Paixão - Parte 1



Foi um olhar... Não há nem como esconder, foi um olhar. Falam dessas coisas de beleza interior e sabe-se lá mais o que, mas é tudo besteira. A gente bate o olho primeiro, é inevitável. Se o que se apresenta a esse olhar não chama atenção, ninguém vai atrás! Então, pela terceira vez, foi o olhar. Ah, a maneira que ele me olhava era inconfundível. Eu conheço bem esse tipo de olhar, afinal de contas, já flertei por aqui e por ali. Todos foram casos passageiros, no máximo uns amassos, mas nada sério. Com ele já foi bem diferente, eu sabia que ele me desejava. Não vou negar que ele também me chamou a atenção. Por quê? Não sei. Engraçado essas coisas. Acho que como eu disse, foi o olhar dele pra mim. Tudo bem que o cabelo dele também é lindo. As mãos são perfeitas. O contorno dos lábios dele. Ah... Mesmo depois do tempo que estamos juntos, ainda suspiro ao pensar nele. Cada coisa que acontece com a gente. Parece que a gente fica boba, não é? Mas acho que o amor é assim mesmo. As menores coisas tiram sorrisos, e calafrios, e arrepios, e aquela sensação que em minha opinião não tem melhor descrição que essa: borboletas no estômago. Tudo tão gostoso. E eu estava certa desde o princípio, ele realmente me queria. Ficou me paquerando por um tempo. Como eu gosto disso também. Eu sabia que ele ia até lá só para me ver. Ia com amigos, para disfarçar. Dava uma passada por aqui, outra por ali, mas acabava sempre no mesmo lugar, pertinho de mim. Parado. Só olhando. Eu fingia que não estava nem aí. Fazia de conta que nem o via. Estava distraída demais conversando com minhas amigas para notá-lo. Ai, como é bom paquerar! Eu sei que é bobo, mas é uma delícia! Depois de um tempinho, ele chegou bem pertinho de mim e "esbarrou". Sabem como é, precisava de uma estratégia para chamar minha atenção. Mal sabia ele que meus olhos eram só dele há muito mais tempo. Mas foi só isso, ele esbarrou, deu uma olhada para trás e foi embora. Outro dia, ele lá de novo. Alguma coisa naquele esbarrão mudou tudo. A partir daí ele ficou tão mais ousado. Será que ele já tinha percebido que eu o desejava? Parecia que sim. Mas era impossível! Eu não tinha feito absolutamente nada. Mas, vai saber, isso é o que eu acho. Talvez, do mesmo jeito que eu sabia que ele me queria, ele também sabia que eu o desejava. Mas a ousadia dele não foi nada desrespeitosa, foi bonitinha até. Começamos a conversar um pouquinho. Ele dava leves toques em mim, como quem não quer nada, mas eu sabia que era um toque mais carinhoso que o normal. A cada toque desse eu me derretia por dentro, só aguardando o próximo. Claro que nunca deixei isso transparente. A gente sempre sabe esconder essas coisas, fingindo que não dá a mínima. Depois de um tempo de namoricos desse tipo, a coisa foi ficando mais séria. Os toques eram declaradamente apaixonados. Víamos-nos sempre e era sempre uma loucura. Abraços, e beijinhos, e carinhos sem ter fim. Até que um dia ele olhou nos meus olhos e disse: "Hoje você vai para casa comigo".


Autor: Renato Malkov


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