O RESGATE DE MATEUS



    18 de novembro de 1993, era uma tarde chuvosa; as ruas desertas refletiam a preocupação generalizada. De repente, o tabu do silêncio foi quebrado pelo inesperado.

    Eu estava saindo da maternidade, onde minha filha Aksa acabara de nascer, quando ao longe ouví gritos de socorro. Corri em direção às supostas vítimas, e quando lá cheguei, meti-me por entre a gigantesca e amedrontadora fumaça negra. Com a visibilidade precária, visualizei debaixo dos escombros, o pequeno Mateus que, num choro inocente e assustador pedia auxílio. Peguei-o nos braços, enrolei-o num cobertor por alguém providenciado e levei-o para fora.

   Naquele instante, o corpo de bombeiros já havia chegado, e a multidão aguardava impaciente, notícias da única vítima que ficara à mercê da fúria devoradora que consumia rapidamente a humilde casa de dona Iara, o patrimônio que com tanta dificuldade construira durante toda sua vida.

   Com Mateus em meus braços, sentindo-me um Roberto Bruce, na ocasião da independência da Escócia, quando escravizada pela Inglaterra, dirigi-me à ambulância e repousei-o a salvo na maca.

   Fui aplaudido por todos, e abraçado pelo sargento bombeiro Duarte, que me disse: Hoje tu foste herói. Parabéns pela bravura e audácia!

   Emocionado, chorei como jamais havia chorado antes. Aquele momento ficou para sempre plasmado em minha mente, e hoje, quando tudo parece desabar, e minhas forças desfalecidas a me parar, ouço o choro do pequeno Mateus, e percebo que sou forte, então reajo como herói que sou!

 

Obs. Eu dedico este conto à minha filha Aksa Duarte Ramos, a minha eterna princesa que tem quinze anos e mora no Rio de Janeiro. Papai te ama. Você é o meu grande amor!


Autor: ROGÉRIO RAMOS


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