Boa notícia: crédito a pessoa física reage



Tem duas coisas que o brasieiro não aguenta mais: ver a Silvia (personagem de Deborah Bloch) ser passada para trás pela Ivone (personagem de Leticia Sabatela) e ouvir má notícia.

Como no novela de Glória Perez não podemos mexer, então vamos de boas notícias.

Lentamente, o mercado de crédito se recupera do tombo causado pela crise financeira.

Já há sinais de melhora, mas em ritmos distintos nas operações para pessoas físicas e jurídicas. Nos financiamentos para as famílias, a redução dos spreads bancários - diferença entre taxa de captação e empréstimo - e a estabilização da inadimplência apontam para maior oferta nos bancos e demanda crescente dos clientes.

Já nas empresas, a reação é bem mais lenta. Há mais concessões de empréstimos e o spread recuou pela primeira vez desde o agravamento da crise. Mas o ritmo de concessões ainda está mais baixo do que no fim do ano passado. E a inadimplência atingiu o nível mais alto em dois anos.

Números apresentados pelo Banco Central em 23 de abril reforçam a avaliação de que o crédito para as pessoas físicas está voltando à normalidade. A concessão de novos empréstimos em março cresceu pela primeira vez no ano e mostra que os clientes estão voltando às agências para tomar crédito.

Em março, bancos concederam diariamente uma média de R$ 199 milhões em financiamentos para a compra de veículos. O valor é 13,2% maior que o de fevereiro e 48,5% superior ao de dezembro de 2008.

No crédito pessoal, os brasileiros tomaram R$ 510 milhões por dia, montante 3,8% superior ao de fevereiro e 40,1% maior que o de dezembro.

Os bancos também parecem estar menos receosos. Em março, o spread caiu pelo quarto mês seguido, de 52,6 pontos para 50,1 pontos. O número cai conforme o risco da operação diminui. Com essa redução, o spread atingiu o nível mais baixo desde junho de 2008, antes da crise.

Com juros mais baixos, o ritmo de concessão de crédito foi retomado, com liberação de um total de R$ 155,7 bilhões no mês, o que representa crescimento de 26,1% na comparação com fevereiro (que teve menos dias úteis). A média diária de concessões também aumentou, atingindo R$ 7,079 bilhões no mês passado, alta de 3,2% sobre a média de R$ 6,860 bilhões de fevereiro.

Mesmo havendo retomada do ritmo de concessões, o BC trabalha com a hipótese de crescimento da carteira de crédito em 14% este ano, distante do que ocorreu no ano passado, quando a expansão foi de 25%. O saldo de operações de crédito do sistema financeiro, incluindo recursos livres e direcionados, somava R$ 1,241 trilhão, no final de março, alta de 1% sobre fevereiro. O valor representava 42,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o mais elevado índice desde o início da série histórica, em julho de 1999.

As instituições financeiras públicas têm participação decisiva na expansão da oferta de crédito. De setembro a março, os bancos federais expandiram suas carteiras em 18,3%, enquanto os bancos privados estrangeiros cresceram 3,5% e os bancos privados nacionais registraram expansão de 1,5%.

Apesar da melhora dos números para empréstimos de pessoas físicas, os financiamentos para as empresas, o cenário contiua complicado. Em março, a média diária de novos créditos subiu 5,3% em relação a fevereiro, para R$ 4,589 bilhões. Mas o volume ainda é 10,1% menor que o de dezembro.

Segundo o BC, a inadimplência das empresas atingiu 2,6% em março, o mais alto nível desde abril de 2007, o que estaria "segurando" a oferta de crédito para pessoas jurídicas. Nas pessoas físicas, a taxa seguiu tendência contrária e oscilou para baixo, de 8,4% para 8,3%.

O que nos resta é torcer para que a Ivone seja pega com a "boca na botija" e que o humor dos bancos no que se refere às pessoas jurídicas melhore em abril.

Bibliografia:
Jornal O Estado de São Paulo de 24 de abril de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 24 de abril de 2009

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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