Bancos americanos nem tão estressados assim



A crise aos poucos começa a ser vista pelo retrovisor.

Sinais tímidos, é verdade, confirmam o que economistas um pouco mais conscientes já anunciavam: as crises sempre passam.

Na semana passada veio dos EUA mais um desses sinais, os testes de estresse sobre as 19 maiores instituições financeiras americanas não deram resultados tão ruins, aliás como já era esperado pelo mercado.

O que são testes de estresse?
Os bancos foram submetidas a "testes de estresse" feitos por 150 técnicos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) desde 10 de fevereiro, para avaliar sua resistência à crise

Os testes de estresse têm o objetivo de avaliar quanto cada banco perderia se o a crise econômica provasse ser mais profunda que o esperado atualmente.

No pior cenário - uma taxa de desemprego de 10,3%, uma contração econômica de 3,3% este ano e uma queda superior de 22% nos preços das moradias - as perdas dos 19 bancos poderiam totalizar US$ 600 bilhões este ano e no próximo, ou 9,1% dos empréstimos totais dos bancos, concluíram os órgãos reguladores.

Somente as perdas para as carteiras de empréstimos dos bancos poderiam totalizar US$ 455 bilhões este ano e no próximo.

Resultados
Os nove bancos aprovados pelo teste de estresse são: Goldman Sachs, JPMorgan Chase, American Express, Bank of New York Mellon, Capital One Financial, BB&T, U.S. Bancorp, State Street e a seguradora MetLife.

Outros dez bancos vão precisar levantar US$ 74,6 bilhões de capital extra para enfrentar possíveis perdas, caso a recessão no país se agrave.

A avaliação é de que o montante de US$ 75 bilhões é pequeno o suficiente para assegurar que a Casa Branca não terá que recorrer novamente ao Congresso para a aprovação de mais recursos, além dos US$ 700 bilhões aprovados no ano passado.

Bank of America (BofA), Wells Fargo e GMAC (braço financeiro da GM) são os bancos menos capitalizados e vão precisar de US$ 33,9 bilhões, US$ 13,7 bilhões e US$ 11,1 bilhões, respectivamente. O Citigroup terá de captar mais US$ 5,5 bilhões, segundo o governo.

JP Morgan Chase, Goldman Sachs, Bank of New York Mellon e American Express não demonstraram necessidade de recapitalização, mesmo nas simulações de cenários mais pessimistas para a economia americana, com o nível de desemprego chegando a 10,3%, por exemplo.

Pela conclusão do governo, o sistema financeiro americano está se recuperando, mas ainda não está curado. Alguns dos maiores bancos estão estáveis. Outros, no entanto, necessitam de injeção de bilhões de dólares. Mas nenhum, segundo garantem as autoridades financeiras, está prestes a falir.

O que dizem as autoridades americanas
O anúncio marca o começo de uma nova fase tanto para o setor bancário quanto para o governo do presidente Barack Obama, que espera que os testes de resistência funcionem como ponto de partida para a recuperação do setor. Uma das razões que levaram investidores e correntistas a fugir dos grandes bancos alguns meses atrás foi a incerteza quanto à solvência deles.

Sheila Bair, presidente da FDIC, a agência de seguro-depósito do governo americano, disse em depoimento no Senado:  “- Acho que esse vai ser um anúncio que estimulará a confiança - Há necessidade de um colchão adicional de capital para algumas instituições, mas acho que haverá mecanismos para fazer isso nos próximos seis meses.”

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que está "razoavelmente confiante" em que os bancos poderão levantar o capital necessário. A administração do presidente Barack Obama espera que as companhias consigam novas injeções por meio de fontes privadas. Mas Geithner já acena para uma reabertura dos cofres públicos ao dizer que o Tesouro tem recursos suficientes do que sobrou dos US$ 700 bilhões originalmente disponibilizados pelo Congresso para ajudar os bancos a montar colchões de capital.

Segundo ele, o Tesouro vai estender o programa de ajuda aos bancos de todos os tamanhos, sugerindo que a intervenção do governo no sistema financeiro deverá durar mais do que se previa. "É muito importante que o resto do sistema tenha acesso ao capital."

O presidente do Fed, Ben Bernanke, reforçou a afirmação. "Estamos prontos para prover qualquer capital adicional necessário para garantir que nosso sistema bancário esteja hábil para navegar por uma desafiante queda econômica". Segundo os reguladores, a injeção de capital no sistema é necessária para que a economia americana possa ser "relançada."

Ao oferecer uma ideia mais realista da situação dos bancos ao mercado, o governo espera que a confiança dos investidores seja restabelecida. Bernanke disse que os resultados devem transmitir "conforto considerável" sobre a saúde do sistema bancário, mas ressaltou que os testes não são de "solvência" das instituições.

Exigências
Até agora, os governos de George W. Bush e Obama fizeram tudo para tratar os bancos igualmente, uma atitude adotada para inspirar confiança quando os mercados financeiros cambaleavam. Agora, alguns dos bancos mais fortes terão permissão para restituir a ajuda recebida do governo e escapar das restrições relativas a salários e pagamentos de dividendos.

Os bancos estão sendo recomendados a aumentar seu capital não porque estejam em dificuldade, mas porque as autoridades acham que eles não têm um colchão de reservas suficiente para sobreviver se a economia piorar nos próximos meses.

De acordo com comunicado conjunto do Federal Reserve (Fed) e de outros órgãos reguladores do sistema financeiro americano, as instituições que, de acordo com o teste, precisarem elevar seu nível de capital próprio, terão um prazo de 30 dias, até 8 de junho, para apresentar um plano de como vão obter os recursos . A partir de então, elas terão mas cinco meses, até 9 de novembro, para implementar o plano apresentado.

Os órgãos reguladores e os executivos dos bancos previram que a maioria das instituições vão poder aumentar o capital necessário a partir de fontes privadas - ou vendendo os ativos a preços mais baratos ou persuadindo investidores privados a converter preferencias em ações ordinárias.

Os órgãos reguladores não pressionaram pela destituição de cargo de nenhum novo executivo esta semana, ou exigiram qualquer reorganização de quadros administrativos específicos, muito embora tenham concluído que o Citigroup e o Bank of America vão precisar de US$ 40 bilhões a mais em capital extra entre eles.

A expectativa do mercado é que os resultados dos testes de estresse pudessem servir como sinalização que o pior já passou e que o sistema financeiro americano tem condições de sair do atoleiro em que se meteu.

Os números confirmaram essa tese, cabe ao Governo Obama afiançar esse resultado e implementar medidas de supervisão mais eficiente para que o cidadão americano volte a acreditar em sua economia e por assim dizer: “volte a comprar”.

Bibliografia
Jornal O Estado de São Paulo de 08 de maio de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 08 de maio de 2009
Site O Globo em 07 de maio de 2009
Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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