Deus não pode ser fiel.




Titulo Original > Deus é Fiel

Já faz algum tempo que lemos em um adesivo fixado num automóvel a expressão "Deus é fiel". A princípio, diante da perplexidade que experimentamos após a observação inicial, a estupefação levou-nos à busca do sentido real da expressão, não sem antes constatar de que o adesivo teria sido comercializado através de uma religião evangélica, porque, ao transitarmos em uma rua, vimos um exemplar do mesmo na vitrine de uma loja de produtos evangélicos.

Ampliando a pesquisa, chegamos à fonte "religiosa" da frase. Está ela contida em Jeremias; 1:12.

Vejamos os conceitos. Fidelidade. Característica ou atributo daquele que é fiel. Fiel, o que dá mostras de lealdade e, por isto, não contraria a confiança depositada. Leal e devotado.
Tais os considerados colhidos do exame do léxico, especificamente o Dicionário Houaiss. Eis as diretrizes básicas. De pronto, a análise lógica da sentença cunhada pelos irmãos evangélicos, denota certa impropriedade na utilização do sujeito.

Deus não pode ser fiel.
Fiéis são os homens, desde que estejam estes sujeitos ao cumprimento de princípios, fundamentos, pressupostos contidos na organização de determinada agremiação ou filosofia religiosa.


Deus, assim, na definição espírita, "(...) é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas (...) infinito em Suas perfeições".

Logo, como costumamos dizer, Ele não se acha sujeito às variações de humor comuns aos homens, não tem preferências ou antipatias. Não premia, nem castiga. Não proíbe, nem autoriza.

Criou um Universo perfeito, regido por leis universais, imutáveis, completas, às quais acham-se sujeitas TODAS as criaturas. Portanto, Deus não demonstra FIDELIDADE ou infidelidade a quem quer que seja.

Neste aspecto, o que salta aos olhos é a tentativa de desfiguração da idéia do Criador, tomando-o como um homem que manifesta a sua predileção pelas pessoas que seguem determinada orientação religiosa.

Ledo engano. Aliás, nem há originalidade em esta concepção, de vez que os hebreus, há vários séculos antes da encarnação de Jesus, já cunhavam as expressões "terra prometida", "povo escolhido" ou o "povo de Deus", nítida manifestação do orgulho e da prepotência daqueles homens, diametralmente contrárias à própria idéia da fraternidade e da igualdade entre os seres.

Há quem diga que o efeito provocado nos adeptos daquela corrente religiosa realmente crêem que Deus é fiel a eles, protegendo-os, livrando-os de todos os males, fazendo por eles a parte que lhes caberia desempenhar.

Acreditam-se imunes aos perigos, aos obstáculos, aos percalços, simplesmente porque pertencem àquela agremiação. As organizações - em todos os campos do conhecimento humano - valem-se de expressões, adágios, frases de efeito, para "venderem" seus produtos.

No caso em exame, é o marketing a serviço da fé, ou da reprodução de determinada ideologia. E, como há "clientes" para todos os gostos, há quem aceite - passivamente - a idéia que alguém criou para "vender o peixe".

Assim, levando-se em conta a diversidade de graus evolutivos entre os espíritos, há muitos que ainda não conseguem vislumbrar outra fé - mais ampla e racional, menos dogmática -, e, para estes, a única linguagem entendível é a da aceitação inconteste. Evoluindo os seres e os planos, tais "adereços" ou "máscaras" desaparecerão, porque não encontrarão mais adeptos, tal qual um determinado produto, por tornar-se obsoleto, vai sendo deixado no ostracismo.
Naturalmente...


Marcelo Henrique Pereira
Diretor de Política e Metodologias de Comunicação/ABRADE

Autor: Francisco Amado


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