A RELEVÂNCIA DA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA JUNTO ÀS FAMÍLIAS
A RELEVÂNCIA DA
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA JUNTO ÀS FAMÍLIAS
Lourdes
Bernadette Milhomem Rocha *
RESUMO
No presente artigo relata-se,
através de análises feitas no CAPSIJ – Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil
de Imperatriz, a importância e a compreensão da atuação psicopedagógica junto
aos pais, avaliando as principais dificuldades encontradas pelos profissionais
especializados durante as intervenções com as famílias das crianças que apresentam
dificuldade de aprendizagem. Os sujeitos pesquisados foram famílias de crianças
/ adolescentes atendidos com problemas de aprendizagem. Os instrumentos
utilizados para coleta de dados e levantamento de hipóteses, foram a
observação, entrevistas e questionários aplicados às psicopedagogas e famílias. Os resultados apontaram para a falta
de conhecimento das famílias com relação ao seu papel e do psicopedagogo como
suporte para minimizar as dificuldades de aprendizagem, como também para uma
reflexão sobre a relevância do cuidado às famílias, com ênfase na cultura, seus
valores, costumes, tradições, afetividade e cognição em seu contexto sócio
familiar.
PALAVRAS-CHAVE:
Dificuldade de
Aprendizagem. Atuação
Psicopedagógica. Família. Desenvolvimento cognitivo-cultural-afetivo.
SUMMARY
In
the article it is told, through analyses done in CAPSIJ – Centro de Atenção
Psicossocial Infanto Juvenil de
(psicopedagogos)
as support to minimize the learning difficulties, as well as for reflection
about the relevance of the care to the families, with emphasis in the culture,
your values, habits, traditions, affectivity and cognition in your context
family partner.
WORD-KEY: Difficulty of Learning. Performance (Psicopedagógica). Family.
Cognitive-cultural-affective development.
1
INTRODUÇÃO
A atuação psicopedagógica é
concebida como uma área de conhecimento que proporciona uma melhor compreensão
do significado do não aprender apresentando como objeto de estudo o processo de
aprendizagem, suas interfaces. Esta área visa valorizar a construção de uma
educação mais ampla que integre as diversas áreas do conhecimento, minimizar os
fatores que impedem a aprendizagem, adotar uma postura crítica frente aos
transtornos mistos das habilidades escolares e propor novas alternativas
fundamentais para os profissionais envolvidos no atendimento das crianças,
famílias e nas suas inter-relações com a aprendizagem.
Implica
compreender que a situação de aprendizagem, individual ou em grupo, requer uma
modalidade particular de atuação. Não há procedimentos pré-determinados e sim,
observação e uma análise profunda de uma situação concreta e necessária para
reconhecer e considerar a interferência, não só nas causas dos problemas, como
também na forma de atuação do profissional, voltado cada vez mais para uma ação
preventiva, contribuindo para a construção de uma formação sólida e consistente
frente às dificuldades e limitações encontradas diante da complexidade de novas
configurações familiares que surgem a cada dia.
É
mediante o pressuposto de uma modalidade particular de atuação, que o trabalho
psicopedagógico se faz atuante, descobrindo nas crianças suas capacidades e
desenvolvimento das atividades que o auxiliam na ordenação e coordenação de
suas idéias, manifestações intelectuais e reconhecimento das capacidades da
criança com o fim último de retirar o obstáculo que a impede de aprender.
A
intervenção psicopedagógica realizada no CAPSIJ - Centro de Atenção
Psicossocial Infanto Juvenil de Imperatriz , procura ver a maneira como as
pessoas aprendem e se desenvolvem com as dificuldades e os problemas que
encontram, auxiliando-as a superar essas dificuldades com atividades planejadas
e executadas para uma melhor aprendizagem.
Na
tentativa de buscar soluções, é comum as famílias apresentarem problemas comportamentais
inadequados, pois a maioria das famílias não são alfabetizadas; outras não
lembram de dados importantes para a construção da anamnese; algumas não
conseguem acomodar as orientações das psicopedagogas, deixando de comparecer às
sessões. Assim, como encontramos famílias que têm formas próprias de lidar com
estratégias de aprendizagem e de enfrentar dificuldades, buscando a psicopedagogia
como apoio.
Os
psicopedagogos assumem grandes desafios levando em consideração que junto ao
funcionamento cognitivo de cada sujeito estão as suas emoções, com todos os
seus significados e conteúdos. A aprendizagem é parte do contexto familiar e
social do qual a criança faz parte, sendo assim, a origem do problema não se
encontra na estrutura individual. Como também, o sintoma está nos vínculos
familiares que se cruzam com uma estrutura individual.
A teoria
Walloniana nos diz que são as pluralidade das emoções que possibilitam a
interação da criança com o meio social. E, nesse sentido, o primeiro meio com o
qual interage a criança, não é o meio físico dos objetos, mas o meio das
pessoas. E ainda, que a sociedade humana, portanto, tem uma função genética (Wallon,
1975).
Wallon diz
ainda, que o outro da mesma espécie é determinante para a identidade do
indivíduo, pois é por meio de suas interações, que além de transformar suas
estruturas orgânicas desenvolvendo o psiquismo, os indivíduos criam sociedades
e geram conhecimentos, como também que, na dimensão expressiva do movimento,
encontramos elementos interessantes, no sentido de podermos atentar mais como
profissionais para a ‘ concretude ’ da criança, suas posturas corporais, gestos
que nos sinalizam questões importantes que fazem parte da criança como um todo
(WALLON, 1975).
O conhecimento e a aprendizagem
não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pelo contato
social. A família é responsável por grande parte da educação e aprendizagem das
crianças. E é por meio dessa aprendizagem que as mesmas são inseridas no mundo
cultural, simbólico e começam a construir seus conhecimentos e saberes (Oliveira,
2008). Partindo do processo
de análise de dados obtidos, formulou-se alguns questionamentos levantando
hipóteses de que as famílias necessitam de mais informações sobre os
atendimentos realizados no CAPIJ, e também, o papel de cada um, como
contribuição para diminuir as dificuldades, principalmente as que possuem baixo
grau de escolaridade, ausência de condições ou por falta de conhecimentos,
recursos ou profissionais especializados nas escolas que possam orienta-las com
procedimentos adequados e de acordo com cada especificidade.
No desenvolvimento da pesquisa,
utilizou-se de instrumentos tais como: observações, entrevistas informais com
as famílias, estudos bibliográficos e aplicação de questionários tanto para a
equipe psicopegagógica quanto para algumas famílias atendidas com a finalidade de
melhor conhecer e também contribuir em outro momento (através de pesquisa
exploratória), com proposições que venham possibilitar o diagnóstico das
intervenções, como forma de auxiliar e melhor compreender os limites e
possibilidades da atuação psicopedagógica junto às famílias.
No referido
trabalho, busca-se descrever a partir das reflexões e análises feitas com
relação à psicopedagogia e famílias das crianças atendidas com problemas de aprendizagem,
a compreensão de como se configuram as relações a partir do cruzamento das
informações colhidas junto a pais e profissionais, como forma de nortear o
trabalho, objetivando identificar as principais dificuldades encontradas pelas
psicopedagogas do CAPSIJ , durante as intervenções
com as famílias; avaliar em qual momento e como são feitas as intervenções; se
acontecem momentos de conscientização sobre o real papel da família, das
psicopedagogas e da escola no processo educativo das crianças; se existe
afetividade entre os membros da família; como são detectadas as dificuldades de
aprendizagem pelas famílias; se as famílias e profissionais percebem as
mudanças positivas nas crianças após os atendimentos recebidos; se a maioria
dos encaminhamentos são feitos pela escola e ainda, se as famílias estão
satisfeitas com as orientações recebidas das psicopedagogas para auxiliarem o
trabalho em casa.
1.1 DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM E SEU DIAGNÓSTICO
As dificuldades de aprendizagem,
segundo Rogers (2000), podem significar uma alteração no aprendizado específico
da leitura e escrita, ou alterações genéricas do processo de aprendizagem, onde
outros aspectos, além da leitura e escrita, podem estar comprometidos (orgânico,
motor, intelectual, social e emocional).
Para Polity (2001) a dificuldade de
aprendizagem pode ser definida como um sintoma psicossocial, com pelo menos
três constituintes básicos: a criança, a família, a escola / profissionais
especializados. Sua evolução está intimamente relacionada com a estrutura e
dinâmica funcional do sistema familiar, educacional e social no qual a criança
está inserida.
[...] As dificuldades de aprendizagem devem ser
analisadas e compreendidas não somente como uma falha individual de um sujeito
que resiste a adequar-se ao pré – estabelecido, mas como uma confluência de
fatores que incluem a escola, a família, os profissionais da educação e o
sistema de relações sociais envolvidos (Polity
,2001, p. 71).
A natureza das causas do
problema de aprendizagem aponta para o psicopedagogo, quando da sua intervenção,
pontos importantes e necessários. E a participação com responsabilidade e
comprometimento dos pais, amplia a percepção sobre os problemas de aprendizagem
de seus filhos.
[...] A proposta de trabalho direcionado para o
investimento na competência dos educadores, capacitando-os não só para perceber
as dificuldades decorrentes do processo educativo, mas para interferir nelas, a
partir da escola consciente de uma teoria de ensino – aprendizagem, a fim de
que possam, também conscientemente selecionar as estratégias de ensino que
julgarem mais adequadas (Scoz, 2007, p.153).
As características da família,
escola ou até mesmo do ensinante, podem ser a causa desencadeante dos problemas
de aprendizagem frente ao cotidiano da atuação psicopedagógica. A partir daí,
acredita-se que o ambiente familiar estável e afetivo contribui positivamente
para o bom desempenho da criança no processo de aprendizagem, embora não
garanta o seu sucesso, uma vez que este depende de outros fatores que não exclusivamente
os familiares (Portela, 2006).
Para Fernández (1991), no
sistema familiar, quando as fronteiras de funções da família , criança e
profissionais, são nítidas e entendidas como regras de quem participa e como
participa no grupo, promove-se a diferenciação do sujeito como: Complementação,
acomodação, socialização e desenvolvimento da autonomia, que são matrizes de
apoio a novos padrões de aprendizagem.
[...] Nosso ‘olhar
através da família’ leva em conta simultaneamente três níveis: individual,
vincular e dinâmico, que se entre cruzam, por sua vez, com dois olhares: o que
considera principalmente as imagens, sensações e ideais de cada um dos membros
do grupo familiar e o que a equipe terapêutica percebe (Fernández, 1991, p 92).
Concordamos
com o ponto de vista colocado por Pain , quando aponta o sintoma do problema de
aprendizagem e sua relação com a família, como a concepção de articulação entre
a Instância e a Estrutura. Dizendo “As
perturbações nas aprendizagens, normais ou patológicas, tendem a evitar aquelas
modificações que o grupo não pode suportar, em função do seu particular
contrato de sobrevivência” (Pitombo, 2007).
Cabe aqui a advertência de PAIN (1992, p.75)
[...] O tratamento psicopedagógico adquire sentido na
ação institucional. Isto permite uma rápida orientação destinada aos pais, seja
para seu ingresso num grupo, seja para uma terapia familiar ou de casal;garante
um bom controle do aspecto orgânico e neurológico ; oferece a possibilidade de
diálogo quando o paciente recebe mais de uma atenção e assegura a
complementação integrada de outras técnicas pedagógicas (Pain, 1992, p. 75).
Desta maneira, a natureza das
causa do problema de aprendizagem apontam para o psicopedagogo, quando da sua
intervenção, a melhor forma de atuar. E a participação com responsabilidade e
comprometimento dos pais, amplia a percepção sobre os problemas de aprendizagem
de sues filhos, resgatando a família no papel educacional complementar á escola
diferenciando as múltiplas formas de aprender.
Como também, quando as fronteiras de funções
da família, criança e profissionais, são nítidas e entendidas como regra de
quem participa e como participa, promove-se a diferenciação do sujeito como:
complementação, acomodação, socialização e desenvolvimento da autonomia, que
são matrizes de apoio a novas padrões de aprendizagem.
2
MÉTODO
A
metodologia de pesquisa empregada no presente estudo, distingue-se pela
pesquisa descritiva, dedutiva e, pesquisa bibliográfica, que é importante por
ser um método que implica na seleção, leitura e análise de textos relevantes do
estudo, tendo como principais objetivos a redefinição de um problema, as
técnicas de coleta de dados e a interpretação dos resultados. A proposta
metodológica constitui-se de trabalho diagnóstico, observativo e não de
intervenção. O tema principal é o estudo dos aspectos relevantes para o
diagnóstico e atendimento psicopedagógico das famílias com filhos que
apresentam dificuldades de aprendizagem.
O Estudo
fundamenta-se na verificação de situações detectadas no CAPSIJ de Imperatriz,
com famílias de sujeitos caracterizados pela queixa de dificuldade de
aprendizagem. São atendidas 25 crianças/adolescentes na faixa etária de
A coleta de dados deu-se, inicialmente através
de observação do local, das famílias e ficou claro que, as famílias que possuem
filhos com dificuldades de aprendizagem demonstram sentimentos de impotência,
de estresse e cansaço, em função das dificuldades em fazer com que os mesmos
aprendam.
Em seguida, foi realizada entrevista (conversa
informal), também com as famílias, no qual se abordou sobre os relacionamentos
interpessoais na escola, em casa, com os filhos, amigos e com as
psicopedagogas. A partir daí,
estabeleceu-se o vínculo e consequentemente a confiança. As famílias foram
exprimindo seus sentimentos de maneira natural. Colocando a forma de ser de
cada membro da família, as interações, os relacionamentos, suas experiências de
vida, seus acertos e seus erros.
Após o
processo de estudo e avaliação dos dados já adquiridos, com perguntas centradas
nas observações feitas e também das necessidades detectadas. Elaborou-se
questionários com perguntas abertas e fechadas para a equipe psicopedagógica e
para as famílias, no intuito de ampliar a visão de construção do conhecimento,
compreender cada experiência vivida, como sendo movimentos onde cognição, afeto
e inserção social possam, efetivamente, contribuir para o processo de aprendizagem.
Assim, como , sistematizar idéias sobre o olhar psicopedagógico, buscando
incorporar conhecimentos, teorias e saber acerca do aprender e os obstáculos pelos
quais os profissionais especializados e famílias enfrentam em função das
diferentes situações encontradas.
3
RESULTADOS
Os resultados obtidos na presente pesquisa possibilitou
confirmar que um trabalho especializado com famílias que possuem crianças que
apresentam dificuldade de aprendizagem, não é suficiente apenas transmitir aos
pais as atividades específicas a serem realizadas, outros aspectos ligados à
família, à escola ou em outras áreas do desenvolvimento também estão presentes,
e é necessário analisar e buscar caminhos que facilitem o desenvolvimento
global da criança.
Detectou-se também a necessidade de uma maior
conscientização junto aos pais, com relação ao processo de aprendizagem dos filhos,
pois algumas famílias ainda demonstraram ansiedade para detalhar a problemática
defrontada ao lidar no seu cotidiano com o comportamento de seus filhos,
apresentando questões para que as respostas fossem dadas pelos profissionais
especializados de imediato.
Neste
trabalho observou-se que para a compreensão das possíveis alterações no
processo de aprendizagem, é necessário considerar-se tanto as condições
internas do organismo, quanto às condições externas. Esse trabalho refere-se ao papel da família
no desenvolvimento da aprendizagem da criança em todos os aspectos: emocional,
social e de estimulação dos aspectos cognitivos.
Observou-se
que as famílias atendidas com filhos que apresentam dificuldades de
aprendizagem no CAPSIJ, geralmente possuem uma baixa auto-estima em função de seus
fracassos, por não conseguirem que seus filhos aprendam. Os dados foram sendo
colhidos e percebeu-se que as famílias desconhecendo as necessidades da criança
e a maneira apropriada de lidar com esses aspectos acabam por impossibilitar as
intervenções.
Ressalta-se
que essa fase foi de fundamental importância e conveniente para se perceber os
aspectos facilitadores e dificultadores das famílias e profissionais no
processo de aprendizagem, visando um aprofundamento na hipótese de diagnóstico
do problema e ampliação de informações. Assim como, avaliar até que ponto os
objetivos são comuns aos profissionais e famílias.
Com isso, apresenta-se os
principais resultados dos questionários, como forma de contribuição para um
melhor entendimento do processo de diagnóstico psicopedagógico.
3.1 Dados obtidos com as
Psicopedagogas:
- As intervenções junto às famílias
são realizadas através de entrevistas: com as crianças semanalmente; com a
família uma vez ao mês e com a escola; são elaborados relatórios, visitas
e quando necessário, solicita-se a presença das mesmas em horários
exclusivos individuais ou junto com a família, de acordo com a natureza de
cada caso, para que sejam realizadas as intervenções necessárias;
- Os principais problemas de
aprendizagem foram diagnosticados pelos profissionais como: transtornos
mistos das habilidades, transtornos de aprendizagem grande maioria centrada
na leitura e escrita e dificuldades devido a déficits cognitivos;
- As principais dificuldades
enfrentadas pelas psicopedagogas durante as intervenções estão centradas
principalmente na resistência e ausência das famílias às sessões,
caracterizado pelo baixo nível de escolaridade, situação sócio econômica e
falta de conhecimento. A grande maioria das famílias são analfabetas,
outras não lembram de dados importantes para a construção da anamnese dos
pacientes.
- Os dados obtidos citaram aspectos
psicodinâmicos de famílias como possíveis dificultadores da aprendizagem
das crianças.
- Quanto ao retorno dado pelas
famílias, foram visualizados pelos profissionais que, apesar das
dificuldades informadas, alguns casos apresentam grau de satisfação
significativo, outros não opinam como também não demonstram com ações que
possibilitem os profissionais a formularem uma hipótese sobre o nível de
aceitação das famílias;
·
As
relações vinculares entre psicopedagogas e famílias, são pautadas no
acolhimento, destacaram aspectos da interação entre profissionais e famílias,
como sendo possíveis fontes de uma construção saudável, que irá influenciar na
construção da aprendizagem e que essas relações são conquistadas ao longo dos
atendimentos. Quando as famílias passam a acreditar, confiar no profissional,
de modo a facilitar a compreensão das particularidades de seus funcionamentos e
reflexos no desenvolvimento das crianças, mas sem subtrair-lhes a autonomia, e
a responsabilidade que possuem.
3.2 Dados obtidos com as
famílias:
- As orientações para trabalhar com
as crianças são feitas pelas psicopedagogas, mas pelo fato das famílias
serem atendidas apenas uma vez ao mês, não são acomodadas de forma
satisfatória, pois entre o intervalo de um, atendimento ao outro, surgem
situações conflituosas as quais elas não sabem lidar, gerando medo,
insegurança e angústia. Finalizaram dizendo que não são suficientes para
minimizar a situação de desconforto por não conseguirem resolver os
problemas de seus filhos;
- Algumas famílias sentem dificuldades
para realizar as atividades propostas pelos profissionais especializados,
por nem sempre entenderem as orientações recebidas para trabalhar as
crianças;
- A maioria das famílias não são
alfabetizadas, causando dificuldades na compreensão de determinados
procedimentos;
- A maior parte das respostas dadas
apontou para a falta de percepção ou omissão das escolas com relação às
dificuldades apresentadas pelas crianças e ainda, que as dificuldades só
foram detectadas e encaminhadas, quando as pessoas mais próximas à família
como: vizinhos, madrinhas, mãe de colegas dos filhos e profissionais dos
postos de saúde perceberam e encaminharam ao CAPSIJ;
- Quando perguntado sobre relacionamentos,
afetividade e comunicação entre os membros da família, algumas colocaram
que não existe, justificando a falta de tempo e os afazeres domésticos
como causa principal;
- Predominou entre as famílias, que
sempre participam das reuniões nas escolas (sempre as mães), mas que a
escola não aborda as situações dos filhos como dificuldades de
aprendizagem e sim “Eles não querem nada”, mas são comportados e ficam só
olhando o que os outros fazem. “Isso passa, é apenas uma fase”;
- Ao questionar o motivo da
ausência às reuniões, os pais responderam que faltam às reuniões por já
saber o assunto a ser tratado e por isso não têm interesse em comparecer;
- As mudanças das crianças após os
atendimentos com as psicopedagogas, melhoraram, as famílias ficaram mais
seguras, suas posturas e procedimentos com relação ao não aprender dos
filhos ficaram mais claros, embora relatem que suas limitações às vezes
impedem que percebam alguns sintomas indicativos de mudanças.
4
DISCUSSÃO
Os
resultados da pesquisa sinalizaram que partes das famílias ainda não acomodaram
com precisão que a construção do conhecimento não pode se limitar a
contribuições isolada de qualquer área, mas sim da inter-relação entre elas em
função de um objetivo maior. Dessa forma, o desafio da integração das diversas
áreas de conhecimentos visando o desenvolvimento de ações interdisciplinares é
fundamental para a obtenção de resultados positivos. E que na medida em que diminui a
disponibilidade de tempo da família para com os filhos, em função de causas
sócio – econômicas e falta de conhecimento, os pais necessitam contar cada vez
mais com outras fontes de recursos – como a escola - CAPSIJ - que os auxiliem
no exercício do processo de aprendizagem das crianças e dividam com as famílias
tal responsabilidade.
Neste contexto,
não se pode ignorar os responsáveis estudos de Visca (2002) que, ao enfocar o
processo de ensino e aprendizagem, propõe uma nova perspectiva que, denominou
de epistemologia convergente. Esta proposta procura compreender a contribuição
dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio sócio educacional tendo como base a
integração dos conhecimentos da genética, da psicanálise e da pedagogia social.
Nas
relações de vínculos familiares permitiu constatar, que as crianças que
apresentam algum tipo de dificuldade, recebem menos atenção de seus pais, uma
vez que as próprias dificuldades ocasionam desgaste na relação afetiva. Sendo
assim, os pais se voltam para esses filhos, quase que exclusivamente para
tentar contornar as dificuldades apresentadas na relação com eles. Torna-se
importante analisar sobre o atendimento psicopedagógico e, sobretudo, refletir
a respeito de sua condução e manejo com crianças, com a sua família e com a
escola.
A
pesquisa mostrou através das observações e entrevistas, que as famílias
desconhecendo as necessidades das crianças e a maneira apropriada de lidar com
esses aspectos, necessitam de orientações mais claras que lhes dêem suporte e
lhes possibilitem ajudar seus filhos. Fatores como motivações, formas de
comunicação e estresses existentes no lar, influenciam o desempenho da criança
no processo de aprendizagem e os psicopedagogos, muitas vezes, sentem-se
limitados quanto às orientações a serem dadas, pela falta de dados sobre
aspectos relativos aos familiares, não relatados pelos pais.
Portanto
acredita-se que a equipe psicopedagógica possa promover as capacitações,
orientações conscientizações, de forma sistemática tanto para as famílias
quanto para a escola, objetivando o progresso da aprendizagem.
Outro fator
de muita importância observado e que merece ser destacado e questionado sob um
olhar especial dentro do processo de aprendizagem, diz respeito a alguns
comportamentos observados como: Algumas famílias demonstram excessiva ansiedade
quanto à superação das dificuldades dos filhos, já outras negam essas
dificuldades quando informadas sobre algumas hipóteses de dificuldades das
crianças, punindo-as pelos seus fracassos e caracterizando-as como distraídas.
E é o que precisa ser analisado, pois o fato da criança possuir “algo” que
justifique uma dificuldade não é o suficiente para possuir dificuldades para
aprender.
Essa
realidade leva à reflexão sobre a maneira de adequação do processo educativo,
para possibilitar à criança, o sucesso na aprendizagem, proporcionando-lhe a
motivação, o interesse e concentração necessária para a apreensão do
conhecimento. Havendo, portanto, a necessidade de maior compreensão desse
processo no sentido de estar inserindo nas escolas a figura do psicopedagogo
atuante como forma de favorecer novas possibilidades de identificação e de
restituição do saber.
5
CONCLUSÃO
Este
trabalho de pesquisa suscitou algumas conclusões quanto à importância da
atuação psicopedagógica junto às famílias no CAPSIJ, como, a compreensão e
constatação sobre as dificuldades encontradas pelas famílias e profissionais especializados,
ao lidarem com as complexidades das situações envolvendo as dificuldades de aprendizagem.
Percebeu-se
que as famílias por desconhecerem o processo de aprendizagem, onde buscar orientações
e a melhor maneira de lidar com as questões do não aprender de seus filhos
dificultam hipóteses diagnósticas.
Assim,
torna-se urgente a necessidade de ampliação nas capacitações, orientações e
conscientizações por parte da equipe psicopedagógica com relação às famílias
atendidas com filhos que apresentam dificuldade de aprendizagem, intervindo,
buscando soluções, acompanhando as orientações tanto na escola quanto em casa,
como mediador e facilitador do conhecimento.
Desta
forma, o valor da psicopedagogia é considerada como diferencial para a
aquisição de melhorias educacionais.
Acredita-se que o principal papel do psicopedagogo é interagir os
agentes, para que haja desenvolvimento mútuo proporcionando melhoras no que diz
respeito ao afetivo, cognitivo e social, o que acarreta para o indivíduo um
modo melhor para se viver em sociedade.
Conclui-se
que, apesar dos progressos junto às áreas de educação, ainda há muito que
caminhar para a popularização da psicopedagogia. Para isso, dentre outras
questões, a necessidade e ampliação do número de atendimentos psicopedagógico
vinculados à rede pública, levando em consideração o grande número de crianças
com dificuldade de aprendizagem e poucos ou nenhum profissional especializado,
o que compromete a qualidade da educação, podendo destacar, ausência de
formação dos membros das escolas; condições mínimas para desenvolvimento do
trabalho e principalmente, a desestruturação das famílias.
Através
deste artigo e dos resultados obtidos, chagou-se à compreensão dos problemas de
aprendizagem, cujas causas envolvem aspectos sócio cultural e pedagógicos, colocando
a questão da dinâmica familiar e vínculos familiares, como uma das principais
fontes do problema na aprendizagem,
Por
outro lado, entende-se que o trabalho do psicopedagogo também deva propiciar
uma oportunidade de refletir acerca de seus próprios projetos educacionais e o
apoio psicopedagógico, além da escuta da família, de modo a facilitar reflexões
entre seus membros que possam contribuir para a construção de um espaço de
saúde em torno da aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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WALLON, Henri. Coleção Grandes Educadores. Teorias de Wallon. Rio de janeiro:
Edic, 1975.
APÊNDICES
Apêndice A - Questionário para subsidiar o
trabalho da disciplina: Praticas Pedagógicas da Especialização em
Psicopedagogia.
Universidade Gama Filho
– Idaam Maranhão
Questionário com a equipe
Psicopedagógica.
01
– Com que freqüência e como são realizadas as intervenções com as famílias e
escolas?
Autor: Lourdes Bernadette Milhomem Rocha
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