ZELADOR ANALFABETO (PEÇA DE TEATRO).



O ZELADOR ANALFABETO:

 

PEDRO:

Boa noite Manoel.

 

MANOEL:

Boa noite Pedro.

 

ANTONIO:

Vocês querem ir comigo tomar umas cervejas?

 

PEDRO e MANOEL:      

Isso é ótimo amigo, claro que queremos.

 

MANOEL:

Pedro há quantos tempos você trabalha de zelador neste prédio?

 

PEDRO:

Desde quando vim do Nordeste.

 

ANTONIO:

Quando tu vieste do Nordeste?

 

PEDRO:

Só sei que estou com 40 anos e quando cheguei aqui tinha 17 anos.

 

MANOEL:

E sempre morou só, nunca quis arrumar uma companheira?

 

PEDRO:

Não vou enganar vocês não, até que querer eu sempre quis, mais o difícil é arrumar uma pessoa certa.

 

ANTONIO:

Eu tenho uma vizinha que daria certinho com você, uma moça sossegada, se quer sai de casa.

 

PEDRO:

Apresente-a pra mim.       

 

ANTONIO:

Só que tem um pequeno problema.

 

PEDRO:

Que problema é este homem.

 

ANTONIO:

O nome dela é Marta, ela se perdeu com um rapaz no Pernambuco e os pais expulsaram de casa e ela veio morar aqui.

 

PEDRO:

Isto não é problema, se ela prometer me respeitar vou tentar viver com ela.

 

ANTONIO:

Vou convidá-la a vir conversar com você.

 

PEDRO:

Esta bem convide a moça que vou esperar.

 

ANTONIO:

Bom dia Pedro, aqui está a moça.

 

PEDRO:

Você é a Maria que meu amigo Antonio falou.

 

MARIA:

Sim sou eu.

 

PEDRO:

Olhe moça eu já estou na meia idade e estou precisando de alguém para viver junto. O meu amigo Antonio já disse sobre você e se você topar e respeitar-me vamos unir as nossas vidas.

 

MARIA:

Sim concordo.

 

PEDRO:

Então você vai e traga suas coisas pra minha casa, graças a Deus que eu tenho uma casinha e não preciso pagar aluguel.

 

MARIA:

 Pedro, já cheguei, onde coloco minhas coisas?

 

PEDRO:

A casa agora também é sua, coloque onde quiser.

 

ANTONIO:

E daí amigo, como está à vida de casado?

 

PEDRO:

Até agora está tudo bem, não tenho nada que reclamar.

 

MARIA:

Pedro preciso sair, quero visitar minhas amigas.

 

PEDRO:

Tome cuidado, veja bem o que vai fazer e para onde vai.

 

MARIA:

Deixe de ciúme Pedro eu vou visitar minhas amigas.

 

PEDRO:

Então vai, mas volta logo.

 

MARIA:

Alo é o João, o meu irmão tudo bem por ai?

 

JOÃO:

Maria é você? Quantos tempos minha irmã?

 

MARIA:

Estou bem meu irmão e o pai e a mãe como estão?

 

JOÃO:

Estou bem só eu que em breve estou chegando ai em São Paulo.

 

MARIA:

Anote meu endereço irmão e vem na minha casa, não contei, eu casei e meu marido tem uma casa própria.

 

JOÃO:

Que bom irmã que você está bem. A sim está chegando ai uma carta da mamãe ela está com muita saudade.

 

PEDRO:

Que papel será este que esta mulher está lendo e tão feliz.

 

ANTONIO:

Bom dia amigo, tudo bem?

 

PEDRO:

Estou bem nada. Arrumar mulher nova da nisto.

 

ANTONIO:

Fica calmo homem, não vai fazer nenhuma besteira.

 

PEDRO:

Ontem ela estava lendo uma carta e estava muito feliz, acho que estava lendo alguma carta de algum macho.

 

ANTONIO:

Talvez não seja nada.

 

PEDRO:

Só sei que vou ficar de olho bem aberto.

 

JOÃO:

Hei de casa, tem alguém ai?

 

MARIA:

É você mesmo meu irmão.

 

JOÃO:

Sou eu mana, que saudade.

 

MARIA:

Entre João lá dentro você conta tudo, estou loca de vontade de saber de tudo.

 

PEDRO:

Safada, então é isto, você agora deu pra trazer amante pra bem debaixo do meu nariz.

 

 MARIA:

O meu irmão deixe eu lhe dar um abraço.

 

PEDRO:

É agora que eu mato os dois.

 

MARIA:

Pedro que bom você ter chegado.

 

PEDRO:

É vagabunda, vou lavar minha honra.

 

MARIA:

Não Pedro, socorro.

 

PEDRO:

Você não me trai mais vagabunda.

 

MARIA:

Você me matou Pedro.

 

PEDRO:

Seu Delegado. Minha mulher estava me traindo com outro. Eu há matei e também matei o safado e aqui estão as provas do crime.

 

DELEGADO:

Pedro o que são isto?

 

PEDRO:

As provas seu delegado a carta, a peixeira e ai estirado está o safado do amante da vagabunda.

 

 DELEGADO:

Deixe-me ver esta carta.

 

PEDRO:

Aqui seu Delegado, na minha terra tem cabra macho, mulher lá não trai homem não e se trair morre na ponta da peixeira.

 

DELEGADO:

Vou ler a carta:

Filha querida estamos morrendo de saudade, seu pai está muito arrependido. O seu irmão o João está indo para São Paulo ajude ele a arrumar emprego ai e em breve estaremos indo visitar você, um grande abraço de todos por aqui e muitos beijos de sua mãe que ama muito você.

 

PEDRO:

Matei Maria e seu irmão por não saber ler. Como sou um ignorante, porque eu não fui à escola para aprender a ler, se eu soubesse ler não os teria matado.

 

Autor: João do Rozario Lima

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Autor: João do Rozario Lima


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