EUA: sinais de "o pior já passou"



Em meio a um oceano de más notícias e incerteza, nos últimos dias começam a surgir algumas pequenas ilhas de bons números.

A indústria brasileira esboça alguma reação seguida pelo bom desempenho da bolsa nos últimos dois meses e o patamar de valorização atingido no dia 04 de maio - 50 mil pontos.

Da mesma forma, os EUA já iniciaram um movimento tímido de retomada. A luz no fim do túnel pode ainda não estar exatamente visível, mas seus reflexos ao menos já parecem confirmar a inevitável chegada.

Indicadores apresentam alguma melhora
Apesar da retração significativa do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre, de 6,1% frente ao quarto trimestre de 2008, especialistas acreditam que outros indicadores começam a mostrar a possibilidade de um cenário mais estável. Índices que monitoram de forma mais atualizada o comportamento da economia, como a confiança do consumidor e números da indústria, sinalizam uma tendência de recuperação.

As vendas pendentes de imóveis residenciais nos EUA cresceram 3,2% em março, para 84,6 pontos, no segundo mês consecutivo de alta no indicador, depois de registrar baixa recorde em janeiro, de 80,4. Uma venda é considerada pendente quando o vendedor aceitou a oferta mas o negócio ainda não foi fechado, o que, em geral, demora dois meses para acontecer. Os gastos com construção também registraram leve alta, de 0,3%, em março, a primeira desde setembro de 2008. Analistas previam uma queda de 1,5%.

Os índices de confiança do consumidor mostraram reação em abril, e chegaram próximos ao patamar anterior à quebra do banco de investimento Lehman Brothers, considerada o marco zero da crise. O índice avançou para 65,1, ante 57,3 em março. Foi ainda a primeira alta na comparação ano a ano desde julho de 2007. O consumo pessoal também cresceu além do esperado, com expansão de 2,2% no trimestre.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de Richmond, Jeffrey Lacker, disse no dia 03 de maio que considera razoável pensar que a recessão termine este ano nos Estados Unidos. Lacker advertiu, no entanto, que prossegue a queda dos investimentos no setor imobiliário.

– Embora a atividade global ainda esteja em contração, agora parece que o ritmo está diminuindo, e em algum momento ainda este ano a atividade vai bater no fundo do poço e começará a se expandir de novo – disse Lacker, que comanda uma das 12 divisões regionais do Fed.

Manutenção da taxa de juros americana
Em 29 de abril o Federal Reserve, banco central norte-americano, decidiu pela manutenção da taxa básica de juros do país entre zero e 0,25%. O patamar havia sido instituído na reunião de dezembro do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Antes dessa data, a taxa básica estava em 1% anuais.

O banco central americano afirmou que o ritmo de deterioração da economia do país parece estar diminuindo, mas acrescentou que continuará mantendo a taxa de juro em nível excepcionalmente baixo por um longo período.

Entre os meses de março e abril, a atividade econômica "continuou a se contrair, embora o ritmo de contração pareça um pouco mais lento" , diz comunicado emitido após a reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês).

As informações coletadas pelo Fed desde março levaram à conclusão de que o gasto do consumidor americano caminha para a estabilização, mas ainda persistem os fatores que limitam a retomada - a dificuldade na obtenção de crédito, a queda no valor dos imóveis e o aumento do desemprego.

As demissões, diz o Fed, foram uma das saídas adotadas pelas empresas no cenário de crise, assim como a redução dos estoques e o corte nos investimentos.

Ainda que tenha havido uma " modesta melhora " na conjuntura entre março e abril, atribuída em parte às medidas de auxílio aos mercados financeiros, o Fed continua a prever que a atividade econômica deve " permanecer fraca por algum tempo " e que a inflação ficará sob controle - ou até mesmo com algum risco nocivo de deflação.

Pronunciamento de Bernanke no Congresso
Segundo o presidente do FED, Ben Bernanke em pronunciamento no Congresso realizado no dia 05 de maio, a recessão norte-americana parece estar perdendo força e o crescimento provavelmente deve ser retomado no final deste ano, refletindo uma melhora dos gastos dos consumidores, do setor imobiliário e o fim do processo de liquidação dos estoques das empresas.

Bernanke acrescentou, entretanto, que a recuperação provavelmente será mais lenta do que o normal e advertiu que a taxa de desemprego deve permanecer elevada por algum tempo, já que as empresas continuam cautelosas em relação às contratações. A taxa de desemprego está atualmente em 8,5%, a máxima em 25 anos. Economistas de Wall Street preveem que a taxa de desemprego em abril, que será divulgada nesta sexta-feira, atingirá 8,9%.

Bernanke afirmou haver "sinais preliminares" de que a demanda das famílias se estabiliza, citando aumento nos gastos dos consumidores durante o primeiro trimestre. "O mercado imobiliário, o qual vem desacelerando há três anos, mostrou alguns sinais de aproximação do fundo do poço", acrescentou Bernanke, citando "um razoável montante" de vendas de imóveis usados, vendas firmes de imóveis novos e um reduzido estoque de imóveis disponíveis à venda. Entretanto, os níveis de vendas permanecem "deprimidos", explicou.

Bernanke explicou ainda que "algum progresso" foi obtido nos ajustes dos estoques das empresas e, com este melhor equilíbrio em relação às vendas, "uma redução no ritmo da liquidação deve oferecer suporte à produção no final do ano".

Os sinais são tímidos, é verdade. Mas existem...

Bibliografia:
Jornal Gazeta Mercantil de 06 de maio de 2009
Jornal O Estado de São Paulo de 02 de maio de 2009
Site G1 em 29 de abril de 2009
Site Estadão em 05 de maio de 2009
Site O Globo em 05 de maio de 2009

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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