Comemorando 20 anos(vezes 3,4,5)



É a melhor idade dizem e, até em muitos talões de cheques de alguns bancos, é o que aparece escrito substituindo a super-conta ou o cheque especial. Não será isso, um inteligente estratagema para disfarçar a velhice? Não podemos negar que é muito difícil aceitar envelhecer, muitas vezes querendo esquecer esta etapa, que faz parte de nossas vidas, quando bastante vividas. Primeiro vem o cansaço, a memória começa a apresentar falhas, as mãos mostram manchas escurecidas que não deixam mentir e o rosto com vincos profundos. O espelho, objeto obsoleto, proscrito, por não querer ver. Começam as dores, é a coluna desgastada, são as articulações com artrite e artrose. . E a audição? E as cataratas?  Tudo isso faz parte da idade dizem os médicos. Estou falando, simplesmente sobre o passar dos anos, quando surgem dificuldades em realizar tarefas como antes. Existe a preocupação maior com os filhos crescidos (“trabalhos dobrados”), bem ou mal casados, separados ou não, com empregos auto-sustentáveis. São os netos que inúmeras vezes, são deixados com os  avós, que fazem o possível para aprender novas brincadeiras, ou tentam lembrar as antigas, para não decepcionar os pequenos.  As vovós e os vovôs são os bonzinhos da história, que devem proporcionar aos netos o que muitas vezes os pais, por estresse ou excesso de trabalho, não conseguem. Isto é uma realidade, mas será que é a única mão de toda história?  Que sensação agradável a de ver que as árvores plantadas se reproduziram, gerando brotos!  Que alegria poder curtir os netos, pois agora, a educação e as noites em claro ficam com os pais, e a satisfação  com os  avós.        

            Quem sabe, podemos chamar os idosos, de anosos, porque, ter muitos anos, não significa ser velho, pois, velho é um sentimento interno de quem não consegue sonhar. Temos tantos exemplos: anosos atletas, jornalistas, poetas, escritores, artistas, humoristas.  Oscar Niemayer, trabalhando até com mais de 100 anos, ainda com encomendas arquitetônica. Barbosa Lima Sobrinho, (famoso jurista) que dava entrevistas, totalmente lúcido, até antes de sua morte, aos100 anos de idade. E Dercy Gonçalves, que prestes a completar um século ainda com humor e irreverência, fazia multidões chorar, de tanto rir. Eva Sopher, com oitenta e cinco anos, jovial como uma garota, dirigindo o Teatro São Pedro, há mais de 33 anos, e reconstruindo um dos mais considerados templos da arte cênica em nosso país. No ano passado, foi noticiada a formatura em Ciências Jurídicas e Sociais de um senhor de oitenta e cinco anos, e de uma senhora de noventa, passando no vestibular para Direito. Recentemente encontramos Marcelo Blaya Perez fundador da Clínica Pinel, em seus 84 anos, criando o VVA (Vovós-Vovôs Anônimos), com início em 25 de março, objetivando que o grupo possa trabalhar no sentido do poder envelhecer com uma boa qualidade de vida e difundir a sua experiência aos demais.  Muito ainda se poderia escrever relação aos anosos, que podem realizar quase tudo ou mais do que muitos jovens nos dias atuais. Curtir a aposentadoria, fazendo academia, caminhando pelos parques, apreciando a natureza e podendo ainda trabalhar, feliz por fazer o que gosta. Parece que a maior dificuldade no envelhecer é as pessoas não aceitarem suas limitações, não enxergando as possibilidades empreendedoras, que a experiência sem dúvida, traz. É querer ter uma carinha de jovem, sem rugas, quando as rugas seriam uma marca de vivência e de aprendizado. Saber envelhecer é sem dúvida uma empreitada, mas podem ter certeza que se bem vivida, poderá ser bem comemorada como os vinte anos (vezes 3, 4, 5) e sempre será válida, “quando a alma não é pequena”, parafraseando Fernando Pessoa.      

                 

 

 

 

 

 


Autor: Themis Groisman Lopes


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