqualificação das pequenas indulgências e gentilezas.

Viver sob essa pressão vicia e a prova disso é que assim que as metas forem alcançadas, elas são substituídas por novas e começa a corrida para comprar a casa da praia – mesmo que vocês passem anos sem tirar férias –, trocar o carro – pois já se passaram seis meses desde a última compra – e por aí vai.

Claro que segurança material é importante, mas quando o bem-estar da família e a qualidade do diálogo, da convivência e da sexualidade do casal ficam comprometidos pelo excesso de metas a serem alcançadas, é preciso replanejar seus projetos de aquisições, antes que paixão e amor sejam liquidados junto com a fatura do cartão de crédito.


Autor: Sueli Nascimento


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