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Um Outro Mundo é Possível?

"Um outro mundo é possível?" Esta é a indagação da vez, pelo menos em Belém do Pará, sede da edição 2009 do "World Social Forum". Mas vale lembrar que antes da euforia do Fórum Social Mundial (FSM), existiam outras dúvidas mais latentes, ou ao menos, comentários sobre assuntos mais específicos: crise econômica, crise de abastecimento (alimentos e combustíveis), crise de segurança e lá vai poeira.

O FSM traz como sugestão a transformação desta atual realidade decadente, notadamente afundada em problemas de variadas ordens, em uma mais justa, simples, sem disparidades econômicas entre os países, abolindo qualquer tipo de preconceito. É válido ressaltar que além de apenas expor teorias e debate-las, o evento busca comprovar suas reais aplicações. Isto fica bem expresso na proposta do Acampamento da Juventude, situado na UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), na qual os seus hóspedes discutem e põem em prática seus ideais.

Realmente a proposta é muito boa, entretanto é importante refletir sobre algumas situações que colocaram em cheque, a meu ver, a eficácia de toda esta mobilização por um mundo diferente. Se a intenção é acabar com os problemas ambientais (como o aquecimento global), não seria mais plausível não liberar MAIS CO2 em forma de fumo? Se a intenção é fazer o mundo mais limpo, por que não há a intenção de, ao menos, jogar o lixo no lixo? Se a intenção é discutir as soluções para este mundo com responsabilidade, por que embriagar-se? Se a intenção é debater os mais variados assuntos, sem a mínima hipocrisia, por que a cidade sede está vivendo uma semana completamente diferente das outras na qual viveu? Belém não está acostumada com vigilância 24 horas, principalmente para proteção dos mais pobres. Muito menos em ver a Perimetral capinada e com obras de infra-estrutura. Todas as ações, do governo e prefeitura, foram maneiras de disfarçar a situação degradante da cidade. Se as autoridades pudessem camuflar a periferia bem a frente das universidades onde está ocorrendo o evento, não tenho dúvida, o fariam.

Antes de pensar se um outro mundo é possível, não seria melhor começar a pensar nas próprias atitudes? Assim, pouco em pouco, todos serão capazes de concretizar o saneamento das enfermidades planetárias. Fazendo valer os verdadeiros esforços de cada UM, por meio de uma reestruturação nos pensamentos e, principalmente, das práticas. Pois jamais será possível alcançar um objetivo sem seguir as devidas etapas; então antes de acusar qualquer pessoa por fazer mal ao mundo, deve-se constatar a sua própria parcela de culpa nisto.

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