INFECÇÕES PERINATAL



Infecção Neonatal

Infecções Perinatais

Os processos infecciosos no período neonatal constituem, ainda hoje, importante causa de morbidade e mortalidade neonatais. Em parte, este fato se deve a particularidades relativas ao próprio hospedeiro, mas em grande parte, se deve ao ambiente em que vive, podendo ser atingido por via intra-uterina, durante o parto ou na vida extra-uterina.

A incidência de infecções perinatais é bastante elevada, tal fato decorre principalmente da inadequada observância de regras básicas de assistência ao RN, tais como:

►Limitação do nº de RN em cada sala, evitando-se a superpopulação;

►Cuidadosa lavagem das mãos e antebraços antes da entrada na unidade neonatal e depois de manusear cada RN;

►Limpeza diária das dependências da unidade com soluções antissépticas e limpeza terminal a cada sete dias, com pulverização de soluções antissépticas;

►Limpeza de berços e incubadoras, diariamente, e desinfecção terminal a cada sete dias;

►Troca de filtros de ar das incubadoras a cada 60 dias;

►Limpeza e desinfecção de respiradores, aspiradores e outros equipamentos;

►Equipes médicas, de enfermagem e de limpeza, fixas e próprias da unidade, evitando-se o ingresso de elementos doentes, com suspeita de serem portadores de germes;

►Esterilização, por autoclavagem terminal, de mamadeiras.

Além destas regras, outros fatores interferem na incidências das infecções, como o tipo de hospital onde se situa a unidade, as condições sócio-econômicas da gestante e os tipos de doença que se recebam de outros serviços.:

Os principais mecanismos de infecção fetal são por via transplacentária e por via ascendente. Pela via transplacentária, o germe que atingiu diretamente a corrente sanguínea materna, pode levar às seguintes conseqüências: infecção placentária sem infecção fetal; infecção fetal sem infecção placentária; infecção placentária e fetal e ausência de infecção fetal e placentária.

A via ascendente é aquela seguida por agentes bacterianos encontrados na flora vaginal ou digestiva materna, são observadas principalmente, após rotura das membranas.

Além dessas duas vias, o feto pode ser acometido durante a passagem pelo canal do parto ou o RN, após o nascimento.

As infecções pós-natais são as mais comumente encontradas na prática e as que condicionam, em números absolutos, o maior contingente de óbitos. A exposição à vida extra-uterina favorece contato do RN com grande número de agentes infecciosos, onde as principais portas de entrada são o aparelho digestivo e respiratório.

Quadro clínico e diagnóstico:

O quadro clínico dos processos infecciosos no RN é comum a várias doenças não infecciosas, necessitando para seu diagnóstico uma observação apurada, anamnese e história obstétrica.

Os RN de gestantes portadoras de infecção do trato urinário têm maior predisposição de apresentar processos infecciosos.

Os sinais clínicos são geralmente muito discretos, podendo-se notar dificuldade em ganhar peso ou recusa alimentar. Outros sinais são: variações na temperatura corporal; letargia ou irritabilidade; tremores; convulsões; abaulamento de fontanela;

Alterações do tono muscular; gemidos; respiração irregular; taquipnéia; crises de apnéia; vômitos; diarréia; distenção abdominal; cianose; palidez; icterícia; taquicardia e arritmias; podendo evoluir para um quadro de choque.

Rotura Prematura de Membranas

►Menos de 24 horas: considerar que o risco de infecção não se acha aumentado.

►Mais de 24 horas:

1-Exame físico cuidadoso do RN, procurar ativamente sinais de infecção;

2-Hemograma completo;

3-Hemocultura;

4-Cultura de colo uterino materno;

5- Outros exames conforme o caso: gasometria; bilirrubinas; glicemia; raios X do tórax; líquor e urina para cultura.

►Tratamento:

Colher sempre antes de se iniciar o tratamento (se ainda não forem colhidos): líquor e cultura de urina (por punção suprapúbica).

Iniciar o tratamento com penicilina + aminoglicosídeo. A penicilina pode ser substituída por ampicilina. As doses devem ser adequadas ao peso e à idade. Nos casos de sepse, tratar por 10 a 14 dias. Meningite, tratar por 21 dias. Se as culturas forem negativas e o RN estiver bem, suspender a terapêutica depois de três dias.

Sífilis Congênita

É classificada em fase precoce e tardia.

►Sífilis congênita precoce: Ocorre o aparecimento de sinais e sintomas desde os primeiros dias de vida até os dois anos de idade. As lesões e alterações nesta fase são:

* Mucocutâneas:

-exantema maculopapular;

- pênfigo palmoplantar: lesões vesicobolhosas envolvendo o corpo, principalmente a palma da mão e a planta do pé;

-placas mucosas em lábio, língua e palato;

- rinite com coriza;

- palidez;

- icterícia.

* Sistema Hematológico:

- anemia;

- plaquetopenia;

- coagulação intravascular disseminada devido à vasculite com consumo de fatores de coagulação associada a trombocitopenia.

* Sistema retículo-endotelial:

- hepatomegalia;

- esplenomegalia;

- adenomegalia (aumento do gânglio linfático).

* Outros órgãos e sistemas: a sífilis pode comprometer também:

- olhos;

- pulmões;

- coração;

- rins;

- sistema gastrintestinal.

►Sífilis congênita tardia: neste período ocorre o aparecimento dos estigmas (cicatriz, marcas, sinais cutâneos) que geralmente são conseqüentes da cicatrização das lesões iniciais causadas pelo espiroqueta, sendo as mais freqüentes:

fronte olímpica;

-alargamento esternoclavicular;

-tíbia em sabre;

-região maxilar curta com palato ogival;

-dentes de Hutchinson: incisivos superiores centrais pequenos, separados e com fenda na porção média.

►Diagnóstico laboratorial:

- hemograma;

- bilirrubinas;

- enzimas hepáticas;

- osteocondrite;

- exame do líquor;

- exames sorológicos.

►Tratamento:

- fase primária, secundária e latência precoce, penicilina G benzatina repetição da dose sete dias após a primeira;

- fase de latência tardia. Penicilina G benzatina uma vez por semana por três semanas.

Toxoplasmose Congênita

A toxoplasmose não causa alterações teratogênicas. Seu quadro clínico é bastante variável, podendo ser classificada emquatro formas:

1- Infecção subclínica;

2- Doença neonatal;

3- Doença que ocorre nos primeiros meses de vida;

4- Seqüelas.

A forma mais comum é a subclínica. As crianças nascem sem manifestações clínicas e podem ou não apresentar seqüelas posteriores como a microcefalia; hidrocefalia; uveítes; retardo psicomotor; surdez e estrabismo.

A forma neonatal é observada nos primeiros dias de vida e se manifesta de forma bastante grave. Prematuridade ou baixo peso; hipo ou hipertermia; alterações sanguíneas como: anemia, trombocitopenia, petéquias, equimoses disseminadas, alterações SNC, calcificações intracranianas, meningoencefalites, alterações liquóricas, lesões medulares e cerebelares e anomalias pulmonares (pseudocistos).

►Diagnóstico: o diagnóstico é baseado em dados epidemiológicos, semiológicos e métodos auxiliares.

- exames imunológicos;

-hematológico;

-líquor;

-radiologia;

-ultra-sonografia;

-avaliação oftalmológica.

A toxoplasmose deve ser diferenciada de outras doenças congênitas como a rubéola; citomegalovírus; herpes simples e sífilis.

►Tratamento: as drogas mais eficientes têm sido a sulfadiazina e a pirimetamina, juntamente com o ácido folínico, que, além de aumentarem os efeitos terapêuticos, previnem os efeitos colaterais, seguidas da espiromicina.

Rubéola Congênita

►Rubéola congênita não confirmada:

- presença de defeitos congênitos sugestivos;

- quadro laboratorial negativo.

* Suspeita de rubéola congênita:

-presença de defeitos congênitos sugestivos;

-reabsorção embrionária;

-abortamentos espontâneos;

-natimortalidade;

-presença de imunoglobulinas durante o período gestacional;

- crianças com idade superior a quatro anos com malformações múltiplas

-sorologia positiva, sem exposição pós-natal.

* Rubéola congênita confirmada:

-presença de defeitos congênitos sugestivos;

-confirmação laboratorial;

-isolamento do vírus.

►Quadro clínico: o quadro clínico dos fetos infectados antes de oito semanas de gestação apresenta anormalidades. Esta incidência diminui com a evolução da gestação. As manifestações mais comuns são:

- retardo de crescimento intra e extra-uterino;

- deficiência auditiva;

- SNC (retardo mental, microcefalia, meningoencefalite, convulsões, calcificações intra-cranianas);

- doença ocular (glaucoma, catarata, coriorretinite, microftalmia, estrabismo);

- cardiopatias congênitas;

- alterações esqueléticas;

- hepatomegalia;

- esplenomegalia;

- pneumonite intersticial.

►Diagnóstico laboratorial:

- ELISA;

- IgM;

- inibição da hemaglutinação.

►Tratamento: não há tratamento específico para arubéola, deve-se ater à profilaxia com a vacinação dos suscetíveis.

►Prevenção: a vacinação é a medida maiseficiente, é recomendada para todas as crianças com idade acima de um ano e mulheres suscetíveis.

A rubéola e a síndrome da rubéola congênita, passaram a ser doenças de notificação, portanto, todos os casos de rubéola pós-natal devem ser notificados à unidade de saúde mais próxima.

Por via extra uterina

►Podemos citar como infecções por via extra uterina a pneumonia, meningite, tétano, infecções oculares, cutâneas, urinárias.

Agentes Causadores dessas infecções:

-Streptococcus:

Bactérias com formas de coco Gram – positivas que causam doenças no ser humano. A maioria das espécies no entanto é inofensiva

•Fazem parte da microbióta normal da boca, pele, intestino ou trato respiratório superior.

•Podem ser passados de pessoa por pessoa, por contato com pessoas ou com objeto. Outras formas de transmissão incluem espirros e tosse.

•São destruídos por detergentes e sabão, mas são resistentes à desidratação, podendo agüentar períodos muito longos.

Cada grupo tende a produzir tipos específicos de infecções, sinais clínicos e sintomas:

- Streptococcus Grupo A: espécie mais patogênica para o ser humano. Pode causar infecção da orofaringe, tonsilite, infecções de feridas e da pele, septicemia, escarlatina, pneumonia, doença reumática e glomerulonefrite.

- Streptococcus Grupo B:causam infecções perigosas nos RN ( ex:sépsis neonatal) e infecções articulares e cardíacas.

-Streptococcus Grupos C e G: geralmente são transportados por animais, mas também crescem na orofaringe, intestino, vagina e no tecido cutâneo do ser humano. Podem causar infecções graves, faringite estreptocócica, pneumonia, infecções cutâneas, sépsis pós-parto e neonatal, endocardite e artrite séptica.

-Streptococcus Grupo D e enterococos: crescem no trato digestivo baixo, na vagina e na pele adjacente. Podem causar infecçõs de feridas e válvulas cardíacas, da bexiga, do abdomen e do sangue.

-Staphylococcus: bactérias Gram-positivas, com forma de cocos que causam doenças no ser humano. São um dos mais comuns patógenos do homem.

Existem na pele de todas as pessoas, geralmente estirpes pouco virulentas, embora existam também Staphylococcus aureus sem causar doença. Por vezes também existem no intestino e t rato urinário.

são destruídos por desinfetantes, sabão e altas temperaturas. Passam de pessoa para pessoa, pelo contato direto ou com objetos.

As feridas e outras aberturas na pele, estados de debilidade, operações cirúrgicas e doenças podem levar a um organismo até aí inofensivo se transformar em invasor.

• Staphylococcus aureus;

• Staphylococcus epidermidis;

• Staphylococcus saprophyticus.

-Escherichia coli: bactéria bacilar Gram-negativa, é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem.

A E. coli está entre as principais causas de:

•Toxinfecção alimentar;

•Infecção do trato urinário (ITU);

•Colecistite;

•Apendicite;

•Peritonite;

•Meningite;

•Infecções de Feridas;

•Septicemia.

E. coli pode ser resistente a um número crescente de antibióticos.

Antibióticos aconselhados são a aminopenicilina, cefalosporinas, quinolonas, estreptomicina e cotrimazole.

Referências:

►SEGRE, Conceição A.M.; ARMELLINI, Pedro Antônio; MARINO, Wanda Tobias. RN. Sarvier. São Paulo, 1995. 4ª edição. Pg. 468- 478, 484 e 485.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Streptococcus

http://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escherichia_coli


Autor: IVANIA;LEO MATSUMOTO;CASTELO BRANCO


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