Uma Expedição à Caraúbas
Sábado passado estive, juntamente com meu amigo e historiador Vanderley de Brito, no município de Caraúbas, no vale do Alto Paraíba, Cariri do Estado, para visitar e levantar um painel de inscrições rupestres que nos foi informado por uma estudante de história daquele município.
Caraúbas é uma singela cidadezinha, distante 110km de Campina Grande, cujo percurso é asfaltado apenas até a cidade de Cabaceiras, dali em diante, por 55km, toda a estrada é de 'chão batido'. Fator que torna esta pequena cidade dificilmente acessível e, consequentemente, o isolamento proporciona àquela população as condições necessárias para que se mantenham intocados diversos de seus aspectos culturais, majestosamente espontâneos daquele Cariri.
Logo que chegamos à Caraúbas fomos recebidos pela jovem historianda Leonor, que providenciou um guia experimentado na caatinga para podermos seguir até o sítio arqueológico. Sem delongas, seguimos por um percurso de 26km, numa estrada vicinal em péssimas condições de uso, em direção à fronteira com o estado de Pernambuco. No caminho, o guia (Sr. José Giliard de Oliveira ou simplesmente Dida), entusiasmado e muito orgulhoso de sua terra, ia comentando sobre a paisagística, dando nome às serras, riachos, córregos, sítios e representantes da flora daquela inóspita caatinga caririzeira. De fato, era um catedrático no assunto, muito comunicativo e dotado daquela hospitaleira felicidade tão característica de nossos sertões.
Depois de quase uma hora entre os solavancos causados pelos obstáculos da precária estrada, dominou o nosso horizonte sul uma imponente elevação montanhosa, em tom azulado, que já servia de marco divisor entre a Paraíba e Pernambuco. Era o destino de nossa expedição: A serra da Barriguda.
Paramos em uma pitoresca fazenda de caprinocultores que, oportuna, se refrescava na sombra projetada pela gigante montanha. O GPS acusava 570m de altitude e confirmava a situação fronteiriça daquele lugar esmo de limite entre o Cariri e o Vale do Ipojuca.
Deixamos o carro e seguimos a pé, cruzando currais que exalavam cheiro de estrume molhado, e seguimos por uma capoeira, repleta de pequenas abelhas vagantes indecisas por entre a rala vegetação florida, até chegarmos a uma grande pedra que escondia sua imponência na vegetação, se arqueando em aba para proporcionar abrigo às inúmeras pinturas rupestres que decoravam toda sua extensão, como que a natureza quisesse proteger por suas asas aquelas intrigantes inscrições pretéritas.
Em muda contemplação, imaginávamos que possíveis propósitos teriam movido os homens pré-históricos para realizar aquelas pinturas e que significados se ocultavam naquela simbologia primitiva. Nada podíamos dizer de concreto e, assim, nos detivemos na única possibilidade que nos era permitida: Registrar para a posteridade.
Autor: Thomas Bruno Oliveira
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