Cuidando do cuidador de um paciente de Alzheimer



É comum realizar tratamentos em pessoas que estejam com algum tipo de doença. Entretanto, é pouco usual disponibilizar estrutura para os familiares ou contratados para cuidarem de quem está nesta situação. Esse trabalho é feito pela psicóloga Ana Margarida de Castro Teixeira no projeto intitulado: "cuidando do cuidador de um paciente de Alzheimer", reunindo informações sobre a doença, suas repercussões, técnicas de relaxamento, suporte emocional para a família e aquele que cuida do paciente, visando fortalecê-los no acompanhamento de cada fase da doença.

A doença de Alzheimer ou DA, é degenerativa e progressiva e era erroneamente chamada de "caduquice" ou "esclerose". Ela é uma forma de demência devido à morte das células cerebrais que produz atrofiamento do cérebro."Em geral o início da doença passa despercebido. O paciente começa a ter pequenos esquecimentos e os familiares fazem vistas grossas, ficando mais grave". Na maioria das vezes os primeiros sintomas são relacionados com envelhecimento e estresse. O sintoma mais notável é a perda de memória. "O processo se estabelece de forma lenta e gradual. A família se vê surpreendida porque a pessoa começa a ficar agressiva e com uma irritação acima do normal".

O tratamento ao paciente é fundamental, porém, o trabalho psicológico para as pessoas que estão ao seu redor é tão importante quanto. A carga emocional é muito forte, por isso, a ajuda ao responsável por cuidar do paciente torna-se importante . "Todo o seu processo de desenvolvimento envolve sofrimento emocional do doente e sua família. Sofrimento ao se deparar com as próprias falhas de memória que lhe causam constrangimento, por ver sua capacidade e sua independência nas tarefas cotidianas serem perdidas".

Esse trabalho de cuidar das pessoas ao redor do paciente é  implantado pela Dra. Ana, que comenta como a situação é conduzida costumeiramente. "Os médicos apenas diagnosticam e encaminham o doente para um geriatra fazer o tratamento. Ninguém oferece um suporte para os familiares que necessitam deste cuidado".

Quando implantou o "grupo de cuidadores" percebeu que teve dificuldades para atrair aderentes. "Percebi que eles ficavam assustados quando criei o grupo. Até que introduzi uma técnica de relaxamento com palestras informativas e eles aceitaram melhor. Estavam ali não por eles, mas para conseguir um recurso a mais para cuidar dos pacientes". A psicóloga Ana Margarida identificou a necessidade de atenção à família que desde os primeiros sintomas da doença foi surpreendida por alterações de comportamento que não conseguiam entender, aceitar e tão pouco administrar na sua rotina do dia-a-dia.

A técnica aplicada não se restringe apenas ao paciente. "O próprio familiar ou quem for cuidar faz em si próprio e no paciente. Às vezes a pessoa fica perdida em cuidar do doente. Fica assustada em procurar algo para si, o que é importante para melhorar o seu estado, que precisa estar bem emocionalmente para cuidar do paciente, já que o desgaste emocional é muito grande e o sofrimento de um familiar em ver alguém da família nesse estado também", finalizou a Dra Ana.


Autor: Ricardo Lopes


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