Balanço de Pagamentos: um olhar didático
Infelizmente, nós economistas acabamos contribuindo para essa má fama, principalmente quando despejamos sobre o público nossa teoria que, quase sempre vem acompanhada de uma dezena e números e gráficos.
A questão é que o objeto da economia é o comportamento humano e esse, como todos nós sabemos, quase sempre também é complicado e inacessível.
Continuando com a sessão de “mea culpa”, uma das disciplinas mais mal compreendidas pelos estudantes é a Macroeconomia e a sua temida Contabilidade Nacional.
De fato, aliar economia e contabilidade não pode dar boa coisa, no entanto, é de fundamental importância o entendimento de seus termos e os conseqüentes impactos para a economia.
Para tentar facilitar um pouco o estudo da Contabilidade Nacional tomaremos, como exemplo didático, o Balanço de Pagamentos Brasileiro e seus números para março de 2009.
Boa diversão.
Balanço de Pagamento - Definições
O Balanço de Pagamentos contabiliza a conta de transações correntes (balança comercial, conta de serviços e transferências) e a conta de capital e financeira.
A conta de capital financeira contabiliza também as transferências de patrimônio, além de empréstimos e financiamentos de todas as modalidades, desembolsos de curto, médio e longo prazo e amortizações. Além disso, são descontados erros e omissões do balanço.
Resultados do mês de março
O Balanço de Pagamentos do país apresentou superávit de US$ 940 milhões em março de 2009.
As transações correntes apresentaram déficit de US$ 1,645 bilhão.
A conta de capital e financeira ficou positiva em US$ 2,732 milhões.
A conta de erros e omissões foi negativo em US$ 147 milhões.
Comparação com março de 2008
Para efeito de comparação, em março do ano passado, o Balanço de Pagamentos apresentou superávit de US$ 1,341 bilhão.
Números do primeiro trimestre de 2009
No período janeiro à março, houve déficit de US$ 1,182 bilhão no Balanço de Pagamentos.
Comparação com o mesmo trimestre de 2008
Neste mesmo intervalo de 2008, houve, no entanto, superávit de US$ 8,217 bilhões.
Transações correntes - Definições
A conta de transações correntes mensura o desempenho das compras e vendas de bens e serviços de um país com o exterior.
A conta corrente é formada por três itens:
- a balança comercial, resultante de exportações e importações;
- a conta de serviços e rendas, que une fluxos de entradas nas diversas modalidades de empréstimos externos e de saídas para o pagamento de juros, remessas de lucros e de serviços em geral (como viagens e transportes);
- e as transferências unilaterais correntes, que são recursos enviados por brasileiros que moram no exterior.
Resultado do mês de março para Transações Correntes
A conta de transações correntes do Balanço de Pagamentos brasileiro registrou em março déficit de US$ 1,645 bilhão. O resultado acabou acima do previsto pelo Banco Central (BC) para o período.
Comparação com março de 2008
Um ano atrás, a conta corrente havia sido deficitária em US$ 4,344 bilhões.
Números do primeiro trimestre de 2009
No primeiro trimestre, o déficit ficou em US$ 5,020 bilhões, ou 2,02% do Produto Interno Bruto (PIB).
Comparação com o primeiro trimestre de 2008
Aproximadamente a metade do resultado negativo de igual período de 2008, de US$ 10,260 bilhões (1,79% do PIB).
Números do acumulado de doze meses
Em 12 meses, o déficit nas contas correntes ficou em US$ 22,951 bilhões, ou 1,59% do PIB, inferior ao acumulado nos 12 meses até fevereiro, quando o resultado negativo foi de US$ 25,65 bilhões (1,72% do PIB).
Análise dos números de março
Todos os indicadores das contas externas estão mais acomodados em 2009, quando comparados aos resultados do início de 2008. As remessas de lucros e dividendos atingiram US$ 1,755 bilhão em março passado (queda de 50,6% sobre os US$ 4,345 bilhões de março do ano passado) e US$ 3,556 bilhões no trimestre (retração de 58,9% sobre o primeiro trimestre de 2008).
Para abril, há expectativa por "continuidade da acomodação", com estimativa de que o total de remessas e lucros e dividendos atinja US$ 15 bilhões no ano.
Além de estancar a remessa de lucros e dividendos, os estrangeiros voltaram a fazer investimentos em carteira. As aplicações em ações no País foram de US$ 844 milhões em março. Foi o primeiro ingresso efetivo de recursos nessa modalidade desde maio de 2008 segundo o Banco Central. Para o mercado de renda fixa, outros US$ 708 milhões foram injetados no Brasil.
Investimento Estrangeiro Direto (IED) – Definição
Investimento estrangeiro direto (IED) é o investimento feito com interesse duradouro em empresas que operem fora da economia do investidor.
Resultado do mês de março para Investimento Estrangeiro Direto
Os investimentos estrangeiros diretos somaram ingressos líquidos de US$ 1,4 bilhão.
Comparação com março de 2008
É menos da metade do valor registrado um ano antes, quando o montante foi de US$ 3,083 bilhões.
Os ingressos líquidos em participação no capital de empresas no País, incluídas as conversões em investimentos, atingiram US$ 624 milhões, enquanto os desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhias totalizaram US$ 820 milhões", afirmou o Banco Central em nota.
Números do primeiro trimestre de 2009
Nos três primeiros meses de 2009, houve ingresso de US$ 5,342 bilhões (2,14% do PIB), menor do que aquele registrado em igual período do exercício passado, quando a entrada foi de US$ 8,799 bilhões (2,34% do PIB), uma queda de 39,28%.
Números do acumulado de doze meses
Nos 12 meses até março, ingressaram US$ 41,601 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, ou 2,88% do Produto Interno Bruto (PIB) dolarizado.
Análise dos números de março
Por enquanto, o volume de IED é considerado razoável pelo BC dentro do atual cenário de crise mundial, mas abaixo do que era registrado em 2008.
Em março do ano passado, o fluxo de IED atingiu US$ 3,093 bilhões, somando US$ 8,799 bilhões no primeiro trimestre.
Em abril, o fluxo de IED deverá somar mais US$ 2,3 bilhões, estima o Banco Central, considerando que até o dia 22 já ingressaram US$ 2 bilhões. Para todo o ano de 2009, o BC projeta recebimento de US$ 25 bilhões em IED, superávit de US$ 17 bilhões na balança comercial e déficit de US$ 16 bilhões em transações correntes.
Permanecem baixas as taxas de rolagem das linhas de crédito, atingindo média geral de 52% em março e de 44% no resultado parcial de abril. Isso gera redução do endividamento externo total dos setores público e privado, que caiu de US$ 161,896 bilhões, em dezembro, para US$ 160,325 bilhões, em março. Segundo o Banco Central, a dívida de médio e longo prazos foi atingida pela queda das taxas de rolagem, enquanto que a dívida de curto prazo sofreu com a escassez de linhas externas para o comércio.
Fácil não é. Mas é importante.
Bibliografia:
Site O Globo em 22 de abril de 2009
Site Yahoo Notícias em 22 de abril de 2009
Site Estadão em 23 de abril de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 24 de abril de 2009
Autor: Alexsandro Rebello Bonatto
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