INCOERÊNCIA!



Em várias situações da vida (na maioria), sabemos exatamente como agir. Temos absoluta noção do que é certo e do que é errado. De como agir de forma segura. De como nos comportar de maneira totalmente inconseqüente!

Mas muitas vezes preferimos nos comportar fazendo de conta que somos ignorantes, e usamos a justificativa de que nos equivocamos. Nos enganamos. Distraímos! Ou ainda, quando não tem outro jeito, procuramos as famosas brechas. Fica mais fácil assim. Fica mais fácil recorrer, reclamar das conseqüências dos nossos erros, dos nossos atos egoisticamente impensados, do que agir de forma correta! Será?

E com isso, precisamos ser fiscalizados, cobrados e muitas vezes ameaçados com punições. E punidos! A nossa irresponsabilidade e inconseqüência necessitam ser coibidas por ações externas. Precisamos nos sentir ameaçados de punição! Mesmo assim, preferimos tantas vezes nos arriscar. Quem sabe dá certo? Ou se não der, sempre podemos tentar achar um jeitinho!! Nossa! Tenho tanta aversão a estes "jeitinhos"!!

Abusamos do que consideramos direitos, e assim, tantas vezes atropelamos os nossos deveres! E os direitos do outro! Agimos muitas vezes demonstrando o quanto somos incapazes de assumirmos os nossos direitos de cidadãos. Necessitamos nos sentir vigiados! Sabemos exatamente como agir de forma acertada, correta. Mas optamos tantas vezes em nos omitir, em negligenciar este saber!

Até com a nossa própria segurança, somos inúmeras vezes completamente negligentes! Colocamos tantas vezes nossa integridade física e moral em risco! Por pressa, negligencia, displicência...Ou talvez, por total falta de uso da nossa inteligência! Bom, existem situações que protagonizamos ou assistimos, que fica uma dúvida, se realmente foi falta de uso, ou inexistência mesmo!

Aceleramos nosso carro acima da velocidade máxima permitida, numa demonstração clara de total estupidez. Estacionamos em local proibido. Demonstramos imensa insensatez, quando por exemplo, ultrapassamos o sinal vermelho, ou ainda, numa demonstração clara de irresponsabilidade, dirigimos embriagados. Mesmo sabendo que estamos pondo em risco nossa integridade física, nossa vida, ou pior ainda, a vida de outras pessoas. Temos total consciência que com estes comportamentos estamos infringindo leis. E ainda nos sentimos injustiçados, vítimas, quando somos flagrados e recebemos punições!

É o policial de trânsito que é um chato!? É o vizinho insuportável que reclama do som que estou ouvindo no último volume de madrugada! É aquele outro motorista que ficou irritado quando queria entrar em sua casa, mas foi impedido, pois estacionei meu carro bem em frente a porta da sua garagem. Ou aquele pedestre nervosinho, que ficou bravo, por quase ter sido atropelado quando atravessava na faixa e foi surpreendido por aquele motorista apressadinho, que ignorou o sinal vermelho.

Reclamamos das medidas que são tomadas justamente para nos proteger da nossa incapacidade de nos cuidarmos. Da nossa negação em cumprir alguns deveres que temos. De abusarmos tantas vezes daquilo que colocamos, por pura conveniência, como nossos direitos. Da nossa displicência em relação a nós mesmos e da nossa insistência egoísta e autoritária em não respeitar o outro.

E reclamamos também quando estas mesmas medidas não são tomadas! É o responsável pelo trânsito da cidade que colocou diversos redutores de velocidade que me obrigam a reduzir e assim atrasar o meu percurso, ou que não colocou os mesmos redutores em locais perigosos onde constantemente acontecem acidentes!

Não importa! Precisamos justificar, responsabilizar alguém pela nossa irresponsabilidade! Pelo nosso desleixo com noções básicas de cidadania!


Autor: Maria Francisquini


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