INTOXICAÇÃO EXÓGENA O QUE FAZER?
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS - FESO CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS - UNIFESO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE- CCS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM |
IVANIA MATSUMOTO
INTOXICAÇÃO EXÓGENA
TERESÓPOLIS
2008.1
INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Introdução
Um tóxico é qualquer substância, que, quando ingerida, inalada, absorvida, aplicada na pele ou produzida dentro do corpo em quantidade relativamente pequenas, lesa o corpo através de sua ação química. Os tóxicos podem penetrar por qualquer via, mas as mais comuns, pela ordem de freqüência, são a digestiva, a respiratória e a cutânea.
O veneno introduzido no organismo exerce a sua ação de acordo com o sistema atingido:
- - Sangue,
- - Aparelho cardiovascular,
- - Aparelho respiratório,
- - Aparelho gastrintestinal ,
- - Aparelho urinário e
- - Aparelho nervoso.
O tratamento de emergência para intoxicações tem como fundamental exigências:
- Remover ou inativar o tóxico antes que ele seja absorvido;
- Fornecer cuidados de suporte na manutenção de sistemas orgânicos e vitais;
- Administrar um antídoto específico para neutralizar um tóxico específico;
- Implementar o tratamento que acelere a eliminação do tóxico absorvido
TÓXICOS INGERIDOS
Os tóxicos ingeridos podem ser corrosivos. Os tóxicos corrosivos incluem agentes alcalinos e ácidos que podem provocar destruição tecidual após entrar em contato com mucosas.
Produtos alcalinos: Hidróxido de potássio, produtos
de limpeza a seco, desinfetantes, detergentes,
detergentes não fosfatados, limpadores de fornos,baterias,comprimidos
de Clinitest.
Produtos ácidos: Detergentes, produtos de limpeza de piscina, polidores,
removedores de ferrugem, ácidos, bateria.
TRATAMENTO
Manter vias aéreas pérveas, ventilação e oxigenação São instiuidas medidas para estabilizar a função cardiovascular e outras funções corporais. ECG, os sinais vitais e o estado neurológico são monitorizados de perto. É tratado o choque, é inserido uma sonda urinária de demora para monitorizar a função renal. São colhidos amostras sanguíneas para testar a concentração da substância ou tóxico.
...continuação
São iniciados esforços para determinar qual substância foi tomada; a quantidade; o período desde a ingestão; sinais e sintomas, como dor ou sensações de queimação, qualquer evidência de rubor ou queimaduras na boca ou faringe, dor à deglutição ou uma incapacidade de deglutir, vomitar ou salivar; idade e peso do paciente; e a história de saúde pertinente.
...continuação
São instituidas medidas para remover a toxina ou diminuir sua absorção.
...continuação
O antagonista químico ou fisiológico especifico é administrado o mais breve possível para reverter ou diminuir os efeitos da toxina. Quando essas medidas são ineficazes, são iniciados procedimentos para remover a substância ingerida. Esses procedimentos incluem a administração de múltiplas doses de carvão ativado ou através da diurese, diálise e hemoperfusão.
Quando o paciente se queixa de dor, os analgésicos de vem ser administrados com cautela, porque a dor intensa provoca colapso vasomotor e inibição reflexo das funções fisiológicas normais.
TÓXICOS INALADOS: INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO
O monóxido de carbono exerce seu efeito tóxico ao se ligar com a hemoglobina circulante , diminuindo a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. A hemoglobina ligada ao monóxido de carbono, chamada de carboxiemoglobina, não transporta oxigênio.
Manifestações Clinicas
Uma pessoa que sofre intoxicação por monóxido de carbono parece intoxicada (devido a hipóxia cerebral). Os outros sinais e sintomas incluem cefaléia, fraqueza muscular,palpitação, confusão mental, que podem evoluir rapidamente para o coma. A coloração cutânea pode variar de rósea vermelho cereja a cianótica e pálida, constitui um sinal confiável. A exposição ao monóxido de carbono exige tratamento imediato.
Tratamento
As metas do tratamento são reverter a hipóxia cerebral e miocárdica e acelerar a eliminação do monóxido de carbono.
- Transportar imediatamente o paciente para o ar fresco;
- Abrir todas as janelas e portas;
- Afrouxar todas as roupas apertadas;
- Iniciar a reanimação cardiopulmonar;
- Administrar oxigênio;
- Evitar o calafrio; enrolar o paciente em cobertores;
- Manter o paciente mais quieto possível;
- Não administrar álcool em qualquer forma.
INTOXICAÇÃO POR CONTAMINAÇÃO CUTÂNEA (QUEIMADURAS QUÍMICAS)
As lesões de contaminação cutânea a partir da exposição as substâncias químicas são desafiadoras por causa de um grande número de agentes agressores com ações e efeitos metabólicos diversos.A gravidade de uma queimadura química é determinada por um mecanismo de ação,força de penetração e concentração e pela quantidade e duração da exposição da pele à substância química.
Tratamento
- A pele deve ser imediatamente molhada em água corrente.
- O fluxo constante de água deve continuar enquanto se retira as roupas do paciente.
- A pele dos profissionais de saúde que assistem ao paciente deve se adequadamente protegida.
INTOXICAÇÃO ALIMENTAR
A intoxicação alimentar é uma doença súbita que pode ocorrer depois da ingestão de alimento ou água contaminada. O botulismo é uma forma grave de intoxicação alimentar que exige vigilância continua.
Tratamento
A chave para o tratamento é determinar a fonte e o tipo de intoxicação alimentar. Alimento, conteúdo gástrico, vômitos, soro e fezes são coletados para exame. São monitorizados de perto sinais vitais, sensório, PVC e atividade muscular do paciente quando indicados. São instituídas medidas para sustentar o sistema respiratório. A morte por paralisia respiratória pode ocorrer com o botulismo, intoxicação por peixes e outras intoxicações alimentares.
Como grandes volumes de eletrólitos e água são perdidos pelo vômito e diarréias, o equilíbrio hidroeletrolítico deve ser monitorizados. O vômito grave produz alcalose, e a diarréia grave acidose. O choque hipovolêmico também pode acontecer a partir de perdas hidroeletrolíticas graves. O paciente é avaliado para os sinais e sintomas de distúrbios hidroeletrolíticos, inclusive letargia, taquicardia, febre, oligúria, anúria e delírio.
...continuação
- Administrar antiemético prescrito, por via parenteral;
- Após melhora de vômitos iniciar gradualmente dieta branda com poucos resíduos
INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS
Os inseticidas Organofosforados e Carbamatos são atualmente os produtos mais usados na agricultura para uma diversidade de culturas, nas infestações em residências e em animais e no controle de vetores, como pesticidas e praguicidas. Estes agentes agem inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase, fundamental para o bom funcionamento do Sistema Nervoso Central dos humanos e outros animais. Atualmente, são utilizados com outras finalidades como tentativas de suicídio, sendo também agentes comuns em intoxicações acidentais e profissionais,respondendo por um número significativo de intoxicações agudas.
Sinais e Sintomas Específicos
Efeitos Muscarínicos:
- Borramento da visão,
- Miose,
- Hiperemia conjuntival,
- Lacrimejamento,
- Broncoconstrição – sibilos,
- Broncorréia – roncos,
- Dispnéia, sudorese,
- Rinorréia, sialorréia,
- Bradicardia,
- Hipotensão,incontinência fecal, diarréia, tenesmo, náuseas, vômitos, dor abdominal, hipermotilidade intestinal, incontinência urinária.
Efeitos Nicotínicos
- Palidez
- Taquicardia
- Hipertensão
- Fasciculações
- Caibra
- Fraqueza muscular
- Paralisia
- Paralisia de músculos respiratórios
- Fadiga
- Diminuição do esforço respiratório
- Hiporreflexia
Efeitos Sobre o SNC
- Ansiedade, agitação
- Cefaléia, confusão mental
- Voz arrastada, ataxia
- Sonolência, hipotensão
- Fadiga, letargia
- Convulsão
- Respiração de Cheyne-Stokes, Dispnéia
- Paralisia respiratória central
- Depressão do centro cardiovascular e coma.
Sinais Maiores e Menores na Intoxicação por Carbamato
Sinais maiores:
- Miose
- Sudorese profusa
- Sialorréia
- Broncorréia
- Liberação dos esfíncteres
- Miofascirculações
Sinais menores:
- Diarréias
- Náuseas
- Vômitos
- Hipermotilidade intestinal
- Dor abdominal (difusa e mal definida)
Classificação do Paciente Intoxicado por Chumbinho no primeiro atendimento
- Grau 0 :Sem sintomatologia 2 horas após a ingestão
- Grau 1: Um ou dois sinais menores até 2 horas após a ingestão, não mantidos
- Grau 2: Sinais menores, acompanhados de um sinal maior
- Grau 3: Sinais menores, acompanhados de dois sinais maiores, sem comprometimento respiratório.
- Grau 4: Sinais menores, acompanhados de três ou mais sinais maiores, com comprometimento respiratório.
- Grau 5: Quadro completo, com pelo menos um sinal de gravidade.
Sinais de Gravidade
- Miofascirculação generalizada e mantida
- Insuficiência respiratória
- Coma
- Parada cardiorrespiratória
CONDUTA DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO
Grau 0: Observação por 6 horas
Grau 1:
- Lavagem gástrica (LG) com 6 litros ou mais de SF a 0,9%(enquanto sair o agente tóxico);
- Observação por 12 horas. Mantendo-se assintomático, liberar o paciente. Caso apresente sintomatologia, reclassificar e proceder à conduta.
...continuação
Grau 2:
- Lavagem gástrica (LG) com 6 litros ou mais de SF a 0,9% (enquanto sair o agente toxico);
- Carvão ativado (CA) via sonda nasogástrica (SNG), por lavagem, em dose única de 25g em 250ml de SF a 0,9% para adulto, e 0,5g/kg para crianças.
- Catártico salino – Hidróxido de magnésio - 30 ml via SNG 1 hora após CA;
- Atropina - 1mg, EV, de 15/15 min;
- Telerradiografia de tórax - quando houver suspeita de broncoaspiração;
- Reavaliação de 2/2 horas, com nova classificação, quando necessário;
- Observação por pelo menos 12 horas, após término da atropinização.
...continuação
GRAU 3
- LG com 8 litros de SF a 0,9% ou mais;
- CA via SNG, de 6/6 horas, até 24 horas
- Catártico salino, 1 hora após cada dose do carvão;
- Atropina - 1,5mg, EV, de 15/15 min, para adultos e 0,03mg/kg/dose, de 15/15 min, para crianças;
- Telerradiografia de tórax;
- Medidas sintomáticas e de suporte;
- Reavaliação e nova classificação, se necessário, de 2/2 horas
- Observação por pelo menos 18 horas, após término da atropinização.
- Cuidado com a atropinização destes pacientes, pois ao mesmo tempo que pode ter uma melhora rápida, devendo haver a diminuição da dose da atropina, pode evoluir com comprometimento respiratório, necessitando aumentar a dose.
...continuação
Grau 4:
- LG com 10L de SF a 0,9% ou mais;
- Atropina - 2,0 mg, EV, de 10/10 min, em adultos, e 0,05mg/kg/dose, de 10/10 min,em crianças;
- CA, via SNG, de 6/6 horas, por 24 horas;
- Catártico salino;
- Telerradiografia de tórax;
- Monitorização cardíaca;
- Medidas sintomáticas e de suporte;
- Reavaliação de 1/1 hora
- Observação por no mínimo 24h após término da atropinização.
- Avaliar indicação de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pelo risco de desenvolver Insuficiência Respiratória.
...continuação
Grau 5: Idêntico ao grau 4, exceto:
- Atropina - 2mg, EV, de 10/10min, em adultos, e 0,05mg/kg/dose, de 10/10min, em crianças;
- Em casos muito graves pode ser aumentada a dose;
- Observação por 24 e 48h, no mínimo, após término da atropinização
- Indicação de UTI.
Contra-Indicações
Drogas que causam depressão do Sistema Nervoso Central, como Morfina, Barbitúricos, Reserpina, Fenotiazínicos; Aminofilina, Teofilina; e Insulina. O Contrathion está contra-indicado em intoxicação por Carbamatos, a não ser quando:caso onde haja associação entre carbamato e OF.
INTOXICAÇÃO POR DROGAS
As manifestações clínicas de um cliente com intoxicação por drogas variam com a droga utilizada, mas os princípios subjacentes de tratamento são essencialmente idênticos. As metas do tratamento para um paciente que sofreu uma intoxicação por drogas são o suporte das funções respiratória e cardiovascular, estimular a depuração do agente e fornecer a segurança para o paciente e equipe.
Narcóticos
Cocaína, heroína,morfina,codeína,derivados sintéticos (metadona, maperidina), fentanil.
Manifestações Clínicas:
- Aumento da frequência cardíaca e PA;
- Hiperpirexia, convulsões e disritimias;
- Euforia seguida de ansiedade, tristeza e insônia, alucinação, psicose;
- Intoxicação aguda (overdose);
- Pupilas puntiformes;
- Pressão arterial diminuida;
- Acentuada depressão respiratória;
- Estupor (coma).
Tratamento
- Garantir a via aérea e a ventilação;
- Controlar as convulsões;
- Monitorar os efeitos cardiovasculares; tendo disponível lidocaína e desfibrilador se for preciso;
- Tratar a hipertermia;
- Utilizar carvão ativado;
- Encaminhar para avaliação psiquiátrica.
- Estabelecer um acesso venoso;
- Administrar glicose se prescrito para eliminar a possibilidade de hipoglicemia;
- Administrar antagonista de narcótico (cloridrato de naloxona), para reverter a depressão respiratória grave e o coma;
...continuação
- Monitorizar sinais vitais;
- Realizar ECG se preciso;
- Não deixar o paciente sozinho, pois ele pode retroceder ao coma;
- A hemodiálise pode estar indicada para a intoxicação grave;
- Monitorizar para edema agudo de pulmão
- Encaminhar para avaliação psiquiátrica antes da alta.
Barbitúricos
Pentobarbital, Secobarbital, Amobarbital.
Manifestações Clínicas:
- Depressão respiratória;
- Face ruborizada;
- Frequência cardíaca diminuida;
- Pressão arterial diminuida;
- Nistagmo crescente;
- Reflexos tendinosos profundos deprimidos;
- Alerta mental decrescente;
- Dificuldade em falar;
- Má coordenação motora;
- Coma;
- Morte.
Tratamento
- Manter pérvia as vias aérea e dar suporte respiratório;
- Entubação endotraquel ou traqueostomia se preciso;
- Realizar aspiração se necessário;
- Suportar as funções cardiovascular e respiratória;
- Fazer punção venosa com agulha de grande calibre;
- Fazer bicarbonato de sódio se prescrito, para alcalinizar a urina, o que promove a excreção do barbitúrico;
- Atentar para sinais vitais e neurológicos;
- Encaminhar para consulta psiquiátrica para avaliar o potencial suicida.
Substâncias do tipo Anfetamina ("arrebites, bolinhas")
Anfetamina, Dextroanfetamis, Metanfetamina, MDMA ("Ecstasy"), MDEA ("Eve"), MDA.
Manifestações Clínicas:
- Nàuseas, vômito, anorexia, palpitações, taquicardia;
- Pressão arterial elevada;
- Taquipnéia;
- Ansiedade e nervosismo;
- Diaforese;
- Midríase;
- Comportamento repetitivo ou estereotipado;
- Irritabilidade, insônia, agitação;
- Perperpções visuais errôneas, alucinações auditivas;
- Ansiedade temerosa, depressão, frieza, paranóia;
- Hiperatividade;
- Convulsões, coma, hipertermia, colapso cardiovascular, rabdomiólise.
TRATAMENTO
- Fornecer suporte das vias aérea,
- Ventilação mecânica;
- Punção venosa;
- Empregar descontaminação gastrointestinal nos casos de intoxicação oral como carvão ativado, lavagem gástrica;
- Manter o ambiente calmo e tranquilo;
- Usar pequenas doses de Diazepam EV ou Haloperidol, conforme prescritos
- Administrar medicamento para a hipertensão e disritmias ventriculares conforme prescritos;
- Tratar convulsões com benzodiazepínicos;
- Tratar a estimulação simpática com agentes beta-bloqueadores;
- Colocar em ambiente de proteção;
- Encaminhar para tratamento psiquiátrico antes da alta.
Substâncias Alucinógenas ou do tipo Psicodélica
Dietilamida do ácido lisérgico (LSD); Cloridrato de fenciclidina (PCP, "poeira dos anjos"); Mescalina, psilocibina, canabinóides (marijuana)
Manifestações Clínicas:
- Hipertensão branda;
- Confusão acentuada limiar ao pânico;
- Incoerência, hiperatividade, isolamento;
- Comportamento combativo; delírio, mania e auto-lesão;
- Alucinações;
- Hipertensão, hipertermia, insuficiência renal;
- Convulsões, coma, colapso circulatório e morte.
TRATAMENTO
- Manter vias aéreas pérveas;
- Determinar se o paciente ingeriu substância alucinógena ou apresenta uma psicose tóxica, avaliando a urina ou soro;
- Tentar tranquilizar o paciente;
- Sedar o paciente com benzodiazepínicos ou barbitúricos prescritos;
- Pesquisar evidência de trauma;
- Controlar as convulsões;
- monitorizar as crises hipertensivas;
- Colocar o paciente em ambiente protegido
- Encaminhar para tratamento psiquiátrico.
Sedativos não Barbitúricos
Diazepam, Cloriadiazepóxido, Orazepam, Lorazepam, Midazolam.
Manifestações Clínicas:
- Depressão respiratória;
- Alerta mental decrescente;
- Confusão;
- Turvação da fala;
- Pressão arterial diminuida;
- Ataxia;
- Edema pulmonar
- Coma e morte.
TRATAMENTO
- Utilizar entubação e ventilação mecânica para estabilizar a depressão respiratória;
- Atentar para hipotensão;
- Inserir sonda urinária de demora;
- Iniciar infusão venosa com volume;
- Realizar lavagem gástrica, carvão ativado, catártico se prescritos;
- Iniciar monitorização do ECG e atentar para disritmias;
- Administrar flumazenil que é o antagonista do benzodiazepínico.
INTOXICAÇÃO POR SALICILATOS
Aspirina. Presente em comprimidos analgésicos compostos.
Manifestações Clínicas:
- Agitação, zumbido, surdez e turvação visual;
- Hiperpnéia, hiperpirexia e sudorese;
- Dor epigástrica, vômitos, desidratação;
- Acidose respiratória e metabólica;
- Desorientação, coma, colapso cardiovascular.
TRATAMENTO
- Tratar depressão respiratória;
- Induzir esvaziamento gástrico por lavagem;
- Fornecer carvão ativado;
- Apoiar o paciente com infusões venosas;
- Estimular a eliminação dos salicilatos, através da diurese, alcalinização da urina diálise peritoneal ou hemodiálise, de acordo com a gravidade da intoxicação;
- Monitorizar nível sérico de salicilato;
- Administrar fármaco específico prescrito para sangramento e outros problemas.
ACETAMINOFENO
Presentes em analgésicos, antitérmicos e remédios para resfriados prescritos e populares.
Manifestações Clínicas:
- Letargia até encefalopatia e morte;
- Desconforto gastrointestinal, diaforese;
- Dor em hipocôndrio direito;
- Testes anormais de função hepática, tempo de protombina prolongado e bilirrubina aumentada;
- Hepatomegalia levando 'a infuficiência hepática.
TRATAMENTO
- Manter vias aérea pérveas;
- Exames laboratoriais, TP/TTP, hemograma, uréia, creatinina;
- Administrar xarope de Ipeca e acompanhar vômitos com carvão ativado
- Preparar para possível hemodiálise;
- Administrar N-acetilcisteína prescrita, ela repõe as enzimas hepáticas essenciais e requer um total de 18 doses a cada 4 horas. O carvão ativado absorve a NAC sendo assim, não administrar em conjunto;
- Repetir a dose de NAC se o paciente vomitar.
INTOXICAÇÃO POR ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa, como, por exemplo, serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos, a arraias. Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão(sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).
Serpentes
- A maioria dos acidentes é causada pelas serpentes do gênero Bothrops(jararaca) de 80% a 90%, seguido pelo Crotalus(cascavel) de 10% a 20%. Os venenos das serpentes possuem varias frações, responsáveis pelas alterações nos acidentados.
Sinais e sintomas
Bothrops (jararaca) Ação do vaneno : Proteolítica,Coagulação,Vasculotóxica.
Dor,edema, calor e rubor imediatos e no local da picada; aumento do tempo de coagulação(TC); hemorragias; choque,nos casos graves. Bolhas, equimoses, necrose, oligúria e anúria, levando a insuficiência renal aguda.
Crotalus(cascavel) Ação do veneno:Coagulante, Miotóxica, Neurotóxica, Nefrotóxica.
Aumento do tempo de coagulação (TC); mialgia generalizada; alterações visuais; diplopia,anisocoria,ptose palpebral; urina cor de "água de carne". Evolui para mioglobinúria, e anúria e insuficiência renal aguda.
Tratamento
O tratamento é feito com a aplicação do soro (antiveneno) especifico para cada tipo de acidente e de acordo com a gravidade do envenenamento. A aplicação dos soros deve ser feita por via intravenosa(IV), podendo ser diluído ou não sem solução fisiológica ou glicosada.
Continuação
Durante a infusão e nas primeiras horas após administração do soro, o paciente deve ser rigorosamente monitorado para detectar precocemente a ocorrência de reações como:urticárias, náuseas/vômitos, rouquidão e estridor laríngeo,bronco espasmo, hipotensão e choque.
Aranhas
É denominado araneísmo o acidente provocado por aranha. Das 30.000 especieis conhecidas, poucas possuem venenos ativo quando inoculado no homem. As aranhas peçonhentas de importância médica causam quadros de envenenamento que se diferenciam tanto nos seus aspectos epidemiológicos, como nos mecanismo de ação dos venenos, devendo ser abordados como agravos distintos.
No Brasil, existem três gêneros de aranhas responsáveis por envenenamentos humanos: Loxosceles, Phoneutria e Latrodectus.
Sinais e sintomas
Loxosceles(aranha-marom) Ação do veneno: Proteolítica, Hemolítica.
- Edema, eritema , dor local semelhante a queimadura, quando a comprometimento cutâneo visceral, observam-se febre, mal-estar generalizado, icterícia, equimose, vesículas, bolhas, necrose e ulceração. A urina torna-se escura, cor de coca-cola, pode evoluir para oliguria,anúria e insuficiência renal aguda.
Tratamento
- Tratamento especifico é feito com soro antiaracnídeo e/ou antiloxoscélico,na dose de dez ampolas por via endovenosa. Tratamento complementar consiste na limpeza local com anti-sépticos e hidratação do doente.
Conti.
Phoneutria(aranha-armadeira) Ação do veneno: Neurotóxica, Miotóxica.
- Dor local intensa, geralmente irradiando para a raiz do membro acometido. Em crianças é possível ocorrer choque neurogênico após a picada.
Tratamento
- O tratamento consiste na analgesia, pela infiltração local, ao redor da picada, de aproximadamente 4 ml de anestésico do tipo lidocaína a 2%, sem vasoconstritor. Se a dor persistir, fazer uso do soro antiaracnídeo polivalente na dose de cinco a dez ampolas, por via endovenosa. A soroterapia está sempre indicado quando estiver presente o choque neurogênico, em crianças menores de 7 anos e adultos com dor persistente após tratamento sintomático. O tratamento complementar da dor local compreende banho de imersão, analgésicos e sedativos.
Conti.
Latrodectus(aranha viúva-negra) Ação do veneno: Neurotóxico central e periférico.
- Causa quadro clinico no local da picada e no sistema nervoso central, alem de dor local , pode apresentar mialgia intensa, contraturas musculares generalizadas e convulsões tetânicas.
Tratamento
- Deve ser intensivo, com a utilização de analgésicos potentes para o alivio a das dores musculares e abdominais. Podem ser realizados bloqueios anestésicos regionais a base de lidocina sem vasoconstritor. Os relaxantes musculares á base dos benzodiazepínicos podem ser empregados iniciando-se com doses de1mg/kg de peso corporal.o gluconato de cálcio pode ser utilizado para alivio das câimbras musculares.
- O tratamento com soro específico é obrigatório, embora este tipo de soro não esteja disponível no Brasil devido ao pequeno número de acidentes.
Escorpiões
As principais espécies são o Tytius bahiensis (escorpião marrom),Tytius stigmurus e Tytius serrulatus (escorpião amarelo). Este ultimo é atualmente o causador do maior número de mortes, principalmente em crianças menores de 7 anos. O veneno constitui uma mistura complexa de proteínas básicas de baixo peso molecular com atividade sobre canais de iônicos. Sua ação sobre canais de sódio voltagem-dependente leva á despolarização de membranas de músculos e nervos.
Sinais e sintomas
nDor local , ardor, queimação ou agulhada, freqüentemente há irradiação para a raiz do membro acometido. Outras manifestações podem estar presentes, tais como: hiperstesia, parestesia,hiperemia, edema, sudorese e piloereção.
Alteração sistêmicas
- Mais comum em crianças, o quadro sistêmico ocorre após intervalos de minutos até as primeiras horas após o acidente.
- Podem surgir manifestações:
- Gerais: mal-estar, sudorese, alteração de temperatura corporal;
- Gastrintestinais: náuseas e vômitos, dor abdominal que pode ser acompanhada de distensão, cólicas,diarréia e alterações pancreáticas, podendo evoluir para pancreatite aguda;
- Cardiovasculares: hipertensão ou hipotensão arterial, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva, taqui ou bradicardia e choque;
- Respiratórias: taquipnéia, dispnéia, edema agudo de pulmão;
- Neurológicas: agitação psicomotora, sonolência, tremores, confusão mental, contrações musculares, convulções, hemiplegia, priapismo, lacrimejamento e sialorréia.
Tratamento
- O tratamento, na maioria dos casos, consiste na infiltração local de 2 a 4 ml de anestésico do tipo lidocaína a 2%, sem vasoconstritor. Caso a dor persista, esta indicada soroterapia específica, com soro antiescorpiônico ou antiaracnídio. A soroterapia esta sempre indicada em crianças menores de 7 anos e adultos com dor persistente.
Himenópteres( abelhas, vespas, marimbondos)
n Os acidentes são bastante comuns e, em geral, tem curso benigno. Entretanto, podem, eventualmente, desencadear complicações graves,. Os acidentes apresentam manifestações clinicas distintas, dependendo da sensibilidade do indivíduo ao veneno e do número picadas. O acidente mais freqüente é aquele no qual um indivíduo não-sensibilizado ao veneno é acometido por poucas picadas. Outra forma de apresentação clinica é aquela na qual o indivíduo previamente sensibilisado a um ou mais componentes do veneno, manifesta reação e hipersensibilidade imediata, é ocorrência grave pode ser desencadeada por apenas uma picada; exige a intervenção imediata do medico. A terceira forma de apresentação deste tipo de acidente é a de múltiplas picadas. Geralmente ocorre com abelhas do gênero Apis, quando o doente é atacado por um enxame. Nesse caso, ocorre inoculação e grande quantidade de veneno, devido ás múltiplas picadas, centenas ou milhares.
Sinais e sintomas
- Reação inflamatória local, com pápulas eritematosas, dor e calor;
- Edema de glote e broncos pasmo acompanhado de choque anafilático;
- Dor generalizada, prurido intenso e agitação, podendo posteriormente, evoluir para estado torporoso.
Tratamento
- A utilização combinadas de anti-histamínicos, corticosteróide e meperidinacontribui para controlar a dor, o prurido e a agitação. A utilização de anti-histamínicos, corticosteróide e adrenalina, assim como a traqueostomia e/ou a intubação endotraquea, seguida de ventilação artificial, contribui para controlar a insuficiência respiratória. O tratamento de poucas picadas em indivíduos não-sensibilizados deve ser á base de anti-histamínicos sistêmicos e corticosteróides tópicos.alem disso deve-se adicionar corticoides tópicos isoladamente ou associado ao mentol a 0,5%
Autor: Ivania Matsumoto
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