ENSINO-APRENDIZAGEM ENVOLVENDO A MODELAGEM COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE MATEMÁTICA



UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS CATALÃO

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

CAROLINA CARDOSO

MARIA ÁUREA DE LIMA

ENSINO-APRENDIZAGEM ENVOLVENDO A MODELAGEM COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE MATEMÁTICA

Catalão – GO

2008


INTRODUÇÃO

A dupla escolheu o tema Modelagem Matemática, que é uma maneira de os alunos perceberem a aplicação da matemática já que o trabalho com Modelagem utiliza situações reais e contextualizadas. Essa relação do real com os conteúdos matemáticos é de grande importância para o processo de aprendizagem dos alunos, porque torna a matemática mais significativa e aproxima os alunos de outras áreas de conhecimento, o que o ensino tradicional muitas vezes não possibilita. Os alunos também percebem a aplicação da matemática em outras áreas de conhecimento, desenvolvem a criatividade e aprimoram seus conhecimentos.

Criar um modelo é um processo que exige criatividade e disposição.

Para desenvolver uma atividade de Modelagem Matemática é necessário respeitar algumas etapas. O professor pode dividir a turma em grupos menores para que exista maior interação entre os alunos e entre estes e o professor. O tema a ser trabalhado pode ser escolhido pelo professor ou pelos alunos. É importante que os alunos participem, sugerindo temas, porque assim eles se tornam responsáveis e mais interessados pela atividade. Depois, os alunos devem recolher informações relevantes para a elaboração de hipóteses e para a formulação de problemas de interesse dos grupos. Logo após, deve ser feita a interpretação da situação-problema de acordo com a linguagem matemática. E, finalmente, é necessário fazer avaliações para saber se realmente o modelo é valido. Caso contrário, é necessário formular novos problemas para se ter um novo modelo. Segundo Biembengut e Hein (2005, p. 13) o trabalho de modelagem pode ser dividido em três etapas e subetapas:

1.Interação

● Reconhecimento da situação-problema;

● Familiarização com o assunto a ser modelado → referencial teórico.

2.Matematização

● Formulação do problema → hipótese;

● Resolução do problema em termos do modelo.

3.Modelo matemático

● Interpretação da solução;

● Validação do modelo → avaliação.

Ao trabalhar com Modelagem, o professor "sai do foco" daquele que detém e repassa todo o conteúdo e passa a mediador do processo ensino-aprendizagem, já que ele apenas transmite as instruções e soluciona as possíveis dúvidas dos alunos. Dessa forma, existem três formas de o professor usar um trabalho de modelagem: a primeira é através de um problema real; a segunda é levar para a sala temas de outras áreas. Nestas duas formas é o aluno quem desenvolve a investigação do problema apresentado. A terceira trata-se de um "problema pronto" que o professor leva para a sala de aula, não sendo necessárias pesquisas extra-classe.

Durante o período de regência, optamos por levar os problemas para a sala, para que os alunos não necessitassem fazer pesquisas fora do ambiente escolar, devido ao tempo, já que era necessário cumprir o programa pré-estabelecido para as séries e a modalidade de ensino – EJA. Nesta modalidade muitos conteúdos e atividades simples representam para alguns alunos uma complexidade muito grande porque muitos possuem faixa etária elevada.

Entre os aspectos positivos que puderam ser observados com a execução das atividades, o contato com problemas de outras áreas ocorreu com a turma do 3° semestre que, durante a tarefa de P.A., pôde aprender um pouco de Juros Simples. Nesta turma, também a troca de experiências nos momentos das atividades ocorreu de forma relevante.

A realização dessas tarefas, ainda que sejam tarefas simples, beneficiou os alunos, porque eles puderam perceber a aplicação da matemática de uma forma diferente, que outra situação talvez não oportunizasse a eles.

Este trabalho foi desenvolvido no CEJA Professora Alzira de Souza Campos, que é uma escola de rede pública estadual, com o acompanhamento do professor orientador, Marcelo Freires de Paula do curso de Matemática da UFG – Campus Catalão, e da professora supervisora do CEJA, Roseane Teodoro da Silva. O CEJA é uma instituição que atende alunos que não puderam concluir seus estudos no devido tempo, portanto, é uma escola que pratica a modalidade EJA – Educação de Jovens e Adultos.

O nosso primeiro contato com a escola foi um período de observação em que fizemos a análise da estrutura física e administrativa e dos projetos pedagógicos da escola, Projeto Político Pedagógico – PPP e Plano de Desenvolvimento Escolar – PDE. Logo após, tivemos o período de interação, onde nos aproximamos dos alunos. Em seguida, durante o período de regência, que ocorreu no período de 13 de agosto a 13 de novembro, cada integrante da dupla ficou em uma turma: Maria Áurea de Lima atuou nas turmas do 3° semestre, onde trabalhou Progressão Aritmética e Geométrica, e Carolina Cardoso, nas turmas de 4° semestre, nas quais o conteúdo foi a parte inicial da Geometria Analítica, porque o tempo e a faixa etária dos alunos não permitem aprofundar o conteúdo.

O que é mais importante: cumprir o programa, que em muitas escolas é inflexível, ou ensinar matemática de um modo diferente fazendo com que o aluno perceba sua importância e aplicação no dia-a-dia? Sempre que possível o professor deve trabalhar os conceitos matemáticos através da realidade em que vivem os alunos para que a escola passe a fazer parte do seu cotidiano, deixando de ser algo fora da sua realidade social. Sendo assim, ao trabalharmos com Modelagem Matemática, é necessário aliarmos os temas a serem discutidos à realidade dos alunos, aproveitando também as experiências do professor. Ao fazermos isso, o conteúdo deixa de ser abstrato pois passa a ter significação, desenvolve-se o raciocínio lógico e pode-se inclusive despertar os alunos para futuras profissões devido à interação com as outras áreas de conhecimento.

As atividades preparadas para o período de regência foram trabalhos envolvendo Modelação Matemática, devido ao curto espaço de tempo, à modalidade de ensino (EJA) e às exigências da professora supervisora para que o conteúdo fosse trabalhado no tempo esperado. A Modelação Matemática utiliza a essência da Modelagem Matemática. São atividades em que o aluno não tem a necessidade de fazer pesquisas fora do ambiente escolar e podem ser concluídas nas aulas.

O objetivo no estágio era tentar aproximar os alunos dos conteúdos ministrados em sala usando situações reais, a partir de modelos simples, já que a faixa etária dos alunos pode chegar a 60 anos, o que faz com sejam necessários modelos menos elaborados e paciência, devido à grande dificuldade que os alunos manifestam em determinados conteúdos.

Este trabalho está assim estruturado: o primeiro capítulo traz a descrição da escola em aspectos físicos, administrativos e pedagógicos, relatando seus projetos, além de delinearmos o perfil que julgamos representar o da maioria dos alunos do CEJA, que, em geral, abandonaram a escola para poder trabalhar e, passado algum tempo, perceberam a importância dos estudos e voltaram para a escola. O segundo capítulo descreve a metodologia utilizada para o processo de ensino-aprendizagem, no qual trabalhamos com a Modelagem Matemática, relacionando o cotidiano do aluno com o conteúdo matemático, além das atividades realizadas e a avaliação. O terceiro capítulo traz os relatos que descrevem como foram as aulas ministradas pela dupla no período de regência e mostram, assim, o que alcançamos com a Modelagem Matemática. E, por último, as Considerações Finais, que apresentam de forma rápida as contribuições do estágio para a dupla enquanto educadoras.

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Autor: Carolina Cardoso


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