Um Olhar Sobre a Imagem Corporal do Deficiente Visual



Hoje numa sociedade tão desigual, é de se evidenciar a exclusão social dos deficientes principalmente os deficientes visuais.

Isso porque, numa sociedade em que quase tudo nos é apresentado na condição visual, como então inserir esse deficiente para que ele se sinta co-participante como construtor e formador de opinião do mundo que o cerca?

Para desmistificar que a pessoa deficiente é incapaz, será preciso que nós “videntes” deixemos de lado o preconceito e a ignorância e nos espelhemos no prazer de vida que esses portadores possuem.

Dessa forma, quer sejam as condições ora presentes precisarão de uma definição de ser humano coletivo, onde essa coletividade ultrapasse paradigmas existentes. Onde os estudos apontem em direção não de segregação,e discriminação,e sim,de busca por melhores condições de inserção do cego em nosso meio.

Uma das razões deste estudo se faz pela necessidade e carência de nós videntes não percebermos que possuímos nossos limites, e acharmos sempre que as pessoas com deficiências aparentes e que são “diferentes e especiais”. Para que essa locação seja desfeita é preciso que entendamos que nossas limitações vão aquém de nossas vontades e que somos limitados quer seja, na condição de aprendizes ou não do mundo que se apresenta frente a nós.

Para Eline Porto, o corpo atua em sua estrutura física, biológica, social e cultural. Adquirindo habilidades adivinda da autonomia do corpo do indivíduo.

Assim, para o deficiente visual, falar e pensar usando todo seu potencial funcional depende da amplitude dos sentidos que interagindo a partir do desenvolvimento destes constituirá na inclusão do cego, lhe proporcionando a interação e o conhecimento do seu próprio corpo.

Por isso é necessário a aplicabilidade do corpo “cego” sobre o mundo. Uma vez que só o cego pode sentir o corpo em sua totalidade e em seu mundo.Relacionar o mundo dos videntes,com o mundo dos cegos é algo muito difícil,para aquele que necessita trabalhar outros órgãos do sentidos,para que não seja totalmente excluído da sociedade.

A sociedade por sua vez, deve fortalecer ações e práticas num mundo próprio e cheio de significações que dêem sentido a vida dos deficientes. Trabalhar a corporeidade dos cegos então,fortalece a interação,e o compromisso educacional que se constitui como mola propulsora para a formação deste.

Uma sociedade igualitária transforma seres humanos, capazes de valorizar e reconhecer no outro seus anseios e desejos. Sabendo que as diferenças nos remetem a um bem comum.

Para que de fato isso aconteça, o cego precisará ser respeitado em suas limitações. O físico que ora se apresenta,não é capaz de estruturá-lo de maneira plena.Pois,seu estado corporal pode falar e transformar o olho numa visão bem ampla de mundo.

Um ser em constante transformação, refletindo sobre sua condição corporal é o que capacita o ser humano a viver em sociedade.

O corpo do cego é um corpo visível que sente as mesmas coisas que o corpo dos videntes. Masini (1994) ressalta que a comunicação entre um cego e um vidente se dá:O significado do olhar para ele se faz pela ausência, por estar num mundo onde um olhar está presente. A importância da visão é da experiência do vidente e se faz pelo convívio com ele,onde a comunicação é predominantemente fundada no visual.Nesta situação a identidade do deficiente visual a ausência da visão,ao invés de ser a presença dos sentidos de que dispõe.Assim,o não vidente (ou portador de deficiente visual)pode transformar-se em objeto,pois a presença do outro (vidente)é tão marcante que o rouba da sua própria.(p.89).

Portanto, um olhar bem mais amplo sobre a vida dos cegos em sociedade, é fazer valer a inclusão, que deve começar dentro de nós mesmos.

O cego é uma pessoal como outra qualquer. E precisa ser respeitado em todos os seus aspectos.

 

Referência:

 

PORTO, Eline. A Corporeidade do Cego:novos olhares.Piracicaba/São Paulo:Editora UNIMEP/Mennon,2005.128 p.

 

 

 


Autor: Lucia Magalhaes


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