Gestão Social: Estratégia De Marketing Ou Responsabilidade?



1 INTRODUÇÃO

 

            Nos tempos atuais, as exigências de conforto estão cada vez mais refinadas, o que faz com que surjam produtos e serviços cada mais elaborados, contribuindo para o aumento dos gastos dos consumidores.

            Enquanto uns querem demais outros acabam ficando muitas vezes sem o necessário. Muitos cidadãos sensibilizados com a situação e preocupados com a degradação do meio ambiente estão buscando produtos recicláveis e algumas empresas vêm se preocupando com o ambiente e sociedade onde estão inseridas.

            Diante do fato e com o crescente interesse empresarial em desenvolver atividades sociais e reconhecimento a importância desse enfoque para os seus negócios, cada vez mais companhias estão buscando novas formas de agregar valor social às suas atividades.

            As sociedades contemporâneas, entre elas a sociedade brasileira já estão reconhecendo a gestão social como valor destinado à perenidade. Neste tempo de contrastes, vivemos de fato um renascimento da ética como fundamento do bem comum. Não se cogita mais admitir como aceitável que uma empresa produza impunemente a destruição da vida natural. Dessa forma as empresas estão atuando de forma socialmente responsável por pressões externas ou por questões de princípios.

            Constatadas essas questões nos encontramos com um problema nas mãos. Até que ponto as empresas são realmente responsáveis pelo meio onde se encontram, querendo preservar o meio ambiente e “cuidar” daqueles que estão a sua volta? As ações de responsabilidade social estão somente vinculadas à área de marketing?

Ao mesmo tempo em que o gestor precisa revestir de modernidade a natureza administrativa dos negócios para assegurar a sua competitividade no mercado necessita manter no centro de suas atenções a qualidade de vida das pessoas do ambiente próximo e remoto da organização sob sua responsabilidade.

Esse assunto não é ainda muito compreendido, pois não se sabe até que ponto são realizadas ações efetivas de responsabilidade social e quais são seus reais resultados. Assim, o artigo tem como eixo temático compreender melhor as gestões sociais realizadas por uma empresa, além de buscar apontar sugestões referentes ao tema.

O objetivo geral do presente estudo é analisar até que ponto a empresa Emifor está empenhada em contribuir com a sociedade. A empresa tem por atividade a produção de produtos alimentícios como achocolatados em pó, leite em pó, suco em pó, amido de milho, entre outros.

Observar se as ações de responsabilidade social são realizadas de forma isolada, ou se seus resultados são acompanhados e se tais ações realmente trazem algum retorno à sociedade ou comunidade na qual a empresa está inserida são os objetivos específicos do estudo.

A Emifor fundou um asilo, Recanto Feliz, com capacidade para 150 idosos. Lá eles possuem um médico à disposição, refeições elaboradas por nutricionista, além de muitos outros cuidados que um idoso necessita. Foram pesquisados através de entrevistas estruturadas os funcionários e diretores da empresa visando, entre outros aspectos os reais motivos que os motivaram a fundar a instituição, comprovar o seu nível de comprometimento com os idosos assistidos por suas ações e a efetividade das mesmas.

Neste contexto o marketing para causas sociais, se praticado dentro dos padrões éticos de obediência aos princípios de solidariedade, pode apresentar-se como um caminho adequado para atender, simultaneamente, interesses das empresas, desejos dos clientes e a motivação para os funcionários, com o reconhecimento de valor pela sociedade.

 

2 MARKETING SOCIETAL

 

            As empresas são organismos vivos e, ao longo do tempo, acabam incorporando mudanças e procedimentos para se adaptar às novas realidades e garantir a sobrevivência. Pensando nisso Kotler diz que:

 

“o conceito de marketing societal, assume que a tarefa da organização é determinar as necessidades, desejos e interesses dos mercados-alvos e atender às satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que os concorrentes, de maneira a preservar ou ampliar o bem-estar dos consumidores e da sociedade.” (KOTLER, p.44:1998).

 

Com tal afirmação, Kotler evidencia que as empresas devem levar em consideração a melhoria da qualidade de vida dos membros da sociedade, considerando que os consumidores são membros desta sociedade assim como o meio ambiente é impactado diretamente pelas suas atitudes. As questões éticas devem, então, habitar as práticas mercadológicas das quais dependem essencialmente, a sustentação dos negócios.

Mas o conceito de marketing societal definido por Kotler, deve ser ampliado para maior compreensão da responsabilidade social, a fim de ganhar o campo da cidadania corporativa, algo que vai muito além de uma técnica de marketing.

O conceito de marketing societal propõe que as empresas desenvolvam condições sociais e éticas em suas práticas de marketing e equilibrar três considerações: o lucro da empresa, a satisfação do consumidor e o interesse público.

Apesar do assunto estar em voga no momento,

 

a abordagem da atuação social empresarial surgiu no início do século XX, com o filantropismo. Em seguida, com o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial, o conceito evoluiu, passando a incorporar os anseios dos agentes sociais no plano de negócios das corporações. Assim, além do filantropismo, desenvolveram-se conceitos como voluntariado empresarial, cidadania corporativa, responsabilidade social corporativa e, por último, desenvolvimento sustentável (TENÓRIO, 2004, p.13).

 

Hoje pergunta-se se as empresas percebem que a satisfação dos desejos individuais está fazendo o melhor para a sociedade e para os consumidores à longo prazo. Segundo o conceito de marketing societal, o conceito tradicional de marketing não percebe os possíveis conflitos entre os desejos a curto prazo do consumidor e seu bem-estar a longo prazo (KOTLER, 1995, p. 11). O que as empresas buscam segundo o autor é o lucro. Buscam novas formas de vender e atingir cada vez mais consumidores e de satisfazer seus desejos. Dessa forma o meio ambiente é degradado pelo consumismo e as pessoas prejudicadas. Isso tem feito aparecer mais doenças como depressão, ansiedades mais fortes, obesidades, tudo por causa de uma vida onde todos querem tudo e acabam sendo individualistas.

A orientação de marketing societal tem feito com que empresas coloquem questões éticas e considerações sociais em suas práticas mercadológicas (KOTLER, 2000). Podemos entender essas considerações sociais como sendo questões relativas à responsabilidade social que se refere às obrigações de uma organização de maximizar seu impacto positivo e de minimizar seu impacto negativo na sociedade.

Marketing societal como opção de orientação das empresas baseia-se nas transformações sociais e nas necessidades dos povos, reafirmando que uma empresa isoladamente e sem controle de sua intervenção jamais poderá produzir valores, sejam eles econômicos ou sociais.

Através de pressões, a sociedade tem se manifestado em duas áreas distintas: uma de natureza ecológica para proteção do meio ambiente natural e outra ligada a direitos e proteção do consumidor. O que antes era puramente econômico, como o nível de vida está agora fortemente modificado por valores ligados à qualidade de vida para um maior número de indivíduos (KARKOTLI, 2004, p.45).

O marketing visa atingir os desejos dos consumidores. Mas quais são esses desejos? Desejos de comer alimentos sem valor nutritivo, desejos de comprar aquilo de que se não necessita, desejos de trabalhar cada vez mais para comprar e deixar a família de lado, deixar que as crianças cresçam sem uma educação adequada? As empresas buscaram ao longo do tempo satisfazer seus próprios desejos de crescimento e incutiram isso na cabeça das pessoas e agora estão vendo as conseqüências do seu ato impensado.

 

3 FILANTROPIA EMPRESARIAL

 

Não há estudos sobre a história da filantropia empresarial no Brasil, muito em função do desenvolvimento tardio do mercado e da indústria, sendo que a ação social dos “homens de bem” foi realizada por muito tempo e principalmente através da Igreja. Era a “filantropia senhorial” (LANDIM, 1993). Em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, por exemplo, a prática da filantropia é muito tradicional, tanto entre pessoas físicas como entre empresas, representando uma característica da cultura dos países. No Brasil, entretanto, há um certo preconceito com o termo, pois o mesmo traz consigo uma noção assistencialista, de práticas relacionadas a doações de motivação puramente religiosa, de caridade cristã.

É de primeira evidência que o objetivo final das atividades desenvolvidas por qualquer empresa compreende a premissa básica da geração de um retorno financeiro. Dentro desta linha de pensamento, poderia-se então concluir que atitudes filantrópicas provenientes da esfera privada são impulsionadas somente pela expectativa de obtenção de lucro. Embora este seja um forte fator motivador, há inúmeros outros aspectos a serem a serem considerados, podendo ser observados tanto do ponto de vista do empresário, por meio de sua contribuição individual, como da organização como um todo.

Todas as formas de atuação em prol da esfera sem fins lucrativos acabam por trazer um retorno positivo para as organizações. Primeiramente sob o aspecto da divulgação da empresa em si: a forte competitividade do mercado exige hoje, mais do que nunca, que as empresas apresentem diferenciais, sendo a conotação de “socialmente responsáveis” uma ótima oportunidade das mesmas penetrarem mercados restritos, atingindo assim, novos nichos mercadológicos.

Entre as novas terminologias desenvolvidas para expressar as transformações na relação entre empresa e comunidade, algumas são mais difundidas, ao passo que outras geram grande resistência tanto na mídia quanto nos meios acadêmicos. Enquanto o termo “filantropia empresarial” remeteria ainda à uma concepção assistencialista e paternalista, o termo “cidadania empresarial” seria um reducionismo da idéia de cidadania (CKAGNAZAROFF, 1999). A concepção de cidadania não careceria de adjetivação, dado à sua magnitude conceitual.

4 CIDADANIA EMPRESARIAL

            As teorias que envolvem o debate sobre cidadania empresarial estão localizadas entre dois extremos: um que reduz as responsabilidades das empresas à obtenção de maiores lucros para os acionistas, e, outro, que amplia essas responsabilidades no sentido de incluir os interesses dos indivíduos e organizações relacionadas. “A idéia tradicional de limitar a responsabilidade social da propriedade privada a criar empregos e pagar impostos está totalmente desacreditada” (QUERUBÍN, 1996, p. 110). A iniciativa empresarial deve assumir novos papéis, num sentido diferente para a função produtiva e numa redefinição de seu lugar no conjunto das atividades sociais.

A cidadania empresarial envolve um continuum de práticas, desde a ação filantrópica até programas vinculados à estratégia de sobrevivência da empresa a longo prazo. Há muitas formas de interação da empresa privada com a comunidade ou organizações sem fins lucrativos: o patrocínio cultural de atividades promovidas por organizações do terceiro setor (marketing cultural), a associação da marca da empresa a uma causa (marketing relacionado a uma causa), a promoção do voluntariado entre os funcionários, a operação direta de programas sociais, doações em dinheiro, até a constituição de uma organização específica mantida pela empresa para desempenhar ações na área social (FALCONER, 1999).

Não existe no Brasil um conceito definitivo para o termo cidadania empresarial. O que se observa na prática, no entanto, é que a idéia de responsabilidade social é mais utilizada diretamente relacionada à ação empresarial, lucrativa, podendo incluir ou não ações filantrópicas ou com a comunidade. O termo cidadania empresarial por sua vez, é utilizado para se referir a empresas que desenvolvem programas estruturados de ação na comunidade, normalmente através de uma fundação ou instituto, não implicando necessariamente em cumprimento de outros pressupostos da responsabilidade social.

 

5 RESPONSABILIDADE SOCIAL

 

É preciso modificar o quadro em que vivemos. E ninguém menos que as próprias empresas para cuidar do ambiente e das pessoas que vivem ao seu redor e consomem seus produtos. Os consumidores estão assustados com os efeitos que tudo isso tem causado no planeta e em suas vidas e tem exigido das empresas que utilizem matérias-primas mais ecológicas em seus produtos, usem produtos recicláveis e também possuam projetos de responsabilidade social para mostrarem que são preocupadas.

A abordagem da atuação social empresarial surgiu com o filantropismo. Além do filantropismo, desenvolveram-se conceitos como voluntariado empresarial, cidadania corporativa, responsabilidade social corporativa e, por ultimo, desenvolvimento sustentável.

Entretanto, é a partir da década de 1970 que os trabalhos desenvolvidos a respeito do tema responsabilidade social ganham destaque. Preston e Post citados por Borges (2001) desenvolvem um estudo em que “propõem o termo responsabilidade pública, pois entendem que a responsabilidade social é uma função da gestão das organizações no contexto da via pública”. O principal argumento dessa definição é o reconhecimento de que as companhias têm impacto e interferem na sociedade ao desenvolverem suas atividades, porém há grande dificuldade em se definir onde é o limite entre o público e o privado no campo de atuação empresarial.

Em relação ao Brasil a discussão sobre o tema está associada à transição de valores que o país atravessa - de uma sociedade industrial - onde a responsabilidade social assume conotação econômica, para uma sociedade pós-industrial, onde o tema valoriza aspectos relacionados à melhoria da qualidade de vida.

            Igualmente, já existem estudos e trabalhos sobre arquitetura verde, em que se utiliza melhor do meio ambiente para a construção. A sociedade, assim, busca voltar atrás e utilizar toda a tecnologia que possui para o bem e não para a própria destruição.

O que acontece nos dias atuais é que os consumidores foram além das necessidades mais básicas da hierarquia das necessidades de Maslow, mas enfrentam a decadência das instituições tradicionais, ao mesmo tempo em que têm uma necessidade cada vez maior de pertencer, compartilhar e sentir a auto-realização. Os consumidores demonstram um respeito crescente pelas empresas, em parte pela falta de outras instituições que mereçam essa admiração, mas também como resultado dos esforços das próprias (THOMPSON, 2000)

Assim, as empresas buscam se associar a projetos de responsabilidade social para melhorar sua imagem e cuidar da sociedade a que pertencem porque não basta mais para os consumidores saberem o que um produto ou serviço faz, ou que imagens ele transmite ao comprador: agora eles precisam saber em que a marca que eles compram acredita.

A empresa-cidadã se desenvolve imersa na sociedade, na qual busca seus clientes, funcionários, fornecedores e outros insumos necessários para sua operação. Ela não se atém apenas aos resultados financeiros expressos pelo balanço, mas inova com a formulação de um balanço social, onde avalia sua contribuição à sociedade (MARTINELLI, 1997, p. 85).

A sobrevivência empresarial passou a depender da agregação de valor social ao negócio, além da redefinição dos objetivos de marketing da empresa. Essa percepção, por parte do empresariado nacional, da relevância da questão da responsabilidade social para o negócio está crescendo e pode ser demonstrada pelo resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2000) onde se constatou que 67% das empresas pesquisadas da região Sudeste realizam algum tipo de atividade social para a comunidade. Constatou-se também que 49% das grandes empresas pesquisadas dessa região declararam sua intenção de ampliar suas atividades sociais.

Um fato a considerar é que a atuação responsável nem sempre é um ato voluntário das empresas. Comportamentos socialmente responsáveis têm sido balizados, em parte, pelos mecanismos de controle da sociedade civil, por ações fiscalizadoras e, também pela imagem da empresa que - para o bem ou para o mal - se projeta para os diferentes públicos (KARKOTLI, 2004, p.16).

As sociedades contemporâneas, entre elas a brasileira, já estão reconhecendo a responsabilidade social como valor destinado à perenidade. Neste tempo de contrastes, vivemos de fato um renascimento da ética como fundamento do bem comum. O capitalismo assim necessita redescobrir suas regras, pois adotar padrões éticos significa ter bons negócios e parceiros a longo prazo.

            Quando a empresa se preocupa com as questões ambientais e de bem-estar social - preocupações evidentemente éticas - aumentam suas chances de sobrevivência, pois a sociedade desenvolve uma imagem positiva em relação a esse tipo de organização. Quando passam a atuar de forma menos predatória e selvagem, todos saem ganhando, embora muitas vezes as intenções que estão por trás desta atitude não possam ser consideradas verdadeiramente altruístas (KARKOTLI, 2004, p. 35).

            Infelizmente, muitos empresários desempenham um papel de cidadania junto à sociedade o fazem de forma equivocada. Pensam que com a simples doação de recursos, sejam materiais, financeiros ou humanos (prática de voluntariado) para causas sociais, já estão atuando com responsabilidade social.

            Portanto, a organização que adota a transparência e a postura ética como política e estratégia de gerenciamento e ação terá o resultado refletido em imagem e sucesso, ainda que não seja a curto prazo. Isto porque essas práticas proporcionam naturalmente maior visibilidade da empresa para com os diferentes públicos. O comportamento ético contamina os que dele participam e o observam.

 

6 A EMIFOR INDÚSTRIA DE ALIMENTOS S/A

 

A Emifor (Empresa Mineira de Fornecimento) encontra-se situada à rua Emília Silva Freitas, 550, bairro Novo Eldorado, na cidade de Contagem, Minas Gerais. A empresa trabalha com alimentos em pó (achocolatado, bolo, refresco, amido de milho e café com leite) e está presente no mercado há três anos, passando uma imagem de produtora de produtos alimentícios básicos de primeira qualidade.

A empresa apresenta uma política de endomarketing atraente, sendo que todos os seus funcionários passam por um processo de integração com a empresa em âmbito geral, e posteriormente é realizado um treinamento pelo encarregado do setor das tarefas a serem executadas. Este treinamento tem como base o Manual de Boas Praticas de Fabricação e também o POP (Procedimento Operacional Padrão). O relacionamento da diretoria com os empregados é aberto, de proximidade, de diálogo e sinceridade, onde o profissionalismo, a equidade e o desenvolvimento profissional são prioridades.

São realizadas ações estratégias internas de motivação como uma avaliação periódica para nortear as promoções da empresa, a existência de um refeitório próprio para as refeições (gratuitas), a entrega de cestas básicas para os funcionários e festa de comemoração dos aniversariantes do mês com a presença de todos os colaboradores.

A Emifor possui como pontos positivos a agilidade, qualidade, conhecimento do mercado e tendência de crescimento e como pontos negativos: precisa captar novos clientes, não possui uma pesquisa de mercado que aponte sua posição no ranking nacional e nem um setor de marketing dentro da empresa.

 

7 A ASSOCIAÇÃO LAR DOS IDOSOS RECANTO FELIZ

 

A Associação Lar dos Idosos Recanto Feliz está localizada na cidade de Capim Branco, Minas Gerais, à rua José Jeová Mundim n.º 95, B. Cidade Nova. A instituição foi inaugurada no dia 2 de julho de 2006, visando proporcionar uma maior qualidade de vida ao idoso.

Possui um terreno com uma área de 12.000m2, sendo 3.000m2 de área construída, com 15 suítes (com armários individuais e chave) com capacidade para 60 pessoas. As instalações são adequadas para atender todas as necessidades como fisioterapia, terapia ocupacional, sala de atendimento médico, psicóloga, tv, farmácia, enfermaria, amplo refeitório, capela, sala de reunião, grandes varandas, área com capacidade própria para eventos (com churrasqueira, jardins e viveiros), escritório, instalações para os funcionários, computadores, água aquecida à gás, chuveiros automáticos, bebedouros, depósito para mantimentos.

A equipe multiprofissional é composta pelos seguintes profissionais: médico gerontologista, ginecologista, psicóloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social, nutricionista, enfermeira, auxiliares de enfermagem e cuidadores, funcionários de limpeza, cozinheiros, empregados de manutenção e administrativos. O asilo é dirigido pelo “Tio Walter”, como é conhecido, com todo carinho possível.

O Lar tem como objetivo prestar atendimento e assessoramento a idosos carentes, assegurando-lhes qualidade de vida através de um ambiente adequado e agradável e de profissionais qualificados e comprometidos com os princípios da associação, bem como promover integração social.

Alguns pressupostos básicos orientam o trabalho multidisciplinar desta instituição: o sujeito é concebido como um ser complexo, particular e único, mas também inserido em um campo de relações familiares e sociais, buscando a saúde física e psíquica; motivação, criação e produção; ressocialização.

O funcionamento da instituição é regido pelo Estatudo do Idoso, ou seja, tem em vista todos os direitos e deveres inerentes a uma instituição de longa permanência para idosos.

Os diretores, esposas, netos e filhos da Emifor adotaram o asilo como sua própria casa, sendo que o visitam periodicamente. Lá são feitas festas de natal, comemoração dos aniversários, tudo com muita alegria. É sempre uma festa quando os diretores vão visitá-los e é com muita satisfação que os velhinhos os recebem.

A empresa auxilia hoje 20 idosos possuindo como critério de admissão a idade de 65 anos ou mais, com certa independência funcional. O processo de admissão inicia-se através da avaliação da assistente social e é finalizada em conjunto com os demais membros da equipe. Os 20 idosos são mantidos cada um com uma média de R$900,00 mensais, de acordo depoimento do “Tio Walter”. Segundo informações da diretoria da Emifor, os idosos serão recebidos gradativamente em grupos de 20 até atingirem o total de acomodações.

Alguns projetos são desenvolvidos pela equipe, tais como: atendimento multidisciplinar ao idoso; reuniões para estudo de casos clínicos; grupo de estudo para terceira idade; grupo de discussões junto aos idosos para planejamento mensal de atividades sócio-recreativas; treinamento para cuidadores; oficinas terapêuticas (alfabetização, música, coral, artesanato,cozinha, horta, etc) e comemorações de datas.

“Eles procuram fazer o melhor que podem”, diz “Tio Walter”. E os funcionários concordam. Todos os funcionários bem como os diretores já sabem do que cada um dos atendidos gostam, das suas manias. Todos fazem parte de uma grande família.

Dona Elisa, por exemplo, adora contar casos. Apesar da idade avançada, 73 anos, ela adora contar fatos de sua vida. Já Dona Ana, adora ver televisão. Ela se encanta com a tv de 60 polegadas da sala. Se deixar passa o dia todo por lá. E o Sr. José, todo brincalhão, não pode ver ninguém passando por perto, já conta uma piada ou faz alguma graça.

Apesar das qualidades de cada um, uma coisa é certa: todos adoram as atividades manuais. O asilo é todo enfeitado com flores de plástico feitas de garrafas pet, cartões que ficam nos murais. A Janaína, que ensina-os, faz milagres com coisas recicláveis.

Os familiares dos idosos, bem como qualquer pessoa que deseja levar um pouco de carinho a eles podem visitá-los às terças, quintas, sábados, domingos e feriados das 13 às 17 horas.

 

 

8 CONCLUSÕES FINAIS

 

            Como havia sido questionado inicialmente “As gestões de responsabilidade social são apenas ações de marketing, ou realmente responsabilidade das empresas perante a sociedade” não pode ser respondida de forma generalizada,  mas estudando caso por caso, analisando cada ação separadamente.

            No caso da Emifor, percebemos uma empresa de produtos alimentícios que construiu um asilo e o sustenta com a maior infra-estrutura possível e o melhor cuidado que se pode dar. A empresa cuida dos idosos com médicos, alimentação balanceada, tratamentos terapêuticos, tudo para que eles possam ter uma vida saudável. O que uma empresa como essa quer passar como ação de marketing construir um asilo?

            A Emifor tem um histórico de não realizar muitas ações de propaganda, sendo seus produtos vendidos à base de amostras em supermecados. Portanto, podemos sim dizer que o trabalho feito no asilo é um sinal de que a diretoria deseja ajudar a comunidade sem a preocupação de melhorar sua imagem perante seus consumidores. Podemos concluir isso pelo fato de a empresa não fazer divulgação da instituição, apenas coloca em seu site pelo motivo de atrair voluntários que queiram auxiliá-la.

            Muitas vezes a palavra auxílio pode soar um pouco pejorativa, mas o auxílio ainda é necessário para que o país e até mesmo o mundo evolua. O governo não consegue fazer tudo sozinho. Assim, por que não uma pessoa, uma família, uma empresa se propor a fazer um pouco do que o governo não pode fazer?

            Temos todos os dias pessoas e empresas tentando se aproveitar do fato de o brasileiro ser amoroso, receptivo, amigável, para ganhar dinheiro e prestígio. Vemos várias empresas que realizam campanhas, ações de responsabilidade social, mas tudo isso porque hoje o consumidor se tornou mais exigente com relação ao assunto. Nada fariam se não fosse para vender.

            Existem dois lados da moeda, como em tudo na vida. Precisa-se, portanto, analisar, pesquisar, investigar, como são feitas as ações, como as pessoas ajudadas se sentem, em que condições são mantidas as instituições fundadas.

            Vemos isso claramente no Lar Asilo Recanto Feliz. Vimos um lado bom da história. Pode ser uma instituição nova, mas lá existe comprometimento e dedicação. É disso que todos precisamos das empresas. Não só nesse tipo de ação, mas em todas que ela realizar.

            Após a visita, pode-se perceber que todos os idosos estão felizes, mesmo não morando com seus familiares. O lugar de cada um é em sua própria casa, mas muitas vezes isso não é possível. E foi pensando nisso que a Emifor se propôs a dar uma vida digna e feliz àqueles que não podem ter o conforto do seu próprio lar.

            Foi constatado isso, com uma pesquisa de campo e observação. Conversando com os velhinhos e funcionários do asilo. Gráficos não foram necessários, porque 100% dos velhinhos estão felizes e satisfeitos com o lugar. Tudo isso por causa do carinho como são tratados. Isso faz toda a diferença.

            Não é uma tarefa fácil. Mas com perseverança e bom ânimo, tudo se consegue. E todos aqueles de boa vontade pode realizar um trabalho, mesmo que pequeno. Não precisa ser um lar igual ao Recanto Feliz, com tamanha infra-estrutura, mas que seja com responsabilidade e comprometimento. É necessário que as empresas comecem a tratar suas ações de responsabilidade social como um investimento, mas um investimento na vida. Um investimento que trará o lucro do bem-estar, da alegria, da educação.

            As ações estão crescendo por todo o país, desde 1970, como pudemos constatar. É tarefa de cada um se envolver mais com as empresas e igualmente auxiliá-las em seus projetos como voluntário, para não ficarmos somente exigindo sem nada dar.

            Para esse crescimento ser correto e para as gestões de responsabilidade social serem confiáveis, é preciso comprometimento. É preciso que empresários, funcionários e consumidores participem juntos. Na medida que tais ações saírem do patamar de vender, mas de melhorar a cidade, o estado ou o país elas se tornarão realmente verdadeiras. Somente assim terão mais crédito da parte de todos.

            Todo início é sempre difícil. Mas a disciplina leva a espontaneidade. Trabalhos como o que propomos no artigo precisa ser tarefa de todo consumidor. Analisar a qualidade das ações é imprescindível para que ela se torne real e tenha realmente uma validade. É como analisar a qualidade do produto a ser comprado.

            No caso em estudo, o Lar Recanto Feliz, é muito bem assistido pela Emifor. Mas quantos outros não o são? E como saberíamos se o asilo é bem cuidado se não fosse uma pesquisa apurada?

            São feitas raríssimas pesquisas no assunto. E o caso é sério. Vimos que 67% das empresas no Sudeste realizam algum tipo de ação de responsabilidade social. É um dado considerável, mas como saber se todas essas empresas são fiéis aos seus projetos? No caso da Emifor, além dessa estudo que fizemos, ninguém antes havia lhes questionado nada.

            A resposta a essa pergunta ficou no início da conclusão. É preciso analisar separadamente cada caso. Fazer pesquisa de campo, cobrar mais responsabilidade das empresas, enfim, fazer com que elas vejam que não basta simplesmente dizer que realiza alguma ação, mas que está realmente envolvida com ela.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BORGES, Fernanda Gabriela. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial. 2001 Tese (doutorado). USP, São Paulo, 2001.

 

CKAGNAZAROFF, I. B. A Relação Entre a Prefeitura e o Terceiro Setor na Área da Criança e Adolescente em Belo Horizonte. In: Anais do VIII Colóquio Internacional sobre Poder Local. Salvador: NPGA / UFBA, 1999.

 

FALCONER, Andres Pablo. A promessa do terceiro setor – um estudo sobre o papel das organizações da sociedade civil e do seu campo de gestão. São Paulo: FEA/USP, 1999. (Dissertação de mestrado).

 

 

INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA - IPEA. A iniciativa privada e o espírito público: um retrato da ação social das empresas do Sudeste brasileiro. Brasília: IPEA, 2000.

 

GILSON, Karkotli; ARAGÃO, Sueli Duarte.Responsabilidade social: uma contribuição à gestão transformadora das organizações. Petrópolis: Vozes, 2004.

 

KARKOTLI, Gilson, ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade Social: uma contribuição à gestão transformadora das organizações. Petrópolis: Vozes, 2004.

 

LANDIM, Leilah e VILHENA, Liliane dos Reis. O terceiro setor no Brasil. Consultoria para o GIFE. jul. 1998. (mimeo).

MARTINELLI, Antônio Carlos. Empresa-Cidadã: Uma visão inovadora para uma ação transformadora. Rio de janeiro: Ed. Paz e Terra S.A., 1997, p. 81 - 88.

 

PRINGLE, Hamish; THOMPSON, Marjorie. Marketing social. São Paulo : Makron Books, 2000.

 

Autor: Melina Borzagli


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